O Segredo de Dobby
Bem... novamente, perdoem-me pelo tamanho excessivo.´
Beijos.
Angel.
Capítulo 14 - O Segredo de Dobby
Na manhã seguinte, Harry acordou quando o primeiro raio de sol irrompeu no quarto, dançando alegre sobre seu rosto. Ele sorriu e espreguiçou-se, virando-se para o lado para contemplar Hermione que dormia tranqüila. Ela parecia branca, mas branca do que de costume, e seus lábios estavam roxeados. Preocupado, Harry olhou para o peito da garota e viu que o pingente estava sobre a camisola.
Dumbledore havia lhe dito que a lasca da pedra filosofal devia ficar sempre em contato com a pele. Imaginou se, o simples fato de o pingente estar separado da pele, apenas por uma fazenda, influenciaria no resultado. Pelo jeito, sim. Pois quando Harry afastou os cobertores para olha-la melhor, viu que na camisola branca havia uma grande mancha vermelha.
Com cuidado ele puxou a camisola e colocou o pingente para dentro, para que a pedra ficasse em contato com a pele alva. Quando levantou os olhos para o rosto de Hermione, viu que ela estava acordada.
- O que está fazendo? – perguntou ela, desconfiada.
- Bem... er... eu só...
Hermione puxou o cobertor e cobriu-se até o pescoço, encolhendo-se no canto da cama.
- Hermione... você não está pensando que eu sou um tarado, não é?
Hermine deu de ombros.
- Você dormiu a noite inteira ao meu lado, nós dois estávamos abraçados. E não foi a primeira vez. Não acha que eu tentaria algo se fosse mesmo um tarado?
- Não sei! – disse ela, parecendo divertida.
- Boba! – disse Harry, puxando-a pelo pulso e fazendo-a cair em seu colo. Harry tirou os fios de cabelo do rosto de Hermione enquanto os dois riam à beça. De repente, seus olhares se cruzaram e os dois pararam de rir.
Harry se aproximou e roçou seu lábios, beijando seu rosto, sensualmente.
- Eu bem que gostaria, Hermione de tê-la completamente! – disse ele sussurrando nos ouvidos dela, fazendo-a estremecer em seus braços. – Mas eu não sou um canalha. Não vou fazer isso com você.
- Mesmo se eu quiser, Harry? – disse Hermione, beijando-o, acariciando-o, fazendo o desejo de Harry aumentar.
- Não, Hermione... nem mesmo assim. – disse ele com dificuldade e reunindo todas as forças se afastou dela. – Acho que já está na hora de levantar. Eu preciso ir para Hogwarts.
Harry levantou e começou a desamassar a roupa, quando viu que Hermione havia se encolhido na cama.
- O que foi, Mione? – ele perguntou, colocando uma de suas mãos sobre o ombro dela.
- Você não gosta de mim, Harry? – ela falou, parecendo magoada.
- Não, Mione... eu não gosto de você, simplesmente... eu A AMO, mas do que qualquer coisa nesta vida. É por isso que não posso fazer isto com você. Eu quero que seja num momento especial, num momento sublime de uma entrega total.
Harry pensou em se afastar novamente, mas Hermione agarrou seus braços.
- Talvez este seja o último momento para isto, Harry. Talvez seja o último momento para ficarmos juntos... – disse ela, com um brilho estranho no olhar. Um brilho que amedrontou Harry, pois sabia que ela estava tentando lhe dizer algo. – Você mesmo disse que nossos caminhos não poderiam se cruzar... ou você... bem...
Foi preciso muita força de vontade para que Harry se afastasse dela naquela hora. Era tudo o que mais desejava. Hermione apaixonada, pedindo seu amor. Mas não podia. Não podia fazer aquilo por tantas razões que listá-las seria perda de tempo. Mas, de todas as razoes, havia duas que Harry escolheria: primeiro, porque realmente queria amar Hermione num momento especial, quando todas as ameaças sobre suas cabeças cessassem, mesmo correndo o risco de jamais acontecer e; segundo, porque aquilo poderia ser um novo truque para ludibriá-lo, para enganá-lo, para seduzi-lo e desvia-lo do caminho que deveria seguir.
