Se Confessando
Janine deu um longo suspiro e entrou na cabina do ministério. Em poucos minutos ela se viu na fila de pessoas indo ao trabalho ou a escritórios resolver negócios. Se juntou a fila um pouco receosa, estava acostumada a fazer isso com trouxas, mas não com bruxos. Sorriu timidamente. Teria de se acostumar, depois de sua missão, com apoio de Dumbledore e Remus, quem se tornara um grande amigo dela, resolvera se estabelecer no mundo bruxo.
Entrou no elevador ainda cheio de gente. Tentou não imaginar que de agora em diante teria de ser assim todos os dias, ela em alguns dias entraria para uma seção especial do ministérios para pessoas especiais como ela.
Mas naquele dia ela estava indo especialmente ao tribunal, teria de dar seu depoimento no julgamento dos comensais presos na missão.
Sua missão... passara alguns dias desde então e ela não vira Snape novamente. Abaixou a cabeça, durante esses dias ela refletira tanto sobre ele, sobre o que ela pensava dele, o que ela sentia por ele.
Era tão estúpido, estranho e patético ao mesmo tempo. Apaixonada? Ela? Apaixonada por uma pessoa como ele, que ela conhecia a pouco tempo. Diziam os poetas que o amor é algo que ninguém entende ou manda, mas ainda assim, era simplesmente inacreditável para ela conseguir aceitar isso.
Foi despertada pelo barulho da porta do elevador abrindo. E dando passos com a ajuda da bengala foi se dirigindo ao corredor. O combinado era se encontrar com Remus que a ajudaria chegar até a sala do tribunal.
Nunca estivera antes num tribunal, só ouvira em filmes que inutilmente ela ouvia na TV ou lera em livros policiais. Parecia ser excitante. Testemunhas berrando, e contradizendo o juiz que mandavam-nos calar a boca. Sentiu um arrepio na espinha. Teria de se mostrar tão indiferente quanto se mostrara na entrevista com Bellatrix.
Bellatrix... aquela cachorra havia fugido. Mas algo a dizia, que logo seria pega. E Janine realmente esperava que sim. Mas não podia deixar de ter pena, a pobre, era louca no seu conceito. Aquela respiração, o tom de voz... Janine sentiu mais uma vez um arrepio.
Que horror, tinha que ficar pensando nela? Claro que ela não iria simplesmente esquecer a mulher que a fizera sentir a pior sensação do mundo com aquele crucio, no entanto, o certo era ela tentar esquecer aquilo o mais rápido possível.
Foi tirada de seus pensamentos por Remus que chegou a cumprimentando alegremente.
- Olá, Janine! Pronta? – Ele deu o braço para ajuda-la a andar pelo corredor.
- Espero que sim. – Ela sorriu – Como vai Tonks? O pequeno está chutando bastante?
- Parece que sim, mas quem anda mais dando chute nos outros é ela.
Janine riu do amigo, conhecera Tonks não fazia muito tempo.
- A mulher fica assim quando grávida...
- Eu sei, mas eu não esperava isso de Nym – Apelido que só ele a chamava – Eu esperava que ela continuasse alegre e estabanada. Sabe que desde que a barriga dela cresceu ela não sofreu nenhum acidente?
- Ela está despertando o instinto materno vai ver. – Janine riu – Eu não acho que ela tenha ficado mal-humorada ou coisa do tipo, ela me pareceu tão alegre e divertida.
- Porque você não a conheceu antes, ela é simplesmente incrível, Janine.
- Eu imagino..
- Bem, chegamos! – Ele anunciou abrindo a gigantesca porta para ela.
Janine pode ouvir muitos tipos de respirações, o que a agoniou um pouco. Tanta gente, ela teria de depor no meio de tanta gente? Pediu a Remus que a contasse como estava o ambiente, mas antes de perguntar alguém a cumprimentou:
- Olá, Farquedah. Boa tarde.
Janine ficou surpresa. Era Snape. Com um sorriso o respondeu.
- Boa tarde, Snape. Como vai? Bem, eu espero.
- Sim, sim, eu diria que estou bem. Pelo menos, não estou pior – Snape olhou Remus que tinha um sorrisinho sarcástico no rosto – Bom... espero que tenha um bom desempenho.
- Você também. – Janine ficou atenta aos passos indo para longe de Snape.
- Você gosta dele – A voz de Remus surgiu zombeteira atrás dela.
