A profecia
-Como é?- Harry perguntou surpreso. Estavam ele, Hermione, Rony e Lílian no salão comunal de Grifinória conversando sobre banalidades, quando Rony, sem querer, deixou escapar que Raquel havia ido embora logo cedo.
-Exatamente o que você ouviu.- Rony falou num fio de voz, se encolheu na poltrona sobre o olhar mortal que Harry lhe lançou.
-E por que vocês não me falaram antes?- Ele perguntou num sussurro perigoso.
-Añ, bom...É que...O problema...É...- Hermione engasgou e Rony concordou com um aceno de cabeça com o que a namorada falava.
-Qual é o problema, Mione?- Harry perguntou furioso.A morena se calou e agarrou o braço do namorado.
-O problema, Harry, é que a gente sabia qual seria sua reação se a gente contasse!- Lílian interrompeu.- Você iria falar que a culpa é nossa, mesmo que ela não fosse!- Lílian falou fechando a cara para Harry, que se jogou na poltrona, suspirando derrotado e abaixando a cabeça.
-Ela disse por que foi embora?- O moreno perguntou depois de um tempo de silêncio. Rony deu de ombros, enquanto Hermione e Lílian se entreolharam, preocupadas.
-Bom...-Lílian começou, meio incerta.- A Mione perguntou pra ela na noite do baile...- Ela comentou, mas parou de falar quando Harry levantou a cabeça abruptamente diante á sua última frase.
-E...?- Ele perguntou, estreitando os olhos.
-E ela disse que...Que já não sabia mais o por que...- Lílian completou. Harry respirou fundo.
-Desde quando vocês sabiam que ela ia embora?- Ele perguntou, mirando Lílian e Hermione, que se encolheram.
-Ah, bom...A gente ficou sabendo depois que ela abandonou o baile.- Hermione falou num fio de voz. Harry soltou um "Ah" desanimado e voltou a abaixar a cabeça.
-Bom...-Harry começou suspirando - Eu vou dormir!- Avisou, enquanto se levantava.- Boa noite!- Desejou e começou a ir para o dormitório, enquanto os outros ficaram o olhando ir.
Estava em uma sala ampla e cavernosa. Nas paredes, atoches com chamas negras, davam ao local um aspecto sombrio.Olhou para cima e se deparou com um lustre de cristais negros. Franziu o cenho. Por que alguém usaria atoches se possuía um lustre? Endireitou a cabeça e olhou ao redor, na parede oposta pôde ver um grande armário de ébano, com vidros na porta, que deixavam á mostra frascos com substancias de vermelho sangue. Fez uma careta de nojo ao ver uma mão flutuando dentro de um desses frascos. Olhou para o outro lado e viu a parede lisa, sem nada, além dos atoches.
Suspirou. Onde, raios, estava? Como chegara ali? Deu um volta de 360º, em torno de si mesmo. Ergueu uma sobrancelha em confusão. Não se lembrava de já ter estado ali. Suspirou novamente e procurou alguma saída daquele lugar. Quando, finalmente, achou uma porta, esta se abriu com violência e por ela entrou um ser com a face mais branca que giz, olhos vermelhos e nariz de fenda. Lord Voldemorte entrava na sala, sendo seguido por um comensal.
-Quer dizer, então, que você descobriu onde a profecia está?- Ele perguntou.
-Sim, Lord!- O comensal respondeu, parecendo orgulhoso de si mesmo.
-E por que não a roubou?- Voldemorte perguntou, seus olhos começando a ficar mais vermelho que o normal. O Comensal se encolheu e permaneceu em silêncio. Voldemorte começou a sacar a varinha para torturar aquele ser, quando ele começou a gaguejar a resposta.
-Eu não roubei, por que achei que o senhor gostaria de ir pessoalmente buscar.- Voldemorte abaixou a varinha, parecendo considerar a resposta. Um sorriso sem alegria cruzou seus lábios.
-Até que ás vezes você usa isso que chama de cérebro!- Ele exclamou e o comensal suspirou aliviado.- Agora suma da minha frente, antes que eu mude de idéia e te mate!- ordenou, o comensal saiu aos tropeços da sala, fechando a porta atrás de si. Voldemorte começou a andar de um lado pro outro na sala, sem parecer poder vê-lo ali. O Lord das Trevas começou a rir debilmente, uma risada fria e sem alegria.
