A Partida




-Acho que eu bebi demais no baile e agora to ouvindo coisas!- Lílian falou, perplexa.


-Você não bebeu demais e não ta ouvindo coisas!- Raquel contrapôs mal humorada.


-Por que você vai embora?- Hermione perguntou. Raquel suspirou enquanto se levantava. Olhou para as amigas e deu de ombros.


-Já nem sei mais...-Sussurrou, enquanto começava a arrumas as suas coisas dentro do malão.


-Eu vou com você!- Lílian avisou, depois de um tempo, no qual, parecera refletir.


-Não, você não vai!- Raquel falou tão inesperadamente, tão instantaneamente, que assustou ás duas amigas.- Não vou deixar que você perca tudo o que conseguiu aqui!


-Eu não vou perder!- Lílian revidou.


-Ah, sim, você vai!- Raquel falou, andou até a amiga - Aqui você tem amigos de verdade! Pessoas que se preocupam com você! Não é como antes que você só tinha a mim! Aqui você conseguiu se aproximar mais da sua irmã, mesmo que essa aproximação tenha sido praticamente imperceptível, você está conhecendo o melhor da vida de um estudante aqui! E eu não quero te tirar esse direito!- Concluiu. Lílian abaixou a cabeça.


-Vou sentir sua falta!- Admitiu, levantou a cabeça com os olhos suspeitamente úmidos e abraçou Raquel, que sorriu tristemente e retribuiu.


-Mas exatamente o que, você conversou com o Harry?- Hermione perguntou. Lílian saiu do abraço e olhou para Raquel, que simplesmente suspirou derrotada e contou exatamente o que acontecera na beira do lago.




Abriu os olhos lentamente e bocejou. Se sentou na cama e olhou pela janela. O dia ainda estava começando a nascer. Dando de ombros, Raquel se levantou e foi para o banheiro fazer sua higiene pessoal.


Voltou para o quarto e se trocou, colocando a capa do uniforme por cima da roupa que usava. Saiu o mais silenciosamente que pôde do dormitório.


Andou apressada pelos corredores, enquanto se lembrava do bilhete que recebera durante a madrugada. Dumbledore fora o autor e pedia que ela comparecesse ao seu escritório logo cedo para conversarem antes dela ir embora.


Assim que chegou á gárgula, respirou fundo antes de falar a senha:


-Goiabada.- falou sem emoção. Dá onde Dumbluedore tirava essas senhas? Eram totalmente excêntricas. A escada começou a subir e Raquel pulou para o primeiro degrau, para logo ir parar na porta do escritório. Deu três batidinhas secas:


-Entre!- A voz de Dumbledore chegou abafada aos seus ouvidos.


-Com licença.-Pediu timidamente, enquanto fechava a porta atrás de si.


-Ah, Srta. Escobar!- Dumbledore exclamou, parecendo satisfeito por vê-la.- Sente-se!- pediu, indicando com um gesto da mão, uma cadeira na frente de sua mesa. Raquel caminhou até a cadeira e se sentou em silêncio.


-Queria falar comigo?- Perguntou, depois de um tempo em silêncio, no qual Dumbledore ficara lhe olhando, enquanto ela observava fascinada Fawkes, a fênix.


-Ah, sim!- Dumbledore falou parecendo contente que ela tivesse tocando no assunto - Só gostaria de saber se você tem certeza de que gostaria de abandonar Hogwarts!- Raquel o olhou surpresa.


-Eu tenho sim...-Ela respondeu vacilante. Dumbledore suspirou pesadamente.


-Pois bem, sua carruagem sai em meia hora!- Informou, Raquel concordou com um aceno de cabeça - Se certifique que pegou tudo e já leve seu malão para a carruagem.


-Certo!- Raquel falou, se levantando.


-Devo pedir, que a senhorita assine aqui!- Dumbledore pediu estendendo um bloco de pergaminho.


-O que é isso?- Raquel perguntou confusa, olhando do pergaminho para o diretor.


-Ah...Hogwarts pode ser livre das escolhas do ministério, mas infelizmente não é livre da burocracia!- Dumbledore explicou, Raquel sorriu fraquinho.


-Certo...Essa ai é qual?- Raquel perguntou se sentando novamente e pegando os pergaminhos que Dumbledore ainda lhe oferecia.


