Natal Weasley
Capitulo 3: Natal Weasley.
Thora entrou no hospital esfregando as mãos cobertas por suas luvas desgastadas, estava com frio. Pegou o elevador e logo já estava no corredor do quarto de Carlinhos (tomara liberdade de chamá-lo de Carlinhos). Rodou a maçaneta e entrou, mas não viu nenhum Weasley. Deu um suspiro e sentou-se na pequena cadeira ao lado da cama, geralmente usada pela Sra. Weasley. Ficou olhando ele durante um bom tempo, até que se cansou e procurou em sua bolsa algum livro. Olhou para o livro e depois para ele, e hesitando começou a falar:
- Sabe, quando te conheci você estava com esse livro, eu rapidamente o comprei, é bem interessante não é? Você não gostaria de me explicar depois algumas coisas? Eu não sou boa em dragões como você e além disso...
Ela parou e tampou o rosto com as mãos:
- Até que ponto vou chegar falando com uma pessoa em coma? Thora você não tem futuro.
Olhou novamente para ele:
- Eu quero que você me desculpe por essa palhaçada, você não está ouvindo mesmo, mas que se dane! Eu sei que você vai acordar e não irá me reconhecer e será uma confusão, céus, eu sei, eu sou terrível, mas... mas é que eu... eu... eu gosto de você.
E realmente parou de falar. Ficou olhando para o ruivo deitado, e na sua cabeça vinha sempre àqueles pensamentos “Bem que Lina tinha razão, ela bem que disse: garoto ruivo no teu caminho é problema... ela e suas predições...”.
Olhou para a parede e viu um recado, o pegou e leu com um sorriso.
- Seus parentes são amáveis sabia? Você tem sorte, muita sorte. Quem me dera...
- Srta. Ingalls? – Ela deu um pulo ao ver uma enfermeira entrar.
- Ah! Olá! – Thora deu um pequeno aceno a ela.
- Os médicos disseram que ele provavelmente melhorará. Não me leve a mal, mas como vocês conseguem? Você sabe... ter... relacionamentos sexuais?
- O QUÊ? – Thora berrou quase deixando o copo de água que segurava cair.
- Desculpe-me... mas... você sabe, como ele não tem uma das.. ahn... você sabe... não fica estranho?
- Nós não... – Thora tentou se recompor.
- Oh! Desculpe-me, novamente! Vocês devem estar esperando a lua de mel! Fique sabendo que isso não interferirá a vocês dois terem filhos, eu acho, quero dizer...
Então Thora realmente entendeu do que a enfermeira falava e corou.
- Eu sei...
- Bem, terminei o meu trabalho aqui. – A enfermeira acabou de checar os aparelhos e ver se as poções estavam certas. – Até mais.
- Até! – Thora deu um sorrisinho falso.
Olhou de volta para Carlinhos sem graça.
- Bem, agora eu sei um pouco mais sobre você.
E saiu da sala.
Thora morava junto a uma pequena corujinha dada por Lina, que vivia sumindo embora voltasse em alguns dias. Daquela vez, porém, ela vinha demorando mais de um mês, e depois de tantas preocupações, Thora teve de aceitar o fato de que sua corujinha tinha morrido. Mas qual não fora sua surpresa ao ver essa em fora da janela, esperando pacientemente que Thora abrisse a janela para que ela entrasse e pudesse se aconchegar nos braços da dona e comer um pouco.
- Ora, ora, Rori que passeio tão longo foi esse? Travessa, aposto que está morta de fome e deve ter ficado doente! Levarei-a no veterinário amanhã de manhã, menina travessa!
Abriu a gaiola e colocou Rori dentro que rapidamente correu para sua tigela de comida. Thora observou a corujinha comer e deixou seus pensamentos voarem tão longe quanto aquela pequena coruja deveria ter voado durante esse mês todo.
Pensava sobre sua situação atual e uma forma a qual ela poderia terminar, muito bem, o que era impossível. Ela havia se metido numa das piores enrascadas que qualquer um poderia imaginar, e estúpida, não dera um fim naquela farsa.