Harry acordou assustado e se sentou no mesmo momento em sua cama. A cabeça latejando e a cicatriz ardendo como se alguém estivesse ao seu lado, espetado alfinetes na marca, em forma de raio, na testa do jovem.
Harry olhou ao redor, enquanto esfregava a cicatriz, e suspirou aliviado ao constatar que estava seguro no seu dormitório na torre de Grifinória. Parou de massagear a cicatriz e jogou o corpo pra trás, ficando assim deitado. Encarou o teto, sem realmente vê-lo, enquanto se lembrava do sonho. Que profecia seria aquela que Voldemorte e seu seguidor mencionaram? Qual seria sua real importância? Por que teria que, no mínimo, ser ultra-importante para que o Lord das Trevas estivesse interessado.
Bufando, Harry levou o pulso até a altura dos olhos, para poder ver as horas. Suspirou desanimado ao ver que ainda eram três da madrugada. Se levantou e colocou a capa do uniforme, para logo em seguida descer.
Olhou ao redor, como que procurando ver se mais alguém estava acordado. Deu de ombros ao ver que era o único que estava de pé, e se sentou no sofá que tinha na frente da lareira.
Ficou encarando o fogo, que começava a se apagar, enquanto pensava mais uma vez na tal profecia. Talvez perguntasse a Dumbledore quando fosse contar ao bruxo sobre o sonho. Se recostou no sofá, de forma que sua cabeça ficou apoiada no encosto do sofá, fazendo com que ele encarasse o teto, quase totalmente consumido pelas sombras. Cruzou os braços sobre os tórax para se proteger do frio que fazia e fechou os olhos. Por mais que pensasse, não conseguia pensar em ninguém melhor que Dumbledore para lhe responder que profecia seria aquela que Voldemorte parecia querer tanto, e imerso nesse pensamento, Harry adormeceu ali mesmo, no sofá do salão comunal.
-Acorda, bela adormecida!- Harry ouviu a voz distante de Hermione e se obrigou a voltar ao mundo real. Abriu os olhos e se ajeitou.
-Que horas são?- Perguntou, enquanto massageava a nuca para ver se o torcicolo ia embora.
-Seis e meia!- Ela respondeu, se sentando ao lado do moreno- Por que está aqui em baixo?
-Tive um pesadelo e desci, fiquei aqui pensando e acabei dormindo!- Falou com simplicidade. Hermione sorriu compreensiva.
-Você deu sorte que o monitor chefe tem que acordar meia hora mais cedo!- Hermione falou, sorrindo marotamente - Sabe, seria um mico e tanto se os alunos descessem e vissem você ai, todo jogado!- Completou e Harry riu.
-Minha sorte, como você disse, é que o monitor chefe tem que acordar mais cedo e que ele é ela, quero dizer, você!- Comentou, sorrindo brincalhão.
-Cê ainda ta dormindo, Harry!- Hermione comentou, dando um tapa de leve atrás da cabeça do amigo, que riu - Vai lavar o rosto e se trocar, vai!- Ela pediu. Harry concordou com um aceno de cabeça.
-Te encontro no Salão Principal!- Avisou, quando começou a caminhar para as escadas que levavam aos dormitórios.
-Não me diga que é verdade!- Hermione falou, fazendo com que o moreno parasse e se virasse, a olhando confuso - O que o Rony contou.- Falou, como se essa simples frase esclarecesse tudo.
-O que ele contou?- Harry perguntou, ainda confuso.
-Que você parecesse uma noiva se arrumando, por causa da demora!- Explicou, e Harry sorriu.
-Não! Isso não é verdade!- Ele falou, balançando a cabeça de um lado pro outro- Eu só vou demorar por que eu vou tirar um cochilo, por que eu ainda to morrendo de sono!- Hermione soltou um "Ah" com fingida decepção.- Depois eu vou me arrumar para demolir corações!- Hermione riu - E depois vou acordar o seu namoradinho ruivo!- Completou sarcástico e Hermione riu mais.
Os dias passaram em um piscar de olhos, e logo as aulas voltaram. Harry ainda não havia encontrado uma oportunidade para ir falar com Dumbledore. A dúvida de que profecia seria aquela que Voldemorte mencionara, ainda martelava em sua cabeça.
