Uti Possidetis
Capítulo 23 – Uti Possidetis
Meia hora depois, Harry estava entrando no salão comunal. – Onde você estava? – perguntava um pálido Rony completamente irritado.
Como se não tivesse sido interrompido seu percurso, o moreno se sentou e passou a escolher o que comer. – Bom dia pra você também Rony – disse sarcasticamente.
-Não. O dia não tem nada de bom – retrucou seco. – Onde você estava?
-Dá pra ficar calmo? – Harry pediu franzindo a testa. – Só perdi a hora, está bem? Estive a noite inteira acordado procurando alguma falha na formação que escolhi. Satisfeito? Agora pode deixar que eu me alimente? – redargüiu impaciente. – Onde está Mione? – perguntou minutos depois, como só agora desse por sua falta.
-Até agora não apareceu – Gina falou.
–Mas não se preocupe, deve estar na biblioteca – Lilá completou marotamente.
-Então Harry, preparado?
Ele apenas sorriu marotamente, uma morena acabara de aparecer na entrada do salão comunal. Seus olhos se encontraram e o rapaz simplesmente não conseguiu deixar de sorrir. Era ela.
Emanando um ar concentrado e imponente Hermione vinha, andando calma e decididamente pela área do salão até a mesa grifinória.
-Bom dia! - ela sentou ao lado de Harry, - Bom dia, Harry - sua mão passeando casualmente pelas costas dele enquanto o cumprimentava.
-Bom dia Mione... – ela lhe ofereceu um sorriso maior ao perceber o leve tremor no corpo do rapaz. - Estava na biblioteca?
-Não exatamente – disse. – E você? Preparado para o jogo?
Ele sorriu. – Creio que sim. Foi como disse ao Rony, estive a noite inteira ontem revisando a nossa tática de quadribol.
-Você não está cansado? - indagou com ar preocupado tocando sua face.
-Só um pouquinho – respondeu escorando-se na mão dela. – Mas repetiria a noite de ontem quantas vezes pudesse – disse apertando a mão dela na sua, por baixo da mesa.
Hermione ergueu a sobrancelha sorrindo e se aproximou para beijar seu rosto. –Eu também, senhor Potter – murmurou. - Então espero que tenha sorte – retrucou se afastando.
-Eu terei.
**
É. De fato, Harry tivera sorte. Conseguira pegar o pomo em quinze minutos de jogo.
Agora, a torcida da grifinória gritava animadamente o nome do capitão do time. Este, após receber da diretora o troféu de campeão, fora carregado pelos colegas de time em direção ao castelo para o que parecia ser uma festa sem hora para acabar.
Ao entrar pelo retrato da mulher gorda, Harry percebeu que tudo já estava armado, como se todos já soubessem da vitória antecipadamente.
Hermione observava-o sorrindo - Harry parecia algum talismã da sorte, porque todos queriam apertar sua mão, tocar, falar com ele. –, talvez aquela conversa demorasse mais do que imaginava. Mas não se importou, ela sentou-se em uma das poltronas ao canto do salão – onde poderia observar todo o lugar – e pegou uma cerveja amanteigada oferecida por um quartanista que logo depois sumiu na multidão.
Ela poderia ficar ali por horas, apenas desfrutando da companhia de mais algumas muitas cervejas amanteigadas. E ficaria. Mas sua atenção – algum tempo depois - voltou-se novamente para Harry, e este já não estava tão sufocado por colegas de casa querendo tocá-lo... Na verdade, - ela estreitou os olhos – o rapaz estava sendo cercado por algumas garotas. E Hermione tinha certeza quando observou Partavi, que esta liderava o bando. Ela se levantou de supetão, deixando Lilá, que ia a sua direção, confusa.
-Creio que já esteja de bom tamanho esta entrevista – disse quando estava ao lado de Partavi. – Ah. Desculpem-me meninas... Mas preciso falar com Harry. Agora – falou puxando-o pela mão sem cerimônia, sem se importar também com o chiado de muitas delas. Hermione, para o espanto das garotas que estavam com o moreno, sumiu de vista ao quase carregá-lo para fora do salão comunal.
**
-Estava se divertindo? – ela indagou erguendo a sobrancelha enquanto o soltava e voltada a andar normalmente.
-Está com ciúmes? – quis saber por sua vez, sorrindo levemente enquanto a seguia.
-E se dissesse que sim?
-Nós teríamos que conversar, sabe – ponderou falsamente. – Quero dizer... Por que, exatamente, Hermione Granger teria ciúmes de Harry Potter?
-Pelo mesmo motivo, talvez, que Harry Potter sente ciúmes de Hermione Granger, quando esta está conversando com algum rapaz que não seja o próprio – retrucou fingindo pensar no assunto.
Harry lhe ofereceu um sorriso sem graça. - Tudo bem, eu admito, não gosto muito que outros rapazes se aproximem de você... Mas o que posso fazer?
Ela ignorou sua pergunta. – E por que não? – indagou abrindo a sala precisa.
-Você é minha melhor amiga, eu tenho que protegê-la – retrucou sentando-se na poltrona que aparecera.
-Então é por isso? Eu sou sua melhor amiga e preciso de proteção?
-Há um motivo melhor? – indagou rindo.
-Não sei, me diga você – disse sentando-se ao seu lado.
