Inicio do Fim



- O que isso fazia no seu malão?

Ela se virou e deu de cara com Harry. O moreno a olhava com ódio e tinha nas mãos um casaco com as cores branco e verde, o mesmo casaco sonserino que Malfoy havia lhe emprestado.


- O que você fazia fuçando no meu malão? – perguntou com a mesma irritação, tomando a roupa das mãos do moreno.

- Eu... Eu... Bem, isso não vem ao caso... Eu quero saber o que um casaco sonserino fazia dentro do seu malão.

- Em primeiro lugar, Potter, o que você fazia mexendo no que não é seu, muito me interessa, sim. Mas como eu não tenho nada pra esconder de você, eu vou responder a sua pergunta. Um casaco sonserino estava na minha mala porque um amigo meu me emprestou e eu guardei para devolver a ele. – ela declarou. Aquilo era, em parte, mentira, mas ela não teve que pensar duas vezes antes de chamar, ainda que com desgosto, Malfoy de “amigo”.

- Desde quando você tem um amigo sonserino? – perguntou em tom intimidador.

Ela lhe lançou um olhar dilacerante.

- Desde que não tenho mais amigos grifinórios. – respondeu friamente, enquanto lágrimas surgiam em seus olhos.

A expressão dura e rígida de Harry dissipou-se de imediato. Ela parecia ter, realmente, aberto uma ferida que ele mesmo causara.

O moreno estava confuso. Já não sabia mais se realmente acreditava na hipótese de Hermione ser uma comensal ou uma “quase assassina”, que fosse. Mas ele tinha visto com os próprios olhos. Contestar aquela verdade seria duvidar da própria lucidez e, isso, ele não faria.

Contudo, também não queria feri-la, não mais do que já fizera.

- Mione... Eu...

Não houve tempo de dizer mais nada, ela já corria em direção ao seu dormitório.Lá, Hermione achou que poderia se refugiar até aquela dor passar. Porque ele tinha que machucá-la tanto? Por quê?

Ela não queria saber, acabou adormecendo com o rosto banhado em lágrimas.


***


- Vamos Hermione, o jogo já vai começar! – alertou Alyne, apressando o almoço da amiga.

Finalmente chegara o dia do jogo da sonserina contra a corvinal e, daqui há algumas horas, Hermione teria que colocar em prática o plano maluco que Malfoy tramara.

Ela, definitivamente, não se sentia bem fazendo o que teria que fazer, mas só assim teria Malfoy como aliado.

- Eu sei, e é isso que me preocupa. – disse, mais para si mesma do que para a amiga.

- Por quê? O jogo não vai ser contra a Grifinória.

- Ah, eu sei... Mas... Bem, eu torço pela sua casa, né?

A amiga soltou um muxoxo displicente.

- Han... Como se eu torcesse pela Corvinal... Mi, você bem sabe que eu gosto mesmo é da Grifinória.

- É, eu sei...

- Então, vamos?

- Ah, claro...

As duas se levantaram e rumaram para o campo de Quadribol.

Hermione não sabia se queria que tudo passasse rápido demais ou se demorasse a chegar, mas de alguma maneira, as duas coisas aconteceram. O jogo logo começou, ela nem viu o tempo passar, mas depois de iniciado, cada jogada parecia durar uma eternidade.

No campo, Malfoy sobrevoava os outros jogadores com calma, tentado localizar o pomo de ouro, ainda que não parecesse muito empenhado nessa tarefa.

Esta querendo ganhar tempo...”, pensou Hermione.

Abaixo dele, por outro lado, os corvinais e sonserinos se confrontavam duramente. Os sonserinos estavam violentos, como sempre, mas diferente do usual, pareciam só impor tal violência para revidar os corvinais. Estes sim, estavam anormalmente agressivos, Cho Chang parecia querer ganhar aquela partida de uma maneira ou de outra.

Hermione chegou a se perguntar se a oriental queria ver sangue naquele campo.

Ela gritava irritada para os jogadores, exigindo deles um desempenho que, segundo os poucos conhecimentos em Quadribol de Hermione, eles não poderiam oferecer.

Quando deu-se por si, o jogo já estava 180x20 para a Sonserina.

Só mais 20”, ela pensou.

Hermione lançou um olhar discreto à Alyne, que assistia ao jogo com tamanho interesse que nunca perceberia a ausência da amiga.

