O paraíso de Lílian






Cap. 11 – O paraíso de Lílian


- EVANS!! EVANS! – Tiago gritava desesperado para o lago, esperando por uma resposta que não viria – A brincadeira já acabou! Pode sair! – falava e ria desesperançado, esperando que fosse apenas mais uma brincadeira sem graça que Lílian fazia para irritar Tiago.

Lançou mais alguns feitiços, em vão, pois não adiantava. Então decidiu. Ia pular no lago. Pôs a varinha nas vestes e saiu correndo. Estava prestes a pular quando sentiu uma força puxando-o para trás, forçando- o a cair no chão fofo.

- Tiago!! – gritou um Lupin furioso. – Seu retardado! O que você ia fazer?? Louco! Por que ia pular no lago? Você não vê que está congelado? Ia bater a cabeça no gelo e morrer seu louco! E nem madame Pomfrey ia conseguir remendar sua cabeça! Ela é dura, mas nem tanto!

- Lupin!! Retardado é você! – vociferou Tiago - Sabe por que eu ia pular? Porque Evans caiu no lago e ela não volta! Ela ta morrendo! Se é que não está morta!!


- Como ela caiu??????? – perguntou Lupin preocupadíssimo.

- Ela estava voltando e aí o gelo rachou! E ela morre de medo disso! E eu ia entrar para resgata-la!!!

- Realmente, você ainda é mais retardado que eu pensava! – e começou a chacoalhar Tiago, atitude pouco convencional para Lupin – Se você entrasse no lago ia congelar também aí iam ser dois perdidos no lago!

Tiago parou e pensou. – É verdade...não tinha pensado nisso. – E voltando ao estado de alerta – REMO! Volte para o castelo e chame ajuda!!!! RÁPIDO!!!!!!!!

Lupin começou a correr numa velocidade que nem ele sabia que era possível, até que Tiago o perdeu de vista.

Tiago correu para a borda do lago e foi tentar achar Lílian. Começou a derreter o gelo, com um imenso poder que nunca tinha visto antes. Estava ficando preocupado. Lupin estava demorando muito com a ajuda. A essa altura Lílian poderia estar morta. Nem bruxos agüentam tanto tempo debaixo d’água.

E num impulso incontrolável pulou na água. Realmente estava gelada. Graças a Deus a varinha ainda estava acesa. Foi nadando rapidamente sem rumo pelas águas geladas do lago. Como tinha esquecido de tomar ar e entrou muito rápido, seu reservatório de ar estava se esgotando e sentia seu corpo ficar mais dormente a cada braçada.

Seus olhos estavam ardendo, a varinha estava perdendo seu poder, e não conseguia mais segurar. Depois de procurar pelo lago resolveu tomar ar. Subiu. BAC. Bateu a cabeça. A água voltou a virar gelo. Pensou num feitiço e começou a derreter. Foi quando viu Lílian desmaiada a poucos metros. Seu ar estava acabando. Tinha duas opções. Esperar acabar de derreter o gelo, tomar ar e buscar Lílian ou ir naquele momento acudi-la. Não sabia o que fazer. Viu que Lílian estava se mexendo um pouco.

Sua boca estava começando a abrir e percebeu que ela não agüentava mais ficar sem ar e a resposta de seu corpo era respirar. Mas ela estava puxando água, conseqüentemente ia entrar água em seus pulmões, afogando-a, levando-a a morte. Sem mais duvidas, foi como um raio em sua direção. No momento que a estava alcançando sentiu uma coisa viscosa agarrando-o. Bateu, esperneou, mas não acontecia nada. Essa coisa viscosa em volta de seu corpo levou-o para longe. Sentiu um impacto grande e muita dor, mas conseguia respirar. Estava de volta à superfície, estava vivo.

Na sua frente viu Lílian, mas estava desmaiada. E estava envolvida pela mesma coisa viscosa que Tiago estava. Ele percebeu que era um tentáculo da Lula Gigante. Estavam a salvo.

A Lula os deixou na neve espessa, no mesmo lugar que Tiago estava antes de pular.

Estavam deitados no chão, lado a lado. Tiago tentou se mexer. Conseguiu com muito esforço. Estava muito cansado de tanto stress, adrenalina, nadar, quase afogar e estava congelado. Sentia que estava.

Mas conseguiu se mexer para chegar mais perto de Lílian. Pegou sua varinha e conjurou vários foguinhos para esquenta-los. Aproximou seu rosto do de Lílian. Sua boca estava roxa, seu cabelo com pedaços de gelo. Se tocasse-os iria parti-los ao meio. Sua cara estava branca. Parecia morta.

