Feliz Natal
Harry estava acordado há um tempo, observando Gina dormindo, meio sentada, ainda de vestido de festa, com os cabelos caindo pelo colo e ombros, numa poltrona ao lado da cama dele, quando ouviu a porta se abrindo e sussurros. Resolveu fingir que ainda estava dormindo.
- Fala baixo!
- Eu estou calado, Mione! Que saco!
- Harry vai acordar, com você atacado desse jeito!
- Dá um tempo! - a voz de ambos estava aumentando de tom, e Harry teve que se esforçar muito pra não gargalhar da cena.
- Ei, vocês dois! - cortou os amigos. - Falem baixo, senão vão acordar a ruiva!
- Harry! - Mione correu para ele. - Como você está? O que houve? Porque teve que passar a noite aqui?
- Deixa ele respirar, Mione! - Rony estava de péssimo humor, e observava a irmã na poltrona ao lado do amigo.
- Rony, deixa de ser estúpido!
- Pelo menos eu não sou um traidor!
- O que está acontecendo? - a ruiva se fez presente. - Como vocês ousam gritar aqui? - arqueou as sobrancelhas perigosamente, mas logo a expressão se suavizou, ao ver o rosto aflito de Hermione. - Que história é essa de "traidor"?
- Quer dizer então que nem você sabe, Ginevra? - Rony retrucou, cínico. - Nem você sabe que a nossa "querida" Hermione agora faz parte das linhas inimigas?
- Dá pra parar de drama, Ronald Billius, - devolveu, no mesmo tom dele. - e dizer o que está acontecendo? - a irmã retrucou, impaciente.
- Mione, o que está havendo? - perguntou Harry diretamente à amiga, ao ver que Rony se recusava a dizer.
- Esse estupor está desse jeito porque eu fui para o baile com o Vitor!
- Vitor? Que Vitor? - Harry perguntou, confuso. - Vitor Krum?
- Eu não acredito que você está nesse chilique por causa disso, Rony! - Gina riu. - Qual o problema da Mione ir com quem quer que seja para o Baile? Especialmente se for um jogador de quadribol rico, lindo, campeão da escola e mais algumas qualidades que nossa amiga pode dizer melhor? - Gina provocou, e tanto Harry quanto Rony fecharam a cara.
- É óbvio que ele quer que a Mione o ajude, para que ele possa ganhar o Torneio! - o irmão retrucou.
- Como você pode pensar isso de mim, Rony? - falou Mione com a voz fraca. Estava com os olhos brilhando estranhamente.
- Mione, eu sei que você não faria isso! - intercedeu Harry, tentando aliviar a barra do amigo, que no momento não estava ligando muito para as consequências das suas acusações.
- Eu sei, Harry. - tentou sorrir. - Ao menos você confia em mim...
Harry e Gina se entreolharam, preocupados. Era óbvio que Rony estava roendo de ciúmes da Mione, e estava descontando da pior maneira possível. A amiga se deixou cair na poltrona que Gina tinha dormido, Rony deu a volta e se sentou numa cadeira do outro lado da cama. A ruiva sentou na cama, ao lado de Harry.
- Como foi o Baile? Como estava a decoração? - Harry tentou trocar o foco da conversa.
- Estava tudo muito bonito, com árvores imensas, cobertas de fadinhas. Na hora da dança principal, nevou dentro do salão; saíram todos muito impressionados com o esmero com que a festa foi produzida. - Mione começou falar, agradecida pela mudança de assunto. Rony só resmungava.
- Dança principal? Ai, a dança dos Campeões! O que disseram da minha ausência?
- Até aquele momento, ninguém tinha dado a sua falta, só a Cho, eu acho! - Mione começou a rir. - Eu achei que você tivesse dado um bolo nela, e que apareceria depois da tal dança...
- Percebemos que Dumbledore e a profª. McGonagall tinham saído, e começamos a pensar que talvez tivesse acontecido algo mais grave. - disse Ron, a contragosto.
- Então Dino chegou chutando tudo no Salão, e foi falar com Cho, que também estava fumegando! - continuou Mione. - Eles conversaram um tempo, e então ela o puxou para dançar, e aí ficaram, na frente de todo mundo.
