Conversa Interminada
Harry acordou, sabia o que teria naquele dia. Jogo de Quadribol. Grifinória contra Lufa-Lufa. Não era o maior dos desafios, mas com certeza ele não poderia dar bandeira. Precisava ganhar. Era o primeiro jogo da segunda etapa.
- Finalmente, né, Harry. –disse Rony ao mesmo tempo em que passava pasta de dentes na sua escova- Se vista e vamos repassar a nossa tática.
- Rony, que eu saiba eu sou o capitão do time... –disse Harry com um sorriso irônico.
- Hã... Desculpe... Eu me empolguei. –disse Rony sem graça.
Harry se levantou, tomou um banho breve e colocou uma roupa, depois do café da manhã seria a reunião do time da Grifinória. Estava saindo do dormitório que estava quase vazio. Quase, pois tinha um Bichento que se dera o luxo de dormir na cama de Harry. Ele pegou o gato:
- Você vem comigo, gato.
Bichento respondeu com um miado preguiçoso. Harry levou o gato não se importando em ficar com a blusa de lã cheia de pêlos de gato. Desceu pela escada fazendo o barulho devido para que a garota de cabelos lanzudos escutasse.
- Harry! Bicheto! –disse Hermione se levantando e deixando uma Parvati falando sozinha- Meus dois gatinhos!
- Ele estava querendo tirar um cochilo na minha cama. –informou Harry após entregar o felino para a dona- Mas achei melhor entrega-lo para a dona.
Harry estava sem jeito, olhou em volta no Salão Comunal da Grifinória, nele estavam Parvati Patil e Lilá Brown. Além de Gina e Neville, ele levava um banho em xadrez bruxo dela. Mas os quatro pareciam estar ocupados demais para nota-los.
- E então. Passou o resto da noite bem? –perguntou Harry meio sem jeito.
- É... Não tão bem quanto gostaria, mas com certeza foi uma boa noite de sono. –disse Hermione- Você não teve mais nenhum sonho... Hã... Com mortes ou maldições imperdoáveis ou qualquer coisa do gênero. Não é?
- Não. Fique tranqüila. –respondeu Harry- Demorei um pouco para dormir, mas depois dormi tão... Dormido que não me lembro nem o que sonhei. –eles andavam em direção ao quadro da Mulher Gorda, Bichento os acompanhava- Você vai fazer o que agora?
- Não sei... Tomar café e depois não tenho idéia. –respondeu Hermione- Vou ficar esperando o jogo começar fazendo alguma coisa.
- Eu logo após o café preciso ir ao treino, repassar as táticas. –explicou Harry. Ele viu que Hermione não estava gostando muito disso- Mas depois, se eu conseguir um tempo antes do jogo eu vou procurar você.
Ela sorriu. Daquilo ela havia gostado. Ele se aproximou devagar dela. Olhou para os lados antes. Ninguém percebia nada. E beijou a garota rapidamente. Olhou novamente para os lados. Nenhum sinal de aprovação ou mesmo reprovação. Continuaram o caminho. Passaram pelo quadro da Mulher Gorda e logo viram um homem com o nariz quadrado andando em direção a eles.
- Hermionini. Estava querendo falar com você. –disse ele parecendo feliz. Chegou perto de Hermione. Queria beija-la. Ela não deixava.
- Hã... Oi, Vítor. –ela olhou para Harry. Viu que ele não estava gostando muito daquilo.
- Sêrra que eu e Hermionini non podemos terr uma converrsa a sós, Potterr? –disse Vítor.
Harry ia começar a bater em todo mundo se, em uma das únicas vezes não estivesse pensado duas ou até três vezes em não fazer aquilo. Respirou fundo e apesar de que claramente estava rangendo os dentes disse rapidamente antes de sair:
- Clarro Krrum... –ele disse só para imitar Vítor.
Ele saiu batendo o pé. Desceu a primeira escada. Subiu outras. Desceu outras. Andou por alguns corredores e fez todo o trajeto para o Salão Principal. Apesar de pensar muito em o que Vítor estava falando para Hermione, não podia negar que também pensava muito em sua barriga vazia.
Chegou no Salão Principal e notou logo um Rony que falava timidamente com uma Luna Lovegood que parecia mais sonhadora que nunca e tinha a sua edição de O Pasquim enrolada em uma das mãos. Aproximou-se e se sentou ao lado de Simas para não atrapalhar a conversa de Rony.
- Faz quanto tempo que Rony anda nessa? –perguntou Harry para Simas com um sorriso irônico.
- Já tem algumas horas. –informou Simas- Ele nem tocou no suco de abóbora dele ainda.
- Então a coisa é séria... –disse Harry- Para o Rony não comer... –ele passava agora manteiga em uma fatia de pão qualquer.
