A Casa dos Gryffindor
_Onde ele foi? - perguntou da cozinha a voz ápera de Petúnia.
_Não sei, mãe, ele passou por aqui como um raio.
_Quem ele pensa que é?
_Ah, mãe, ele pode sair e eu não? Estou indo...
_Não vai a lugar algum, Dudley Dursley! - continuou a mesma voz severa.
Duda, apesar de nao ser nenhum exemplo de homem, notara que nos últimos dias a mãe estava mais nervosa e se irritava com mais facilidade.
Estava frio. Uma bruma branca, a mesma que esteve cobrindo todo o país nos últimos meses, estava indissipável sobre o asfalto. Nas calçadas haviam árvores, negras sob o céu obscuro, que pareciam esconder muita coisa. Harry começou a ficar triste... pensando na morte de Dumbledore, de McGonagall... será que Hogwarts um dia voltará a funcionar? E quem será o diretor? Flitwick? Slughorn? Hagrid? Coitado do Hagrid, sua casinha em chamas... Pensou em seus pais. Lílian... Tiago... Lembrou das fotos, do clarão verde que anos atrás pensava ter algo relacionado com o acidente de carro que matara seus pais... mas agora sabia que era a pior arma que se pudia usar contra alguém... Voldemort era cruel... Snape também... Ah, como Harry se enfureceu ao lembrar de Snape. Snape, seu amigo oculto que durante o ano lhe ensinara feitiços, truques para poções... Snape, o Príncipe Mestiço. Estivera certo quanto ao príncipe ser do sexo masculino... Hermione, tão orgulhosa, nada a faz mudar de idéia. Fora tão fria na despedida em King's Cross...
A bruma havia se tornado muito mais densa, agora só se viam o céu e os lampiões, esferas brilhantes que lembravam o orbe, nas bolas de cristais... Ah, como odiara Sibila... Ela, sempre desejando sua morte...
Espere... Harry parou, como se de repente ganhasse a capacidade de raciocinar livremente...
Dementadores! Aquele frio... Toda aquela bruma... Mas... Os dementadores fazem-nos sentir medo, e não... pensar coisas ruins...
_Lumus! - sussurou ele. Levantou a varinha para ver as calçadas... os vão negros entre as casas... nada de capas deslizando... Harry sentira um calafrio.
Quanto mais avançava, mais frio ficava, como se no fim da rua houvesse um pico gelado.
_Não... - sussurrou Harry, com o queixo batendo. - Hoje não vai dar... não dá para ver nada... é melhor voltar...
E deu meia volta. Agora não era possível ver nada. Estava perdido em uma imensidão branca... uma infinidade gelada... ia morrer ali.
_Incêndio! - disse gaguejando. Uma esfera de fogo saiu de sua varinha e desaparecendo na bruma, se apagou em algum lugar. Se ele soubesse onde estavam as calçadas... ele andava em todas as direções, mas não batia em lugar algum. Estava perdido naquela imensidão branca e fria... Mas não via dementador algum... e que estranha essa nova forma de poder dos dementadores, fazer-nos odiar a todos... - Incêndio! INCÊNDIO!!!
Duas esferas de fogo atravessaram a bruma. Harry estava começando a se sentir triste... nunca mais ia sair dali... ia ficar gelado, sozinho para sempre... nunca mais ia ser feliz. Harry decidira de que precisava de companhia. Soltar fagulhas? Quem sabe algum trouxa não vê e vem dar ajuda. Não... não podia fazer magia, e além do mais não ia querer trouxas perdidos nesse frio também.
Caíra. Caíra sentado de lado, sem forças para se levantar novamente. Não tinha mais força alguma. Era como se os dementadores agora sugassem as forças pela bruma. Harry estava fraco, muito fraco. Lembrara de quando os Inferious tentaram levá-lo para as profundezas daquele lago sombrio... suas mãos pegajosas, com o que sobrara da pele decomposta em água... Dumbledore enlouquecendo, gritando. Aqueles cadáveres o levando...
Outro arrepio passou pela nuca, ocasinando aquele tradicional arrepio de cabelos que Harry sentia.