- Nessa hora, fui perguntar o que estava acontecendo, onde você estava e como ele se atrevia a ficar se agarrando com a Cho daquele jeito, se era seu namorado... Sabe o que ele disse? - olhou pra Gina com uma cara de desconfiado. - Ele gritou no salão que você tinha um caso com o Harry, e que tinha te flagrado na cama com ele. Então tinha perdido o controle e lançado uma azaração tão forte, que Harry tinha vindo parar na ala hospitalar.
Gina estava chocada. Não fazia ideia de como o Dino podia ser tão patético. Olhou para Harry, cujos olhos estavam escuros de raiva.
- Como aquele imbecil se atreve a falar uma calúnia dessas? - falou Harry, com a voz entrecortada de ódio.
- O que houve? - Rony serenou. Não acreditara no que Dino dissera, mas tinha que confirmar. Era muito estranho que Harry e Gina não tivessem ido à festa, e sabia que o amigo lançava uns olhares bem indiscretos para a sua irmã, mas nunca falara nada porque sabia que a ruiva não o suportava.
Gina respirou fundo, contendo a vontade de sair e dar uns bons tapas naquele garoto idiota, contou o que ela presenciou. Harry escutava atentamente, porque também não soubera como tudo acontecera.
- Então eu disse a ele que estava tudo acabado, e que ele saísse daqui. - finalizou.
- Eu devia ter dado um belo murro na cara daquele retardado, mas a Mione me segurou! Quando o diretor voltou e disse que você estava acamado, confirmou a história para muita gente. Eu saí do salão e voltei para a Sala Comunal, para ver se você estava lá, então vi Jo-Jo e Liam, ainda meio apavorados, em frente à lareira. - falou Rony.
- Madame Pomfrey deu uma poção calmante pra ele, Harry. - assegurou Gina, ao ver sua expressão preocupada.
- Eles me explicaram o que aconteceu, eu ainda tentei entrar aqui ontem à noite, mas estava tudo imperturbalizado, acho que ninguém ouviu as minhas batidas na porta... - continuou.
- Harry, o que você sentiu, exatamente? - Mione perguntou.
- Eu não sei; eu estava descendo as escadas da sala comunal, pronto pra ir à festa, quando senti um cansaço estranho, como se tivesse passado o dia treinando quadribol sem parar... Sentei em frente à lareira, pois estava com frio, e daí por diante, eu só me lembro de ter visto um anjo e de uma dor lancinante na minha testa, como se a cicatriz fosse rasgar.
- Um anjo? - Mione balbuciou, intrigada. Gina ficou vermelha, e a amiga percebeu.
- Bom dia, meus caros! - chegou Dumbledore, e Gina deu graças intimamente pela interrupção. - Está melhor, Harry?
- Estou ótimo! - sorriu.
- Excelente, meu caro... - assumiu uma expressão pensativa por um instante. - Preciso dar uma palavrinha com você, - viu os três amigos se levantarem. - mas antes preciso falar com a Srta. Granger e o Sr. Weasley em particular. Srta. Weasley, será que poderia fazer companhia para Harry até que possamos voltar? - e lhe deu uma piscadela discreta.
- Claro. - respondeu, vermelha. O diretor levou os dois para fora da ala hospitalar e fechou a porta. - Você está legal, mesmo? - virou-se para Harry.
- Minha enfermeira particular foi muito eficiente. - deu um sorrisinho maroto, puxando-a mais para perto de onde ele estava sentado.
- Você é um safado, Harry Potter! - deu-lhe uma palmadinha de leve no ombro, e ele deu um gemido. - Te machuquei? - preocupou-se.
- Não. É que você bateu bem em cima da cicatriz do dragão, e ela ainda dói um pouco...
- Quem mandou ser um garoto levado? Fica fazendo estripulias por aí, e depois não sabe por que está virando um patchwork humano! - Ele riu e ela o acompanhou, parando quando ele passou a mão carinhosamente pelo seu rosto.
- Sonhei com você, sabia? - pôs a outra mão na cintura dela. - Sonhei que você me dava um beijo de presente de natal. - ela ficou vermelha. Ele sorriu mais ainda, e a beijou lentamente, como se a saboreasse. Gina arrepiou-se e correspondeu no mesmo ritmo que ele, ambos esquecidos que podiam ser pegos a qualquer momento, o que confirmaria as mentiras de Dino.