Mas como daria? Ok, a quem ela queria enganar? Ela não queria terminar isso. Porque não ficar com o homem que amava platônica por anos, caso ele perdesse a memória? Poderia ser algo terrível e sem caráter, mas ela ao menos cuidaria dele, certo?
- Ai! – Thora berrou quando Rori bicou seu dedo, certamente pedindo mais comida, pois a tigela estava vazia. – Já vou!
Pôs mais comida na tigela e deu-se conta de que não tinha comida para si mesma. Lembrou-se então do convite dos Weasley, eles comemorariam o Natal só naquele dia, graças ao incidente ocorrido com Carlinhos. Daria trabalho, muito trabalho usar o pó de flu a essa hora para ir para a Inglaterra, mas ela iria arriscar.
Aprontou-se casualmente e fechou bem cuidadosa a gaiola de Rori para que essa não resolvesse dar mais um passeio. Aparatou para a estação de transporte de pó de flu.
Milagrosamente, não foi muito difícil conseguir a permissão para ir a Grã-bretanha. Leu o endereço dado por Molly e dizendo “A Toca” viu-se dentro de uma simpática casa apertada. Thora pode reconhecer a sua frente a menina, Gina, conversando com um garoto de cabelos pretos que usava óculos.
- Thora? Que bom que veio! Veja, Harry, essa é a noiva de Carlinhos!
- Oh, prazer! Harry Potter, acho que já me conhece, certo?
Thora arregalou os olhos. “Harry Potter? Que honra!” Porém, não pode trocar qualquer palavra com ele pois Molly surgiu junto a Arthur a abraçando e a arrastando para a cozinha, falando milhares de coisas:
- Estamos tão felizes que você veio! Pensamos que teria dificuldade na estação de pó de flu! Fiz um peru com um ótimo recheio, espero que goste como os meninos gostam! Carlinhos amava, uma pena que ele não vem mais aqui para comer.. – Os olhos dela abaixaram por uns instantes. – Bem, mas está tudo bem com ele? Não pudemos visitá-lo hoje!
- Está tudo sobre controle, Sra.Weasley. Posso lhe ajudar?
- Oh, querida, não precisa. Mas se você quiser, tenho que ralar aquela cenoura, faria isso para mim? – Molly sorriu e voltou sua atenção a um pudim. – Ah, me chame de Molly, Thora!
- Está bem, Molly. – Thora sorriu e lavando as mãos pegou o ralador e começou a ralar a cenoura.
Sentia-se estranhamente feliz, achava que aquela gente de alguma forma gostava dela e lamentava-se só de pensar em perder isso, imagina ter o desprezo deles depois que os confessasse a verdade?
- Oh, Thora, como está? Que bom que veio! – O rapaz de óculos, Percy apareceu na cozinha.
- Vou bem, boa noite, Percy.
Thora sorriu, o rapaz era demasiado pomposo. Viu então uma moça surgir ao seu lado sorridente.
- Essa é a Penélope, minha namorada.
- Prazer. – Thora esfregou as mãos num pano de prato. E ergueu a mão para a moça. – Sou a Thora.
- Já ouvi falar a seu respeito, Thora.
Thora não respondeu pois Molly abriu o caminho entre as duas com a travessa do peru na mão.
- Queridas, vocês podem me ajudar trazendo as travessas? Percy, você vai chamar seus irmãos!
Thora seguiu Molly até uma parte do jardim que estava enfeitiçada e a neve não caía em cima de uma enorme mesa graças a um toldo invisível. Thora foi postar perto de Molly e Arthur, e a sua frente estavam uma cadeira vazia que ela pensou que fosse de Carlinhos, mas não era. Era do irmão mais velho desse, Gui, que ela ainda não conhecera.
