Em Hogwarts
Ana pediu para ficar a sós com o trio grifinório. Gina pareceu um pouco magoada por ter sido deixada de fora, mas Ana tinha que conversar primeiro com os três.
- Muito bem, é a primeira vez que conversamos só nós quatro. Acho que a melhor forma de ajudar vocês, até onde vejo ser isso possível, é discutindo algumas coisas... Lembrem-se: eu sei o que vocês sabem, e isso implica em saber o que pretendem fazer.
Analisou as expressões de seus interlocutores, e continuou um tanto sem graça:
- No entanto... Confesso que não entendi o que Dumbledore estava falando naquela carta. - sorriu. - Mas acho que isso é normal, quando se trata dele, não?
Os três assentiram com a cabeça, e abriram um pequeno sorriso, mas se mantiveram calados.
- Ora, vamos! – ela exasperou-se. - Eu não mordo! Sou uma trouxa que conhece a história de vocês, só isso. E provavelmente um... Arg! Um aborto. Sinceramente, como é que os bruxos escolhem esses nomes? Chamam todo mundo e dizem (fez uma voz grossa e boba): “Ei, pessoal, vamos ver quem inventa o nome mais ofensivo para quem não tem magia?”.
Desta vez os três riram com vontade.
- Nós só estávamos apreensivos, Ana. – Hermione disse. – A idéia de que as pessoas sabem coisas a nosso respeito nos assusta ainda. É como ter a privacidade invadida.
- Eu entendo. Mas garanto que tudo o que está escrito apenas mostra as pessoas maravilhosas que vocês são. Não há nada dito naqueles livros que faça vocês se envergonharem, ouviram? Nada.
- Quer dizer... Que não tem nada de... Pessoal? – Hermione perguntou.
- Bem, eu não disse isso. – Ana olhou discretamente para Rony, de forma que só a garota pudesse perceber.
- Ai, meu Deus! – Hermione compreendeu, e escondeu o rosto entre as mãos.
- Sabe, faz com que se tornem mais... Próximos das pessoas. Elas se identificam com vocês. Afinal, todos já passaram pelas mesmas coisas. – Ana fez uma pausa reflexiva, e se corrigiu: - Quer dizer... Tirando a parte de lutar contra bruxos das trevas...
Harry franziu o cenho. Sua vida particular e a de seus amigos estavam virando formas de atração. Isso não o agradava nem um pouco. O que dera em Dumbledore? Será que não havia outro meio de alertar os trouxas? E quando dissera que Ana os ajudaria... Como exatamente ela faria isso?
- Bem! – Ana juntou as mãos de forma enérgica e nervosa. – Isso me faz lembrar de outro ponto importante. Quer dizer... Do ponto de vista de alguém que está de fora, isso me parece até crucial... - Ana estava realmente em dúvida como abordar o assunto, mas mesmo assim dirigiu-se ao Menino Que Sobreviveu: - Harry, Gina precisa saber. De tudo.
- Não! – Harry levantou-se da cadeira.
- Harry, não pense que pode impedi-la...
- EU JÁ DISSE QUE NÃO!
- Ótimo! Voltamos à etapa do descontrole adolescente... – Ana falou entre desolada e impaciente.
- Pode chamar do jeito que quiser. – Harry não deu o braço a torcer, mas parou de gritar. – Mas eu não vou por Gina em perigo.
Ana foi firme:
- Não é o fato dela não poder mais, “tecnicamente”, ser chamada de sua namorada que vai impedir Voldemort de saber o quanto ela é importante para você.
Rony e Hermione estremeceram ao ouvir o nome do Lorde das Trevas.
- Vai me dar tempo. – Harry disse baixinho.
- Tempo para quê? Para ele descobrir um jeito de pega-la? Sim, porque, a menos que tenha se tornado um autodidata em Oclumência neste último mês, Voldemort já deve conhecer seus sentimentos, Harry! – Ana acrescentou: - Você tem tido aqueles sonhos, não tem? Sabe que ele ainda está vasculhando sua mente...