- Então, estamos resolvidos? - fez-se ouvir a voz do diretor mais alta que o usual, alguns minutos depois, e Gina pulou para longe de Harry, da cor dos cabelos.
- Srta. Weasley, muito obrigado! - sorriu Dumbledore, entrando no quarto, seguido por um Rony absorto e uma Mione desconfiada, que olhava de Harry para Gina intrigada.
- Precisamos conversar! - disse à ruiva baixinho, quando saíram da ala hospitalar.
- Idem, Mione!
* * * * * * * * *
- Papoula, ele já pode ir?
- Acredito que sim. Foi um susto, mas ele já foi medicado o suficiente. É só terminar o café da manhã e está liberado. - sorriu a enfermeira para o paciente, ciente que era manhã de natal, e que seria muito triste para ele passá-la na ala hospitalar.
- Ótimo! - sorriu o diretor. - Preciso que você venha até a minha sala, depois do café. Tenho algumas pendências a resolver, e o aguardarei na minha sala. A senha é vomitilhas, em homenagem aos nossos queridos gêmeos. - sorriu mais uma vez. - Por favor, não demore.
Dumbledore saiu da enfermaria, e, pouco tempo depois, Rony entrava na sala, com vestes para Harry. Esse tinha sido um dos pedidos que o diretor havia feito na "conversa" com os monitores.
- E aí, você ainda fica aqui quanto tempo?
- É só terminar o café e eu estou livre. - sorriu. - Quer dizer, depois de conversar com Dumbledore...
- Ele ficou bem preocupado ontem, sabe? - Rony se serviu de uma torrada da bandeja de Harry e sentou na poltrona ao lado da cama.
- Falando em ontem, me fale um pouco da festa; você mal tocou no assunto, e a Mione foi muito sucinta.
- A festa foi um saco, Harry! - revirou os olhos. - Lilá ficou um tempão falando besteira no meu ouvido, especialmente quando viu como a Mione estava linda, ao lado daquele idiota...
- Meus ouvidos me enganam? - arqueou as sobrancelhas, divertido. - Ronald Weasley dizendo que a Mione estava linda?
- Eu teria dito isso a ela, se não estivesse acompanhada daquele trasgo búlgaro! - nem fez questão de negar.
- Ron, se você gosta mesmo dela, tem que tratá-la melhor; sinto muito, mas faço minhas as palavras da Mione: Você é um estúpido, Rony! - falou, com uma voz esganiçada, e começou a rir da cara do amigo.
- Ei, não fique fazendo pouco de mim não, tá? As coisas não estão boas para o seu lado; quando a Cho te pegar, vai ter picadinho de Potter por toda Hogwarts.
- Só se ela fatiar o meu irmão, porque eu não devo nada a ela!
- Não é o que ela acha... Todo mundo vê que ela age como se fosse sua dona!
- Minha dona é outra! - sorriu, sonhador.
- Essa outra não é a minha irmã, é? - perguntou, desconfiado.
- Minha dona é uma ruiva, sim, mas é a minha mãe, Rony... - consertou mal e parcamente, e o ruivo continuou olhando pra ele, incrédulo.
- Sei, Harry... Conta outra!
- Sinto muito se você não acredita em mim, Rony. - disse num tom pretensamente magoado, mas não conseguia esconder o sorriso do rosto. - Tenho que ir agora à sala de Dumbledore.
- Ah, Harry, obrigado pelas luvas de couro de dragão. Vão ser ótimas durante os treinos de quadribol!
- Eu sabia que você ia gostar. Depois vou ver o que ganhei, certo? Tchau, cara.
* * * * * * * * *
- O que está havendo entre vocês?
- Mione, do que você está falando? - Gina tentou ganhar tempo, no box, enquanto a amiga estava sentada ao lado, folheando uma revista, no banheiro dos monitores.
- Não nega, ruiva! Há tempos que você não se refere ao Harry como o "odioso Potter", ajudou-o na primeira tarefa e ainda passa a noite com ele na ala hospitalar! Só por saber disso, já é motivo pra Cho enfartar!