-Para atestar que a senhorita está saindo de livre e espontânea vontade dessa constituição antes do termino do período letivo!- Raquel o olhou totalmente perdida nas palavras que ele disse.- Em outras palavras, para não pensarem que eu tomei a liberdade de expulsa-la sem informa-los!- Raquel sorriu, finalmente entendendo o que o diretor dizia. Deu uma lida por cima do que estava escrito.


-Posso?- Perguntou estendendo a mão para pegar uma pena que descansava dentro de um tinteiro.


-Perfeitamente!- Raquel pegou a pena e assinou. Estendeu os papeis para Dumbledore que os aceitou e sorrindo se retirou.




Assim que se viu fora do escritório de Dumbledore, Raquel andou apressada até a torre de Grifinória, entrou sorrateiramente no dormitório feminino do sétimo ano e caminhou até seu malão, para logo abri-lo e verificar se todos os seus pertences estavam lá. Sorriu satisfeita ao ver que estava tudo ali.


Sacou a varinha e, em um sussurro, fez a mala levitar. Girou nos calcanhares e saiu do dormitório, para logo se dirigir á carruagem que estava parada na frente da entrada principal do castelo. Depois de colocar o malão dentro da carruagem, Raquel suspirou e olhou ao redor.


Tinha que admitir que a paisagem que Hogwarts fornecia era maravilhosa. Dificilmente iria esquecer aquele “paraíso”. Olhou, maravilhada, as montanhas, com neve nos picos. A neve parecia ser de uma tonalidade azulada. O sol, que ainda nascia, dava ao céu uma cor alaranjada. A lua e as estrelas ainda estavam visíveis. Fechou os olhos e permitiu que a brisa matinal acariciasse sua face e brincasse com seus cabelos. Quando abriu os olhos, pôde ver Dumbledore caminhando em sua direção, sendo seguido por McGonagall e Hagrid. Assim que o diretor e os dois professores a alcançaram, Raquel pôde ver que Hagrid chorava baixinho.


-Por que ele ta chorando?- perguntou em um sussurro para a professora de transfiguração.


-Por que acha que não vai mais te ver.- McGonagall respondeu no mesmo tom. Nesse instante Hagrid soltou um soluço sufocado e se atirou sobre Raquel, no que a moça imaginou ser um abraço, fazendo com que ela quase perdesse o contra peso e fosse os dois para o chão.


-Me mande cartas todos os dias!- ele pediu entre um soluço e outro.


-Vou mandar, Hagrid!- Raquel garantiu, passando a mão, desajeitadamente, nas costas do meio gigante.- Agora se acalme!- pediu. O meio gigante saiu do abraço e concordou com um aceno de cabeça. Puxou um lenço sujo do bolso do casaco que usava e assuou o nariz, num barulho que lembrava vagamente a buzina de um caminhão. Raquel arregalou os olhos, como se tivesse se lembrado de algo e começou a por as mãos nos bolsos da capa, procurando alguma coisa - Hagrid, será que poderia me fazer um favor?


-Claro!- O meio gigante falou cordialmente.


-Será que poderia entregar essas cartas para o Rony, Hermione, Biatriz e Lílian?- E conforme falava o nome de um dos amigos ia colocando um envelope na mão estendida do meio gigante.


-Entregarei!- Falou, colocando um sorriso fraco nos lábios, parcialmente escondidos pela barba. Raquel sorriu de volta.


-Bom, chegou a hora de ir, senhorita!- Dumbledore avisou. Raquel concordou com a cabeça.


-Então...Até mais!- Falou acenando no mesmo instante em que entrava na carruagem.




-Não acredito que ela foi embora sem se despedir!- Lílian exclamou irritada, enquanto ela e Hermione caminhavam até a cabana de Hagrid, que mandara um bilhete no café avisando que precisava falar com elas.


-Ela deve ter seus motivos!- Hermione resmungou não menos irritada.


-Porcaria de neve!- Lílian reclamou, quando seu pé afundou e ela teve uma certa dificuldade em tira-lo de lá. Fizeram o resto da caminhada em silêncio. Lílian deu três batidas secas na porta da cabana de Hagrid, assim que alcançaram a mesma.