Suavemente, Hermione deslizou por entre as várias pessoas que assistiam ao jogo mais interessante, até então, do ano. Não foi difícil passar despercebida. Alyne estava entretida demais com o jogo, assim como todos os grifinórios ao seu redor. As únicas pessoas que não pareceram interessadas em prestar atenção nos movimentos rápidos e ágeis dos jogadores em campo, eram Harry, Rony e Gina. Mas estes também acabaram por não reparar a movimentação discreta de Hermione por entre a multidão.

Com essa primeira facilidade, a morena não demorou a se ver fora das arquibancadas. Estava agora em frente à entrada do estádio.

Ela olhou para os lados, certificando-se que ninguém estava por ali, e depois correu até o vestiário corvinal.

O lugar estava deserto e Hermione tinha que ser rápida. Ela sabia que, estando a Sonserina com 200 pontos no placar, Malfoy faria a sua parte e, nesse momento, Hermione já teria que ter feito a dela.

Com uma rapidez que desconhecia em si mesma, se pôs a procurar o que Malfoy mandara.

Olhou em todos os cantos mais óbvios daquele lugar, mas como previra não estava em nenhum deles... Depois dirigiu a procura em lugares menos óbvios, ou pelo menos, os que obviamente não eram óbvios.

No último box do vestiário, naquele que parecia não ser usado a tempos, estava a vassoura de Cho Chang.

Hermione a pegou nas mãos e olhou-a curiosamente.

Como Malfoy sabia que Chang tinha duas vassouras? De certo que nem seus companheiros de equipe sabiam... Então como Malfoy poderia saber?

Gritos altos e eufóricos foram ouvidos no campo e logo depois a voz de Lino Jordan ecoou pelo lugar, anunciando os dez pontos acrescentados a pontuação da Sonserina.

A mente da garota entrou em desespero, ela precisava ser mais rápida.

Hermione tirou a varinha do bolso e a balançou sobre a vassoura de Cho, sussurrando as palavras que Malfoy lhe ensinara.

Um fraco jorro de luz alaranjada saiu da ponta de sua varinha e se incorporou a madeira densa da qual a vassoura era feita.

Hermione posicionou a vassoura da mesma maneira que estava antes e fechou o box escuro.

Depois saiu de lá às pressas, a procura do outro lugar aonde já deveria estar.

Seu coração batia acelerado e suas pernas já pediam por descanso.

O que seria dela, que já era suspeita dos ataques, se a pegassem fazendo o que sabia que teria que fazer? Provavelmente, não haveria Dumbledore suficiente para convencer o Ministro a não mandá-la para Azkaban.

Ta, Hermione, não exagera, você não vai matar ninguém... Pelo menos não de propósito”.

Bom, talvez Azkaban fosse exagero, sim, mas mesmo assim, não haveria Dumbledore suficiente para convencer mais alguém a confiar nela, isso, se não fosse expulsa.

Ela tentava ignorar o cansaço nas pernas de correr para lá e para cá, mas isso ficava cada vez mais difícil. Se ela ao menos soubesse onde era.

Depois de muito correr, achou uma espécie de cabana, que era incorporada a enorme estrutura da arquibancada de professores. Sem hesitar, Hermione adentrou o local.

Era definitivamente lá que Madame Hooch guardava os equipamentos de Quadribol pertencentes a escola. Lá estava um grande malão onde estavam guardadas uma réplica de cada bola usada no jogo.

A existência dessas réplicas era outra coisa que Hermione desconhecia, segundo Malfoy, Madame Hooch as colocava em jogo quando as originais eram quebradas ou ficavam velhas.

Não são réplicas, então. São outras bolas igualmente originais, que ficam de reserva”, ela concluiu.

Abriu o malão cuidadosamente, enquanto outra onda de urros era ouvida do campo, onde Lino Jordan anunciava mais 10 pontos para a Sonserina.

Hermione sentiu o coração parar por um momento. Os barulhos que vinham do campo cessaram por completo.

Por um segundo ela ficou apenas encarando os balaços que tentavam fugir da caixa e tentando ouvir qualquer barulho que fosse. Aquele silêncio estava começando a deixá-la nervosa.

Ela colocou a caixa aberta no chão, e se afastou um pouco, apontando a varinha para elas. Fez exatamente à mesma coisa que fizera na vassoura da Cho, e a mesma luz alaranjada saiu de sua varinha, atingindo os dois balaços.

Hermione fechou o malão e chutou-o para o lugar onde estava antes, cheia de pressa de sair dali.