Assim como naquele dia, agora ele estava sem forças, sem opções, sendo levado...
Mas agora não havia Dumbledore para lhe salvar...
Estava perdido.
Ao pensar em que estava tudo acabado Harry se lembrou da promessa de que não seria longo o tempo em que não veria Gina. Se lembrou de que ainda tinha que destruir as Horcruxes... e matar Lord Voldemort.
Não, não podia deixar isso acontecer. Harry Potter, derrotado por dementadores invisíveis e por uma bruma de araque?
Harry se levantou como se houvessem elefantes sobre seu corpo, e começou a andar na direção em que pensava estar a Rua dos Alfeneiros. Se não fosse essa a direção certa, ao menos ele sairia em algum lugar... E sair dali era o que mais anseiava.
E assim foi ele, seguindo um passo por vez, com muitas dificuldades, pois não lhe restavam mais forças, e avançou menos de dez metros quando um vulto negro passou em sua frente. Harry tinha certeza do que era aquele vulto. Mas... estava diferente... maior... Mas passara tão rápido, que por um segundo Harry se perguntou se por causa do medo, não acabara vendo um dementador.
Um frio repentino percorre sua espinha.
Harry levanta a cabeça e olha para o céu.
Ele não pensara ver um dementador. Ele vira um dementador. E era um, entre aquelas centenas que estavam o sobrevoando em círculos agora. Harry estremeceu. Nunca vira tantos dementadores. Eles realmente estavam procriando. Harry pensou em um bebê dementador. Mas seu modo de fazer "filhos" era muito pior. E Harry agora seria um deles.
Com um olhar mais atento, Harry percebe - para sua profunda tristeza - que os dementadores realmente estavam diferentes. Maiores... as capas não soube por quê, mas mais assutadoras, assim como o ruído de maritraca que faziam com a boca... E suas mãos decompostas... agora possuiam garras. Garras cinza brilhante, enormes e muito afiadas, que dilacerariam um homem com um aperto de mãos.
Sentira o odor dos dementadores.
Mas Harry não esquecera do maior, melhor - e único - jeito de afujentar dementadores. Um Feitiço do Patrono. Porém Harry estava mais fraco a cada segundo, mal se aguentava de pé, e não se lembrava de nenhum pensamento feliz...
Os dementadores agora davam razantes, como se disputassem quem iria dar o Beijo.
Em um desses razantes, Harry viu uma garra passar a dois dedos de seu ombro direito. Precisava fazer o Patrono, e rápido. Se até os dementadores evoluíram, por que ele não faria um Patrono suficientemente forte?
Harry tentou se lembrar de seus pais. O pensamento com o qual fizera os melhores Patronos. Mas o ódio por Voldemort nos últimos meses crescera tanto, que ele não conseguia pensar nessa ocasião. Então lembrara, de um pensamento muito, muito feliz e recente - ou seja, "fresquinho". O dia que ganhara a Taça de Quadribol, nesse ano, e beijara Gina.
Harry buscou os maiores detalhes.
Sentira a Taça em seus braços, os cabelos cor de fogo de Gina em seu rosto...
_EXPECTO PATRONUM!!! - Harry grita.
Os dementadores, por dois segundos se tornam mais agitados e decididos a dar razantes. Com um impulso, todos descem em sincronia, mas a luz do cervo de Harry os retarda e com o galopar e o avançar do Patrono, todos os dementadores desaparecem.
Harry cai no asfalto mais uma vez.
A bruma se dissipa de repente. Harry se vê sentado, seu Patrono ao seu lado, observando um grande e majestoso casarão vermelho, com cercas secas e malcuidadas, o que evidenciava o abandono da casa; janelas com leões e "G"s gravados por todos os cantos. Harry se levanta, o cervo dissipa também, e caminha até o portão. Era uma grade com leões entrelaçados. Por ela era possível ver um jardim com mato tomando conta, onde no centro reinavam dois leões de pedra, entregues aos descuido do jardim.
_Lumus. - Harry levanta a varinha e observa melhor. Na grade havia gravado em ouro, cravejado de rubis "GRYFFINDOR". Não havia dúvida. Por algum motivo descendenntes de Godric Gryffindor moraram durante seis meses em um bairro de trouxas.
