Capítulo V



Capítulo cinco


 


- E então, eu
encontrei-a com outro na minha própria cama - disse Lindsay, enquanto passava a
marcha do carro e guiava-o rodando lentamente pela estrada. -, dá para ver como
eu me senti, não é?


- Pelo menos você a
amava - disse Paula, os olhos marejando de lágrimas. -, eu nunca tive ninguém
para amar... nunca... - ela parou por um segundo, sentindo uma enorme vontade de
acrescentar até hoje, mas então,
desistiu, desviando o olhar para a janela de vidro ao seu lado. Algumas árvores
de folhas verde-berrantes dançavam no vento suavemente e ela sorriu.


- Mas ela não me
amava - respondeu Lindsay, forçando um sorriso. Algo despertava-a naquela moça...
ela era tão bonita e ao mesmo tempo aparentava uma tristeza... tão distante...
enquanto falava parecia flutuar a quilômetros dali, perdida em um mundo de
devaneios.


- Vai ver foi só
uma recaída - murmurou, enquanto perscrutava vagamente as ruas que passavam.


- Você perdoaria
uma traição?


- Bem, se viesse do
Emanuel, provavelmente eu daria graças a Deus...


- Por quê? -
perguntou Lindsay.


- Porque assim eu
teria uma desculpa aceitável para me livrar dele - suspirou ela, tristemente.
-, ele me bate e... isso é tão... complicado...


- E por que você não
chega para ele dizendo que está com outra pessoa? - perguntou Lindsay,
preocupada.


- Porque eu não
estou com outra... - ela ergueu os olhos, encontrando os de Lindsay. As duas se
encararam por vários segundos, que pareceram intermináveis e Paula sentiu água
escaldante percorrer toda a sua espinha, provocando-lhe arrepios. -... pessoa -
completou, calmamente.


Lindsay parou o
carro no acostamento e então tirou o cinto, virando-se para ela. Inclinou-se
para a frente, podendo sentir a sua respiração pesada, aumentando
gradativamente conforme se aproximava. Os narizes estavam quase se tocando e então,
ela selou seu lábio suavemente no da outra.


Sentiu os dedos de
Paula precipitarem sobre os seus, apertando-os com ansiedade. Lindsay introduziu
sua língua na boca da outra, sentindo o gosto da tequila que bebera no pub.
As línguas enroscaram-se prazerosamente e então, com a mesma rapidez que começara,
elas se desvencilharam e Lindsay aprumou-se no banco, tentando fazer com que a
coluna se ajustasse confortavelmente ao espaldar, embora estivesse longe de se
sentir bem.


- Desculpa -
murmurou, a voz quase escapando. - agora... você nem vai querer mais falar
comigo, não é?


- Não - disse
Paula, pausadamente. -, eu... eu jamais pararia de falar com você... só...
vamos deixar as coisas fluírem mais devagar, sim?


- Eu não devia ter
feito isso...


- Devia - respondeu
ela, agora sorrindo. -, devia sim!


Lindsay sorriu de si
mesma e então girou a chave no volante, religando o carro e conduzindo-o
calmamente pelas ruas de Londres...


- Para onde você
está nos levando?


- Minha casa... -
respondeu, rapidamente. -, mas... não se preocupe, meu marido está lá.


- Mas...


- Você não
pode voltar para sua casa agora, Paula - disse Lindsay, sabiamente. -, seu
marido a mataria!


- Eh - murmurou a
outra, pensativa. Lindsay tinha razão... o que ela faria agora?


 



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