Um burburinho irritante chegou aos seus ouvidos quase ao mesmo tempo em que Lino Jordan anunciava uma pausa no jogo.

Um balaço parecia ter se chocado com a vassoura da apanhadora corvinal e, não só quebrou a vassoura, como também a si mesmo.

Seus olhos se viraram desesperados para a entrada do lugar.

Ela correu para sair dali sem ser vista, mas um corpo sólido colidiu com o seu na estrada do lugar, derrubando-a.

Hermione olhou para cima e encarou o olhar severo de Madame Hooch.

- Srta. Granger? O que faz aqui? È uma área proibida para alunos.

Sua mente trabalhou rápido em busca de uma desculpa qualquer.

- Eu... – foi interrompida.

Um forte estampido atrás de si foi ouvido e a caixa onde estavam guardados os balaços reservas se partiu. As duas bolas negras voaram desgovernadas pelo lugar.

Hermione tentou se levantar para sair de perto, mas sentiu uma forte batida nas costas. Sentiu um forte calor invadir o corpo e depois sumir instantaneamente, junto com sua consciência.


***


- Foi ela. – exclamou uma voz feminina, toda afobada. – Eu a vi saindo da tenda, foi ela!

- Madame Hooch, você não acha muito precipitado fazer uma acusação dessas? – disse a voz que Hermione reconheceu sendo de Alyne. – A vassoura da Cho podia simplesmente estar louca, quebrada, ou alguma coisa assim.

- Ora essa, Srta. Wood, e como se explica o balaço enfeitiçado?

- Talvez...

- Não! Não tente justificar, eu a vi sair da cabana onde ficam os equipamentos do colégio.

Hermione não ouviu mais a voz da amiga, mas ouviu outra, não muito longe de si.

- A Srta. Granger anda muito estranha, ela não era assim. – disse a voz de Minerva McGonagall.

Irritada, Hermione finalmente abriu os olhos, ainda que sem dizer nada.

- Srta. Granger! – exclamou Madame Hooch. – Que bom que acordou, agora poderá nos explicar o porquê de tal comportamento.

- O que?

- Queremos saber por que enfeitiçou o balaço contra a Srta. Chang. – disse McGonagall, mais calma, porem com uma expressão mais rigorosa que a de Hooch.

- Eu... Eu não fiz nada.

- Ah não? Então porque estava saindo da cabana dos balaços em um momento em que eles enlouqueceram e, coincidentemente, saíram atrás da Srta. Chang no final do jogo?

Hermione desesperou-se e a resposta saiu de sua boca sem que a analisasse.

- Eu não me lembro.

- Ora, não venha com essa de eu não me lembro. Ela seria sua próxima vítima, não seria? – vociferou Madame Hooch.

Os olhos de Hermione se encheram de lágrimas. Ela estava tão em pânico quanto a mulher a sua frente, ainda que por motivos diferentes, mas procurava não demonstrar isso. Colocou a expressão mais tola possível no rosto.

- Eu... – foi interrompida.

A porta da enfermaria se abriu com um estrondo e duas pessoas entraram por ali apressadas, sem nem ao menos pedirem permissão.

Na frente, com o uniforme de quadribol negro e verde, típico da sonserina, estava um loiro com expressão dura e, logo atrás, seguindo-o com certa irritação, estava um moreno, que Hermione reconheceria em qualquer lugar.

- Estão cometendo um grande erro aqui! – bradou Draco Malfoy aos professores com certa irritação, enquanto se aproximava da cama onde Hermione estava deitada.

- Como se você se importasse, não é mesmo? – disse um Harry muito irritado, tentando seguir Malfoy, mas sendo repreendido por um olhar fuzilante de McGonagall.

- Aparentemente, me importo mais que você, Potter.

- Calados! – exclamou a professora de Transfiguração. – Posso saber o que os dois fazem aqui? Porque acharam que podem entrar dessa maneira em uma enfermaria?

- Eu estou aqui por que tenho algo importante para dizer a vocês, em defesa da Granger... Quanto ao Potter, não tenho idéia.

- Quem você pensa que é para defender Hermione? – indagou Harry em um tom desafiador. – Amigo dela que não é.

Malfoy estreitou os olhos, aproximando-se do moreno.

- De que vale um amigo que não confia em você? – disse friamente; aquelas palavras deslizaram cortantes pelo corpo de Harry. – Aliás Potter, às vezes nem namorados confiam e você parece entender disso em especial.

- Ok, chega disso. – disse Madame Hooch, parecendo mais calma. – Nos diga, Sr. Malfoy, o que dizia a respeito da Srta. Granger?