- CHEGA! VOCÊ PENSA QUE SABE TUDO SÓ PORQUE LEU AQUELES LIVROS IDIOTAS, MAS NÃO SABE DE NADA! – Ana podia ver que ele estava segurando as lágrimas.
- Harry, acalme-se... – Hermione levantou-se, tentando tranqüiliza-lo.
- ELA NÃO SABE, MIONE! Para ela era só diversão, um mundo de faz-de-conta! Ela não viveu de verdade tudo o que passamos! Sirius, Cedrico, Dumbledore... Meus pais! Eram só personagens cuja morte a autora achou que tornaria a história mais interessante! Ela não faz idéia de quem é Voldemort!
Ana olhou para o chão, e ficou um longo tempo ponderando as palavras de Harry. Quando levantou o rosto, sua expressão estava triste, os olhos brilhando por causa das lágrimas retidas:
- Talvez tenha razão, Harry. Talvez eu não entenda nada sobre o real poder de Voldemort. Eu mesma me senti ridícula quando disse hoje de manhã que tinha desejado te ajudar. Não porque você era um personagem, mas porque eu não sei como alguém tão comum como eu pode fazer isso... Mas quero que lembre que eu também perdi pessoas queridas nessa guerra. E o fato de ter sabido disso só agora não faz doer menos, Harry.
Ela levantou-se para sair da sala. Harry tinha se deixado cair em uma cadeira, exausto:
- Ana... – Harry chamou. Ana parou e olhou para ele. – Me perdoe. É que... Ainda dói. Ainda me assusta.
Ana deixou as lágrimas caírem. Foi até a cadeira de Harry, ajoelhou-se e o abraçou:
- Eu sei, querido... Você não seria humano se não se sentisse assim.
- Eu não posso perdê-la, não posso! Gina... - as lágrimas também desceram pelo seu rosto.
- A escolha é sua, Harry. – Ana se desvencilhou e o encarou maternalmente, enquanto enxugava as lágrimas do rosto do rapaz. – Vou respeitar sua decisão, está bem?
- Vou pensar mais um pouco. – Harry disse.
- Tá. – Ana o abraçou novamente. Então riu, e disse: – Gostaria que soubesse que os seus fãs dariam um braço para estarem no meu lugar. – e acrescentou: – Especialmente as garotas.
- Não deixe Gina saber disso. – Harry disse, um meio sorriso nos lábios.
- Pode deixar.
Mas Gina já sabia. Naquele momento, ela estava atrás da porta, escutando tudo pelas orelhas extensíveis que Fred e Jorge tinham lhe dado. Tinha desconfiado que os quatro fossem combinar algo louco e perigoso, cuja finalidade, é claro, seria acabar com Voldemort. Como Ana previra, a preocupação de Harry em proteger Gina não iria impedi-la de tentar ajudar o homem que amava. Isso não era o estilo de Ginevra Molly Weasley.
Gina enxugou as próprias lágrimas, continuando a escutar.
Dentro da sala, Hermione e Rony também sorriram, emocionados.
- Ei, eu também arrisquei minha vida várias vezes nestes últimos anos, sabia? – Rony se fingiu ofendido. – Nenhuma garota se lembra de mim?
Ana levantou-se, indo até Rony. Rindo, desmanchou os cabelos dele:
- Claro que sim, senhor Ronald Weasley. As garotas também ficam malucas por esse seu cabelo ruivo. Só que elas já sabem, há muito tempo, que você tem dona.
Apesar de Ana não ter olhado para Hermione, Rony o fez, o que deixou ambos vermelhos, provocando uma troca de olhares divertidos entre ela e Harry.
- Bem, voltando aos problemas... Creio que o primeiro passo nos leva à R.A.B. – Ana disse.
- Você sabe quem ele é? – Hermione perguntou surpresa.
- Não... É só um palpite. Mas vamos ter que pesquisar.
Ela e Hermione trocaram um olhar cúmplice. Se tinha uma coisa que Hermione Granger gostava de fazer, era pesquisar.