-Oh, céus, nunca mais vou jogar Quadribol, não depois dessa aula!- Harry resmungou sarcástico, quando ele, Rony e Lílian se encontraram com Hermione no Salão Principal.
-Que aconteceu?- Hermione perguntou, já que não tinha as mesmas aulas que os amigos nas segundas de manhã.
-A professora Trelawney disse que o Harry vai ter uma parada cardíaca fulminante quando pegar o pomo no próximo jogo!- Lílian contou, enquanto tentava segurar uma risada. Rony, porém, não estava segurando a risada. Ele ria abertamente da cara do amigo, que simplesmente revirava os olhos enquanto se sentava ao lado de Hermione, fazendo com que o ruivo tivesse que se sentar na frente da namorada.
-Por isso eu desisti de Adivinhação!- Hermione comentou, enquanto colocava batatas no próprio prato - Querem batatas?- perguntou para os amigos, que sorriram marotamente.
-Eu quero!- Responderam juntos.- Você coloca pra gente, Mione?- Harry completou, sorrindo.
-Vocês têm mãos e não são quadrados!- Ela exclamou, os três riram e começaram a se servir. Harry começou a começar depressa, o que arrancou olhares confusos dos amigos.
-Harry?- Hermione chamou.
-Quê?- perguntou, antes de por o garfo na boca.
-A comida não vai fugir!- Ela comentou.
-Eu sei que não!- ele respondeu entre uma garfada e outra.
-Então por que a pressa?- Lílian perguntou, sendo mais direta do que a prima.
-Eu quero ir falar com o Dumbledore antes das aulas da tarde começarem!- ele respondeu, dando a última garfada na comida.
-Sobre o quê?- Rony perguntou.
-Há alguns dias eu tive um pesadelo e até agora eu não consegui falar com o Dumbledore sobre isso! Vou tentar falar hoje!- respondeu, enquanto juntava suas coisas.
-Você sabe a senha?- Hermione perguntou, enquanto cortava um pedaço do pastelão que comia.
-Não faço idéia, mas é só você ir falando tudo quanto é doce trouxa, que uma hora você descobre!- Ele respondeu, pegando uma uva e a jogando dentro da boca.
-A senha é Goiabada!- Hermione informou e Harry a agradeceu com um sorriso e saiu correndo do salão.
-Como você sabia qual era a senha?- Rony perguntou, olhando confuso para a namorada.
-Chutei!- Ela respondeu corando e Rony e Lílian riram.
-Goiabada!- Harry falou ofegante, assim que chegou na gárgula que guardava a entrada da sala do diretor. Assim que a passagem abriu, Harry pulou no primeiro degrau, para logo se deparar com a porta bem lustrada do diretor. Respirou e soltou o ar pela boca, antes de dar três batidas secas na porta. A voz de Dumbledore chegou abafada aos seus ouvidos. Respirou fundo mais uma vez, e entrou.
-Harry?- Dumbledore perguntou, parecendo educadamente surpreso com a presença do moreno ali.
-Eu queria conversar com o senhor!- Harry falou, meio sem jeito - Se não for atrapalha, é claro!- Completou.
-Não irá!- Dumbledore respondeu, sorrindo, porém ainda confuso.- Sente-se!- pediu, conjurando uma cadeira na frente de sua mesa. Harry caminhou até lá e se sentou, apoiando os livros que carregava na mão, nas pernas.-Então, Harry, sobre o que você quer conversar?
-Eu tive um sonho com Voldemorte, no feriado de Natal!- Harry, respondeu.
-E por que não veio me contar antes?- ele perguntou.
-Não tive oportunidade...- Harry falou, agora totalmente sem jeito.
-Entendo!- Dumbledore falou, sorrindo para confortar o rapaz.- Agora, me conte, como foi o sonho?
-Bom, eu estava...-Harry começou. Contou como era a sala, contou sobre os frascos, sobre a mão que flutuava dentro de um deles e, sobre o principal, a tal profecia. Quando terminou, Dumbledore suspirou pesadamente.
-Você sabe a que profecia eles se referiram?- Dumbledore perguntou, apoiando os braços sobre a mesa, e juntando as pontas dos dedos.
-Não!- Harry respondeu, balançando a cabeça - Eu ia te perguntar sobre ela.
-Pois bem, é meu dever te contar!- Dumbledore falou, parecendo mais cansado do que realmente estava.- É seu dever saber!- Completou, olhando Harry nos olhos.