- Eu amo você, Hermione. Um dia, você vai perceber o quanto. Mas não hoje, não agora... Eu vou embora agora. Eu sei que você não vai estar aqui quando eu voltar, mas eu quero que saiba que jamais vou esquecer você e tudo o que vivemos juntos. E se o pior acontecer.... eu só quero que saiba que vou fazer o que é certo pela humanidade... e o que é errado para mim. Depois que tudo acabar... se o pior acontecer... eu vou para onde você for.... você entendeu, Mione? Espero que sim, porque isto é tudo o que posso lhe dizer...
Hermione sorriu quando Harry imitou seu clichê e deixou o braço dele escapar de suas mãos, não sem antes arranha-lo levemente, de modo que um pequeno filete de sangue ficasse sob as suas unhas. Quando enfim, ele abandonou o quarto, Hermione levou a mão ao peito. Estava doendo, mas valera a pena. Com cuidado, pegou um pequeno recipiente e espremeu a unha para que uma minúscula gota pudesse cair...
Harry aparatou na estrada que ia para Hogwarts e começou a subir a colina. Gostaria muito de ir a Hogsmeade tomar cerveja amanteigada, mas aquilo podia esperar. Era imprescindível ver como as coisas andavam em Hogwarts e ainda mais crucial, achar Dobby.
Quando enfim, cruzou o saguão de entrada, viu que todos estavam se encaminhando para o salão principal e resolveu segui-los.
Todos revolveram os olhares para ele quando cruzou a porta, mas ele não ligou e começou a se encaminhar para onde os Wesleys estavam.
- Como vocês estão? – disse Harry, colocando as mãos nos ombros de Jorge e Fred e depois, sentou-se entre Gina e Rony.
- Oh, Harry! – disse Gina, recostando-se em seu ombro. – É tudo tão horrível. Eu não consigo acreditar no que houve!
- TODOS QUIETOS! – gritou uma voz que Harry bem conhecia e todos se viraram para a mesa dos professores!
A professora Minerva deveria estar no lugar de Dumbledore enquanto fosse a diretora provisória, mas ela não estava. Em seu lugar estava Snape, tão autoritário quanto poderia ser.
- COMO TODOS SABEM, DUMBLEDORE ESTÁ ENTRE A VIDA E A MORTE NA ALA HOSPITALAR NUMA COMA MÁGICA, O QUE PODE SIGNIFICAR QUE ELE NUNCA MAIS VENHA A ACORDAR. TAMBEM DEVEM SABER QUE VICTOR KRUM ESTÁ MORTO. CONFORME VOTACAO DO CONSELHO MINISTERIAL, NO QUAL MUITOS DE SEUS MEMBROS ESTAO AQUI PRESENTES, EU DEVO SUBSTITUIR KRUM NO OFICIO DE MINISTRO DA MAGIA.
Os burburios se espalharam pelo salão. Pelo que Harry via, poucos sabiam do que estava acontecendo até aquela hora.
- E também a direção temporária de Hogwarts ficará a meu cargo, já que a professora Macgonagal se absteve desta função.
- Maravilhoso! – disse Harry, sem empolgação.
- ESTAMOS SOB FORTE AMEACA DOS COMENSAIS QUE, MESMO COM A MORTE DE V-VOLDEMORT, SEU LIDER, NÃO INTERROMPERAM SUAS OPERACOES E FIZERAM NOVAS ALIANCAS CONTRA O POVO MAGICO. POR ISSO, A PARTIR DE AGORA, HOGWARTS ACOLHERA A TODO AQUELE QUE PRECISAR DE ABRIGO E QUISER LUTAR NUMA EVENTUAL GUERRA. VOCES DEVEM SABER PELO PROFETA DIARIO QUE HOUVE UMA BATALHA EM DANTE VILAGGE QUE FOI FADADA PELO INFORTUNIO, NA QUAL MUITOS MORRERAM E OUTROS FICARAM INABILITADOS.
Harry sabia que Snape falava dos Weasleys.
- MAS NÃO DEVEM TEMER, POIS ESTE GOVERNO USARA AS MURALHAS PROTEGIDAS DE HOGWARTS COMO UM FORTE CONTRA OS COMENSAIS E NÃO DESCANSAREI ENQUANTO O VERDADEIRO CULPADO... OU A VERADEIRA CULPADA NÃO FOR PRESA.