***
Descer pela escada giratória com a estátua de gárgula, os corredores, os quadros que lhe cumprimentavam, as escadas que se mexiam constantemente... Nem precisa dizer que ela se sentia, novamente, na Disneylândia.
Estava em Hogwarts! Isso era um sonho!
O Salão Principal... Ana não conseguiu controlar a expressão maravilhada de seu rosto quanto entrou nele. As quatro mesas das casas estavam lá, embora vazias. E, mais a frente, em um patamar elevado, a mesa dos professores. Nenhum cenário de filme poderia reproduzir com fidelidade o belíssimo teto encantado do Salão Principal, mas ela achou que os que tinham sido feitos até então chegaram bem perto do que era o real.
Ana fora clara para os demais que o dia tinha sido suficientemente cheio de revelações para ela e, portanto, gostaria de não falar mais em mistérios não resolvidos. O que não a impedia de ler, discretamente, a carta de Dumbledore durante o almoço. Tentou e tentou, mas as palavras do velho diretor continuavam indecifráveis para ela. Descobrir o significado delas era de vital importância para Ana agora. Seus pais tinham morrido nas mãos de um comensal da morte. Acabar com eles se tornara uma cruzada pessoal, uma espécie de último tributo à memória dos seus pais.
Enigmas à parte, ELA TINHA RECEBIDO UMA CARTA DE DUMBLEDORE! Ele a conhecia! Só isso a fazia se sentir o ser mais feliz do Universo!
No entanto, esqueceu-se completamente da carta quando Dobby e Winky apareceram atraídos pela notícia de que Harry estava em Hogwarts (especialmente Dobby). Então foi a vez de Ana fazer seu papel de tiete, abraçando sem parar os pobres elfos domésticos, dizendo como eles eram “fofinhos”.
Harry abafou o riso. Rony exibia um olhar de incredulidade, enquanto ela abraçava a criatura de orelhas grandes como as de um morcego e olhos esbugalhados. A expressão de Rony dizia: “Dobby, fofinho? A mulher é louca!”. Na realidade, ninguém acharia estranho Ana considerar elfos domésticos fofinhos, se soubesse que ela havia dormido abraçada, até os dez anos, a um boneco de pano do “E.T.” (aquele do filme do Spielberg).
Uma voz grave vinda da mesa dos professores disse:
- E eu? Também sou fofinho?
Ana levantou a cabeça, deparando-se com um antigo chapéu em forma de cone, gasto e remendado em vários pontos. Sim, era nada mais, nada menos, que o “Chapéu Seletor”. Ela sorriu, levantou-se e caminhou até ele:
- Não. – fez uma pausa. – Você é puro charme, meu caro Chapéu!
- Obrigada! – o rasgo que servia de “boca” se alargou. - Então você é Ana. Dumbledore me falou sobre você. Devo dizer que me esmerei nas minhas canções dos últimos anos por causa das publicações dos livros. E então? O público gostou?
- Adorou. A seleção dos alunos para as casas é um dos momentos mais esperados. Suas canções foram muito úteis para conhecer os fundadores de Hogwarts.
- Fiz minha parte, por Dumbledore.
Carlinhos mantinha-se excepcionalmente calado, e Ana evitava olha-lo nos olhos. É claro que ela considerava seu próprio comportamento infantil, especialmente por, até doze horas atrás, achar que o rapaz era um personagem de livro, e por eles se conhecerem pessoalmente há menos de quatro horas. Simplesmente não conseguia entender porque estava agindo assim.
Os fantasmas apareceram no salão principal, animados pela presença de visitantes. Ainda mais depois de saberem que a escola não abriria naquele ano. Ana teve o (des)prazer de conhecer Pirraça, que fez questão de aplicar-lhe uma de suas peças.
Mas de quem Ana sentira falta fora de Hagrid. Questionou a ausência dele à Prof. McGonnagal, e ela lhe disse que ele estava passando mais tempo com o meio-irmão gigante, na Floresta Proibida. Mas que Ana provavelmente o veria antes deles irem embora.
