Capítulo IV



Capítulo IV




Hermione encolheu-se. Ótimo. Estragar a noite e o dia era bem típico dele, não era? Sentiu um golpe e o habitual solavanco chato no estômago. Não obstante, ele se sentou em uma mesa perto dos dois! E estava sozinho! Hermione concluiu que ele esperava alguém, apesar de não conferir o relógio sempre e não parecia ansioso ou preocupado, apenas olhava à sua volta e tomava uma champagne.

Ela teve a impressão de que ele a fitava, mas desviava os olhos quando ela se virava para olhá-lo.

- Por que está tão calada? - Draco quis saber, depois de virar a taça nos lábios.

Ela não respondeu. Não haviam passado minutos desde que chegaram e não conversavam alegremente como costumavam fazer.

- Você não me respondeu, e eu vou esperar. - ele resmungou, acenando para um homem que estava do outro lado da pista vazia, com a mulher, que aparentava ter pelo menos a metade de sua idade - vou trocar algumas palavras com o Sr. Tiffypiw, pense na resposta enquanto isto.

Ele se levantou e caminhou em direção ao homem com um sorriso, trocaram algumas palmadas nas costas e conversaram animados.

- Eu aposto vinte libras e cinqüenta galões que vocês não ficam um mês juntos. - ela ouviu a voz de Harry da mesa ao lado.

Virou-se para vê-lo. Era muito ousado em lhe dirigir a palavra. Muito ousado.

- Está me perseguindo por acaso, Potter? - ela perguntou friamente, segurando a taça em uma das mãos e virando-a.

Ele corou e deu um sorriso sarcástico e fingido:

- O que te faz pensar isso, Granger?

Ela enrusbeceu violentamente, se tornando da cor dos cabelos de Rony, que deveria estar bem longe dali com Luna. O casamento dos dois seria um pouco depois do Natal e do Ano Novo, no próximo ano, em Paris; Hermione seria madrinha, como contava no convite. E o ruivo deixara bem claro que não aceitava um não como resposta.

- Acho que o seu namorado mudou bastante dos tempos da escola. Já escolheu o que vai pedir de Natal para ele? - ele continuou.

Ela estava disposta a aceitar qualquer tipo de objeção da parte dele. Sabia que fazia isto para irritá-la; e não pararia tão cedo.

- Tenho certeza de que não pedirá nada, deixando o orgulho lhe possuir... nunca vi ou conheci alguém tão orgulhosa como você... - ele continuava a falar.

Ela tremeu. Ele não a conhecia. Não mesmo! E ainda se atrevia a falar como se fosse seu amigo íntimo... e doía saber que um dia fora.

- Cale a boca, Potter. - ela murmurou o mais baixo que conseguiu, esperando que ele não ouvisse.

- Ora, ora... já está parecendo o namorado pelos modos... o que a convivência não faz, não é mesmo, Granger? - falou, sarcástico, dando uma risada ríspida logo depois.

As mulheres que ela avistara na fila estavam do outro lado da pista, cortejando Harry, e parecendo quererem matar Hermione por conversar com ele. Elas eram gordas e se vestiam de modo espantosamente apertado e jovem para a idade, dando risinhos frenéticos que lhe lembrava Parvati e Lilá.

- Cuidado para não ter os modos das suas namoradas, Potter... pode provocar um terrível caos nos tímpanos das pessoas sãs. - desdenhou, com vontade de se calar ao sentir o olhar penetrante e surpreso.

- Creio que pensa que elas são minhas namoradas - desviou o olhar para as mulheres irritantes, fazendo-a suspirar de alívio - pode ter certeza de que ainda não enlouqueci. - e expremeu um riso.

Ela não pôde conter um risinho pequeno, antes de voltar a ficar séria, ao avistar Draco voltando, fitando furiosamente Harry, que se encolheu. Quando chegou, puxou a cadeira para mais perto de Hermione, a fim de lhe dar um beijo excitante e feroz.

Quando soltou Hermione esta o fitou, tonta. Ele lhe deu um sorriso forçado.

- Trocavam palavras? - ele perguntou, virando a taça na boca rapidamente, sem tirar os olhos dela.

Esta não respondeu. Sabia que ele lhe estivera observando de longe; e que não era tão burro a ponto de pensar que Hermione falava sozinha. Não obstante, ela disse, pegando a bolsa:

- Preciso ir no banheiro, você me tirou toda a maquiagem. - deu-lhe um beijo rápido e foi para uma porta onde tinha "Mademouselle" escrito em grandes, brilhantes, e caprichosas letras em cima.

