O “azar” está lançado
6- O "azar" está lançado
Depois da rápida aula de Feitiços, Eva foi para o salão comunal e depositou seus materiais. Em seguida se dirigiu ao primeiro andar, onde se localizava uma sala reservada para o Grupo de Xadrez, em busca de Judith. As duas foram almoçar no salão principal, que naquele dia estava muito quieto e desconfortável. Para finalizar o dia, tiveram aulas de Runas Antigas, foram para o salão comunal e assim, o dia se passou.
Na terça feira, nada de esplêndido aconteceu, um dia muito comum, nenhuma novidade no Profeta, nenhuma carta, nenhum diálogo significante, nenhum gesto de Régulo. Talvez valha a pena citar que muitos deveres de Trato das Criaturas Mágicas, Aritmancia e Astronomia foram passados.
Para compensar a terça-feira monótona, a quarta-feira caiu como uma bomba: Eva acordou atrasada, se arrumou em poucos minutos, colocou vários livros desnecessários na mochila, não tomou café, não leu o quadro de mensagens.
A primeira aula seria transfigurações, Eva correu pelos corredores do térreo, trombou com alguns primeiroanistas :
—Saiam da frente!!!
—Hei, tome mais cuidado — disse um garotinho.
—Vai procurar sua turma de sangues-ruins, grifinoriano!
Às pressas, cansada e soando, Eva entrou na sala. Para a sua sorte, a professora Minerva ainda não havia chegado, o que era muito estranho, pois esta era muito pontual e rigorosa. Mas como este capítulo não se refere à sorte, para o azar de Eva, o lugar ao lado de Régulo já estava ocupado.
— Cellin, como você está? — perguntou Eva, ainda cansada, sentando ao lado de Cellin.
—Não muito bem, por que chegando agora? — disse Vicker.
— Não dormi bem esta noite, acordei atrasada — Eva procurava o livro certo na mochila carregada — Aconteceu alguma coisa com você? Está com uma cara estranha!
— Percebe-se que você acordou agora, mesmo! — Cellin olhou a porta, tirou da mochila o jornal do dia, colocou em cima da carteira. Havia uma foto do Ministro cercado por curandeiros — O Hospital, foi atacado esta madrugada, muitas pessoas morreram, nenhum sinal do culpado, a mesma marca no céu.
Eva correu os olhos pela sala, percebeu que todos estavam aos cochichos e algumas carteiras estavam vazias.
—Onde está Minerva?
—Ela foi levar os alunos da Grifinória até os portões!
—Por que?
—Aqueles que tiveram seus parentes feridos estão saindo da escola neste momento, para ficar com a família.
A professora, vestida de preto e com os cabelos presos em coque, acabara de chegar, imediatamente todos os alunos ficaram quietos. Régulo, que estava sentado com Estephanie Mainz, a todo minuto olhava para a carteira de Eva, com desprezo.
— Desculpem a demora, abram os livros na página três — falou a professora, em tom tenso e afobado.
— Minerva atrasada, ataques misteriosos... E isso porque é a minha primeira semana — Pensou Eva, analisando o estranho comportamento da professora.
A aula se seguiu sem interrupções. Eva se sentia muito segura perto de Cellin, pois esta era excepcional em transfigurações. Para a surpresa de todos, Minerva não passou nenhum dever, os alunos foram dispensados dez minutos mais cedo.
— Eva, espere! Vou falar com a professora e quero que fique comigo, pois temos que continuar aquele diálogo! — falou Cellin.
—Não demore! — respondeu Eva, tentando organizar os livros.
Cellin trocou algumas frases silenciosas com a professora, algo referente a uma colega de classe, logo em seguida as duas saíram:
—Vamos para fora do castelo! — disse Cellin, andando rapidamente.
Porém, antes mesmo que dobrassem o corredor:
—Surpreende-me a sua persistência,Vicker — disse uma voz rouca e desafiadora.
—Black, estou com pressa. Você poderia me dar licença?
—Você pode passar, claro, mas Rookwood fica — retrucou Régulo Black.
— Quem você pensa que é para achar que pode mandar nela? — perguntou Cellin, elevando um pouco a voz.
— Sou um grande amigo da família. Aliás, uma família na qual não suporta gente do seu... nível! — Régulo exclamava, presunçoso.
— Não tenho tempo para discutir com você!!! — Cellin segurou no braço de Eva e passou por Régulo.
— Acho que já deixei bem claro que não quero você perto dela, Vicker! — Régulo puxava Eva pelo outro braço.
— Cellin, depois agente conversa, acho que eu vou com o Régulo agora — se intrometia Eva, com uma voz baixa e delicada.
— Vai, pode ir, mas isso não fica assim, dez pontos serão descontados da Sonserina! — falou Celinn, também com a voz baixa.