- Mas...

- Calado, Potter. – ordenou McGonagall, curiosa para ouvir o que Draco tinha a dizer.

- Como estava dizendo, tenho algo em defesa da Hermione.

Harry cerrou os punhos com raiva, ao ver a intimidade com a qual o loiro tratava Mione.

- Pois então...

- Fui eu quem pediu para que ela enfeitiçasse a vassoura da Cho.

O silêncio caiu pesadamente sobre o lugar. Ninguém ousou dizer nada, de maneira que, novamente, um estrondo na porta se fez audível, e dessa vez, quem entrou foi Dumbledore.

- O que está acontecendo aqui? – questionou o professor, com calma e serenidade.

Madame Hooch se apressou a contar toda a história, até onde ela tinha parado.

- Sr. Malfoy, porque você fez isso? – indagou o professor.

- A Chang me ameaçou...

- COMO? – perguntaram todos ao mesmo tempo, exceto por Hermione e Dumbledore.

- Ela te ameaçou?

- Sim, na noite do primeiro ataque... Encontrei com ela no corredor, bem antes do ataque, evidentemente, mas ela deixou bem claro que, se eu não entregasse os jogos da sonserina para ela, “alguma coisa” poderia acontecer comigo.

- Está acusando a Srta. Chang de atacar os alunos? – perguntou McGonagall. – Isto é, soubemos do flagra que o Sr. Potter... Bem, do que ele viu...

A situação ficava cada vez mais constrangedora lá dentro e Harry já desejava não ter seguido Malfoy.

- Não estou a acusando, apenas me defendendo e explicando o porquê do que eu fiz.

Todos se mostraram assustados com aquela avalanche de informações confusas, apenas Dumbledore não questionou a resposta do loiro, seus olhos correram direto para Hermione, de maneira misteriosa.

A morena chegou a se perguntar se ele havia ou não engolido a história de Malfoy, que não era completamente verdadeira, como os outros ou não.

- Srta. Granger... Eu confesso que me arrepio de curiosidade em saber o porquê de ter aceitado a proposta do Sr. Malfoy. – disse Dumbledore em tom de dúvida.

- Bem, eu... Eu...

- Ela queria saber detalhes sobre a ‘caminhada’ da Cho, no dia do ataque a noite.

- Obrigado Sr. Malfoy, mas gostaria de ouvir a resposta da boca da Srta. Hermione. – tornou a dizer Dumbledore; seus olhos azuis claro encaravam duramente os castanhos de Hermione.

- Bem... É isso mesmo...

Dumbledore suspirou cansadamente.

- O que vamos fazer, Alvo? – questionou McGonagall.

O professor se levantou, correu os olhos pelos vários rostos presentes ali e depois aproximou-se de Minerva.

- Mande todos para seus respectivos dormitórios, quero apenas que não saiam de lá mais, por hoje. – disse em sussurros, deixando o lugar em seguida.

- Bom, como o Prof. Dumbledore disse, todos para seus dormitórios imediatamente. – disse McGonagall, também prestes a deixar a enfermaria. – Madame Hooch, querida, venha comigo, vamos consertar o estrago nos equipamentos que Quadribol. – disse por fim, saindo de lá após lançar um olhar severo a Hermione.

Madame Hooch o fez sem objeções, deixando apenas Harry, Hermione, Draco e Madame Pomfrey, que observara tudo calada no canto da sala.

- Os senhores já podem ir. Vamos, andem logo, vocês ouviram o que Minerva disse... Quanto a você, Srta. Granger, ficará aqui sob meus cuidados até que sua amiga, a Srta. Wood, venha buscá-la.

- Eu levo ela. – prontificaram-se Harry e Draco ao mesmo tempo.

A enfermeira não pareceu satisfeita, mas acabou cedendo.

- Ok, então vá com o Sr. Potter, já que são da mesma casa.

- Não! – exclamou Hermione, veemente. – Eu não quero ir com ele.

Por dentro, ela estranhamente desejava a presença do moreno de maneira intensa, como nunca antes, mas novamente as lembranças das palavras duras do ex-namorado repreenderam esse desejo.

Madame Pomfrey pareceu se lembrar do incidente comentado por todo o castelo e, com uma expressão penalizada, mandou que Harry subisse e Malfoy esperasse na frente da enfermaria.

Ambos o fizeram com cara feia, mas claramente, Malfoy estava satisfeito e Harry arrasado.