Entrou e logo avistou uma pia enorme e de mármore, as torneiras douradas, os espelhos iluminados por uma luz que fora colocada bem acima, de modo que a mulher pudesse observar a si mesma. Fitou a si mesma.

Estava linda. Felicitou-se em saber que os olhares que os homens de outras mesas lhe lançavam não eram de pura pena de ter alguém tão feia naquele fino restaurante. A única diferença era que o batom que ela usava estava todo removido, deixando sua boca natural.

Colocou a bolsa na pia e procurou o batom rapidamente depois de tirar o feicho, passou-o e depois devolveu-o. Uma senhora de cabelos brancos, presos para cima num grandioso e imponente penteado passou atrás dela, o nariz levantado, e os traços da idade reparados por várias plásticas e maquiagem que Hermione reparou, dando um risinho abafado.

Quando passava novamente pela porta a imagem repentina de Harry aparecendo de repente a fez ressaltar-se três passos para trás.

- O... oi. - murmurou, assustada, inspirando profundamente.

- Oi. - ele falou, firme - tenho que falar com você. Amanhã à noite está bom ou você tem coisas melhores a fazer do que beijar aquele seu namorado? - perguntou, parecendo ter ensaiado as palavras.

- N-não... amanhã à noite está... bom. - falou isso e saiu.

Se arrependeu mais que profundamente quando chegou à mesa e encontrou o namorado com um sorriso grande e estampado no rosto, preparado para muitos beijos e uma noite turbulenta, mas mesmo assim fantástica.






Abriu os olhos lentamente e olhou para frente, o namorado adormecia docemente ao seu lado. Seus cabelos estavam despenteados e sua face era macia e lisa, como a de um bebê. Estudou-lhe a expressão: parecia ter passado uma noite difícil e precisava urgentemente descansar.

Como ela podia ter começado a amar alguém como ele em tão pouco tempo? Sua generosidade e caráter bom contribuíram facilmente para tal. Estava tão apaixonada por ele que seria capaz de atravessar um oceano de pregos para estar ao seu lado.

O cheiro do quarto era bom, e ambos estavam cobertos por um limpo e branco lençol. Por que quando estava pensativa tudo parecesse ser branco demais em qualquer cômodo?

Os olhos verdes de Draco se abriram lentamente e mergulhou nos castanhos de Hermione. Ficaram um tempo se olhando, cada um lendo a alma do outro pelos olhos coloridos, quando ele levou a mão ao rosto dela, falando em voz baixa e rouca:

- Você é linda.

Ela deu um sorriso curto e significativo, feliz e satisfeito. Sim, ela o amava, mais que tudo. Sabia que a forma com que começaram a se amar era meio... errada... mas ela já tinha feito aquilo, não é mesmo? Já tivera alguns namorados no último e sétimo ano na escola, mesmo que fosse proibido qualquer tipo de relação pecaminhosa ou quente entre os casais, a não ser beijos.

- Você também.

Sua mão estava apoiada na cama em frente ao seu rosto, entre ela e Draco. Os dedos de Draco que antes passeavam em seu rosto, entrelaçaram-se em seus dedos, enroscando-os.

- Hoje à noite... vá em minha casa. Tenho uma surpresa. - ele falou, soltando sua mão e se levantando.

Hermione sentiu um solavanco no estômago. O chato e temível solavanco de que algo daria errado e que ela se esquecera de certos detalhes.

- Hoje à... noite? - ela perguntou, os olhos aumentando o tamanho, sentando-se coberta para fitá-lo.

Ele andava distraído pelo quarto, procurando suas roupas.

- Sim. Hoje... algum problema? - ele abaixou-se para pegar as calças, virando-se para estudar-lhe a expressão.

Ela certamente estava pensativa demais. Harry tinha que ter escolhido segunda à noite? E Draco também?

- Não... nenhum.

Ele deu um sorriso e continuou a se vestir, enquanto ela conferia as horas: 9 e meia.

- Droga!

Se levantou e se trocou tão rapidamente quanto ele. Estava atrasada, atrasada... e ela nunca chegava atrasada! Este certamente era seu pior pesadelo! Falta de profissionalismo, de ética...

- O que foi? - ele estava parado, a olhando com um sorriso retulante e espantado, segurando a camisa branca em uma das mãos, vestido apenas pelas calças e as meias.

Ela parou e o olhou.

- Estou terrivelmente atrasada! Muito atrasada! Uma hora dessas eu deveria estar chegando no Ministério! - exclamou, pulando para colocar as calças.

- Ei, ei! - ele pediu calma, colocando a mão em seu ombro - eu te levo, ok?