Quando o almoço terminou, Ana pediu permissão para que Hermione lhe mostrasse a biblioteca. A prof. McGonnagal estranhou, mas Ana explicou que era maluca por livros (o que foi confirmado pela tia Agatha), e há tempos queria conhecer a coleção de Hogwarts.
Disse também que não se preocupasse, conhecia as regras da biblioteca: nada de remover folhas, rasgar, picar, vincar, dobrar, deformar, jogar, deixar cair ou de qualquer outra maneira danificar, maltratar ou demonstrar falta de respeito com os livros, sob pena de sofrer as piores conseqüências que a senhora Pince pudesse afligir.
Quando as duas estavam sozinhas entre as estantes abarrotadas da biblioteca, Ana falou:
- Então, por onde começamos?
- Descobri uma coleção muito antiga no fundo da biblioteca. – respondeu Hermione, enquanto se dirigia para lá, sendo seguida por Ana. – Ela é muito precisa, e tem um feitiço de atualização permanente. Só a achei dois dias antes de terminar as aulas. Se tivesse achado antes, teria sido mais fácil descobrir quem... – Hermione se interrompeu.
- Descobrir quem era Half-Blood Prince? – Ana completou.
- Sim...
Ana tinha muitas dúvidas sobre Severus Snape. Ele era ranzinza? Sem escrúpulos quanto a favorecer sua Casa (Sonserina)? É claro. Não gostava de Harry? Certamente. Mas ter matado Dumbledore, mesmo sob o feitiço do Voto Perpétuo, tinha sido um tremendo choque para os que, como ela, achavam que o professor de Poções era mais como um urso ferido do que um assassino.
- Não pense mais nisso, Hermione. O que adiantaria se você descobrisse mais cedo? Harry apenas deixaria de usar o velho livro com as anotações do Half-Blood Prince, pois não suportaria dever as suas boas notas ao Snape. Não alteraria a seqüência dos fatos.
- É que... Eu não gosto de descobrir as coisas tarde demais. Quando reuni as provas, Snape já tinha confessado o seu apelido. Senti-me... Incompetente.
- Sei do que está falando. Fico do mesmo jeito quando tenho que investigar algo e os resultados chegam tarde demais.
Hermione olhou-a com interesse, e disse:
- Você é do serviço secreto brasileiro, não é?
- Serviço secreto? – Ana riu. – Não, nada tão “heróico”. Trabalho para a Inteligência brasileira, sim, mas nosso trabalho está mais para burocratas bisbilhoteiros do que para 007! Como descobriu?
- Juntei as peças. – Mione deu de ombros. – Você falou em “Divisão de Assuntos Europeus” e em “Agência”. Em seguida disse ao Percy que também trabalhava para o seu governo. E quando conversamos durante o almoço demonstrou saber muito de Política Internacional e técnicas de investigação.
Ana sorriu. Esta era Hermione!
Hermione encontrou os volumes da coleção que estava procurando. Retirou um deles e o mostrou a Ana: “Heráldica das Famílias Bruxas”.
- Assunto esquisito para uma escola. – Ana comentou. - Parte do conteúdo das aulas do Professor Binns?
- Não. Doação de Lucio e Narcisa Malfoy. – Hermione fez uma careta. – Aparentemente eles acharam que seria muito útil para os sangues-ruins descobrirem que não tem lugar no mundo mágico.
- De qualquer forma – Hermione continuou – Um livro como esse em casa deve ter incomodado o senhor Malfoy. – sorriu. – Esse não “apaga” os nomes dos membros da família cada vez que eles se casam com um trouxa.
Hermione começou a folhear o livro, procurando o objeto de pesquisa no índice:
- Black, Black... Aqui! – foi até a página indicada. – “Os Blacks são uma das famílias bruxas mais antigas do Reino Unido, sendo que sua origem remonta à invasão Saxônica às Ilhas Britânicas.”
