O Expresso Hogwarts



O céu já estava se salpicando de ouro e púrpura quando o belo trem escarlate pára na Estação de Hogsmeade. Harry olha para o lago e sente um profundo aperto no coração ao ver o sol se por majestosamente sobre aquelas águas que presenciaram a pouco o funeral de seu tão grande amigo e mestre. Os alunos embarcaram no trem em um silêncio que saía da rotina anual de excitação. Harry ainda não acreditava no que vira. Poucas horas o separavam daquele lago negro onde estava a Horcruxe falsa - ele a sente no bolso - e daquele sacrifício em vão. Harry, empurrando o malão e a gaiola de Edwiges, entre as outras centenas de alunos, anda pelo corredor dentro do trem ao lado de Rony, Hermione e Gina, que também insistiam no silêncio desde que deixaram a margem do lago, e adentram uma cabine vazia. Fecham a porta e sem se animarem a abrir a janela, se jogam no banco.
A professora McGonagall vinha a bordo também pois temia a segurança dos alunos e talvez essa fosse a última vez que os visse. Ela e o restante do corpo docente se reuniria daqui a algumas horas para decidir o futuro de Hogwarts. Harry não queria acreditar que além de tudo isso, estava voltando para a casa dos Dursley. Estava pensando em como descobriria onde estavam as Horcruxes restantes pela casa deles. Dumbledore destruíra uma, a do anel. Outra fora certamente destruída pelo R.A.B...
_R.A.B...- sussurrou Harry que de repente se sentiu disposto a pensar quem seria este.

