Capítulo QUATRO

CAPÍTULO QUATRO (O misterioso plano de Severus)

A noite caiu vagarosamente. Todo o castelo já estava iluminado... Desde a mais alta torre, até os primeiros andares.

Os minutos passavam, conforme seu habitual trabalho diário. Sete... Oito... Nove... E finalmente dez horas. Hora propícia para descansar o esqueleto e sonhar belas paisagens ou então situações alegres e divertidas.

Um garoto de cabelos oleosos estava só, olhando para o teto em forma de abóboda acima de seus olhos negros. O local era um lugar escuro e quase todo ele manchado de tons verdes ou prateados. Via-se muito, principalmente nas cortinas, o desenho de serpentes em posição de ataque. Aquele era o sinistro salão comunal da Sonserina e o garoto um quartanista da mesma casa, chamado Severus Snape.

Severus estava deitado num sofá de couro verde muito bonito. Seus olhos xeretavam todos os lugares possíveis do teto... Os desenhos de cobra, a inscrição do nome "Slytherin" em forma erudita, detalhes cravados em ouro... No entanto, sua atividade foi interrompida pela chegada de alguém. Ele se levantou, quase com um pulo, e viu uma figura envolta por uma capa escura. Não demorou para que a figura enfim se revelasse.

Bellatrix Black sacudiu os cabelos negros e sedesos, enquanto seu rosto expressava algo não muito agradável. A garota se assustou quando percebeu Severus olhando para ela.

- Que está fazendo aí? - perguntou Bellatrix.

- Esperando por você - respondeu o garoto em tom ríspido.

O sobrolho de Bellatrix franziu um bocado, porém ele foi desmanchado quando a garota se sentou ao lado do sonserino. Soltou um suspiro longo e depois falou:

- Eu não gosto que pessoas me vigiem... Já basta o Lestrange, agora você!

- Estamos juntos nessa, cara Black - Severus disse, sem se importar com o tom incisivo da outra. - Eu sei que você se esgueirou por aí afim de saber notícias...

- Minha capa noturna é uma boa amiga - observou Bellatrix, olhando para a capa na suas mãos. Era uma malha negra, quase imperceptível, se usada durante a noite ou no escuro. Os corredores sombrios de Hogwarts facilitava mais ainda o trabalho da capa. - Me protege dos olhos aguçados do zelador e dos professores. É verdade que fui buscar notícias...

Ela fez uma pausa, certificou-se de que não houvesse ninguém no salão a espreita e continuou:

- Notícias essas não muito boas, apesar de serem falhas. O nosso plano parece que não deu muito certo - acrescentou baixinho.

Severus fechou o cenho. Bellatrix, por sua vez, prosseguiu impassível:

- A minha fonte não viu todo o acontecido, mas Potter e Evans conversaram na biblioteca sobre um assunto bastante importante. A fonte acredita que os dois, talvez, possam estar tramando uma nova aproximação.

- Mas eu... - interrompeu Severus - eu fiquei sabendo que os dois, mais seu primo e Pettygrew foram levados para detenção por intermédio da bibliotecária. Como pode ter acontecido isso?

Um pontada de irritação passou pelo rosto de Bellatrix. Com voz dura, tentou responder a indagação do "companheiro":

- A fonte imprestável não sabe o porquê de terem sido levados à detenção! De qualquer forma, deve ter sido algo que o Potter fez contra os regimentos intragáveis da biblioteca da Pince... Algo que o deixou feliz e exaltado.

- Ou então - arriscou Severus, indo mais longe, de encontro ao mais provável -, uma briga. O casal pode ter sido interpelado pela bibliotecária por motivo de briga.

Bellatrix concordou com um aceno de cabeça... Não tinha pensado nisso.

- Você tem razão - disse ela - mas a minha suposição também pode estar certa. E se esta for a verdadeira, temos que fazer algo urgente para impedí-los. Não quero ver James esfregar na minha cara aquela Evans insuportável.

- Ele nem sabe que você existe, Black - retrucou Snape, friamente. - Enquanto você não se mostrar para o Potter, ele continuará a conhecer você apenas como uma prima de seu melhor amigo.

A garota virou-se raivosa para Severus. Seus olhos irradiavam ódio em altíssimo grau.

- Eu terei James na minha mão... Ele será meu!

Com um sorriso de escárnio, Severus balançou a cabeça negativamente. Bellatrix não deixou barato aquele odioso sorriso... aquele sorriso de um Seboso arrogante.

- Você fala - começou ela, pausadamente - como se tivesse sua Lily nas suas mãos... Não vê que ela age de forma quase que maternal por você. Você não passa de um protegido... Oh! Como é mesmo que ela fala? "Não o chame de Ranhoso, Potter!" - Bellatrix soltou um gargalhada bastante longa, já não mais se preocupando com o silêncio.

- Cale-se - murmurou Snape, chateado.

Bellatrix se calou, mas um sorriso viperino esboçava ainda em seu rosto rosado.

- Você não sabe o que está falando, sua idiota - Severus Snape olhou-a de maneira superior. - Nós dois não passamos de desajeitados... Vamos nos concentrar em armar um novo plano para destruí-los, mesmo se eles estando separados ou não.

- E qual é o plano, meu caro? - esganiçou Bellatrix, teatralmente. - Não tenho nenhum em mente.

- Eu tenho um. Amanhã ele será colocado em prática, com a ajuda de Rita e da minha varinha.