Entrou em pânico. Pegou seu pulso para tentar sentir se estava viva, mas não sabia qual era o ponto e não sentiu nada. Pôs seu ouvido em seu coração, mas não ouviu nada. Tentou de novo, mas não admitia.

Fez respiração boca a boca e massageava seu coração. Fez inúmeras vezes, ultrapassando seu limite. Conjurava mais foguinhos e voltava a fazer.

Até que não conseguiu mais e viu tudo preto.

Perdera a consciência.





Lílian acordou. Não sentia nada. Abriu os olhos. Não sabia onde estava, não se lembrava de nada.Sentou-se. Estava em um jardim maravilhoso, o mais lindo que já vira. Estava amanhecendo. Era sua hora favorita do dia, o sol não estava alto, estava meio vermelho, dando um ar romântico a essa linda paisagem em que se encontrava.

Levantou e começou a percorrer o jardim. Passou por roseiras, hordas de jasmins, canteiros de amor-perfeito, orquídeas em perfeita harmonia, girassóis nascendo em direção ao sol iluminando mais o jardim.

Begônias, bicos-de-papagaio, azaléias, violetas, magnólias, hortênsias, copos-de-leite, íris, lírios brancos, dálias, tulipas, margaridas, gérberas, narcisos, lavanda, flores-de-laranjeira. Todo tipo de flores de todos os tamanhos.

Todas as flores estavam perfeitas, não tinha nenhuma morta. Sentia uma grande paz em seu coração.

Se bem que de vez em quando sentia um tremor de frio. Mas achava estranho, já que aquele lugar não era frio, era até um pouco quente.

Achou uma árvore e sentou apoiando suas costas. Fechou os olhos e não pensou em nada. Sentia o perfume inebriante das flores.

Estava em completa paz.








Tiago acordou no meio da noite em um pulo. Tinha tido um sonho horrível, mas não se lembrava. Sabia que tinha sido horrível. Estava suando.

Foi quando se deu conta de onde estava. Na enfermaria. Começou a se lembrar do baile, Dana, Lílian, lago, caiu, foi atrás, Lula Gigante, congelados, preto.

Então foi esse seu sonho! Mas que no final das contas era realidade.

Viu um chumaço de cabelo preto no pé da sua cama. Deu um soco em seu ombro. Era Sirius, que levantou com uma cara amassada.

- Pontas?? Você ta vivo cara? ALELUIA! – E deu um soco forte no braço de Tiago – Por que você fez isso? CÊ TÁ BEM LOCO? Eu quase morri também! Quem você pensa que é pra me dar esse susto? PORRA! O que eu ia fazer sem você por aqui? Quem que ia apronta comigo? Sabe que amo o Lupin, mas ele é monitor! E o Pedro? Putz...e os loucos da minha família! – e começou a chacoalha-lo – VOCÊ IA ME DEIXAR AQUI SOZINHO COM ELES?Que raio de amigo é você hein? Sorte sua que você ta vivo! – e cruzou os braços fazendo um bico extremamente forçado, fazendo Tiago cair na risada.


Tiago sentiu uma dor forte em seu corpo, por isso não conseguiu continuar com a risada.

- Que foi cara? Você ta bem? Quer que eu chame a Mme. Pomfrey? É melhor né? Avisar que você acordou. Perae! – e saiu porta afora.

Tiago começou a rir silenciosamente. Essa cena de afeição entre eles o deixava feliz.

Mas essa sensação de felicidade se esvaiu rapidamente. Lembrou de Lílian. Será que tinha morrido? Será que estava bem?

Sabia que ela devia estar na enfermaria, mas quando ia procura-la, entrou Sirius com Mme. Pomfrey apressada.

- Sr. Potter! Trate de se sentar!

Como estava sem forças, obedeceu, mas perguntou:

- E a Evans? Como ela está?

Só que não obteve nenhuma resposta, apenas um silêncio constrangedor.

- Responda-me! – Seu tom de voz ficou mais agudo – O que aconteceu com ela?!? – Agora estava claramente assustado.

- Tiago...ela... – falou Sirius, mas sua voz falhou.

Como se soubesse o que viria a seguir, sentiu seus olhos marejados e percebeu que não queria ouvir.

- Está no St. Mungus – falou Mme. Pomfrey de prontidão. – Entrou em coma profundo, e sua situação não está das melhores...