Os olhares de Harry e de Snape se cruzaram a esta altura, mas nenhum dos dois desviou.
- E NÃO SE PREOCUPEM, POIS EU NÃO LEVAREI NINGUEM PARA UMA BATALHA PERDIDA PARA PROTEGER QUEM NÃO MERECE...
Aquilo atingiu a Harry profundamente. Snape sabia que Harry se sentia culpado por tudo o que acontecera, afinal, fora a sua idéia. Foi ele quem convenceu Krum a resistir aos comensais que estavam em um numero muito maior para proteger Hermione que se revelou a traidora. São coisas assim que lhe lembravam que talvez Hermione não fosse tão inocente assim.
Sentindo-se mal, Harry levantou-se e saiu do salão sob o olhar de todos. Ele subiu rapidamente e entrou na sala comunal, que estava vazia àquela hora. Era o momento perfeito, Harry pensou.
- Dobby! Dobby! – começou a sussurrar, esperando que o elfo pudesse aparatar ali na sala. E foi o que aconteceu. Em poucos minutos, a cara feia e, ao mesmo tempo, simpática do elfo domestico apareceu à sua frente.
- Em que posso ajudar Harry Potter? – perguntou o elfo, numa vozinha aguda e esganiçada.
- Pode me ajudar muito, Dobby, dizendo-me o que sabe sobre Hermione. – disse Harry, controlando a ansiedade que tinha e a vontade de sacudir o elfo de cabeça para baixo, como se ele pudesse esvaziar toda a verdade dos bolsos.
- Menina Granger é nobre como Harry Potter! Justa e bondosa com os elfos, embora muitos de minha raça não gostem dela. Eles não entendem o que ela quer fazer, mas eu sim. Sei que ela quer libertar a todos da escravidão.
- Ah, tá, Dobby. Eu sei sobre o FALE. Eu quero saber o que ela realmente tá aprontando. Algo me diz que você sabe. Você disse que ela era boa e ainda por cima, sabia para onde eu a levei. Como você sabia?
- Eu estava na batalha. Menina Granger pediu para eu ir.
- Ela... ela pediu para você ir, Dobby? Mas ela não sabia, ela não sabia o que ia acontecer, não sabia da batalha até eu dizer a ela, um pouco antes.
- Harry Potter esquece que Menina Granger tem uma ótima capacidade para invadir a mente dos outros. Ela invadiu a mente do marido. Sabia de tudo. De todo o plano, senhor.
- Meu Deus! – Harry sentiu-se tonto e deixou-se cair no sofá. – Isso faz sentido! Hermione sabia de tudo. E planejou tudinho... como fui tolo! Mas por que ela pediu para você ir?
Dobby parecia um pouco contrariado em revelar algo, mas Harry insistiu.
- Fala Dobby. Pro meu bem, fala!
- Justamente, meu senhor. Menina Granger me pediu para ir à batalha para cuidar de Harry Potter se algo desse errado. – disse o elfo, gesticulando as pequenas mãozinhas como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo.
- Ah, Dobby! E você acreditou? – Harry perguntou, amaldiçoando a natureza inocente dos elfos domésticos. Mesmo que a intenção de Hermione fosse essa, nunca um elfo domestico seria capaz de protegê-lo numa batalha. Ela o enganou direitinho.
- Menina Granger é boa. – disse o elfo, franzindo o cenho careca, como se lesse os pensamento de Harry.
- Tudo bem, Dobby. Tudo bem. – disse Harry, achando que não deveria continuar nesse assunto. Queria tirar o máximo que podia do elfo. – Então, quando eu capturei Hermione, você me seguiu. E sabe para onde eu a levei, não é?
- Para a casa dos pais trouxas da Menina Granger. – respondeu o elfo, parecendo um pouco aborrecido.
- Certo. O que mais você sabe, Dobby? Você disse que Hermione era boa. Por que diz isso? Você sabe o que está acontecendo? Sabe se Hermione está do lado de V... do lado das Trevas.
O elfo ficou em silencio e dobrou os braços parecendo decidido.
- Por favor, Dobby... eu sei que você sabe de alguma coisa!
- Harry Potter não pode saber do segredo! Eu prometi que não iria contar. Nem mesmo a Harry Potter! – falou o elfo, curvando-se para bater a cabeça sobre o chão.