Hermione folheou mais algumas páginas, passando por séculos de nomes de descendentes dos Black, até chegar aos mais recentes:
- Aqui! Oh, Meu Deus! – os olhos de Hermione brilhavam de excitação. – Você tinha razão! Ele tinha um nome do meio!
- Calma, Mione. É só um palpite. – Ana ressaltou, enquanto ela própria tentava conter a euforia quando leu o nome. – Talvez seja só uma coincidência.
- É mais do que tínhamos antes! – Hermione sorriu radiante. – Regulus Alexander Black! O irmão mais novo de Sirius!
***
- E então? – Harry perguntou, assim que elas apareceram nos jardins.
Ele e Rony mal se agüentaram durante o almoço, loucos para saber se a teoria de Ana estava correta. Mas Ana dissera que tanta pressa iria chamar a atenção, e que era melhor disfarçarem.
- Vocês bem que poderiam ter levado a gente. – Rony reclamou.
- Ah, é... Nós quatro nos interessarmos por uma visita à biblioteca depois de termos ficado meia hora trancados na sala da McGonnagal! – Hermione disse, com sarcasmo: - Nada suspeito, especialmente sabendo com que gosto vocês iam à biblioteca quando estávamos estudando!
- Nem vem, Mione! Juntos a gente acharia a resposta mais cedo. – Rony retrucou.
Ana abafou o riso. Estava demorando muito para aqueles dois começarem a brigar.
- Afinal de contas, conseguiram ou não? – Harry estava impaciente.
- Sim. “Regulus Alexander Black”. – Ana respondeu. Mas acrescentou, quando viu a alegria de Harry. – Vamos com calma, Harry. Por enquanto é só um nome cujas iniciais coincidem...
- Certo. – Harry tentou conter-se, mas se sentia muito mais esperançoso: - É o melhor presente de aniversário que já ganhei!
Ana pensou que o melhor presente para ele seria se livrar de Voldemort. Mas mudou de assunto:
- Eu gostaria de aprender a jogar uma partida de xadrez bruxo. Alguma chance de encontrarmos um tabuleiro antes de irmos embora? – estavam prolongando a visita porque Ana queria conhecer Hagrid, e ele ainda não havia chegado.
- Claro! – Rony respondeu. – Deve ter um na sala dos troféus. Vou buscá-lo.
- Eu vou com você. – Hermione disse. - Vou aproveitar e passar no corujal para mandar uma mensagem para os meus pais, dizendo que está tudo bem.
Assim que os dois saíram, Harry pareceu muito interessado em um canto do jardim e disse como quem não quer nada:
- Ah... Eu vou acertar os detalhes com Moody e Tonks, enquanto isso.
- Tudo bem. – Ana fingiu que não tinha visto Gina atrás de um arbusto, e que não sabia que Harry iria é falar com ela.
Ele podia não dar o braço a torcer, se fazer de forte, mas precisava desesperadamente de Gina Weasley, do amor e compreensão dela, e da forma como ela o entendia sem ele nem mesmo precisar falar nada. E Ana sabia disso.
Quando ele desapareceu, ela ouviu uma voz conhecida:
- De quê detalhes ele estava falando? – Carlinhos estava atrás de uma árvore.
Ana se assustou. Graças a Merlim não estavam perto dali quando conversavam sobre “R.A.B.”.
- Falamos com minha tia e com os seus pais. – Ana respondeu. – Eu vou ficar com ela em Hogsmeade, e achamos que seria melhor se Harry ficasse também. Tonks e Moody vão ficar conosco.
- Claro. – Carlinhos parecia zangado. – É claro que é melhor ficar na casa da sua tia bilionária, com todo o conforto, do que na apertada casa dos Weasleys!
Ana o fitou, em uma mistura de assombro, raiva e mágoa:
- Eu não disse isso! E para a sua informação, não tinha sequer processado a idéia de que minha tia era rica até você mencionar o assunto. Para mim ela sempre foi alguém que tinha que se sustentar com a minguada aposentadoria de uma professora universitária no Brasil! Pensei que já tivesse deixado claro o quanto aprecio estar na casa da sua família.
