Emille Wells
O salão principal da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts estava cheio de alunos novos e veteranos. Os alunos que vinham de outros anos, já enturmados, conversavam animadamente em voz alta, sentados às mesas das casas e os alunos do primeiro ano, que chegaram por último, não conversavam entre si e olhavam para tudo com uma mistura de espanto e surpresa.
O salão estava bem iluminado por centenas de velas flutuantes sob o teto encantado com vista de um céu negro pontilhado de estrelas e no centro, as grandes bandeiras das quatro casas de Hogwarts estavam penduradas com suas cores vivas e brilhantes. Os alunos do primeiro ano formaram uma fila diante do Chapéu Seletor para a seleção das casas. A profª Minerva McGonagall fez a chamada dos alunos um a um para que se sentassem em um pequeno banco para que pudessem receber o velho chapéu.
A cada aluno selecionado para uma casa ou outra, os veteranos soltavam seus gritos de comemoração e davam boas vindas aos novos colegas. Apenas os alunos da Sensorina não se mostravam muito entusiasmados em receber os novatos e a recepção era um tanto fria.
Harry, Rony e Hermione já se encontravam à mesa da Grifinória, Rony mal podia esperar para que o banquete fosse servido, pois, não só ele como todos os outros alunos estavam com muita fome. A chegada ao castelo de Hogwarts tinha sido cansativa, a chuva estava muito forte e havia muita lama pelo caminho. Quando finalmente chegaram aos portões da escola, a maioria dos alunos estava molhada e com muito frio.
Finalmente a profª Minerva havia chamado o último nome para a seleção.
_ Grifinória! Gritou o Chapéu Seletor e o último aluno selecionado sentou-se à mesa da Grifinória e recebeu as boas vindas dos colegas.
A cerimônia de seleção foi encerrada sob os aplausos dos alunos e professores. O som das palmas se misturava com o dos trovões da forte chuva que caía sobre o castelo de Hogwarts naquela noite.
Harry não prestava nenhuma atenção às conversas eufóricas dos colegas à mesa, na verdade, não fazia outra coisa a não ser olhar a sua volta para tentar achar a misteriosa garota loira que vira na Floreios e Borrões, olhou para todos os lados, todas as mesas, mas não a viu.
_ Infelizmente acho que ela não é de Hogwarts, cochichou Harry ao ouvido de Rony no momento em que Dumbledore se preparava para iniciar seu costumeiro discurso de boas vindas.
_ Tudo bem Harry, não fique triste, eu também não vejo nenhuma garota loira e maravilhosa, mas vejo a Cho Chang que não para de olhar para cá. Disse Rony com ar meio debochado. Harry fez uma cara de desanimo e fingiu não olhar para o lado em que Cho estava.
_ Bem vindos á Hogwarts! Disse Dumbledore muito animado iniciando seu discurso. Espero que todos tenham um ótimo ano e com certeza vão ter se obedecerem à risca as normas e regras da escola. Caso contrário terão muitos problemas. Lembre-se que se tiverem conhecimento de qualquer irregularidade recorram aos professores diretores de suas casas, pois eles estão instruídos para resolver qualquer eventual problema que possa surgir.
Poucos alunos realmente prestavam à atenção ao discurso do diretor, grande parte fingia estar atenta uns por cansaço e outros, como Rony, por fome mesmo. Harry, que tinha desistido de procurar pela garota loira, agora olhava para a mesa dos professores, lá estavam todos eles além de seu amigo Hagrid, a Profª Minerva, o zelador Filch com Madame Nor-r-ra, sua gata, no colo e à ponta da mesa, para desespero de Harry, o profº de Poções, Severo Snape com seu olhar sinistro e seu ar entediado ao contrário dos demais que estavam muito atentos ao discurso do diretor. Algo chamou a atenção de Harry ao observar melhor a mesa dos professores, havia uma cadeira vazia, provavelmente seria a cadeira vaga de um professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. “Mas, onde ele estaria? Ou melhor, quem ele seria?” Pensou Harry.
Dumbledore continuava:
_ E agora, para finalizar, lhes apresento o profº Marck W. Quilmers. Da porta de madeira atrás da mesa dos professores surge um homem branco, alto, magro, de cabelos grisalhos, olhos verdes, vestido de preto e aparentando uns 50 anos, um pouco desconcertado e intimidado com a situação. Todos o aplaudiram de boa vontade, exceto Snape que bateu palmas com uma certa má vontade e um sorriso um tanto cínico nos lábios.
_ Deve ser o novo profº de DCAT, disse Hermione com entusiasmo.
_ Tomara que seja um bom professor. Disse Harry esperançoso.
_ Qualquer um é melhor que a Umbridge, Harry, tenho certeza, afirmou Rony.
Dumbledore prosseguiu após os aplausos.