-Ah, olá!- Hagrid cumprimentou, quando viu quem batia, deu espaço para as moças passarem.


-Que o motivo com o qual você nos fez vir por essa neve seja importante!- Lílian exclamou, se jogando, irritada, no sofá do meio gigante. Hagrid sorriu compreensivo, enquanto se sentava em uma poltrona que ficava de frente para o sofá, no qual Lílian e Hermione estavam sentadas.


-Como vocês já devem saber, a Raquel partiu essa manhã...- Começou, mas foi interrompido por Lílian que bufou.


-Você nos arrastou até aqui para falar o que já sabemos?- perguntou, Hermione a repreendeu com o olhar.


-Desculpe a Lílian, Hagrid!- Hermione pediu.- Ela fica extremamente irritada quando alguém vai embora sem se despedir!- Hagrid falou que estava tudo bem, com um aceno de cabeça.


-Em todo caso...Ela me pediu para entregar essas cartas!- Hagrid falou estendendo as quatro cartas - Será que vocês poderiam entregar a de Rony e Biatriz?


-Claro!- Hermione falou pegando os envelopes. Pegou o que tinha o seu nome e o que tinha o nome de Rony e entregou os outros dois para Lílian.-Você pode entregar o da Bia?- perguntou e Lílian confirmou com um aceno.


-Eu chamei vocês pra isso!- Ele disse com simplicidade. Lílian o olhou como se pedisse desculpas, o meio gigante sorriu para a moça.


-Ela não deixou nada para o Harry, não é?- Hermione perguntou, parecendo decepcionada.


-Não!- Hagrid falou suspirando- Acho que ela ainda está com rancor dele! Pobre menina!


-Espere um minuto!- Lílian exclamou, parecendo que uma luz se acendeu em sua mente - Eis o motivo dela ir embora!


-Como é?- Hermione perguntou confusa, não conseguindo seguir a linha de raciocínio da prima.


-Ela foi embora por que está decepcionada com o Harry!- Lílian explicou - Lembra que ontem ela disse que tinha conversado com o Harry antes de abandonar o baile?


-Lembro!- Hermione respondeu sorrindo, indicando que finalmente entendera onde a prima queria chegar, Hagrid, porém, parecia não entender. Hermione, notando isso, se virou para o amigo e começou a contar ao meio gigante a conversa entre ela e Lílian com Raquel. Quando terminou, Hagrid tinha um brilho de compreensão nos olhos.


-Então...Por ela ser muito orgulhosa ela não admitiu que ainda o ama?- Hagrid perguntou só por perguntar.


-Exatamente!- Lílian exclamou - Mas por saber que por não ter admitido isso para o Harry ela faria com que ele se cassasse com a Chang, acabando assim com as suas chances de ficar com ele quando realmente o perdoasse.- Hagrid assoviou baixinho, mostrando sua surpresa com a capacidade que Lílian tinha de deixar as coisas mais complicadas do que realmente eram de ser explicadas.




Naquela tarde, Lílian e Hermione vieram a descobrir que o conteúdo das cartas eram quase iguais. Lílian ainda não podia acreditar que a sua melhor amiga tinha ido embora.


Assim que terminou de se trocar para poder dormir, Lílian foi até a sua mesa de cabeceira e pegou a carta. Foi para a pequena sacada que tinha perto de sua cama e se sentou no parapeito. Abriu a carta e começou a lê-la novamente.




Cara Lílian,


Não tenho muito que dizer, se você quer saber! Vou começar com o típico: se você está lendo... Vamos lá...


Se você está lendo está carta, é por que eu tive que ir embora muito cedo ou pelo simples fato de que eu não tenho coragem de dizer adeus a alguém tão importante quanto você!


Você foi a melhor amiga que eu já tive, a primeira se quer saber! As outras meninas que se diziam minhas amigas nunca mantiveram contato comigo. Você foi a única, e por isso eu gosto muito de você! Por você ser uma pessoa sensata, que sabe reconhecer as pessoas que te querem bem, mas algumas vezes você errou nesse seu pré-julgamento! Por se deixar levar por primeiras impressões.