Ela se acalmou e, deu um sorriso rápido, lhe beijando com ternura enquanto ele ria.

- Obrigado...






Andou apressadamente pelos corredores escuros e úmidos que dariam-lhe acesso à várias salas, que ela poderia entrar sem permissão, se quisesse. Mal cumprimentava as pessoas que conhecia de vista, sua expressão pensativa e preocupada. "É coincidência demais... coincidência demais... coincidência demais..." pensava, puxando as pontas do suéter nervosamente.

A porta da sala da qual procurava, aliviada ao vê-la no fim do corredor à esquerda. Girou a maçaneta, mas voltou-a. Escutou um fungado forte e profundo vindo de dentro da sala, que deveria ser de Gwen. Não obstante, virou-a novamente.

O lugar era ótimo para trabalho, sarcasticamente: abafado e quente, as duas escrivaninhas estavam apertadas uma contra a outra, cheia de papéis, canetas, grampos... e o computador, restrito entre papeladas importantes e ofícios não digitados.

Ali estava, atrás da tela pequena e amarelada do computador, Gwen, coçando o nariz vermelho com um lenço cor-de-rosa claro, os olhos inchados e vermelhos, porém nenhuma lágrima, o que chamou a atenção de Hermione.

A morena deixou a bolsa em cima da sua cadeira e foi ao lado da colega, que soluçava falsamente.

- Gwen... aconteceu alguma coisa? - perguntou, se agachando ao lado da cadeira onde a outra tinha a cabeça baixa.

- Foi ele, Hermione... me deixou... - agora ela soluçava como se realmente a atitude fosse desesperadora, e como se houvesse lágrimas nos olhos e no rosto.

- Quem... quem te deixou? - afagou os cabelos louros e compridos da garota, reconfortando-a.

- Ele... meu... meu Draco... - soluçou, quando Hermione a soltou rapidamente.

Não... não podia ser verdade. Não podia mesmo. Coincidência demais. Muita. Quantos milhões de bruxas loiras e de olhos azuis como Gwen existiam? Muitas! E justo Gwen... sua colega que adorava brigar e atirar-lhe na cara que ela mais bonita e inteligente? Da semana que namorara Draco, tinha certeza que a loira não os vira juntos, e nem sabia do namoro. Poderia contar vantagem! Sim... mostrar que ela não era tão feia nem tão desajeitada quanto pensava... mas a situação da garota era tão deplorável... que decidiu tentar se esquecer do assunto.

Girou os calcanhares, se levantou e foi diretamente para sua mesa. Tinha um zilhão de relatórios para corrigir e para avaliar que esqueceria rapidamente... rapida...

- Por que ficou tão... assustada? - a outra quis saber.

- Ora... qualquer assunto que se tenha a ver com Malfoy eu prefiro ficar bem longe. - mentiu, olhando para uma pasta amarela em suas mãos, abrindo-a em seguida.

- É bom mesmo... - ouviu, erguendo os olhos para encarar Gwen - se eu souber quem foi a vaca pela qual ele me trocou... terá vingança... uma vingança maligna... - seus olhos brilharam, fazendo a morena estremecer-se.

Sabia que qualquer tipo de ameaça, a loira cumpria, o que a fez sentir-se mal. Era tão difícil assim aceitar que fora trocada? Sim... era. E era horrível.

- Quando terminaram? - perguntou normalmente.

- Fa-faz... algumas semanas... ele me disse... mas eu... não levei à sério e... - desabou em um choro à plenos pulmões, e mesmo assim, sem lágrimas - liguei para ele ontem... à noite...

Ontem... à noite? Escutara direito? Aquela ligação disfarçada e rápida no celular do namorado fora de... GWEN???

- O que ele disse? - perguntou abruptamente, quase demonstrando sua angústia.

- Que eu me encontrasse com ele hoje à noite... - suspirou amargamente.

- HOJE À NOITE??? - gritou, sem se conter.

Como ele fora... tão estúpido? Era alguma espécie de plano? Certamente era. Mas ele era tão carinhoso e amável! Era tão... surpreendente! E Harry? Por que Harry viera à tona em sua cabeça que agora virada um redemoinho de pensamentos ruins e especulações, idéias e planos.

- Sim... algum problema? - perguntou, temerosa com a reação de Hermione.

- N-não. - a outra respondeu, corando violentamente, voltando sua atenção para a pasta amarela que se amassava conforme seus dedos se contorciam sozinhos.

O dia foi nervoso e o mais lento possível, como que para irritá-la. Não achara uma forma de falar com Harry, nem uma forma de falar com Draco. Já estava quase em seus horário de almoço - quando ia almoçar em um restaurante bom e calmo ali perto - e ela consultava o relógio a cada palavra que corria no papel amarelado. Faltavam 6 minutos.