- Não há nada entre mim e Harry. - falou de dentro do box, sem esconder um sorriso que, felizmente, Mione não veria.
- Ginevra! Não minta pra mim!
- Mas você é chata, hein, garota! - fingiu estar com raiva, e abriu a porta do box, enrolada numa toalha. - O que você quer saber? - rendeu-se.
- Vocês estão juntos? - Mione quase deu pulos de felicidade, com a expressão da ruiva.
- Não sei. - foi sincera.
- Ah, Gina! Vocês ficaram, não ficaram? - Gina ficou vermelha, e não tentou negar; apenas assentiu. - Quando? Como? Detalhes, ruiva!!
- Mione! Isso são modos? Você é uma monitora! Tenha compostura! - brincou. - Ele me beijou na véspera da primeira tarefa.
- Eu sabia!! - gritou. - Eu bem que achei que ele estava feliz demais, prestes a enfrentar um dragão daqueles! E aí? Como foi?
- Eu tentei não corresponder, pois ainda namorava aquela besta quadrada, mas nem se eu fosse de pedra teria conseguido não reagir ao beijo dele. Então fomos flagrados e eu recobrei um pouco da minha consciência e me afastei dele.
- Flagrados por quem? Pelo Dino?
- Pior! - ficou vermelha com a lembrança. - O padrinho dele, Sirius Black, nos viu numa posição pouco recomendável para menores...
- Sério? - começaram a rir. - Merlin, que vergonha!
- Pois é... resolvi que tinha sido uma bobagem, e decidi investir no meu namoro. Só que não foi muito longe, né?
- Gina, o Dino flagrou vocês ontem?
- Mione! Aconteceu exatamente o que eu disse a você: Harry desmaiou, eu o levei para a ala hospitalar, e ainda estava inconsciente quando aquele imbecil foi lá dar o showzinho do dia! A gente só ficou hoje de manhã!
- Eu tenho uma perguntinha, ruiva... Que história é essa de anjo, hein?
- Quando eu fui ajudá-lo a se levantar, ele me viu e começou a delirar. Perguntou se tinha morrido, e se eu era um anjo.
- Ele não se lembra que era você, não é?
- Acho que não. Mas isso não é importante; o que interessa agora é que ele fique bom, para que a gente possa conversar!
- Tomara que dê tudo certo, ruiva. Eu sempre os observei de longe, e acho que vocês formam um casal tudo a ver; dois loucos! - riu.
- Assim como você e o seu amado Ronald Billius! Como foi ontem?
- Ah, Gina... Ele ficou com uma cara esquisitíssima quando me viu. Não sei direito o que era, mas tinha raiva misturada a outros sentimentos ali.
- Ciúmes, com certeza!
- Não sei... Ele mal falou comigo, que não fosse pra perguntar por Harry ou por você. E passou boa parte do tempo com a Lilá pendurada no pescoço... - contou, triste.
- E você e o Krum? - inquiriu, e a amiga ficou vermelha.
- Er, eu resolvi seguir o seu conselho... - e sorriu. - Mas isso é segredo!
- Vocês ficaram? Isso é maravilhoso, Mione!
* * * * * * * * *
- Vomitilhas! - disse Harry ás gárgulas, que se abriram para ele passar.
- Entre, Harry. - soou a voz do diretor, depois que ele bateu de leve na porta.
Quando entrou, foi abraçado por uma massa ruiva, que só depois reconheceu por ser a mãe. Ela estava tremendo, e Harry olhou para o pai, em busca de ajuda, mas ele estava tão transtornado quanto Lily.
- O que está acontecendo aqui? Mãe, acalme-se, eu estou bem. Professor Dumbledore viu Madame Pomfrey me dar alta, não há com que se preocupar! - mas a mãe começou a chorar e se abraçou ao marido.
- Harry, por favor, sente-se. Temos muito o que conversar.
* * * * * * * * *
Gente, desculpa a demora, mas é que eu tô sem net, na casa da minha vizinha mecenas, e vou me mudar em menos de uma semana, então só dá pra eu escrever no trabalho, o que faz com que o processo fique um pouco mais lento...
Pra compensar, vou tentar o 9 amanhã, ouquei?
Bjos a todos, obrigada pelos votos e comments. =D
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