Harry força um pouco o portão e a corrente que o mantinha teoricamente trancado cede. Harry o empurra e ele abre com um rangido sinistro. Agora ele estava dentro da propriedade. Anda desviando de cipós e chega à enorme porta de madeira podre, onde a maçaneta era a cabeça de um leão, com ameaçadores dentes amostra. Quando Harry toca esta para tentar abrir a porta, ela tenta mordê-lo. Harry tenta mais uma vez. definitivamente aquela cabeça não o deixaria abrir a porta.
Ou pensava que não deixaria.
Harry empunha a varinha e diz:
_Estupore! - o raio vermelho quebra a porta revelando o quão podre a madeira se encontrava. Ele passa pelos escombros da porta e se vê em uma ante-sala que apesar da poeira e da quantidade de teias de aranhas, era belíssima. Lembrava-lhe muito a Sala Comunal da Grifinória. As estantes estavam vazias. Aliás, tirando os móveis cobertos por lençóis carregados de pó, e os quadros que haviam nas paredes, nada mais havia na casa. Harry então pensou no quão inútil isso seria-lhe. Precisava encontrar algum vestígio de para onde a famíla haveria de ter ido, e assim Harry lhes perguntaria se sentiram falta de algo valioso. Isso diria-lhe qual era a Horcruxe procurada. Mesmo sabendo qual era a Horcruxe, Harry precisava saber onde ela se encontrava.
Pensando nisso, ele atravessou outra sala, subiu escadarias, atravessou um, dois corredores, subiu mais escadas, atravessou um quadro que servia de porta (que representava, surpreendeu-se Harry, Gryffindor portando sua espada) até chegar no que parecia ser o sótão. Sótãos servem para guardar-se coisas velhas... relíquias... Ele passa por caixas, muitas caixas, teias de aranhas - umas tão grandes que lembravam Aragogue - e encontra, encostada em uma parede, nada mais do que uma armadura de Gryffindor. Era maravilhosa. Harry teve vontade de vesti-la, mas... falava lhe a espada. A espada na sala de Dumbledore! Espere...
Harry confirmou com o olhar, olhou ao redor para ver se encontrava...
Faltava um elmo à armadura.
Ele voltou ao quadro na entrada do sótão. Realmente, a armadura possuia um elmo, um belo elmo.
_Que está me admirando, jovem cavalheiro? - perguntou a imagem do quadro.
_O senhor é mesmo Godric Gryffindor? - depois de feita, Harry percebera a idiotice da pergunta.
_Sim, meu caro, e pelo que tenho ouvido falar, o senhor é Harry Potter.
_Sim, sim. Sou estudante pela Grifinória.
_Ah, sim, um excelente apanhador, pena que minhas notícias estão desatualizadas... o quadro onde eu preferia ficar manchou, e como meus decendentes estão mais uma vez em viagem, tenho de esperá-los voltar, para resolverem o problema...
_Onde... onde fica este outro quadro?
_Ah, meu caro, eu tenho infinitos quadros espalhados pela Irlanda... Alguns eu só dou uma passada, mas este, na Mansão Gryffindor é com certeza o meu preferido... é de onde eu fico sabendo sobre Hogwarts.
_Humm...
_Que foi?
_A uma semana Hogwarts fora invadida por Comensais da Morte - disse Harry com pesar.
Gryffindor soltara um grito de surpresa.
_Não pode ser! Aquele castelo tem estrutura para impedir esse tipo de invasão...
_Alvo Dumbledore ("Adoro esse homem..."), antes de morrer ("Não!!!"), descobriu sobre as Horcruxes de Lord Voldemort.
_Eu sabia, aquele monstro... Herdeiro de Slytherin. Só rasgando a alma em duas para se sentir satisfeito...
_Ele a dividiu em sete.
_Não! - ganiu ele surpreso.
_Sim, e precisamos destruí-las, se quisermos matá-lo. Temos razões para acreditar que ele pegou uma relíquia de cada fundador para guardar seus fragmentos de alma.
_E você acha...
_Acho que o elmo de sua armadura está sendo usado por ele como Horcruxe.
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