- Dobby, pára! – disse Harry, segurando a pequena criatura antes que ela se ferisse de verdade.
- Eu prometi que não contaria, meu senhor! – Repetiu o elfo. – Nem mesmo para Harry Potter!
E dizendo isso, estalou os dedos e evaporou-se no ar.
- Ah... Dobby! – resmungou Harry, mas agradeceu depois que o elfo tinha ido embora, pois segundos depois, Gina entrou na sala comunal.
- Harry! Eu preciso falar com você – a ruiva foi falando. Sentando-se ao seu lado no sofá.
- O que foi Gina? – perguntou Harry, pacientemente, imaginando que a garota precisava de consolo depois do que acontecera a seus pais.
- Onde você esteve? Eu perguntei a Snape. Alguém viu você indo para Hogsmeade, mas te perderam quando você aparatou. – disparou a garota.
Harry engoliu em seco. Não poderia dizer a Gina Weasleys que estava com Hermione, a responsável pela tragédia dos Weasleys.
- Fui investigar uma pista. – falou Harry, simplesmente. Gina era sensata, achou que não insistiria pela verdade.
- Sim... foi o que Snape disse que estava fazendo. – revelou Gina, parecendo preocupada. – Snape disse que você está caçando Hermione para liquidá-la.
- Er... bem... é... é verdade! – mentiu Harry. O que poderia dizer? “Não, Gina. Eu procurei Hermione para dizer que a amava profundamente?”. Seria cruel demais com ela. Sabia o que Gina sentia por ele.
- Era o que eu temia. Você não pode fazer isto Harry! – disse Gina, deixando Harry ainda mais estupefato – Tenho motivos para achar que Hermione é inocente!
- O que? – Harry perguntou, perplexo. Gina defendendo Hermione? Isso não era normal.
Gina abaixou a cabeça por uns instantes, mas depois ergueu os olhos verdes para ele.
- Sei o que parece! Eu mesmo não estou acreditando. Eu te amo, Harry. Sempre te amei. Mas sei que, enquanto Hermione viver, eu não terei chances com você. Eu poderia ficar quieta. Vendo você, Rony e os outros odiarem-na e esperar pacientemente até ter você nos meus braços, mas eu não poderia fazer isso. Hermione e eu fomos amigas durante muito tempo e eu não quero trair essa amizade por um garoto que pouco deu bola para mim. – disse Gina, com uma sinceridade assustadora.
- Meu Deus, Gina. Por que está dizendo isso? O que você sabe?
- Eu não sei nada, na verdade! Mas algo dentro de mim me diz que existe uma boa razão para Hermione ter feito o que fez. Além do mais, Hermione me disse uma coisa no dia do natal que me faz pensar que ela é uma vitima das circunstâncias.
MANHÃ DE NATAL
Largo Grimmauld
Gina acordou cedo na manhã de natal e desceu animada para abrir seus presentes que estavam embaixo da arvore que sua mãe e Tonks haviam montado no dia anterior. Entre os tantos embrulhos, havia somente um que ela procurava com ansiedade. E sorriu quando viu a caligrafia de Harry sobre um presente particularmente bonito.
Rasgando o embrulho com impaciência, Gina descobriu um belo kit de Quadribol e o apertou contra o peito. “Ele lembrou de mim”, pensou ela com um sorriso nos lábios.
- Do que está rindo? – perguntou Rony que vinha descendo as escadas na frente de Harry, Hermione, Molly, Arthur, Tonks, Lupin, Malfoy e Macgonagal.
- Er.. de nada, Rony... deixa de ser bobo! – disse ela, corando, enquanto olhava para Harry na esperança de que ele olhasse para ela. Mas ele estava ocupado demais observando Hermione que parecia mais pálida do que jamais esteve.
- Você está bem, Mione? – Harry ajudou Hermione a se sentar no sofá e foi buscar um copo de água para ela. – Você precisa comer alguma coisa.
Era lindo o carinho de Harry para com Hermione, mas Gina sentia-se muito triste. Queria tanto que ele se importasse com ela como se importava com Mione. E Mione, ingratamente, parecia distante e fria com ele. “Ela não o merece!”, Gina não conseguiu evitar esse pensamento, ainda agarrando entre os braços a caixa com o kit de Quadribol.