Então, minha amiga, o único conselho que eu posso e devo te dar é: Nunca mais se deixe levar por primeiras impressões. Eu não vou mais estar por perto para poder te ampara quando alguém te decepcionar ou magoar! Eu sei que isso ta parecendo carta de um defunto para um vivo, mas essas palavras são verdadeiras! Tudo o que eu vou poder fazer até o ano letivo terminar é ler seus desabafos e te confortar por meio de palavras.


Bom, agora eu queria falar de algo mais sério. Sim, quero falar sobre a guerra. Fique sabendo, mocinha, que se você se atrever a se machucar gravemente, ou pior, morrer, eu juro que eu te ressuscito e faço questão de te matar lenta e dolorosamente! Eu digo isso por que não sei se estarei ai quando a batalha final estourar. Hogwarts é segura, mas mais cedo ou mais tarde, Voldemorte vai descobrir uma maneira de penetrar essas barreiras e fará um ataque sanguinário. Eu gostaria que fosse mais tarde, mas temo que seja mais cedo. Voldemorte tem se mantido muito quieto nesses últimos tempos, ele têm espiões dentro de Hogwarts, então tome o máximo de cuidado nas visitas ao vilarejo. Ele já deve saber como entrar em Hogwarts, por isso, fique sempre alerta quando for para os jardins.


Eu sei que é um saco não poder relaxar, ter que ficar na defensiva vinte e quatro horas todo dia, sete dias da semana, mas é preciso.


Fique sabendo que onde quer que eu esteja, eu vou fazer até o impossível para estar ao seu lado quando a luta do matar ou morrer estourar, então, minha amiga, me avise quando esta começar!


Fico por aqui,


Abraços da sua amiga de sempre


Raquel.




Lílian suspirou, enrolou o pergaminho. Jogou a cabeça para trás e ficou olhando o azul marinho do céu noturno. Suspirou novamente e foi se deitar. Ficar pensando nos “e se...” não faria com que Raquel voltasse. Como ela mesma havia dito na carta, só poderia conforta-la por meio de palavras.




Hermione ficou observando as escadas que levavam ao dormitório masculino, até que ouviu o barulho distante de uma porta batendo. Suspirou e puxou seu diário, abriu na última pagina na qual escrevera e puxou a carta que Raquel deixara. Ficou olhando o envelope por alguns minutos. Abriu e puxou o rolo de pergaminho, o abriu também e começou a ler, novamente, o conteúdo.




Mionizinha,


Eu sei que você odeia que te chamem assim, mas eu não resisti.
Bom...Como eu disse na carta da Lily, eu vou ter que começar na base do “Se você está lendo...”, vamos lá.


Se você está lendo está carta é por que ou eu fui embora muito cedo ou é pelo simples fato que eu não tenho coragem de dizer adeus a uma amiga tão boa quanto você.


Você pode ser do tipo “certinha” por fora, mas pra quem te conhece verdadeiramente sabe que é só por fora. Por dentro você é uma amiga, confidente e, ás vezes, você é uma mãe para seus amigos! Digo isso por experiência própria.


Sabe, ás vezes eu tenho inveja de você e do Rony. Vocês formam um casal até que perfeito, apesar das óbvias diferenças na personalidade. Eu queria que tudo entre eu e o Harry tivesse corrido tão bem quanto correu á vocês dois.


Mas que os meus fracassos amorosos vão as farfas!


Bom...Aqui, mais uma vez, eu vou falar mais ou menos o que eu falei na carta da Lílian. Sim, estou falando de falar sobre a guerra! (Sim, eu sei que ficou estranho, Mione, mas não achei um jeito mais legal pra dizer!).


Se cuida durante a batalha final, Mione! Ela com certeza será muito sangrenta e com certeza muitas pessoas vão morrer, várias vão ficar loucas por causa de maldições imperdoáveis e milhões irão sofrer por causa dessas outras.


Como eu disse para a Lílian, eu digo para você: Caso você se atreva a morrer, eu vou fazer questão de ir até o inferno para te ressuscitar para logo em seguida te matar lenta e dolorosamente.


Voldemorte anda muito quieto nesses últimos tempos, está muito cuidadoso e está andando na sombra. Se eu não tivesse parado de comparecer as “reuniões” dos comensais da morte, eu teria uma idéia de quando e como Voldemorte invadiria Hogwarts. Sim, Mione. Mais cedo ou mais tarde Voldemorte vai descobrir como e vai faze-lo. E eu temo que seja mais cedo, embora queira que seja mais tarde, mas essa guerra já está sendo adiada á muito tempo.