- Mas como! Nós somos bruxos! Deve ter uma poção que faça melhora-la!!!

- Sim, está certo Sr. Potter, mas apesar de termos um sistema imunológico mais resistente, não é invencível. Se a Srta. Evans fosse trouxa, com certeza estaria morta, mas como é bruxa, entrou em coma. Ela ficou muito tempo sem ar no cérebro, e engoliu muita água. Não sabemos os efeitos colaterais que esse afogamento causará nela. As conseqüências são imprevisíveis...

- Mas ela acordará, não?

Mme. Pomfrey deu um longo suspiro.

- Ela acordará não?! – estava ficando desesperado – Não vai, Sirius?!?

Sirius, que estava calado até aquele momento, falou arrasado:

- Como a Mme. Pomfrey falou, as conseqüências são imprevisíveis...não sabemos se um dia ela acordará. Ela pode ficar nesse estágio vegetativo para sempre...o que nos resta é esperar.. – Falou sem olhar para os olhos de Tiago.

- Eu quero vê-la imediatamente!!! – guinchou.

- O Sr. não está em condições, vai ter que ficar em observação,e só então poderá visitá-la .

Tiago apenas suspirou....de repente perdera vontade na vida, de falar, brigar...agora só queria dormir...








Lílian estava adorando lá. Divertia-se como nunca, admirando, cheirando, pegando as rosas. Viu um lago e nadou nele. Admirava o pôr-do-sol, nunca viu algo tão belo quanto aquilo.

Ela não se lembrava de nada, nem de ninguém. Lá, era ela e ela mesma. Não tinha mais lembranças, não sabia que tinha família, amigos, não lembrava que um dia havia vivido, era como se estivesse com amnésia, mas não tinha consciência disso. A única coisa que sabia era que estava lá, maravilhada, como se fosse a primeira vez em tudo. Ela sentia que havia algo estranho, mas não sabia o que era. Estava sentindo tudo aquilo pela primeira vez, e estava tentando distinguir o quê era o quê. Mas sabia que aquela sensação não era boa, mas a felicidade de estar naquele lugar ocultava tudo.

Aquele lugar era perfeito...se soubesse o que era perfeição...






Paredes brancas. Cheiro forte de remédio. Várias alas, pessoas perdidas, desesperadas, perdidas, procurando por informações, quartos. Olhares esperançosos, apreensivos, outros terrivelmente tristes, sem alegria, olhos vermelhos com lágrimas cuja razão que as provocou certamente não foi de alegria. Mas havia também balões, risos, pessoas saindo, alívio na cara dos médicos ao ver que tudo ocorrera bem. Havia quartos sem graça, outros cheios de vida. Certamente um hospital era um lugar de antíteses. Havia todo tipo de pessoas. Naquele lugar não havia preconceitos.

Alguns dias haviam se passado. Os pais de Lílian iam visitá-la o máximo possível, enquanto sua irmã fazia o mínimo esforço para visitá-la. A avó de Lílian, mãe de sua mãe, era a única que sabia que era uma bruxa. Após perder seu marido, acreditava em todo tipo de forças sobrenaturais, e Lílian só fez reforçar sua convicção. Os pais de seu pai eram mais céticos, mas amavam sua neta da mesma maneira. Todos rezavam por ela.

Julia e Olívia iam visitá-la sempre, contavam as ultimas fofocas como se Lílian estivesse lá. Em momentos mais íntimos, choravam, imploravam para que acordasse, pegavam na sua mão, contavam da matéria que haviam aprendido e brincavam que se não acordasse logo teria muita matéria para alcançar e isso a faria ficar louca. Mas depois de algumas semanas começavam a pensar se isso realmente aconteceria.

Tiago foi visitá-la uma vez e quando a viu parecia que seu mundo desabou. Viu-a tão frágil, e sentiu-se inútil, sem poder fazer nada. Estava com Sirius. Não agüentou e voltou depois de cinco minutos lá. Sirius, ao contrario ficou lá. Também sentia muita falta de sua amiga, seus conselhos, conversas, tudo.

Queria contar de Julia, que no baile estava muito bom, mas após o acidente alguma coisa mudou. Julia também sentia isso e sempre que estava sozinha confessava isso para ela. Os dois achavam que estavam muito abalados, mas não queriam se separar. Sirius foi quem ficou mais estranho. Não sabe por quê mas gostava demais de Júlia, só que não conseguia ficar muito perto dela. Ele achava que tinha medo de perde-la.

