Antes das Seis

Antes das Seis

Quem inventou o amor?
Me explica por favor
Quem inventou o amor?
Me explica por favor

Rony olhou para a garota, que também o fitava. Ela sorria. Como não sorrira durante todo o Outono, ela agora sorria, naquele Inverno frio, em que as temperaturas enregelantes faziam obrigatórios os cachecóis, cobertores e chocolate quente.

Os dois estavam brincando na neve como duas crianças pequenas, apesar de seus vinte e um anos. Corriam e atiravam bolas de neve um no outro, uma verdadeira bagunça. Hermione era menos rápida que Rony, mas suas bolas de neve eram muito mais certeiras.

Vem e me diz o que aconteceu
Faz de conta que passou
Quem inventou o amor?
Me explica por favor

Rony atirou uma bola de neve certeira em Hermione, e ela tropeçou e caiu. Rony correu até ela e acabou tropeçando também, quase caindo em cima dela. A garota sorriu e o beijou, sem cerimônia. Ele a levantou, mas não cessaram o beijo antes de os dois ficarem sem ar.

Eles se entreolharam, corados. Ainda não haviam se acostumado com a idéia de que estavam juntos. Mas era um amor tão lindo e puro, que valia a pena. Depois de todas as mágoas, e de tudo que houvera de ruim, eles mereciam.

Daqui vejo seu descanso
Perto do seu travesseiro
Depois quero ver se acerto
Dos dois quem acorda primeiro

*~*~*~Flashback~*~*~*

Rony pegou a xícara de chocolate quente e levou até Hermione, que se encolhera sob o cobertor. Ele se sentou na ponta da cama e entregou a bebida à menina, que sorriu. Era início do Inverno, um dia excepcionalmente frio. Hermione acordara um tanto indisposta, e a sra. Weasley pedira a Rony que não tirasse os olhos dela. Ele passara com Hermione o dia inteiro.

Hermione o encarou e murmurou um obrigada quase sem forças. Ela estava gripando, segundo Molly. Rony bebeu um gole de sua xícara e observou a garota fazer o mesmo.

— Eu te prendi aqui a tarde toda... – murmurou Hermione, melancolicamente.

— Eu gostei de ficar aqui – disse Rony, bebendo mais um gole de chocolate quente. – Juro.

Hermione olhou o garoto de cima a baixo. Ela não havia antes percebido o quanto Rony amadurecera em quatro anos. Não só psicologicamente, mas fisicamente. Os cabelos ruivos estavam bagunçados, mas muito bem cuidados, o corpo assumira uma forma atlética e aqueles olhos verdes estavam cada dia mais misteriosos.

Rony, ao contrário, percebera que Hermione crescera. Era isso que lhe arrepiava quando ele ficava muito tempo perto dela. A garota desenvolvera um corpo perfeitamente delineado, seu rosto afilara-se e a expressão severa de antes desvanecera-se quase por completo. Mione parecia mais humana.

O garoto se viu assomado por esses pensamentos repentinamente, e se levantou num pulo. Derrubou, sem querer, o chocolate quente sobre a cama e olhou para Hermione, que afastara a colcha molhada com o chocolate fervente de sobre si.

— Me desculpa – pediu ele. – Por favor, Mione, me desculpa, eu sou um idiota, eu sei, mas não se enfureça comigo, não fiz por mal.

— Rony – ela sorriu. – Eu não vou ficar brava.

— Não vai? – estranhou ele.

— Não – repetiu ela. – Mas eu quero lhe pedir um favor. – ela bebeu o chocolate quente e pousou a xícara na mesa de cabeceira. – Deita aqui comigo.

Rony ficou estupefato. Sentiu-se gelar até o último fio de cabelo. Hermione deve ter percebido, pois murmurou:

— Olha, eu só tenho mais esse cobertor, e eu morro de frio à noite... – ele hesitou. – Amanhã você volta pro seu quarto, mas fica aqui, só por essa noite.

Rony concordou com a cabeça e deitou-se ao lado da garota. Só então percebeu que estava de jeans.

— Se importa? – perguntou ele a Hermione, indicando com o dedo as calças, como se pretendesse tirá-las.

— Não – respondeu ela. – Pode tirar.

Rony tirou o jeans e deitou-se novamente ao lado de Hermione. A garota estava gelada. Ele a cobriu até o pescoço, mas ela não esquentava. Com um pouco de receio, ele se aproximou um pouco mais dela. Hermione tinha o rosto quase colado ao dele.

— Você está gelada – murmurou Rony.

— Eu sei – respondeu ela, se aconchegando contra o peito dele. – Fica assim, pertinho de mim, por favor.

