quarto.
#Contos de Fadas - um conto de Nah Black.
- Não, Gina, não pode estar escrito, não sei aonde você viu isto. - Hermione apertou um sorriso, fechando o livro grosso de Poções, enquanto virava-se para encarar a ruiva que parecia exausta, escrevendo apertadamente em um pergaminho amarelado.
- Ok, Mione, foi invenção minha mesmo, só quero terminar isso tudo antes que o meu cérebro exploda... - ela respondeu quase num murmúrio, sem desviar sua atenção do pergaminho.
A morena riu, passando a mão pelos cabelos. Ajudar Ginny a fazer os deveres a distraía.
- Então, está feliz? - Gina quis saber, erguendo a cabeça do pergaminho e sorrindo para ela de volta.
- Mais do que nunca. - ela respondeu - ele só não é perfeito porque ninguém é. Mas na minha opinião, se aproxima muito disso.
- Estou feliz por você, sabe... isso ter acontecido logo depois de todo aquele rolo.
- Obrigada. Eu estou muito feliz por mim também.
Elas riram e Gina voltou-se, com um suspiro, para o pergaminho.
- Que porcaria quer dizer estetogonóide? - ela perguntou, pressionando os lábios, depois de algum tempo pensando.
Hermione coçou a cabeça por algum tempo, lembrando-se. Depois, desatou a falar:
- Estetonogóide é um antídoto feito contra as doençãs cardíacas e serve como poção de revigorar vampiros quando eles... - ela foi falando, sem reparar que um par de olhos azuis acompanhavam cada movimento de seu corpo e suas mãos.
Harry perguntou-se se por um segundo ela tinha sentido o olhar dele - mas sem entender porque diabos ficava se perguntando aquilo. Hermione estava linda, a saia do uniforme, de pregas, deixava uma parte de sua coxa alva à mostra e ele se pegou desenhando as curvas de Hermione por baixo das vestes. Ronald estava do seu lado, jogando uma bolinha que mudava de tonalidade conforme a altura.
- E aí, Harry? Temos tudo pra ganhar esse jogo, não é? - o ruivo perguntou distraído, jogando a bolinha no ar.
- Ah, eu vou. Ah, se vou. - Harry estreitou os olhos um pouco quando Hermione gargalhou de alguma piada de Gina, inclinando a cabeça para trás, e seus cabelos ondulados castanhos balançaram em suas costas.
Ron franziu a testa e acompanhou o olhar do amigo. Quando percebeu, jogou a bolinha na testa de Harry:
- Idiota! Eu estava falando do jogo contra a Sonserina depois de amanhã! - ele riu, depois de revirar os olhos.
- Auch! - fez Harry, atirando a bolinha de volta para Ron - eu também estava falando disso! É claro que vamos ganhar do Malfoy.
- Eu estou falando do time da Sonserina, Harry. Tudo bem que o Malfoy é um idiota - ele diminuiu a voz e lançou uma olhadela para Hermione - e tudo bem que eles jogam mal. Mas vamos ganhar do time inteiro.
- É isso aí, cara. Idiota e joga mal.
Rony mexeu nos cabelos e enfiou a bolinha no bolso das vestes. Sabia que conversar com Harry quando Hermione estava em um mesmo aposento era quase apavorante, tamanha a teimosia do outro.
- Vamos pro dormitório. - ele chamou, levantando-se para espreguiçar - você tá fedendo.
- Pode ir, Ron, daqui a pouco eu subo - respondeu Harry, tornando a olhar para Hermione com a fixação de antes.
- Ok. Boa noite. - o ruivo atirou, e subiu as escadas.
Hermione e Gina estavam rindo quando Harry percebeu que um garoto loiro de olhos escuros, Albert Grunt, aproximou-se delas com uma lisonja maior para a ruiva, e logo Mione deslizou com seu livro para a outra ponta da mesa, disfarçando. Harry não contou cinco minutos, e o garoto estava beijando Gin ferozmente.
Hermione corria os olhos pelo livro, refletia, e depois escrevia, concentrada, em um pergaminho. Harry de repente sentiu-se tentado a ir até ela. Levantou-se e, com passos demorados, passou a mão pelo cabelo negro até que chegou na frente da morena.
- Hey, Hermione. Como vai? - ele perguntou, amistoso, e recebeu um olhar frio.
Hermione sentiu o sangue ferver, mas desviou os olhos dos dele e continuou a escrever a frase que estava se repetindo em sua mente. "Adicione uma colher de benzoar, três colheres de cinz..."