Adam também foi. Levou flores e chocolates. Em parte, sentia-se culpado, pois se ela não tivesse visto aquilo, não teria caído no lago...Queria apenas aliviar sua culpa...

Tiago ficara mais abatido que antes. Não se alimentava bem, não dormia bem, tinha pesadelos toda noite, e acordava suando. Não tinha coragem de ir ao hospital. Foi muito forte aquilo que sentira, não queria vê-la assim. Então inventava desculpas. Tentava evitar, fingir que aquilo não estava acontecendo.


À medida que os dias passavam, todos melhoravam. Não dava para ficar naquele estado para sempre. O choque passou, e eles foram se conformando. Todos estavam voltando ao normal ao pouco, falando mais, rindo mais, vivendo melhor. Mas sempre iam ao hospital visitá-la.

Quem via Tiago pensava que não ligava para mais nada. Ele voltara ao normal também, mas um normal forçado. Evitava ao máximo pensamentos negativos, e quando esses vinham, procurava se manter ocupado. Pobre Snape descobriu os efeitos de muitas azarações. Tiago estava mais galinha que nunca, e estava sempre bebendo um pouco. Beber aliviava tudo, era um escape para ele. Mas ninguém percebia que ele estava bebendo tanto...


Olívia e Julia sempre conversavam com ela. Esperavam que ouvisse o que falavam. Sabiam que pessoas em coma podiam ouvir as pessoas falavam, então sempre falavam de assuntos bons, leves, desabafos, mas nada negativo.

Mas não sabiam que aquilo era irrelevante, que não faria diferença, pois Lílian estava em um estágio muito profundo do coma....









Lílian estava se descobrindo como humana. Era como se tivesse acabado de nascer, mas ela, naquele momento, não sabia o que era nascer. Não sabia que felicidade era realmente felicidade, alegria era alegria, solidão era solidão. Para ela o que sentia eram apenas sensações, nada mais. Tudo o que tinha vivido, sentido se apagara. Era como uma página em branco.

Estava maravilhada com tudo aquilo, as descobertas, as sensações. Era tudo novo para ela. Mas ainda assim havia algo estranho...não sabia o quê, e à medida que o tempo passava essa sensação aumentava. Raciocinava para tentar descobrir o que era, mas quanto mais pensava, mais tentava achar palavras, mais difícil era.

Então começou a se distrair de novo. Fechou os olhos e relaxou. Quando abriu, percebeu que não sentia mais seu peso nos seus pés. Olhou para baixo e viu que estava a alguns metros do chão. Estava flutuando! Então começou a voar....de um lado para o outro, dando rasantes, piruetas, subindo até não poder mais para então se jogar. Era uma incrível sensação de liberdade, a qual nunca experimentara antes...era totalmente nova, inteiramente nova....

Até que parou e pensou...” Antes...”. Como sabia que era nova e que nunca tinha se sentido daquele jeito, que nunca acontecera antes com ela se o antes nunca ocorrera?

Aquela sensação estranha começou a voltar, mas mais forte. Estava sentindo um vazio, como se alguma coisa estivesse errada, muito errada...Estava sentindo falta de algo, mas não sabia o quê. Aquele vazio começou a tomar conta dela. Ela queria saber o que estava acontecendo de errado...Precisava saber...do que sentia falta? Por que estava assim? Aquele lugar era maravilhoso, imenso, mas faltava algo...

Então algo se iluminou....O lugar onde estava começou a ficar escuro, muito escuro, a ponto de a única coisa que se podia ver era aquela luz...Ela começou a se aproximar. Havia algo naquela luz que era muito confortadora, que lhe dava paz, se sentia acolhida. E andava e andava cada vez mais em direção à luz...Foi então que viu uma silhueta...E a silhueta ficava cada vez mais nítida...e não sabia se a silhueta estava indo em sua direção ou se ela que estava indo em sua direção...só sabia que estavam se aproximando... A silhueta ergueu seu braço e movimentou sua mão de um jeito que Lílian sabia que tinha que pegar a mão. E deu a mão para a silhueta....







Tiago acordou de mais um pesadelo, estava todo suado, mas ao contrário dos outros, lembrava deste. Neste pesadelo, Lílian havia morrido...












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N/A: Um ano depois eu atualizo...hhehehe espero que gostem...já estou trabalhando no próximo....MUITO OBRIGADA pelos comentários...são eles que me motivam a escrever cada vez mais....

Obrigada de novo

Até o próximoo!!!

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