-Por quê? Por que é meu dever saber?- Harry perguntou, sustentando o olhar do diretor.
-Eu peço que você me compreenda, Harry!- Dumbledore falou, se encostando na cadeira.- Nunca imaginei que Voldemorte iria voltar a procurar a profecia, por isso achei que, talvez, nunca fosse necessário lhe contar!
-Vou tentar, professor!- Harry falou. Dumbledore se levantou e foi até o seu armário, o abriu e pegou uma bacia com escritas em Runa, ao redor. Harry reconheceu como a penseira do diretor, aquela mesma que ele visitara no seu quarto ano.
-Bom...Tudo começa quando sua mãe estava grávida...- Dumbledore começou, enquanto depositava a penseira na mesa e se sentava.- Ela engravidou cedo, não tinha nem terminado Hogwarts ainda. Estava em seu sétimo ano! Eu precisava de uma nova professora de adivinhação e coloquei um anuncio no Profeta Diário!- Dumbledore suspirou e Harry estava cada vez mais curioso - A sua professora de adivinhação, Sibila Trelawney, veio procurar o emprego.
"Depois da entrevista, eu percebi que ela não passava de uma amadora. Eu falei pra ela que ela não tinha o nível de conhecimento esperado! Ela ficou furiosa e saiu ás pressas do meu escritório. Eu fui atrás, tentar conversar com ela. Eu a alcancei no mesmo momento em que ela e Lílian se cruzavam no corredor. Sua mãe estava grávida de três meses, ainda não dava para perceber que ela estava grávida, já que as vestes que ela usava eram largas. Sibila estacou no meio do corredor, apinhado de alunos, no mesmo instante, e segurou sua mãe pelo pulso."
"Lílian levou um susto. Não conhecia aquela mulher que, aparentemente, a segurava sem nenhuma razão. Porém, uma voz, que não era de Sibila, começou a sair de sua boca."- Nesse instante, Dumbledore apontou a varinha para a penseira, dela saiu a imagem de uma Lílian de 17 anos, assustada, e de uma Sibila uns 16 anos mais nova, com o olhar perdido. A tal voz que Dumbledore falara começou a soar pela sala.
"Aquele com o poder de vencer o Lord das Trevas se aproxima... Nascido dos que o desafiaram três vezes, nascido ao terminar o sétimo mês... E o Lord das Trevas o marcara como o seu igual, mas ele terá um poder que o Lord das Trevas desconhece... E um dos dois devera morrer na mão do outro, pois nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver... Aquele com o poder de vencer o Lord das Trevas nascerá quando sétimo mês terminar..."
A imagem desapareceu. Harry sentia a boca seca, e sentiu o suor frio escorrer pela lateral do seu rosto.
-O que...O que exatamente...Isso quer dizer?-Perguntou quando recuperou sua voz. Dumbledore suspirou cansado, e olhou atentamente as feições de Harry, antes de continuar a falar.
-Quer dizer que ou você se tornara assassino ou morrerá.- Dumbledore falou, as rugas de preocupação lhe dando um ar mais velho, os olhos já não tinham mais o habitual brilho. Harry abaixou a cabeça, achando os seus sapatos, repentinamente, interessantes.- No inicio não entendi muito bem o que essa profecia queria dizer! Pensávamos que a profecia dizia que o bebê, no caso você, fosse nascer no final do sétimo mês de gravidez, mas esse veio e foi, como deve ser. Foi aí, que eu finalmente compreendi o que a profecia queria dizer! Quando contei á sua mãe e á seu pai, eles ficaram espantados de saber que o filho, que ainda nem nascera, iria ser tão poderoso, á ponto de conseguir derrotar o Lord das Trevas.
Harry permaneceu em silêncio. Se sentia tonto, era muita informação de uma vez só. Sua respiração estava pesada. Não podia acreditar que teria que matar, ou então, morreria tentando.
Harry suspirou pesadamente e levantou os olhos e encontrou Dumbledore o encarando. Abaixou os olhos novamente. Por que essas coisas tinham que acontecer justo com ele? Por que nunca com os outros?
-Certo...-Harry falou, em um fio de voz.- Posso ir?- Perguntou, apontando para a porta - Pra pode pensar melhor nisso!- Explicou. Dumbledore acenou com a cabeça, sorrindo de forma compreensiva.
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