- E então? Já acabaram de abrir todos os presentes? – a mãe perguntou, animada, sorrindo e passando a mão na cabeça de Harry e Hermione.
Harry se abaixou e procurou uma caixa dentre todos os presentes, enquanto Rony, rasgava vários pacotes escandalosamente.
- Mione... esse presente é para você! – disse Harry, colocando no colo de Hermione uma caixa preta peluciada.
- Harry... não precisava... – disse Hermione como se estivesse muito cansada, respirando fundo.
Ela desengatou o trinco e abriu a caixa sob o olhar penoso de Gina: era uma correntinha de ouro com um lindo pingente vermelho. Uma pedrinha que parecia estranhamente brilhante. Pasma e boquiaberta, o kit de quadribol em sua mão parecia até insignificante perante o colar de Mione.
- Deixa que eu coloco! – disse Harry, afastando os cabelos de Hermione para frente e fechando a corrente na nuca. Gina não deixou de perceber uma carícia disfarçada de Harry nos ombros de Mione.
Hermione sorriu, segurando o pingente na mão com um olhar enigmático, como se aquela pedra significasse alguma coisa para ela.
Gina, por outro lado, juntava todas as forças para controlar o choro, embora não conseguisse disfarçar o brilho triste nos olhos. Foi então que Hermione levantou a cabeça e os seus olhares se cruzaram pela primeira vez.
Com um vendaval na cabeça e uma terrível vontade de chorar, Gina levantou-se e correu para cima, abrindo o primeiro quarto que encontrou para se jogar na cama, deixando extravasar sua decepção.
- Gina...? – disse Hermione, dando um pequeno toque na porta e entrando.
Gina secou as lágrimas rapidamente para se virar para a amiga.
- O que quer? – perguntou a ruiva, rispidamente.
- Só queria conversar com você!
- Vá embora! – disse Gina, sentindo que não se controlaria por muito mais tempo.
- Ah, Gina... – disse Hermione, vindo se sentar ao seu lado e colocando a mão sobre seus ombros. – Eu sei o que você sente por Harry. Deve estar muito aborrecida comigo. Mas quero que saiba que não há nada entre nós dois.
- Nem deveria ter! Esqueceu que agora você é uma mulher casada?
Hermione respirou fundo. Estranhamente, Gina reparou que ela agora estava mais corada e parecia bem melhor do que minutos antes.
- O que você quer? – perguntou Gina, percebendo que Hermione dava rodeios.
Mas Hermione novamente respirou fundo. Parecia nervosa ou amedrontada.
- Ainda não acabou, não é? – Gina perguntou, adivinhando o que Hermione queria dizer. – Vai acontecer alguma coisa não é? Eu sei que vai! Mamãe está nervosa e escutei Macgonagal dizendo ao Dumbledore para ter cuidado. O que vai acontecer?
- Estou com muito medo do que pode acontecer, Gina. Estou com medo do que eu tenho que fazer... e ainda mais medo de magoar quem eu mais amo.
- Por que está falando isso? Você sabe o que vai acontecer?
- Eu só sei que você vai precisar ser forte para ajudar Harry quando eu não estiver mais por aqui. – respondeu Hermione, num tom grave.
- Na hora eu não entendi quando ela falou isso, Harry. – disse Gina, quando acabou de contar o que Hermione lhe disse no natal. – Mas agora eu creio que Hermione estava tentando me pedir ajuda. Acho que ela foi levada a fazer isso. Eu acho que alguém está a ameaçando. Mas não podia dizer isso a Rony ou a Fred e George. Eles estão malucos achando que Hermione é uma psicopata. Eu não sei direito o que está acontecendo, mas sei que Hermione não pode ser má. Eu consigo entender Fred e George, mas não consigo entender você nem Rony. Vocês são os melhores amigos dela. Como não perceberam que ela estava em apuros?
- Eu percebi, Gina. – defendeu-se Harry. – E tentei ajudá-la, mas ela sempre recusou a minha ajuda.
Harry abaixou a cabeça parecendo cabisbaixo e desapontado consigo mesmo, mas depois tentou sorrir e segurou as mãos de Gina.