_ O profº Quilmers será o novo professor de Poções de Hogwarts. Os alunos se entreolharam exceto os novatos do 1º ano que não estavam compreendendo o acontecimento.
_ Profº de Poções? Perguntou Hermione.
_ Também não estou entendendo, respondeu Harry.
_ Mas se esse profº Quilmers vai dar aulas de Poções, quem vai nos dar aula de DCAT? Perguntou Rony intrigado.
Assim que o profº Quilmers se acomodou à mesa dos professores, Dumbledore prosseguiu:
_ Como estão percebendo, algumas mudanças ocorreram na escola este ano. Com o profº Quilmers à frente das aulas de Poções, quem ministrará as aulas de Defesa Conta as Artes das Trevas será o nosso já conhecido profº Severo Snape.
O salão principal pareceu congelar, os alunos do 1º ano fizeram menção de aplaudir, mas logo paralisaram também diante do espanto dos veteranos. Snape se levantou e lançou um olhar intenso por todo o salão, os alunos estavam imóveis e só se ouvia os estrondos dos raios da tempestade que caía lá fora.
Alguns alunos da Sonserina começaram timidamente a puxar algumas palmas até que os professores se levantaram e começaram também a aplaudir e aos poucos todo o salão começou a bater palmas, porémforam aplausos muito acanhados os que foram dados ao profº Severo Snape, nem de longe parecia a vibração de um salão lotado de estudantes.
Dumbledore encerrou seu discurso com algumas recomendações à respeito da segurança e desejou a todos um bom banquete. Harry perdeu completamente a fome e quanto a Rony, que não via a hora de Dumbledore encerrar logo o discurso para poder comer, olhou para as enormes bandejas que surgiam sobre a mesa sem muito entusiasmo.
_ Eu não estou acreditando nisso. Snape, professor de DCAT? Disse Harry inconformado.
_ É, não dá mesmo pra acreditar numa coisa dessas, completou Rony.
_Bom, disse Hermione, se ele for mesmo nos ensinar DCAT pra valer vai ser muito melhor do que ficar lendo e relendo as páginas dos livros como a Umbridge fazia com agente. Nesse caso eu prefiro o Snape.
_ Você enlouqueceu, disse Rony, o melhor mesmo é que ficássemos sem professor algum e agente se virava com A.D, seria muito melhor...
_ Pssss! Interrompeu Harry, Fale baixo Rony e lembre-se que não é toda a escola que participa da A.D.
_ Isso mesmo Harry. Concordou Hermione. Vamos dar tempo ao tempo, quem sabe Snape, mesmo sendo como ele é, possa ser um bom professor de DCAT? Afinal, não tivemos muita sorte com os professores anteriores, não é?
O murmúrio percorria todo o salão, só os alunos da Sensorina pareciam animados com a idéia de ter Snape como professor de DCAT. Nem os deliciosos doces feitos pelos elfos da cozinha do castelo, tais como bombas de chocolate e doce de abóbora que começaram a surgir na frente dos alunos sobre as mesas, conseguiram deixá-los mais animados. A maioria provava os doces sem muito entusiasmo e sempre aos cochichos e as explicações dos veteranos para os novos alunos sobre quem e como era Severo Snape parecia deixá-los ainda mais assustados.
O banquete se encerrou e todos se dirigiram para suas casas devidamente orientados por seus monitores. Os clarões dos relâmpagos iluminavam as janelas dos corredores escuros a cada minuto, o que fez os alunos irem para suas casas com ainda mais pressa. Ao passar por Harry, Draco Malfoy se aproximou dizendo:
_Ei Potter, espero que tenha gostado da novidade. E saiu, dando risadas com seus amigos, indo em direção à Sensorina.
_ Ah, e ainda tem ele, reclamou Harry.
_ Não se preocupe com Malfoy, Harry, temos problemas maiores agora. Observou Rony.
Naquela noite, nenhum aluno quis ficar conversando na sala Comunal da Grifinória, onde a noite toda só se ouviu o som dos trovões e da lenha que crepitava sob o fogo da lareira. Assim todos se dirigiram rapidamente aos seus dormitórios para descansar.
No dia seguinte, pela manhã, os alunos já estavam bem cedo no salão principal para o café. O susto da noite passada tinha se transformado em expectativa de como seria uma aula de DCAT com o profº Snape. Menos para Harry que já tinha uma idéia de como seria estudar Arte das Trevas com Snape. No primeiro dia, para alívio de Harry, não houve aulas de DCAT de acordo com o horário. Para sua turma só houve História da Magia, Adivinhação e Herbologia nas estufas. Em compensação já no fim do primeiro dia Harry e Rony já se viam diante de uma extensa relação de trabalhos e deveres para fazer e alguns deles, como os de adivinhação, por exemplo, não despertava o menor interesse nos garotos. Hermione parecia um pouco mais animada e logo ao final da tarde já havia conseguido fazer a metade do que fora pedido pelos professores.