- Vou sair mais cedo hoje, tenho que me encontrar com um... amigo. - avisou Gwen, colocando a bolsa.

- N-não! Temos que terminar isso aqui! - a outra replicou, uma onda de fúria lhe atravessando.

- Ora, Granger! Ambas sabemos que não terminaremos estes relatórios em seis minutos! Você parece acabada e precisa urgentemente de uma folga. Bom... se não concordar, pouco me importo. - falou tudo rapidamente e abriu a porta, fechando-a atrás de si.

Mais que rapidamente ela jogou as canetas e as penas nos "porta-coisas" e trancou a porta, guardando a chave na bolsa. Alguém esbarra nela logo de cara, quando ela se vira para desculpar-se...

- Harry? O que faz aqui? - perguntou, a figura de cabelos rebeldes lhe sorriu docemente.

- Lhe trazer isto. - ele tirou das costas um buquê de flores amarelas, que, por instantes, pareceram-lhe mais lindas e delicadas que as de Malfoy.

Corou violentamente. O que ele pretendia com aquilo? Sabia perfeitamente que ela tinha um namorado agora, e que estava muito bem com ele. Só que estava se mostrando tão doce...

- O-obrigado... - agradeceu, quando ele lhe esticou o buquê e ela segurou, com um pequeno sorriso.

- Então... prefere almoçar em vez de jantar hoje? - ele perguntou, oferecendo-lhe o braço - eu tenho sérios casos a resolver e... o que acha?

Ótimo. Aquilo era a solução perfeita para os problemas.

- Claro...




- Bom... o que achou daqui?

Como ele era estúpido! É claro que ela sabia perfeitamente que lugar era aquele. Que restaurante era aquele. E que mesa era aquela! Coincidência ou... ele sabia?

- Pra falar a verdade eu sempre venho aqui... - murmurou em voz baixa.

Levou os lábios ao canudo em aspiral do suco de laranja e cortou um pedaço da sua torta.

- Fala... sério? - ele perguntou, encabulado.

- Sim... - deu um pequeno sorriso.

O ambiente calmo e tradicional do restaurante lhe agradava; mesmo que aquilo fosse para parecer um encontro. Era estranho estar ali tantas vezes e não reparar que os bancos eram em almofada.

- O que queria falar comigo? - perguntou calmamente, limpando a boca em um guardanapo de pano.

Ele cerrou os olhos, para aprofundar seu olhar no dela, arrepiando-a. Seus olhos verdes com pontos azuis lhe davam um misto de censura e sedução nos olhos.

- Me desculpe. - pediu sincero e sério - me desculpe, de verdade. Eu não queria te machucar, juro. Se eu menti foi... por medo de te perder! Hermione... ninguém tem idéia das loucuras que eu ando cometendo desde que saímos de Hogwarts e eu não estou mais perto dos meus melhores amigos.

A fala surpreendeu Hermione. Ele não parecia sentir tantas saudades quando ela lhe ligava ou mandava cartas. Na maioria das vezes não estava! E sempre deixava recado, esperando por um dubitável retorno, que nunca, nunca aconteceu.

- Olha, Harry - ela falou, séria também - eu sei... foi uma loucura... todos correndo... gritos... sangue... - seus olhos se encheram rapidamente de lágrimas.

O horror que passaram no último dia de aula tinha sido um verdadeiro desastre, que abalou toda a comunidade bruxa: os antigos Comensais, todos, até mesmo os gigantes, tinham ido. E o que era para ser um grande e fabuloso dia de festa e sorrisos, virou uma chacina de sangue e gritos.

Ele segurou sua mão, tentando confortá-la. Era a melhor coisa a fazer; também doía-lhe lembrar daquele terrível dia em que muitos alunos morreram e outros ficaram gravemente feridos.

- Não... - ela soluçou, limpando as lágrimas com a ponta dos dedos - não nos despedimos e...

Ela desabou em lágrimas. Aquela lembrança lhe causava fortes emoções que ela não podia tentar afugentar simplesmente. Foi horrível ver as pessoas sendo esmagadas, pisoteadas e sangue... sangue... e justo ela que não pode ver qualquer tipo de morte! Harry contornou a mesa e ela se levantou para abraçá-lo.

- Não fica assim... - ele molhou sua blusa, com as lágrimas - tudo acabou, agora... - afagou suas costas - estamos juntos de novo...