- Haam, como vai, Hermione? - ele repetiu, e a frase desapareceu de sua mente.
Ela enrusbeceu, irritada, e colocou a mão na testa pára se lembrar de quê diabos eram as cinzas.
- Hey. - ele chamou de novo - está surda?
- Não, você está! - ela finalmente falou, com dois dedos nas têmporas - eu deixei bem claro que não quero mais falar com você.
- Que diabos! Você sabe que não é verdade que me odeia, Mione. Só queria saber como está.
Hermione fraquejou com o "Você sabe que não é verdade que me odeia", mas apenas meneou a cabeça, mais irritada ainda.
- Estou ótima - respondeu calmamente, se contendo - obrigada por se interessar! Agora, se não se importa...
- Quer que eu saia? - ele fingiu indignação.
Hermione estreitou os olhos. Desde quando Harry estava se tornando cínico?
- Eu não vou nem responder. - murmurou.
- Por quê?
Seus nervos pulsaram e ela finalmente explodiu:
- Porque eu estou muito bem aqui, sozinha, Potter, e ao contrário do que você tem em mente, eu não vou voltar a ser sua amiguinha! Estou realmente ótima, bem assim, não venha mexer na minha vida mais uma vez!
Harry ajeitou os óculos no nariz e deu um sorriso sem graça:
- Me desculpe. - pediu, sincero demais - eu só queria saber como estava.
Hermione sentiu-se grossa, mas verdadeira. Seria bem difícil - mais difícil do que já estava sendo - continuar assim sem Harry, sem poder conversar com ele ou coisa parecida - foram tantos anos! Mas ele havia quase pedido, não é mesmo? Ele a havia apostado. Isso havia sido o bastante, e seu orgulho era enorme demais para deixar perdoar.
- Quer saber? Boa noite. - resmungou, fechando o livro com força, sentindo-se fraca.
Quando as escadas rangeram sob seus pés, ela parou por um instante, lembrando-se daquela noite em que beijara Harry e espreitara sua conversa com Ron escondida no corrimão. O quanto realmente sabia daquele dia? "Arght, o quanto eu não quero saber daquele dia", ela corrigiu-se, e tornou a subir os degraus.
Não havia ninguém no dormitório. Ela jogou os livros sobre a sua cama, e sentiu a cabeça latejar. Uma poção. Deitou-se na cama, de bruços, e inclinou-se para pegar alguma coisa na gaveta da mesinha da cabeceira. Foi quando a viu; linda e emoldurada, uma foto dela e de Draco perto do lago, primeiro discutiam sobre a pose da foto, e depois ele simplesmente abraçou-a por trás e roubou-lhe um beijo. Ela havia mandado uma cópia para sua mãe. Acariciou os cabelos muito claros do namorado com o indicador e suspirou, pensando no quanto tinha sorte. Amava aquele garoto, de todo o coração. Aprendera a gostar dele, e finalmente entendera porque ele era toda aquela máscara. Ela principalmente queria ajudá-lo a sair daquela sociedade narcisista e falsa na qual havia nascido e crescido.
Depois de colocar a foto novamente na superfície de madeira da mesinha, uma outra, meio escondida/esquecida, a fez espremer os olhos. Faziam cinco anos que haviam tirado aquela; ela, Harry e Rony, sorridentes e débeis, fazendo brincadeiras que eram muito engraçadas na época. Era incrível como interagiam, melhores amigos. "Nós vamos estar sempre aqui", ela havia dito a Harry uma vez. O que estava acontecendo com aquele ano? Porque ninguém estava atrás de nascidos trouxas ou de Harry, e finalmente tirando aqueles olhos azuis e profundos de cima de si?
Ela suspirou novamente, e colocou a foto em uma moldura vazia ao lado da sua e de Draco. Não fazia sentido deixar aquilo se perder no tempo. Tomou uma poção para a dor de cabeça e depois tomou um banho, e seu corpo relaxou e ficou sonolento, até que finalmente caiu na cama, e dormiu.
A noite toda, sonhou com castelos e fadas, e príncipes sem rosto que vinham de vassoura com vestes incrivelmente lindas lhe oferecer a mão para um passeio. Ela era a princesa, e sorria muito, muito feliz. Um final perfeito. Um conto de fadas que ela desejou que não acabasse com o bip do despertador.
n.a: ree. 11/05/09
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