- O que disse? – Ela disfarçou.
- Você sabe o que eu disse. – Ele cruzou os braços.
- Eu NÃO gosto dele, okay? – Respondeu meio irritada.
- Sei... – Remus revirou os olhos – parecem crianças – completou baixinho.
Janine ia perguntar o que ele estava dizendo mas Dumbledore chegou cumprimentando os dois.
- Oh, que bom que vieram, tenham sorte!
- Boa tarde, Dumbledore. – Janine cumprimentou-o sorridente.
Remus apertou a mão dele, que sorria. Parecia estar feliz por saber que aos poucos, eles iriam acabar de vez com os comensais. Dumbledore estava como um dos juizes.
- Então, vá lá, e boa sorte. – Remus sorriu para Janine, ela seria a primeira a depor.
- Obrigado, para você também.
Janine ouviu um dos juizes a chamar e lentamente foi indo até a cadeira, aonde disse tudo nos mínimos detalhes.
Snape passou boa parte do julgamento estalando os dedos, ou batendo com os dedos na mesa. Vira com total atenção o depoimento de Janine, que se mostrara indiferente, sem quaisquer emoções e contara tudo com mínimos detalhes, fazendo-o ver, que mesmo que ele, os aurores e Remus fossem depor, não teria grandes necessidade, ela conseguira convencer as autoridades num instante.
Sem que ele pudesse impedir logo ele ficara admirando o quão especial ela era. O jeito que ela dizia as coisas indiferente, ou o jeito que ela fazia implicando com ele, ou o jeito que ela brincava com as coisas ou talvez o simples jeito dela ser.
Balançando a cabeça e se repreendendo, retirou aqueles pensamentos da cabeça. Observou o juiz superior finalmente dá o veredicto, iriam todos presos a nova Azkaban, sem muitos dementadores( já que se revelaram criaturas infiéis), mas muitos feitiços, e bruxos especializados cuidando do prédio isolado numa ilha.
Viu Janine e Remus se levantaram e abraçarem-se, uma onda de ódio percorreu seu corpo que se levantou irritado. Vira depois ela abraçar Dumbledore que a parabenizara.
Quando parou ao seu lado, deu um pigarreou:
- Parabéns.
- Ahn? – Ela se virou para ele. – Para você também!
- Bem, eu vou indo.. – Remus disse dando um aceno – Tenho coisas a fazer.
- O mesmo digo eu. – Dumbledore acenou – Até, meus caros.
Vendo-se sozinho com ela. Snape tentou pensar em algo a dizer, na verdade queria perguntar se ela queria tomar um café ou chá. Mas as palavras não saiam de sua boca.
- Que tal se formos tomarmos um chá? – Ela sugeriu.
Snape deu um sorrisinho disfarçado, talvez essa fosse uma das coisas que ele mais gostava nela, falar exatamente no que ele estava pensando. Era tão mais simples.
- Poderia ser..
- Então vamos. – Ela tomou o braço dele – Se importa em me guiar?
- Creio que não. – Ele sentiu um frio na barriga, mas segurou o braço dela delicadamente.
Janine pousou sua xícara de chá, e tentou afastar os pensamentos. Estava já um tempo ali com Severus e até agora, nenhum dos dois dissera uma só palavra. Ela queria falar, queria perguntar o que fora aquilo na missão. Fora loucura, não fora? Eles mal se conheciam.
- Então como vai indo? – Perguntou vendo que seu chá acabara e já não tinha mais desculpa para ficar ali.
- Bem, os alunos também, não tivemos muitas notas baixas no teste surpresa que dei da ultima vez.
- Você não acha que é duro demais com eles?
- Não – Snape respondeu friamente e quase rosnando, mas depois se censurou por isso.
- Okay, esta bem, eu só acho que você fica ai, passando essa imagem de durão e mau, mas eu e você sabemos que você é uma boa pessoa e pode ser menos dura.
Ela esperou alguma resposta dele, como se aquilo fosse absurdo, mas ele apenas resmungou.
- Você é uma ótima pessoa, Severus, eu te admiro. Mostre esse seu lado aos outros também.
- Obrigado. Você também é.. – Snape pousou sua xícara de chá nervosamente -.. uma ótima pessoa. Eu gosto de você..
- Eu também, Severus.
- Bom saber, Janine. – Ele a respondeu sorrindo de sua própria forma, e sem se importar em dizer o nome dela.
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