A garota encarou Snape. O que aquela cabeça estaria tramando para amanhã? Domingo aconteceria o jogo de quadribol... Grifinória versus Lufa-Lufa! E quem era Rita?

***

Lily chegou cansada no salão comunal da Grifinória. Já passavam das dez horas da noite... O salão estava todo ele vazio, exceto por duas figuras num canto próximo a lareira. Lily percebeu de quem eram aquelas duas figuras sinitras.

A mais alta e de cabelos castanhos se levantou da poltrona, aturdida. A outra, mais baixa e loura seguiu o gesto da garota a sua frente. As duas falaram quase ao mesmo tempo, quando encararam Lily Evans:

- Lily, onde você estava?

A ruiva deitou no sofá vermelho, sem responder. Moira McLaung se aproximou do móvel de forma cambaleante, concertando os óculos de aro estiloso, num tom dourado. Alice Hendrix veio logo atrás.

- Ei, não vai responder a gente? - indagou Alice Hendrix, sentando-se no braço do sofá.

Lily, por fim, amenizou o cenho. Num tom queixoso explicou o sumiço que tivera nesta tarde e parte da manhã. Contou também com bastante detalhe sua conversa com James Potter na biblioteca e o terrível desfecho que se deu. Ela mostrava-se firme e sem quaisquer ressentimentos. Sua postura a partir de agora com James Potter seria restritamente, como se diz freqüentemente nos Departamentos do Ministério da Magia, profissional.

- Não vou me importar com ele - finalizou Lily categoricamente para as amigas. - Se algum dia deparar-me com Potter num destes corredores - emendou ela, mais firme -, serei a mais tranqüila das criaturas, não mais me importando com o que diz aquele garoto.

- Eu concordo plenamente com você, Lily - apoiou Moira, de nariz em pé. - Além de ter sido completamente petulante, aquele maroto de uma figa fez você ser levada a uma detenção!

Alice antecipou e falou o que pensava naquele momento:

- Sabe, até me simpatizo pelos marotos... - Ela parou, ante os olhos saltados das duas amigas. Continuou, depois de um gesto de "calma, amigas, calma": - Eu disse que simpatizo, mas não me misturo com eles. Estarei do seu lado, Lily, sempre. Só que...

- Só o quê? - quis saber Moira, esquentando a cabeça.

- Hum... Eu acho, sempre achei, que o melhor para Lily... - Alice fitou Lily um pouco sem graça, pois sabia que a amiga daria um rugido logo após sua fala - é... é ficar com James de uma vez por todas, pronto falei.

Semicerrando os olhos, a grifinória bufou:

- Nunca eu ficarei com o Potter!

- E nunca diga essa barbaridade, Alice - entôou Moira, no instante seguinte.

As duas, sem falar qualquer palavra, dirigiram para o quarto. Depois de uns minutos de reflexão, Alice seguiu as garotas, subindo as escadas correndo.

***

James, Sirius e Peter chegaram no dormitório exaustos. Encontraram o recinto em pleno breu, e todos os outros dormiam, alguns ressonando fortemente, como Derick McMillan. De tão cansados que os três marotos estavam, eles desabaram em suas respectivas camas assim que se depararam com o móvel macio e sedoso.

Tiveram uma tarde cheia. Os marotos, acompanhados a contra gosto de Lily Evans, foram enviados pela profª McGonagall à sala do zelador Argus Filch com o objetivo de pagamento de detenção. Minerva McGonagall não deu nem tempo para que os quatro alunos da Grifinória pudessem dar uma justificativa ao ato de indisciplina na biblioteca. A professora bastou apenas alguns minutos para a escolha da detenção: limpar a sala de Filch sem o auxílio de varinhas.

E as horas passaram quase que se arrastando. James e Lily não trocaram sequer uma palavra... Trabalharam na faxina em lados opostos. Nem com os amigos marotos James quis conversar. Peter e Sirius foram os responsáveis pela quebra do silêncio, de quando em quando. Os dois cantavam músicas ou então falavam com energia do jogo de quadribol que aconteceria no dia seguinte. Nem mesmo tocando neste assunto, o preferido de James, o garoto quis se manifestar.

Como era grande a sala de Filch, ou pelo menos parecia ter. Na verdade o problema não era o tamanho da sala, mas sim a quantidade de tralhas que o zelador guardava. Além disso, Filch não tinha nenhum cuidado com a higiene... As paredes estavam sujas e o teto lambrecado de uma substância gordurosa. O banheiro, contíguo a sala, foi uma das partes mais detestáveis de se limpar... Como fedia aquele banheiro.

O trabalho se estendeu até a noite. Terminaram lá pelas nove ou nove quinze, com tudo reluzente, as gavetas com os milhares de papéis guardados devidamente no lugar e o banheiro cheirando a perfume. Depois de terminado, os quatro grifinórios seguiram para a sala de McGonagall. Como se já não fosse o suficiente, a professora passou um trabalho de sua matéria para os três garotos. Lily ficou isenta e isso se tornou um caos para Minerva. James foi o maior articulador e convenceu a bruxa, depois de muita discursão, a passar também o trabalho para Lily. Esta, por sua vez, lutou bravamente mas de nada adiantou...

E agora lá estavam eles... Exauridos, suados e imundos!

***
N/A - Muito obrigado pelos comentários e espero que continuem acompanhando AeO! Estou muito feliz por vocês. Bem, no proximo capítulo tem o começo do jogo de Quadribol e o começo do sinistro plano de Snape para acabar com o amor James e Lily.

Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.