Harry até chegou a se distrair vendo sempre que as orelhas de Rony tomavam aquele tom avermelhado e sempre que Luna parecia rir mais do que o necessário sempre que isso acontecia.
Sentiu então a mão de alguém em seu ombro. Olhou para trás. Era Dumbledore.
- Hã... Dumbledore... Algum problema? –perguntou Harry surpreso.
- Temos uma conversa ainda não terminada. –disse
Dumbledore. Seus olhos azuis sempre calmos e brilhantes.
Harry engoliu um seco. Sabia do que Dumbledore estava falando. Era de uma conversa que eles tiveram a um tempo atrás, mas que não foi terminada, pois a vice-diretora MacGonagol chegou bem na hora em que eles estavam terminando.
Ele se levantou. Foi acompanhando Dumbledore a alguns metros de distancia até o escritório do mesmo. Estava preocupado com a resposta que esse poderia lhe dar.
******
- Está pronto para saber a verdade, Harry? –perguntou Dumbledore já sentado atrás de sua mesa. Os dedos cruzados e o cotovelo apoiado na mesa.
- Na verdade... Não tenho tanta certeza. –respondeu Harry nervoso- Talvez, se alguém estivesse aqui para me apoiar...
- Já mandei chamar a senhorita Granger. –disse Dumbledore parecendo ler a mente de Harry- Você prefere saber só quando ela chegar?
- Sim. –respondeu Harry.
Os olhos azuis de Dumbledore brilharam novamente. Harry engoliu um seco não pela primeira vez. Colocou o olhar rapidamente nos seus pés. E não tirou até que ouviu uma voz suave nas suas costas:
- Harry.
Ele levantou o olhar. Olhou para trás e lá estava ela. Não tinha certeza se já estava pronto para receber a resposta. Aquela pergunta decidiria até mesmo o futuro de Harry. Era agora ou nunca.
- Já está pronto agora? –perguntou Dumbledore.
- Pronto, professor Dumbledore? Pronto para o quê? –perguntou Hermione que parecia não saber qual o assunto tratado.
- Eu e o Harry tínhamos um assunto que foi cortado no final. –explicou Dumbledore- Creio que você saiba agora do que se trata.
Hermione balançou a cabeça positivamente. Parecendo hipnotizada pelos olhos de Dumbledore. Após um tempo então olhou para Harry. Esse parecia mais nervoso que nunca. Segurou as mãos dele querendo dar uma ajuda moral para ele.
- Harry. Eu não sabia o que responder. –começou Dumbledore-
Acho que você nunca ficou sabendo nada sobre os seus avôs. Não estou certo? –Harry assentiu e Dumbledore continuou- Pois então, Harry. Quando você me perguntou aquilo por uma das primeiras vezes eu senti o meu coração ser espremido. –ele deu uma pausa- E acho que é bom você saber da verdade. –ele deu uma última pausa- Harry. Eu não sou seu avô.
Harry sentiu que se levantasse seria forçado a se sentar novamente. Suas pernas tremiam. Ele apertava a mão de Hermione. Olhou para ela. Ela olhava para ele com um olhar de quem diz “Harry, a vida continua!”. Demorou um tempo para que ele recuperasse a voz e pudesse dizer:
- Então... Quem foram os meus avós?
- Pela parte de seu pai. Foram dois dos bruxos mais poderosos da época. –começou Dumbledore- Samuel e Marília Potter. –ele deu uma pausa- Da parte de sua mãe, dois trouxas. Oswald e Acássia Evans.
- Você sabe como eles reagiram ao saber que a minha mãe era bruxa? –perguntou Harry se interessando.
- Eles muitíssimo bem. Adoraram a idéia. Faziam de tudo o que podiam para acompanha-la. –dizia Dumbledore calmamente- Porém a sua tia, como você já deve saber...
- Não gostou muito da idéia. –disse Harry. Não sabia como as palavras saiam de sua boca.
Dumbledore começou a balançar a cabeça positiva e calmamente. Hermione estava calada sabia que tudo o que precisava fazer lá era dar o devido apoio para Harry. Este já parecia mais calmo, apesar do choque.
- Acho melhor você ir comer alguma coisa agora, Harry. –disse Dumbledore- Espere... Hoje não é o seu jogo contra a Lufa-Lufa? –Harry assentiu- Se você quiser posso dar uma desculpa qualquer e adiar o jogo.
- Não, Dumbledore. Muito obrigado... –disse Harry- Não posso adiar a minha vida por causa de uma coisa que mais cedo ou mais tarde eu iria acabar acontecendo. De qualquer maneira eu iria um dia saber disso.
- Fico feliz que você pense assim, Harry. –disse Dumbledore com um sorriso orgulhoso.
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