- Eu agradeço muito por isso, Gina. – disse Harry, achando que era a hora de confiar em alguém. – Eu quero que saiba que eu sei onde Hermione está... pelo menos por enquanto. Eu também não acho que ela seja má, e creio que exista alguma razão pelo seu comportamento, mas mesmo assim, é muito bom escutar dos lábios de outra pessoa um testemunho como esse, confirmando meus pensamentos.Estou muito orgulhoso de você, Gina, por ter me contado isso. Tenho certeza de que Hermione está agradecida também.
- Ela nunca vai precisar me agradecer, Harry. Eu não esqueci que foi Hermione quem me libertou das garras de V-Voldemort no ano passado.
Harry sorriu novamente e beijou as mãos de Gina, fazendo-a estremecer por dentro. Embora ela mantivesse um sorriso casual no rosto.
- Obrigada, Gina. Bem, agora vou para cima. Quero tomar um banho e me trocar... e estar pronto para consolar Rony. Ele deve estar bem mal. Mas, eu gostaria de conversar com você mais tarde. Talvez você possa mesmo me ajudar.
Gina observou Harry se afastar subindo as escadas. Quando ele sumiu no andar acima, o sorriso meigo que sustentava nos lábios, simplesmente evaporou-se.
- Ela pode enganar você, Harry... mas não me engana! E quando eu descobrir onde ela está... eu juro que ela implorará pela morte antes que eu termine... ou não me chamo Virginia Weasley.
Quando Gina pensou em levantar-se do sofá, uma estranho brilho pairou à sua frente e Dobby apareceu instantaneamente, envolto numa névoa espessa, onde apenas as orelhas pontudas apareciam.
- Ah... Dobby? – disse, ela, suspirando aliviada. – Você me deu um baita susto! O que quer... hein?
Perguntou ela, sorrindo, mas parou de sorrir quando viu garras pontudas saindo da nuvem espessa para tentarem alcançá-la.
- Dobby...?
Harry tomou banho e ficou deitado em sua cama esperando por Rony, mas ele não veio. Quando acordou já passava do meio-dia, então decidiu descer para o almoço que cheirava muito bem.
- Rony onde você estava? Eu fiquei de esperando no dormitório, mas você não apareceu. – Harry falou ainda sonolento, servindo-se de carne de cordeiro.
- Alguns de nós ainda freqüentam as aulas! – Rony falou, metendo, como sempre, uma grande quantidade de comida na boca. Quase viu Hermione horrorizada dizendo: “Rony Weasley”. Parecia uma lembrança feliz e distante, causando-lhe um saudosismo triste.
- Mas... ainda têm aulas? Achei que Snape cancelaria, visto os últimos acontecimentos.
- Bem... a coisa vai de mal a pior aqui na escola, Harry. Tem um monte de alunos indo embora. E alguns pais vieram morar permanentemente conosco. – neste momento Rony falou baixinho de modo que somente Harry ouvisse – o Fred e o Jorge vão ficar aqui também – Rony apontou para os irmãos que conversavam um pouco adiante com Luna e outra menina da Corvinal. – E Carlinhos e Gui também vão vir para cá. Até o idiota do Percy vai vir... Vai ser o assessor do Snape... hihi... – disse ele sorrindo. – Era tudo o que ele sempre quis.
- Foi Snape quem disse para os pais virem para cá? – disse Harry, estranhando a estratégia de Snape.
- é! Mas pense bem: isto lembra a estratégia de alguém não é? Ele está copiando você no ano passado. Tentando reunir pessoas para formar um exercito e intensificou os treinamentos. Hoje de manhã tivemos quatro tempos de Defesa contra as artes das Trevas.
Harry torceu o nariz. Não havia gostado nem um pouco dessa subida ascensão de Snape ao poder político e à direção de Hogwarts. Mas, embora preferisse Macgonagal, sabia que Snape estava tentando se fortalecer caso houvesse algum ataque de comensais, e isso era bom. Pelo menos, gerava confiança e esperança nas pessoas.
- Você devia estar aqui para ajudar Snape, sabia? Como no ano passado. Você e Dumbledore fizeram todo mundo treinar pra caramba o feitiço do patrono e outros feitiços que usamos na batalha. Você está saindo direto, Harry. Onde tem ido?