Cuide do Rony, pois sem aquele cabeça dura a sua vida não vai ter mais sentido que eu sei, e a minha vai cair no humor negro, que é um saco.
Vou ficando por aqui,


Da amiga desde o ano passado,


Raquel.




Hermione sorriu. Mesmo quando falava de assuntos tão sérios, Raquel conseguia fazer todos rirem. Suspirou e guardou a carta. Balançou a cabeça de um lado pro outro e, abraçando o seu diário, foi dormir.




Rony suspirou e se sentou. Fazia mais de uma hora que estava se revirando na cama e não conseguia dormir. No máximo alguns cochilos de cinco minutos. Passou as mãos pelo rosto e se levantou. Sentiu um frio subir pela espinha quando seus pés tocaram o chão frio. Pegou o envelope, que estava na mesa de cabeceira, e foi se sentar no parapeito da janela que tinha ao lado da sua cama. Olhou para o céu, estava azul marinho e não tinha nenhuma estrela. A lua “boiava” nesse grande “mar”, solitária.
Olhou para o envelope que segurava. Embora já tivesse lido o seu conteúdo, ainda tinha um certo receio em lê-lo. Odiava admitir, mas iria senti muita falta de Raquel. Suspirou novamente e finalmente abriu a carta e em seguida começou a ler.




Caro Roniquinho,


Não me bate!! Você sabe que eu adoro te chamar assim, não sabe?
Em todo caso, se você quer saber por que prefiro me despedir por carta e não pessoalmente, vou começar sua carta como eu comecei a carta dos outros.


Se você está lendo está carta é por que ou eu fui embora cedo ou pelo simples fato de não ter coragem suficiente para me despedir pessoalmente de um cabeça dura, como você!


Ah, eu sei que você não vai admitir que é cabeça dura, mas junte os fatos! Quem foi que demorou seis, e eu repito, SEIS anos para se declarar para a atual namorada? Sendo que fazia questão de negar até a morte que a amava? Quem nunca admitia a culpa, mesmo sendo o culpado? Quem será, Roniquinho? Você tem alguma idéia?Por que eu não tenho! Viu como você é cabeça dura? Aposto que você vai negar isso tudo que eu disse!


Mas vamos deixar isso pra outra carta. Agora tenho assuntos mais sérios para tratar contigo. Sim, como sempre, a guerra.


Eu vou te dar os mesmos conselhos que eu dei para a Hermione, para a Lílian e para a Biatriz.


Primeiro, se você se atrever a morrer eu vou fazer questão de ir até o inferno te ressuscitar, para logo em seguida te matar lenta e dolorosamente. Por que, sinceramente, nós dois, juntos, faríamos um bom páreo duro para os gêmeos, ou até mesmo, para os marotos!


Segundo, tome o máximo de cuidado em todas as visitas á Hogsmeade. Voldemorte tem espiões dentro de Hogwarts e com certeza fica sabendo de cada visita que acontece.


Terceiro, tome cuidado até quando for aos jardins. Voldemorte, mais cedo ou mais tarde, vai acabar descobrindo alguma maneira de entrar em Hogwarts, se já não descobriu. E, sem querer ser pessimista, eu temo que ele já saiba como entrar na escola! Ele anda muito quieto ultimamente, provavelmente esperando a hora certa de atacar um local tão protegido quanto Hogwarts.


Bom, Rony, saiba que eu adorei me tornar sua amiga. Você, apesar de meio desligado e brincalhão, é um bom amigo.


Vou ficando por aqui,


Da amiga de todas as horas,


Raquel.




Rony suspirou e olhou mais uma vez para o céu. Raquel definitivamente sabia quando tinha que ser séria ou quando ser relaxada. Sabia que tinha algum motivo muito forte para ela ir embora de Hogwarts. Odiara ficar sabendo desse fato depois que ele havia acontecido. Suspirou novamente e foi tentar dormir.