Rony estremeceu quando sentiu a garota colar o corpo ao dele. A enlaçou, trêmulo, e se sentiu afundar naqueles cabelos castanhos. Disse a si mesmo que acordaria antes dela, para que Hermione não se assustasse. E ficou observando-a dormir, até ele próprio pegar no sono.

Quem inventou o amor?
Me explica por favor (4x)

Quando Rony acordou, os olhos castanhos de Hermione já estavam abertos e fitando-o. Ele estremeceu de novo quando se deu conta de que suas pernas e as da garota estavam entrelaçadas. Ela sorriu, vendo-o tão aparvalhado. Ele a encarou e fez o mesmo.

— Sabe de uma coisa? – perguntou ele, num murmúrio. – Foi a noite mais bem dormida da minha vida.

— Da minha também – murmurou ela. – Só porque você estava ao meu lado.

Ele desviou os olhos e enlaçou a garota firmemente. Ela confiara piamente nele. O que isso queria dizer? Ela nunca pediria a ele que se deitasse com ela, nem que estivesse prestes a congelar. Além do mais, havia mais cobertores em casa, bastava pedir a Molly.

Mas Rony não teve muito tempo para pensar nisso. Despertou desses devaneios com a leve pressão dos lábios de Hermione sobre os seus. No início, nada mais que um selinho. Depois, porém, a garota entreabriu a boca, convidando-o. O beijo se tornou mais ávido, mais apaixonado. Ele sentia-se ficar excitado com aquela proximidade aliada ao beijo, mas não entendia direito o que estava ocorrendo.

Então, de repente, fez-se a luz no cérebro do garoto. Ela o amava. E ele a amava também. Avidamente, como se isso fosse desde os primórdios da existência de ambos. As mãos dele percorriam as costas de Hermione e adentravam sua blusa. A garota não impunha resistência alguma, e mal se importou quando sentiu a blusa de seu pijama ser desabotoada. Fez o mesmo com Rony. Ainda era cedo, a porta estava trancada. E eles estavam prestes a descobrir algo realmente novo para os dois: o amor de verdade.

Enquanto a vida vai e vem
Você procura achar alguém
Que um dia possa lhe dizer
— Quero ficar só com você

Eles acordaram de novo já perto do meio-dia. A porta estava sendo socada por uma sra. Weasley enfurecida, que estava perceptivelmente bufando do outro lado. Rony enlaçou Hermione e deu um leve sorriso ao constatar que a garota ainda estava nua ao seu lado. Não tinha sido um sonho.

— Rony, não é melhor dizermos para sua mãe que estamos bem? – perguntou ela, num sussurro.

— Tampe os ouvidos – aconselhou-a Rony. – MÃE, EU ESTOU TENTANDO ME PREPARAR PRA UMA ENTREVISTA DE EMPREGO, POMBAS, PÁRA DE BATER NA PORTA!

— Você não vem almoçar?! – perguntou a sra. Weasley.

— NÃO AGORA, E MIONE TAMBÉM NÃO! – gritou ele. – DEPOIS A GENTE ALMOÇA!

Hermione destampou os ouvidos. Os dois puderam ouvir os passos de Molly enquanto ela descia as escadas. Rony olhou novamente para a garota ao seu lado. Ela sorria, languidamente. Tocou-lhe a face e a beijou, enlaçando-a. Ela correspondeu ao beijo, feliz.

— Rony – murmurou ela quando eles se separaram. – Você sabe que eu te amo, né?

— Você nunca me falou – disse ele, provocante.

Ela se debruçou sobre o garoto e encostou sua boca ao ouvido dele, sussurrando:

— Eu amo você. Eu te quero pra sempre.

— E sabe do que mais, Mione – ele beijou o pescoço dela, fazendo-a estremecer. – Eu também te amo. E eu vou ficar aqui. Todas as noites. Só com você.

*~*~*~Fim do Flashback~*~*~*

Quem inventou o amor?

Hermione correu pela neve, se desvencilhando dos braços de Rony. O garoto seguiu-a, correndo também. Conseguiu pegá-la quando ela chegou ao limiar de uma pequena floresta. As árvores desnudas pareciam cúmplices dos dois. Mione se virou para o garoto e perguntou:

— No que estava pensando?

— Na nossa primeira noite – respondeu ele. – Você gostou?

— Mais do que você imagina – disse ela. – Um dia a gente repete, tá?

— Tudo bem – respondeu ele, sorrindo. – Quando você quiser.

Eles ficaram em silêncio por um tempo, até Rony dizer, enlaçando-a por trás:

— Eu te amo.

— Eu também – respondeu ela, olhando o sol que avermelhava o horizonte. – Eu também te amo.

*~*~*~ The End ~*~*~*

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