-Tudo bem – ele suspirou – vamos falar sério agora, Ok? – ela assentiu. – O que você sente quando me olha? – ela franziu a testa confusa. - Lembra-se? Já havia me perguntado isso - e então se lembrou...
-Harry, o que você sente quando me olha? – Hermione indagou repentinamente, atordoando-o.
-E-eu – ele franziu a testa. – Você é minha amiga.
-Exatamente – falou com um sorriso pequeno. – É assim que tenho Justino, entende? – ele assentiu. Ela suspirou – Vamos, se continuarmos parando a cada minuto não chegaremos à madame Pomfrey tão cedo.
Ela se viu sem palavras. O que poderia dizer? Que se sentia derreter quando ele a beijava. Que bastava um toque seu para que se arrepiasse? Ou que quando o olhava nos olhos lembrava-se que estava completamente apaixonada por ele?
-Eu disse simplesmente que você era minha amiga - ele falou. - Você é. Mas fui omisso em dizer apenas aquilo. Sabe o que eu vejo, o que eu sinto quando te olho?
Hermione o fitou. – Gostaria muito de saber – sua voz não passando de um sussurro.
-Eu me sinto perdido. Totalmente – respondeu com um sorriso, balançando a cabeça negativamente. – De repente eu apenas enxergo você numa multidão... E o seu toque é como um choque na minha pele. Quando você sorri... É como se um milagre estivesse acontecendo... E a noite se transformasse em dia. Eu vejo a melhor amiga que não tenho idéia quando se tornou à mulher mais importante da minha vida – ele acariciou seu rosto. – Me desculpe está bem? Nunca esteve em meus planos me apaixonar por você.
-Não se desculpe por isso – ela retrucou olhando-o severamente. – Alguém, um dia, me disse que isso acontece com todos. Cedo ou tarde. E que não se pode impedir.
Ele sorriu amargamente. – Te juro. Se houvesse um modo, eu o procuraria.
-Se houvesse um modo, não o buscaria – ela contrapôs lentamente.
-O que? Você, Srta. Granger, que nunca vai se apaixonar – retrucou em remoque.
A morena sorriu. – É muito tarde, Harry. E de súbito o que sempre esteve em primeiro lugar para mim, tornou-se pó.
-Explique-se – pediu voltando-se completamente a amiga.
-Será um prazer. Antes, no entanto, responda-me uma pergunta.
-Vá em frente.
-O que fez comigo? – ele a olhou interrogativo. A morena anelou – Morro de ciúmes de qualquer garota que posso ter o prazer de desfrutar sua companhia. Encontro você em todo lugar que ponho os olhos... Eu perco o chão quando me toca. E quase desvaneço quando me olha daquele modo, como se eu fosse sua – ela voltou seu rosto e olhar para Harry. – E agora eu pergunto: O que você fez comigo, Harry James Potter?
-Responda-me você.
Hermione segurou o rosto do amigo com as mãos e o estudou. – Depois daquela troca que fizemos, nunca mais pude ser a mesma. E creio que saiba que dei muito mais do que recebi... – ela se aproximou dele, olhando por um momento seus lábios, para depois lhe fitar os olhos. - E esteja certo, Harry, irei cobrar até a última gota do que me deve – segredou já na sua boca. E o beijou voraz.
Ela sorriu quando o rapaz se inclinou sobre ela, a fazendo cair deitada no sofá. Ele mordiscou os lábios dela e lhe deu um selinho. – Estarei satisfeito em colaborar – murmurou traçando com um dos dedos os lábios dela, antes de Hermione morder de leve este. Ele ergueu a sobrancelha assim que sentiu a mão dela em suas costas, puxando a camisa de seu uniforme. – Estou enganado ou não tem boas intenções para comigo? – sussurrou ajudando-a a retirar a blusa, antes de beijar-lhe o pescoço.
Ela riu gostosamente quando, depois do moreno a ter puxado para si, lhe roubado um beijo e retirado seu sutiã por baixo da blusa que usava, ele lhe mostrou a peça como se fosse um troféu. – Nenhuma. Senhor capitão – ela retrucou maliciosa e sedutoramente, fazendo-o esquecer o sutiã e beijá-la novamente.
-Eu amo você – ele disse juntando sua testa na dela.
-E eu a você, Harry. Amo muito. E não sabe o quanto é difícil admitir que estive errada todo esse tempo.
-Para mim, você sempre, ou melhor, quase sempre, está certa – disse a fazendo rir e puxá-lo para mais um beijo. Sua mão deslizando pelas costas dele, sentindo-o arrepiar-se.
A porta foi aberta e, quebrando o beijo, Harry e Hermione observam os intrusos sem ação. - Er... Desculpem-nos – Rony disse completamente vermelho.
Silêncio.
-Vocês pretendem mesmo ficar por aqui? – Hermione indagou observando Rony e Lilá, estacados no mesmo lugar.
-Não! Mil desculpas Hermione... Harry – Lilá disse saindo do torpor, lhes dando as costas e abrindo a porta para sair.
–Isso quer dizer que vocês voltaram? – Rony pergunta, parando a caminho e sorrindo marotamente. Como resposta recebe uma almofada em sua direção, jogada por Harry. – Ok. Ok. Eu entendi! – e a porta foi fechada atrás deles.
Fim
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Comento no epílogo, tá?^^
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