— O que??? — Régulo gritou — Pensa que pode tirar pontos de mim assim??? Você realmente me tira do sério, maldita sangue-ruim! Eu juro que você pagará caro por infernizar tanto a vida de bruxos legítimos! — Régulo levava Eva dali e xingava Cellin pelos corredores.
Eva não falava nada, abaixava a cabeça e se arrependia por ter ido sentar com Cellin na presença de Black.
— Por que você não pegou o trem? — perguntava Régulo, ainda nervoso, guiando Eva para os corredores internos, lado contrário ao que seguia Cellin.
—Trem? Que trem? — Eva expressava seu espanto.
— Ora, você não leu no quadro de mensagens os nomes que deveriam ir ficar com suas famílias?
—Não, eu acordei atrasada.
Régulo mudava totalmente a expressão, segurava o ombro de Eva:
— Eva, me parece que seu pai estava no local, na hora do acidente — ele dizia sem a menor nota sincera de preocupação.
—Papai?
—Sim, o Sr. Rookwood!
—Não, ele não — Eva colocava as mãos no rosto.
—Calma, eu garanto a você que não aconteceu nada com Augusto Rookwood.
— Como pode ter tanta certeza? — sussurrava, com a voz abafada pelas mãos, estava em pânico.
— Eu só digo que ele está bem, confie em mim. — Régulo olhava para os lados, evitando encarar Eva.
—E o meu irmão? Ele foi?
— Provavelmente! — Régulo colocava as mãos nos bolsos, não gostara do som da pergunta de Eva. — O almoço dever estar sendo servido, vamos, aposto que você está morrendo de fome, pois não te vi no café!
Muito nervosa, Eva não conseguiu comer muito, fora levada pela monitora sonserina do quinto ano para a sala do diretor da Sonserina, o professor Cardiff. Na sala, o mestre acalmou Eva, dizendo que seu pai estava bem e que poderia faltar nas aulas de poções e aritmancia para descansar no salão comunal, o que lhe era um alívio, pois não havia feito os deveres de aritmancia.
Apesar de não ter ido às aulas, Eva não conseguiu descansar, ficara pensando em seu irmão menor e na cena que acontecera de manhã. Logo, resolveu fazer os deveres de trato das criaturas mágicas. À noite, após tomar banho, quando os alunos se recolhiam para o salão, Eva encontrou Ulisses e Emily conversando algo muito misterioso, que envolvia o nome de Eva e Régulo.
—Boa noite — disse Eva, tentando se aproximar.
—Ah, Rookwood. Que susto, não vi que estava ai! — disse Emily.
—Ora, ora, ora. Estávamos falando justamente de você — falava Ulisses, rindo.
Eva notou que Emily havia dado um chute na canela de Ulisses, e que este ficara sério de repente.
—Tiveram notícias do meu pai? — perguntou Eva, esperançosa.
—Não do seu pai — falou Apalache.
—Então de quem? — perguntou Eva, pensando em outras possibilidades.
—De ninguém, ele está maluco! — cortou Emily Vincent.
Alguns alunos do terceiro e quarto ano entravam, uns iam para os dormitórios, outros abriam livros em cima das escrivaninhas.
— Estão me escondendo alguma coisa? — Eva sentou-se em uma poltrona, ao lado dos dois.
—Escondendo? — Emily olhava para os lados, fingindo que não prestava atenção.
A coruja azul de Eva entrou pela janela e pousou em seu ombro. Apalache aparentava procurar o que dizer, Emily observava os alunos que entravam.
— Sabe... Rookwood, você é uma menina muito bonita... e não merece ficar investindo no que não dará resultado!
— Do que é que você está falando? — Eva encarava Ulisses, sem mais conseguir pensar em possibilidades.
—Bem, todo mundo sabe que você gosta do Black!
Eva ficara sem jeito, a coruja que mal pousara levantou vôo ao som da frase de Ulisses, Emily olhava para a chama na lareira.
—Sabem?
—Sim, claro! E... bem, acho melhor você esquecer ele!
—Esquecer? Como assim?
—Vou ser mais direto, Régulo está saindo com outra garota!
Eva pensou estar em outro sonho estranho, tudo o que tinha ouvido neste dia havia sido realmente absurdo. Como um hospital tão bem protegido poderia ter sido atacado? Como o professor Cardiff havia sido tão bom com ela sendo que seu pai se encontrava em segurança? Como Régulo, que acabara de brigar com Cellin por ela, podia estar saindo com outra?
—Saindo com outra ga-ga-garota?
— Bem, ele não está saindo, ele só está..... saindo — Emily tentava amenizar a situação, sem sucesso.
Aquilo havia sido a gota d´água, Eva saiu dali naquele instante, sem ao menos dizer boa noite aos seus amigos, se jogou na cama, e chorou até adormecer.
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