A brisa bateu de leve nos cabelos de Hermione, fazendo-os se espalhar. As poucas pessoas que estavam no restaurante os fitava, emocionadas. Quando se soltaram, ela esquentou o braço de Harry com a mão, confortando-o.

- Obrigada... eu... preciso esquecer... - soluçou, voltando a se sentar.

- Não, vamos... você tem que sair desse mundo um pouco... - deu um sorriso, na tentativa de animá-la, e tirou a carteira do bolso, colocou umas notas em cima da mesa e embaixo do copo e puxou-a pela mão.

Ela deixou-se ser guiada para fora do agradável e acolhedor restaurante. As pessoas os olhavam como se fossem malucos, mas ela gostava daquilo. Tinha que sair daquele mundo por algumas horas. Daria alguma desculpa para o trabalho, mas esta tarde estaria destinada à outro lugar, com outras pessoas...

- Onde vamos? - a primeira coisa que ela perguntou, rindo.

- Bom... - a puxou para uma rua escondida, parando em sua frente.

- O quê?

- Aparate em Paris. Agora. - falou e fechou os olhos com força, sendo acompanhado por ela.

Sentiu a estranha e agoniante sensação de estar sendo digerido e acabar por um vaso sanitário. Antes de abrir os olhos ouviu as vozes das pessoas e a brisa leve e aconchegante; Harry estava parado à sua frente, sorrindo.

Uma culpa invadiu-lhe: onde Draco estaria agora? Não estava sendo fiel à relação. Ficou entre um e outro. Um ela amava, mas não tinha tempo para ela, e o outro estava ali, à sua frente, porém ela não sentia firmeza ao afirmar se realmente o amava.

- Harry...

- Shhhh... - ele pressionou seu dedo indicador contra seus lábios, se aproximando - hoje o dia é seu, só quero que seja o melhor dia da sua vida. - deu um sorriso curto, ainda muito próximo.

- Ok - murmurou, afastando os dedos de Harry de seus lábios - mas me prometa uma coisa: - falou as últimas palavras com a voz baixa - não me faça perder a cabeça.

Ele ergueu as sobrancelhas, malicioso, os olhos brilhando, um sorriso pequeno no canto dos lábios.

- Não era exatamente dessa diversão à qual eu me referia, Hermione. - falou, sarcástico, arrancando risos dela.

Harry deu um pequeno sorriso, olhou para os lados e segurou sua mão, guiando-a.

Pelo que ela pôde entender, estavam em cima de uma ponte, onde não passava carros, atravessando a cidade. O cheiro de ar puro e o som das folhas das árvores balançando próximas ao lago lhe deu uma imponente sensação de conforto.

- Aqui é o Parque Winkdown. - ele explicou, aproximando-a para a beira da ponte - é um lugar bruxo, e para os trouxas não passa de um terreno grande e baldio onde o vendedor dispensa vendê-lo. - deu um pequeno sorriso, apontando para uma garota do outro lado da ponte, olhando com nojo para a grama verde e bem-aparada, que para ela era terra, mato grande e espinhento, e musgos, lixo.

- Eles não nos vê? - quis saber de imediato, ao olhar do outro lado da ponte o que deveria ter a continuação do parque.

- Não. - falou naturalmente - nesse lugar só se chega aparatando; os pais tem autorização para aparatar suas crianças. Vamos? Ali tem uma barraca de sorvete. O melhor sorvete que eu já experimentei. - informou, continuando a puxá-la pela mão - você gostará deste lugar. - avisou.

Como ele poderia adivinhar o que ela gostava ou não esta se recusou a tentar adivinhar. O dia fora, realmente, o que Harry dedicara: um dia perfeito, sem objeções, sufocos, ou hesitações, e sem problemas dos quais ela precisava de menos de 24 horas para solucionar, tentando não machucar nenhuma das partes. Foram, depois, à Torre Eifell. O lugar trouxa era lindo, limpo e bem-cuidado, se divertiram, riram. Enfim, o dia foi melhor do que Hermione imaginava.

Ao lado dele ela esquecera as preocupações e sufocos diários e passara a se preocupar menos com a aparência e opinião das pessoas. Porém, o modo como algumas garotas em grupo olhavam para os dois rindo alegremente, tomando sorvete, tagarelando, correndo um atrás do outro, lhe deu uma certa aparência de inveja. Inveja e vontade de estar no mesmo lugar; com o cara perfeito, a hora perfeita, o dia perfeito.

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Comentários (1)

  • Ayla Oliveira

    Nunca deixei um comentário numa Fic antes , bom , tenho que lhe dar os parabéns a Fic é ótima e você escreve muito bem . 

    2013-02-05
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