- Desculpe. – Carlinhos estava envergonhado e visivelmente arrependido do que dissera. – Esqueça o que eu disse, sim?
- Tudo bem. – mesmo assim Ana achou melhor continuar: - Disse que seria melhor para o Harry por causa de Gina. Os dois ainda se gostam muito. Seria como abrir uma ferida, se eles tivessem que conviver na mesma casa...
- Eu percebi. Ainda não entendo porque terminaram o namoro, se se gostam tanto.
Ana ficou em silêncio, o que revelou mais do que se falasse.
- Você sabe, não é? Sabe e não pode me dizer – Carlinhos sorriu. – Lealdade é uma característica da Lufa-Lufa, sabia?
- Sou descendente de Helga Hufflepuff, o que queria? – Ana sorriu timidamente.
Carlinhos pareceu se perder na contemplação do rosto dela. Então, perguntou:
- Tem certeza que não tem nenhum poder mágico?
- Absoluta. – Ana procurou manter o sorriso. – Nenhuma coisa estranha ou inexplicável aconteceu na minha vida. Bem, até agora!
- Mesmo? Lembre-se do que McGonnagal falou. Sobre o poder ficar latente nos povos ameríndios até...
- Escute. – Ana perdeu a paciência. – Eu sou totalmente trouxa, tudo bem? Ou um... Aborto, se preferir. Não é assim que chamam quem nasce de pais bruxos, mas não tem magia?
- Do que tem medo Ana? – Carlinhos provocou. – Acho que teme se deparar com poderes mágicos e ter que mudar sua vida...
“Inferno!”, Ana pensou. Por que aquele homem parecia ter a capacidade de descobrir rapidamente os assuntos que a deixavam apreensiva ou irritada? E porque insistia neles?
- Olhe, eu não tenho medo de mudanças, tá? Não hesitei em deixar a advocacia quando percebi que não era o que eu queria fazer da vida!
- E o que faz agora? – Carlinhos tinha chegado onde queria.
- Já falei que trabalho para o governo do meu país.
- Em quê?
Ana poderia responder. Não era “ultra-secreto”. Mas a necessidade de mostrar a ele que ela não era tão fácil assim de se desvendar prevaleceu:
- Pesquisas.
- Você não está falando toda a verdade.
- Você também não falou toda a verdade sobre seu trabalho. – Ana devolveu.
Carlinhos a encarou por alguns segundos, com um sorriso despontando nos lábios. Então disse:
- Touché!
Fitaram-se, mudos, pelo que pareceu uma eternidade. Os raios do sol refletiam nos cabelos ruivos, e ela se pôs a pensar que o trabalho com os dragões deveria exigir muito esforço físico, para que ele desenvolvesse tanto os músculos. Ana podia jurar que o sol tinha ficado quente demais de uma hora para outra. E estava começando a ficar com dificuldade para respirar.
- Ana, Hagrid chegou! – a professora Minerva McGonnagal chamou.
Despertando da hipnose, Ana viu um homem de aparência selvagem, com quase o tamanho de um jovem coqueiro, e de olhos extremamente bondosos.
- Senhorita Ana, é um prazer conhece-la. Rubeo Hagrid, a seu dispor. – Hagrid estendeu-lhe a mão, quase com medo de machucar uma senhorita de aparência tão delicada.
- O prazer é meu, senhor Hagrid. – Ana respondeu, com evidente emoção na voz enquanto cumprimentava o meio gigante. – Na verdade, é uma honra.
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(N/A): Puxa, esse foi grande! Espero que não tenha feito muita bobagem!
Eu considero este capítulo um de "transição", porque alguns mistérios foram desvendados (dei uma forçada de barra com o Regulus Alexander Black, mas.. quem sabe, né?), mas outras charadas estão por vir. Além, é claro, daquelas que movimentam a história: Afinal, de qual segredo de Sonserina o título se refere?
Ah, falei demais! Melhor parar por aqui... Comentem, por favor!
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