_ Como você conseguiu fazer esses exercícios tão depressa, Hermione?
_ Simples Rony, boa parte do que foi pedido nos trabalhos eu já tinha lido nas férias. Creio que você e Harry também não terão dificuldades já que também leram bastante durante as férias.
_ Errrr.... Claro... Vai ser bem fácil. Disse Rony encarado Harry. Com isso Hermione se afastou e subiu ao dormitório para pegar alguma coisa.
_ E agora Rony? Hermione vai saber que não lemos nada.
_ Só se você contar. Eu vou dar um jeito de ela deixar agente dar uma “olhadinha” nos trabalhos dela sem dizer que agente não leu uma linha durante as férias.
Hermione voltou com um rolo de pergaminho, tinta e pena.
_ Estou indo à biblioteca fazer aquela pesquisa sobre a revolta dos duendes, vocês querem ir comigo?
_ Claro Hermione, Rony respondeu prontamente e saiu puxando Harry.
Não havia muitas pessoas na biblioteca naquele fim de dia, muitas mesas estavam vazias. Hermione se dirigiu às estantes e Rony a seguiu fingindo interesse e enquanto eles procuravam pelos livros, Harry distraidamente foi se afastando e começou a retirar alguns livros de uma estante e folhear. Acabou pegando um livro cujo título era “Os duendes e suas revoluções”. “Esse livro provavelmente tem tudo sobre a pesquisa que vamos fazer”, pensou Harry e quando ia se dirigindo para Hermione e Rony que naquele momento estavam mais distantes dele, ele ouviu uma voz doce chamando-o. “Será que... Sim, era a voz daquela garota loira do Beco Diagonal”, pensou Harry e começou a procurar a direção de onde vinha aquele som. Ele foi andando até que perto de algumas estantes mais afastadas ao fundo da biblioteca, e lá estava ela, a bela garota loira. Harry sorriu timidamente e se aproximou.
_ Olá! Disse a garota docemente.
_ Errrr... Oi...Olá! Respondeu Harry. _ Vo- vo - você por aqui?
_ Sim. Eu estudo aqui.
_ Aqui? Gritou Harry e sem graça abaixou a voz. Aqui? Bem, é que eu nunca ti vi por aqui e então achei que...
_ Na verdade eu fui transferida, vim de uma outra escola de magia.
_ Errrrr.... Bem, é... acho que não fomos apresentados, qual o seu nome?
_ Sou Emille Wells, e acho que alguém está te chamando. Harry se virou e viu Hermione o chamando com acenos, ele fez um sinal para ela de que já estava indo.
_ Bem, preciso ir... é que estamos fazendo uma pesquisa e ...
_ Tudo bem. Eu também preciso ir, adeus Harry Potter, e antes que ele também se despedisse ela foi andando em direção à saída da biblioteca.
_ Olhem o livro que eu achei. Harry mostrou o exemplar de “Os duendes e suas revoluções”, um pouco gasto mas parece servir.
_ Onde achou? Perguntou Hermione.
_ Naquelas estantes mais ao fundo.
_ Hum, dêem uma olhada. Já volto, só vou ver um pouco mais aquelas estantes.
E depois que a amiga saiu Harry se sentiu mais à vontade para dizer a Rony:
_ Eu a encontrei.
_Quem?
_ A garota loira Ron. Ela se chama Emille Wells.
_ Mas, como? Não a vimos ontem.
_ Ela disse que veio de outra escola, por isso nunca a vi em Hogwarts.
_Quem você nunca viu em Hogwarts, Harry? Perguntou Hermione se sentando com mais uma pilha de livros. E Harry contou a amiga sobre Emille Wells porém, sem o mesmo entusiasmo que contara a Rony, ele sentiu vergonha de demonstrar para Hermione seu encantamento pela garota loira.
_ Ah, eu não a vi com você nas estantes, mas de que casa ela é?
_ Não perguntei ,mas estava com o uniforme da Corvinal.
Harry estava exausto quando finalmente colocou a cabeça no travesseiro, estava realmente cansado, naquele dia tinha escapado da aula com Snape, mas sabia que no dia seguinte isso seria inevitável e essa idéia o incomodava bastante. Porém, algo acalmava seu coração, tinha finalmente encontrado a garota loira, Emille Wells, “o nome é tão lindo quanto ela” pensou Harry. Sim, estava feliz, agora já sabia o nome dela e que pertencia à Hogwarts, isso já era alguma coisa. Ele já ia adormecendo com esse calmo pensamento quando uma idéia mais forte o fez reabrir os olhos, “Adeus Harry Potter”, “espere, eu não disse meu nome a ela, como ela podia saber?”, Harry ficou pensativo por alguns minutos, porém depois foi adormecendo vagarosamente com outro pensamento, “ela sabe o meu nome”.
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