Biatriz suspirou cansada e fechou os olhos, passou as pontas dos dedos sobre os mesmo e se levantou abruptamente. Começou a caminhar na direção da saída de Soncerina, sem se importar com o olhar de duvida que seus colegas de casa lhe davam. Assim que se viu longe de Soncerina, começou a caminhar mais rápido. Assim que alcançou os degraus que levavam para os jardins, se sentou neles e puxou um rolo de pergaminho do bolso. Suspirou. Mesmo já tendo lido aquelas palavras, ainda lhe dava um certo receio de lê-las novamente. Balançou a cabeça para afastar esses pensamentos e começou a ler a carta.




Cara Bia,


Eu vou começara sua carta como comecei as dos outros, com o famoso “Se você está lendo...”.


Se você está lendo está carta é por que ou eu parti muito cedo ou pelo simples fato que eu não tenho coragem de dizer adeus para uma pessoa como você!


Eu sei que ás vezes a gente pode ter lá nossas diferenças, mas isso não muda o fato de que somos amigas, certo?


Lembra aquelas coisas que você me contou á alguns meses?Sobre o seu passado, sabe? Bom, se você lembrou, eu queria que algum dia você me falasse sobre aquela sua decisão que você não quis me contar aquele dia. Eu to com a pulga atrás da orelha, mas se você preferir me matar a contar, eu vou entender! Eu acho...


Agora, nesse momento, eu vou falar de uma coisa um tanto quanto mais séria. Sim, senhora, vamos falar sobre a guerra. Quer você queira, quer não queira! Você não tem como fugir! A não ser que você pare de ler a carta, mas ai eu vou saber, então, sua única solução é continuar a ler!


Vamos ao assunto vai, já enrolei demais.


Primeiro, e o mais importante (pra mim, é claro), se você se atrever a morrer, eu juro que vou até o inferno só pra te ressuscitar, para logo em seguida te matar lenta e dolorosamente. Fui clara? Nada de querer salvar a tudo e a todos, sozinha e sem avisar ninguém! Nisso você e o Potter combinam.


Segundo, Voldemorte tem espiões dentro de Hogwarts, portanto é fácil de se supor que ele tem conhecimento de todas as visitas que acontecem á Hogsmeade, então, fique sempre alerta quando você for pra lá e qualquer movimento suspeito que você perceba corra para avisar a algum professor.


Terceiro, mais cedo ou mais tarde, Voldemorte vai descobrir uma maneira de entrar em Hogwarts. E eu temo que seja mais cedo. Voldemorte anda muito quieto nesses últimos tempos. Receio que seja para tramar uma batalha mortal nos terrenos de Hogwarts.


Eu não vou pedir para você me avisar quando a batalha ameaçar a começar, por que eu já fiz esse pedido para a sua irmã, mas se ela não puder me avisar, eu peço que você me avise.


Agora, eu vou te pedir um favor que eu não pedi pra ninguém, e nenhum dos outros amigos nossos, não tem se quer noção de que eu possa pedir isso á você. Bom, vamos lá...


Eu queria te pedir que cuide do Harry. Ele pode ter colocado um par de chifres em mim e estar com a Chang agora, mas isso não muda o fato de que eu ainda gosto dele. (Ora, vamos você entendeu muito bem o que eu quis dizer).


Não deixe ninguém ler esses últimos parágrafos, eu te peço em nome de Merlin!


Cuide não só dele, mas da Lílian, Hermione e Rony, também, mas não esqueça de cuidar de si mesma. Ah sim, você ainda é assim, sim senhora! Cuida dos outros, mas esquece de si mesma! E não adianta negar, ouviu?
Bom, o que eu tinha para falar, já foi falado, ou melhor, escrito.


Espero que você me mande uma carta prometendo que vai cumprir tudo o que eu pedi nessa carta (Viu como eu vou saber se você leu ou não?).


Da amiga de sempre,


Raquel.




Biatriz enrolou o pergaminho e o colocou novamente no bolso. Se levantou e olhou a paisagem noturna que Hogwarts fornecia. Balançou a cabeça e voltou para o salão comunal de Soncerina. Definitivamente, nunca iria entender a Raquel. Ela podia ser legal ou o que quer que fosse, mas isso não mudava o fato de que ela era estranha. Sorrindo com os próprios pensamentos, Biatriz entrou no dormitório feminino do sétimo ano de soncerina.

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