- Srta. Granger, eu quis conversar a sós com a senhorita, pois creio que o assunto aqui tratado não deva ser de conhecimento de mais ninguém. – Hermione gelou.

- Do que a senhora esta falando?

- Da sua gravidez querida... Você sabia que poderia ter perdido essa criança hoje?

- Eu... Bem, eu...

- Não se preocupe, Alvo já me explicou toda a situação e me pediu por segredo antes mesmo de eu permitir a entrada da professora Minerva e da professora Hooch. Apenas queria que ficasse ciente que, por mais que o feitiço que a senhorita usou esconda os sintomas físicos da gravidez, ele não o faz com os psicológicos.

Hermione continuou calada.

- Imagino que já tenha sentido um estresse anormal, ou quem sabe desejos... Sabe, desejos a coisas materiais e físicas que não são, necessariamente, comida.

- Eu percebi. – Hermione comentou vagamente, lembrando-se da sensação de ver Harry a poucos metros de distancia de si.

- Como?

- Ah, nada não... Er, eu já posso ir?

A mulher sorriu maternalmente de maneira que Hermione não presenciava desde que a vira pela primeira vez.

- Claro, mas tome cuidado.


- Então, o que ela queria? – questionou Malfoy.

- Nada além das broncas de sempre.

Os dois começaram a caminhar.

- Você não queria realmente ir comigo até o salão comunal da Grifinória, não é?

- Não, mas queria conversar com você.

- Sobre?

- Oras, sobre o que aconteceu lá dentro... Porque você se acusou daquela maneira?

- Porque você fez a sua parte no trato.

Hermione olhou-o, confusa.

- Hermione, acorde, você fez a sua parte do trato, a Sonserina ganhou o jogo... Além do que, se mostrou bem leal ao nosso acordo e não tentou nenhuma gracinha, o que, acredite você ou não, eu costumo valorizar.

- Hum, ótimo, mas eu pensei que nosso acordo fosse apenas uma descarada troca de interesses.

- E era, mas acho que não faria mal se fizéssemos uma trégua por tempo indeterminado. – disse sorrindo.

Era a primeira vez que Hermione via o loiro sorrir tão... Sinceramente? Talvez, ou talvez... Docemente.

- Bom, mal, realmente não faria...

- Então ótimo – ele a cortou, estendendo a mão para ela. – Inimigos não mais, certo, parceira?

A morena hesitou, depois pareceu aceitar, mas por fim recuou a mão e deu um rápido abraço no loiro, pegando-o de surpresa.

- Vamos ver, Malfoy... Vamos ver... – disse antes de correr para a torre da Grifinória.

Na cabeça da morena todas as perguntas giravam em uma velocidade alucinante, mas o que era ainda mais impressionante era que, agora, ela parecia mais próxima das respostas.

Atordoada, ela ditou a senha para a Mulher Gorda do retrato e adentrou o salão comunal da Grifinória.

Lá estava Harry, andando impaciente de um lado para o outro.

Ao avistá-la, ele parou de andar e foi em direção a ela.

- Posso saber o que foi aquilo na enfermaria?

- O que? – perguntou jogando-se no sofá displicentemente.

- Hermione, você sabe do que estou falando.

- Ah sim, do Malfoy, suponho.

- Exatamente. Você sabe que eu poderia subir com você.

- Sério? – perguntou enérgica, levantando-se novamente. – Tem certeza que não teria medo de ser atacado?

Ela fez menção de subir para o dormitório, mas ele segurou-a pelo braço.

Hermione sentiu uma forte corrente elétrica passar por todo seu corpo.

Porque a boca de Harry parecia tão mais deliciosa de uma hora para outra? Porque de repente ele parecia tão mais... Gostoso?

Hermione quis morrer por esse pensamento.

- Me solta... – pediu quase sem voz.

- Não. Solto só depois de saber o porquê de você estar andando com o Malfoy.

- Pensei ter te respondido isso já... Como já disse, na falta de amigos grifinórios, eu tenho o Malfoy.

- Você tem amigos grifinórios. – ele retrucou. Contudo, Harry teria que admitir que os ciúmes não o permitiam raciocinar com clareza e, por isso, agia por impulso.

- Cite um.

- Eu, Rony, Gi...

- Você? Amigo? Harry, desde quando um amigo desconfia do outro? Desde quando um namorado que é namorado e amigo, se não confia?

- Eu...

- Você nem ao menos sabe como responder, não é? – disse magoada, virando-se para sair dali.