- Investigar algumas coisas! – falou Harry. Ele gostaria de contar a verdade a Rony e tudo o que descobriu, mas sabia que não poderia envolver o amigo, pelo menos, por enquanto. Ainda lembrava-se das palavras de Hermione: “Este jogo tem muitos lados”. O lado de Snape estava se formando e Rony estava nele. Harry estava em outro lado, solitário, ainda, mas estava pensando seriamente em contar com a ajuda de Gina. Tinha certeza que ela não o desapontaria, sendo tão boa quanto Hermione em azarações, mas também tinha medo por ela. Os pais de Rony já haviam sido atingidos, não queria que algo acontecesse com Gina.
- Rony... como tem se sentido depois que... bem... depois do que aconteceu aos seus pais? – Harry perguntou, com o máximo de tato que pudera.
Rony ficou branco e pareceu esbugalhar os olhos na tentativa de não se descontrolar e começar a chorar na frente de todos. Harry achou que fora uma má idéia tentar consolar Rony no meio do salão principal e ficou calado, sem insistir na resposta.
- Estou bem! – respondeu ele, cabisbaixo. – Eu sinto muito a falta deles e pensar que nunca mais vão ralhar comigo, nem fazer blusas para mim no natal, nem cantar musicas de Folk.... é uma coisa que me entristece muito. Mas, fico mais triste por saber que Mione é responsável pela loucura deles. Mione sempre gostou tanto da minha mãe. Eu ainda não acredito, Harry. Eu sinto como se fosse acordar de um pesadelo e que minha mãe e meu pai estão bem, me esperando em casa... loucura, não é?
Harry assentiu com a cabeça. Gostaria de fazer mais por Rony. Gostaria de jurar a ele que pegaria o responsável pela barbárie e o torturaria até a morte, mas Harry jamais seria capaz.
- Você viu Gina, Harry? – perguntou Rony. – Ela não apareceu nas aulas. Nem apareceu para almoçar. Eu não a vejo desde o café da manhã.
- Ah... Rony... ela deve estar namorando por aí! – disse Harry, pensando na conversa com Gina de manhã. Gina o havia aliviado de um grande peso. Era mais alguém que atestava a inocência de Hermione. E era uma bruxa conhecida pelo seu talento e não um elfo a quem poucos davam bola, a não ser a própria Hermione... Harry sorriu ao pensar no FALE. Desde o início Hermione sempre insistiu em libertar os elfos, falando que era imoral escravizar aquelas criaturas de natureza subserviente. Coisa que ele nunca compreendeu.
- Harry? – Harry sentiu uma mão firme sobre o seu ombro e tanto ele quanto Rony se viraram para contemplar Snape, olhando-o com uma expressão enigmática – Será que podemos conversar? No meu gabinete! Vou ficar te esperando.
Snape passou por eles e saiu do salão, farfalhando o robe e a capa negra como se fosse um enorme morcegão.
- “No meu gabinete!” – repetiu Harry, num tom zombeteiro. – O desgraçado mal virou Ministro já quer que eu converse com ele no “Gabinete Ministerial”.
- Harry. Você deveria ajudá-lo. Ele parece ser o melhor Ministro que já tivemos. É sua obrigação ficar a dispor. Tenho certeza que ele conseguirá nos proteger mais do que Fudge e Krum.
Harry não quis responder ao comentário de Rony que parecia admirar o professor que eles sempre odiaram e resolveu seguir para o “Gabinete Ministerial”, ocupado a alguns dias por Krum.
- O que quer? – perguntou Harry, rispidamente, abrindo a porta sem muita educação.
- Será que esqueceu que, antes de ser Ministro, eu sou o seu professor, Harry? – perguntou Snape num tom ameaçador.
- Não... mas não estou nem aí com notas. Isso era importante para Mione, não para mim. Eu não estou nem aí. E também não me importo com o Ministério como nunca me importei antes, está contente?– disse Harry, seriamente. “Se ele está pensando que vai me controlar, está muito enganado” – Para falar a verdade, acho que o mundo lá fora ensina melhor do que uma escola...
- Bem... não te trouxe aqui para discutirmos – disse Snape, jogando no colo de Harry, um pergaminho. – Isto chegou hoje cedo.
Harry abriu a carta para ler com desagrado:
“Caro novo Ministro da Magia,
Sabemos que esta com Hermione Granger, nossa futura mestra.