Viu todos sentarem-se a mesa. Thora poder ver mais ao fim da mesa os gêmeos com três garotas e um garoto, o menino alto, Ron, e a menina, Gina com Harry Potter, e uma menina de cabelos rebeldes ao lado de Ron, depois Percy e Penélope e por fim ela, e o Sr. e a Sra.Weasley.
Estava numa família, que até então ela nunca tivera e sempre desejara ter.
- Gui deve estar para chegar, querida. – Molly começou – Você ainda não o conheceu.
- Falando nele... quem aparece? – o Sr.Weasley riu.
Thora virou-se e viu um homem grande de cabelos ruivos também, longos e presos num rabo de cavalo escondido. Vestia-se bem inusitadamente para um rapaz que fosse mais velho do que Carlinhos. Botas de couro, jaqueta de couro e quanto mais ele chegava perto Thora poderia ver um brinquinho.
E diferente do que ela pensou, ela acabou gostando dele.
- Sente-se aqui, querido! – Molly logo berrou e o rapaz desabou na cadeira, sorrindo.
- Boa noite, mamãe.
- Coma querido, você deve estar cheio de fome. – Molly fechou a cara. – Não cortou o cabelo.
- Cortei um pouco sim. Admita mãe.
- Mas ainda está grande. Você não acha, Thora? Ah sim, essa é a Thora, Gui, a noiva de Carlinhos, você acredita que ele nem nos contou que estava noivo? Devia estar deixando para contar hoje.
- Noiva de Carlinhos?
- Ele, ao menos, resolveu se assentar, gostaria que também fizesse isso meu filho. – Arthur comentou.
- Ah, papai...
Eles continuaram a conversar, fazendo Thora às vezes entrar no assunto, mas ela rápida saía da conversa e voltava sua atenção à seus pensamentos. Aquele homem a intimidava, a forma a qual ele falara “noiva de Carlinhos” fez com que ela ficasse em alerta, ele poderia descobrir tudo.
Thora procurou logo tentar ir embora, porém a forçaram ficar até a troca de presentes o que a deixou encabulada, não comprara nada para ninguém. E para sua vergonha Molly e Arthur e Gina haviam dado presentes a ela, que não tinha nem um chiclete para dar a eles.
Porém, eles não pareceram se importar com isso, eram bem alegres e Thora percebeu a simplicidade dos presentes, não eram ricos. Abriu o presente de Molly e Arthur e viu um suéter vermelho com um enorme T em dourado.
- Que lindo!
- São os famosos suéteres Weasley, que são muito bons! – Ron disse, sem se importar, milagrosamente, com a cor de tijolo de seu suéter.
- Esperamos que goste. – Molly sorriu. – Arthur e eu ainda não tivemos tempo de pensar no que iremos dar a você e Carlinhos.
- Ora, não se preocupem com isso.
- Vista o casaco. – Sugeriu Ron, animado.
- Você gostou do meu presente? – Gina estava curiosa.
- Quer ver nossos inventos? – Fred e Jorge perguntaram a ela.
Thora estava tonta de tantos convites, tantos assuntos. Conseguiu se situar bem, e fez tudo o que a diziam ou sugeriam para fazer. Depois de passar uns quinze minutos conversando com Gina, Thora pode sair para tomar um ar fresco e para sua surpresa encontrou-se com Gui, fazendo-a dar meia volta, mas ele a viu:
- Hey, o que foi?
- Nada só estava passando por aqui.
- Carlinhos está bem mesmo?
- Os médicos dizem que a qualquer minuto ele acordará.
- Isso é bom, não é? – Gui viu-a responder que sim com a cabeça. – Obrigada por salvar a vida do meu irmão.
- O que? Ah, não, quê isso, eu tinha que salvar né?
- Mesmo assim, foi um grande ato de coragem.
Thora ficou sem saber o que dizer, então sorriu e para sua surpresa ele também sorriu, e tinha um sorriso lindo. Ficaram ali sorrindo um para o outro, feitos crianças desocupadas que acabaram de ganhar um doce. E a neve caia.
(continua...)
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