Harry, por sua vez, novamente a puxou para si, dessa vez beijando-a com fervor.

A morena não teve tempo, sequer vontade de repudiar aquele gesto. Sentia um estranho fogo explodir dentro de si, causando-lhe sensações alucinantes.

Não saberia dizer quanto tempo ficou agarrada com o rapaz, apenas deixou-se levar.

Harry a beijava com certo desespero, mostrando a falta que aquilo fazia, mas também com certa delicadeza, revelando a Hermione um sentimento que ela pensara ter se esgotado na noite da briga dos dois: amor.

- Eu te amo. – ele sussurrou ao seu ouvido, ao afastar seus lábios dos dela.

- Então se decida, Harry. – ela pediu abaixando a cabeça e dando alguns passos para trás. Sua voz estava embargada e ela parecia chorar. – Decida-se se você confia em mim ou não, decida-se entre a Hermione que você conhece há seis anos e aquela Hermione que todos acham ser um monstro.

Não disse mais nenhuma palavra. Subiu ao dormitório deixando para trás um Harry embriagado com seu perfume.

- Eu já decidi, Mione. – sussurrou a si mesmo. – Agora sei qual Hermione, é a verdadeira...


***


- AH! – gritou Alyne. – Eu não acredito, vocês se beijaram, vocês se beijaram!

- Cala a boca!

- Mi, vocês se beijaram, isso significa que ele acredita em você, amiga!- disse Alyne, sentando-se na cama ao lado da morena.

- Não tem nada a ver.

- Claro que tem, ou você realmente acha que Harry beijaria mesmo alguém que ele acha ser um comensal.

- Bem... Eu não tinha pensado por esse lado.

- Então agora resta saber se você vai perdoá-lo. O que não é nenhum segredo, afinal, se seu desejo de grávida é beijar ele, com certeza você vai pra cama com ele antes que ele diga “desculpe”.

- Alyne, se você não ficar quieta, eu corto seu pescoço fora.

- Daí você realmente estaria atacando uma aluna inocente.

- De inocente, querida, você não tem nem o nome.

- Ai, ai... Eu queria mesmo é ver a cara da Cho vendo você realizar seu desejo de gravidez..

O travesseiro voou na cabeça da menina.

- Ta bom. Ta bom, parei. – ela fechou a boca, mas uma ou outra risada acabou escapando. – Mas que ia ser legal, ah, pode apostar que ia. Ainda mais se o Harry chegasse a dizer alguma coisa assim pra ela... Que ele “sacia seus desejos de gravidez”!

- Alyne, querida, se você quer morrer dolorosamente, é só pedir. – Hermione disse sarcástica.

- Ai, Mi, que humor negro hein. Tudo bem que seu dia foi duro... Ainda mais contando o seu “fogão” ai dentro do ver o Harry, mas não precisa ser grossa comigo.

- Eu, definitivamente, nunca mais te conto sobre a gravidez.

- Ok, ok. Já esqueci isso.

- Na chantagem você funciona, né?

- Depende da chantagem. – respondeu displicente. – Mas me diz, qual era a segunda coisa que você disse que tinha que me contar.

- É nisso que eu estava tentando pensar.

- Tentando pensar? – perguntou Alyne, curiosa.

- É... – Hermione se ajeitou na cama, lançando um olhar serio a amiga. – É que...

- É que?

A morena revisou toda a linha de raciocínio que seguia desde que beijara Harry e, só depois disso, sentiu-se confiante o suficiente para completar a frase.

- É que eu acho que sei... Aliás, eu tenho certeza de que sei quem foi que atacou aqueles alunos só para colocar a culpa em mim.








N/A -> gente, quero não só agradecer pelos comentários e votos, como pedir mais. SIHASUHHAIUSHAHISAUISHA.


N/A¹ -> olhaaa, dessa vez eu nem demorei tanto² assim, né? Ta, não foi rápido, mas também não foi super demorado! Quero saber, detalhadamente, o que vocês acharam desse cap. E só pra AVISAR, o nome do capitulo se refere ao final do mistério, não o da fic ^^”.


N/A² -> agradecer novamente a nay, por betar a fic, nunca deixa de se necessário, certo? Brigadããão.


N/A³ -> a fic vai ficar mais legalzinha agora, ou pelo menos, eu vou tentar... ^^” se eu ver bastante comentários aqui... eu faço um esforço pra, mesmo com as aulas, não demorar com o cap 20, blz? Beijões... lucaas

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