Ou a entrega, ou atacaremos sua sede, ou seja, Hogwarts!
Comensais”.
- Só isso? – perguntou Harry, virando o pergaminho do outro lado.
- Queria mais? – perguntou Snape. – Será que não percebeu a ameaça. Eu entregaria Hermione de bom grado, mas o problema é que não temos Hermione. O que nós vamos fazer?
“Nós?”, pensou Harry irritado. Snape estava jogando nas suas costas o problema e depois que Harry o resolvesse ele provavelmente ficaria com os créditos.
- Harry percebeu que a coruja que havia trazido a carta ainda estava presa num poleiro ao lado da janela de Snape. Certamente ele a havia mantido ali para poder responder alguma coisa para o rementente que se fazia oculto, embora tanto ele quanto Harry imaginavam se tratar de Narcisa Malfoy.
“Malfoy”, pensou Harry. Ele mesmo havia esquecido a presença de Malfoy na batalha. Ainda não tinha acreditado que era o garoto naquela capa preta, mas cabia investigar.
- Responda. Diga-lhes que Hermione fugiu durante a batalha e que não está sob nossa custódia.
- Você está louco? Eu não posso fazer isso! Eles vão nos atacar e ainda não estamos prontos. – falou Snape, gesticulando com as mãos. – Se você ficasse mais aqui e me ajudasse a treinar todo o pessoal de que dispomos.
- Eu tenho meus próprios problemas a resolver! – falou Harry, irritado. – Olha... eu sei que a situação não está a nosso favor. E que os comensais estão mais fortes do que jamais pensei que pudessem estar, mas se estão procurando por Hermione, talvez isso queira dizer que ela não está do lado deles. E talvez possamos usar isso contra eles mesmos. RESPONDA – insistiu Harry, falando com os dentes semi-cerrados – Diga-lhes: “Achei que ela estava com vocês... não está?”. Tenho certeza que eles entenderão a mensagem.
Dizendo isso, Harry se virou para sair do gabinete.
- Como assim, que mensagem? – perguntou Snape, sem entender direito.
- Que nós não somos os únicos perdidos nessa história! – falou Harry. Nossa, achava que Snape seria mais esperto. – Tenho certeza que eles não irão nos atacar até terem certeza que Hermione não está conosco. Eles não nos temem, mas temem Hermione!
Harry saiu do gabinete ministerial com pressa, deixando Snape com suas dúvidas. “Se ele não entendeu, azar”, pensou Harry. O importante agora era voltar a casa de Mione e segurá-la antes de qualquer coisa. Enquanto Hermione não aparecesse para os comensais, Hogwarts ficaria a salvo. Mas se ela aparecesse para eles, eles se convenceriam de que Hermione estava do lado deles e reacendidos pelo poder que ela detinha, eles atacariam sem dúvida. Era um blefe, somente um blefe. E de blefes, Harry entendia, afinal, ficou seis anos jogando xadrez de bruxo com Rony.
Mas, era um blefe muito visível e pouco sutil o que refutava a idéia de Voldemort estar por trás daquela carta. Voldemort seria inteligente, faria falsos jogos de modo a ludibriar Snape facilmente e conseguir informações sem se denunciar. A carta, por outro lado, deixava claro o desespero dos comensais. Isso só podia significar uma coisa: Hermione estava mais do que certa sobre o jogo com muitos lados. Não fora Voldemort quem escrevera aquela carta idiota, foi alguém menos inteligente. Na opinião de Harry, era Narcisa (ou mesmo Draco, possivelmente) o que fazia dela uma jogadora.
Harry sorriu quando conseguiu imaginar a roda do jogo. Quatro jogadores já haviam mostrado a cara, faltava um, o mais perigoso.
Assim, de um lado estava Hermione, de outro, Harry, de outro Snape, de outro Narcisa. Faltava um. Um que Harry tinha quase a convicção de se tratar de LORD VOLDEMORT, pai de Hermione. Mas, é claro, também poderia ser Malfoy. Isso, Harry veria mais tarde.
Rezava internamente para que o jogo tivesse somente esses jogadores, seria bem mais difícil com um sexto jogador, imaginando que motivações teria naquele jogo perigoso que valia mais do que dinheiro ou poder, valia a vida e continuação da humanidade.
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