O trem passara por campos, bosques e rios. O céu se enegreceu rapidamente e o sono se apoderou de todos. Harry não pensava em dormir. Gina deitou-se em seu colo e Rony a todo momento adormecia lentamente e acordava assustado, voltando novamente a adormecer. Hermione estava acordada, lendo um livro de Runas. Às vezes parava logo que uma idéia vinha-lhe à cabeça, discutiam-na e voltava a ler.
_Você sabe algo sobre o verdadeiro sobrenome de Hagrid não ser esse? - disse Mione abaixando o livro.
_Não, não pode ser "R" de Rúbeo. - Harry olhou para a capa do livro que Mione segurava. - Quem mais poderia ser esperto o bastante para descobrir as Horcruxes?
_Dumbledore não tinha nenhum irmão? Só um outro Dumbledore para ser inteligente como ele era.
_Ou um amigo de Voldemort que tenha o traído...- disse Harry olhando para Gina, tão docemente adormecida em seus braços.
_Você acha que Voldemort revelara sobre as Horcruxes aos seus servos?
_Sabemos muito pouco sobre Voldemort...
_E muito pouco sobre Dumbledore - disse Hermione com os olhos se enchendo de água mais uma vez e voltando a ler o livro, passando o olhar desfocado em suas páginas.
De repente o trem diminui a velocidade. Harry, que não tivera boas experiências em relação à essas paradas, levanta Gina delicadamente e sai da cabine. Nenhum outro aluno estava despertado. Hermione o segue até a cabine do maquinista, onde estaria McGonagall e encontram-no juntamente com a moça do carrinho dos doces caídos sobre o chão, sangue esparramado. Hermione soltou um gritinho de surpresa. Nada da McGonagall naquela cabine. De repente uma mão pousa sobre o ombro de Harry e ele, apavorado se vira.
_O que aconteceu - era Rony. - O maquinista!
_Onde está a professora McGonagall?
_Sr. Potter, Weasley, Granger, o que estão fazendo? - pergunta McGonagall vindo pelo corredor.
_Professora... veja.
McGonagall também se assusta e diz rapidamente:
_Voltem para sua cabine! - os três hesitam e ela continua. - Já!
Eles voltam pelo corredor e, na cabine, pegam suas varinhas. Estava óbvio que haviam Comensais no trem.
_Não pode ter sido Voldemort - disse Harry. - Ele não mata assim suas vítimas.
_Você acha que ele está no trem?
Varinhas em punho, saíram da cabine. Neste momento as luzes do trem se apagam, tornando o corredor muito escuro. "Lumus!" Três luzinhas opacas se acendem. Estava tudo deserto. Do outro lado do trem uma luzinha branca também se acende.
_Quem esta aí? - pergunta Harry.
_Potter? Eu mandei o senhores voltarem para a cabine! E apaguem as luzes e falem baixo, eu vou dar um jeito nesses Comensais.
_Professora? São comensais mesmo lá fora? - pergunta Hermione.
_Sim, são.
_Mas... Voldemort - engole seco. - Não está lá, está? - interroga Rony.
_Não sei, Weasley, mas parece que os Comensais estão esperando ele. - disse ela e com aspereza completou. - Agora voltem!
_Ah, professora, nós temos dezessete anos. - disse Mione. - E provamos hoje à tarde que podemos lutar. A senhora precisa de nossa ajuda!
_Hmmm... está bem. - concordou ela. - Ouçam: pelo que contei são seis comensais. Não os reconheci. V-Voldemort parece não estar entre eles. Precisamos fazer algo... Os comensais...
Mas ela não terminou de falar, pois nesse momento ouviram passos embarcando no trem. Os quatro adentraram uma cabine e observaram por uma brecha três grandes vultos passando.
No mesmo instante McGonagall saiu para o corredor:
_Estupore! Estupore! ESTUPORE!!! - ela gritou freneticamente lançando raios vermelhos pelo corredor. Harry, Mione e Rony saíram logo depois, na direção oposta. Dois Comensais haviam sido derrubados, e haviam outros dois vindo pelo corredor, além do que continuava de pé e avançava para McGonagall. Uma chuva de feitiços veio na direção de Harry.
_Impedimenta! Impedimenta! - gritou enquanto se abaixava. Do chão continuou. - Estupefaça! Estupore! Expelliarmus! - um Comensal caiu e uma varinha voou. Harry rolou para o outro lado do corredor e entrou em uma cabine bem em tempo de desviar de mais alguns raios verdes e vermelhos que vinham. Pelo que percebeu, Rony e Mione estavam em outra cabine e acabaram de derrubar o outro Comensal. O que estava lutando com McGonagall também fora derrubado. A janela da cabine onde estava Harry estava aberta e ele percebeu que o trem havia parado exatamente no meio de uma ponte muito alta. McGonagall, Rony e Mione adentram a cabine.
_Falta um. - disse McGonagall.
Neste momento os dentes de Macnair brilharam à luz do luar que passava pela vidraça da janela. Os três foram presos por cordas finas e firmes que apareceram do ar.
_O Senhor das Trevas vai adorar meu presentinho... - e deu uma gargalhada fria. - Podemos esperá-lo juntos. Você não faz idéia, Harry Potter, do quanto ele esteve o esperando... - Harry forçou inutilmente as cordas.
Ele se sentou no banco, Harry, Rony, Mione, e McGonagall continuaram de pé exatamente onde estavam. Harry ouviu mais passos. Seria Voldemort? Mais comensais?
_EXPELLIARMUS!!! - gritou Gina entrando na cabine e fazendo a varinha de Macnair voar. - ESTUPORE!!! - o raio escarlate pegou em cheio em sua cabeça, fazendo-o cair nocauteado, um filete de sangue escorrendo pelos cabelos.
_Gina! - disse Harry radiante.
Ela desamarrou-os.
_Está cheio de corpos este corredor - disse a garota.
_Precisamos dar um jeito neles - disse McGonagall. - Antes que despertem.
Os cinco arrastaram os seis corpos até a porta do trem.
_O Ministério deve chegar dentro de cinco minutos - disse ela.
_Voldemort chegará antes! - disse Harry.
_Ah, professora, são Comensais! - disse Mione. - Eles não têm amor pela vida.
_Então... vamos jogá-los da ponte? - interrogou ela como se esperasse que a resposta fosse "Não, imagine! Vamos deixá-los aqui até acordarem..."
Jogaram o primeiro, o segundo... viam seus corpos atravessando a grossa neblina branca lá embaixo e sumindo... Macnair acordou e pegou a varinha do último Comensal que estava sendo jogado antes que saísse de seu alcance.
_Expelliarmus! - disse e desarmou McGonagall. Esta quase caiu do trem.
_Estupore! - gritou Harry. Gina correra a socorrer a professora.
_Impedimenta! - Macnair. - Expelliarmus!!! - Harry se abaixou e o raio dourado sumiu no horizonte.
_Expelliarmus!!! - gritaram Mione, Rony e Harry ao mesmo tempo. A varinha do Comensal voou e este perdeu o equilíbrio, caindo do trem. McGonagall se compõe com a ajuda de Gina, com uma feição muito preocupada.
_Muito bem, garotos.
_PROFESSORA! - grita Mione apontando para trás dela, para fora do trem.
Voldemort em pessoa acabara de aparatar ali. Seus olhos vermelhos, sua face pálida como uma máscara... Antes que ele se movimentasse McGonagall se vira e se joga, agarrando-o e derrubando-se do trem juntamente agarrada a ele. Harry, Rony, Mione, e Gina gritam e vêem os dois corpos agarrados caindo e atravessando a neblina até desaparecerem. Harry e Rony olharam perplexos. Gina chora no ombro de Harry e Mione no ombro de Rony.

_Como você é corajosa! - disse Voldemort se desvencilhando do corpo da professora enquanto caíam. O rio já podia ser visto quando ele se soltou , empunhou a varinha e disse antes de desaparatar. - Avada Kedavra! - e McGonagall desabou sobre as águas congelantes.

_Nós temos que fazer alguma coisa - disse Mione.
_Não haveria como dirigirmos o trem... - disse Rony.
_Não, não, a velocidade não seria suficiente - completou Gina.
_Gente... Nós precisamos nos esconder, não é isso? - disse Harry. - Então, vamos nos esconder de uma maneira inteligente... Mione, pega seu livro de Feitiços.

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