Capítulo UM
DOBBY FICAR FELIZ EM AJUDAR
Draco – Dobby – Gina
Romance/Humor
A pequena figura cambaleante surgiu no início do corredor. Era uma pequena criatura, irreconhecível de longe, mas devido às eventuais risadas, era notória sua felicidade.
Em uma das mãos a pequena figura segurava uma enorme garrafa borbulhante, de whisky de fogo, e essa era a explicação para o estado bêbado daquele ser. Na outra segurava um saquinho cheio de moedas, que tilintavam a cada passo.
Percorreu todo o corredor segurando-se nas paredes, desequilibrando-se por vezes, mas não deixava de mostrar um sorriso de orelha a orelha e um brilho imenso nos olhos anormalmente grandes. A visão turva dificultava muito o processo de travessia, e o mínimo obstáculo, como uma enorme estátua de uma bruxa, poderia ser motivo para uma boa conversa.
“Receber primeiro pagamento...eu receber sim...- ele olhou para a estátua e sorriu- Dobby bom, dividir...iac! pagamento com pessoas...coisas boas como iac! Você!- ele pegou uma única moeda da socolinha e botou-a na mão da estátua, a seguir voltou a fechá-la.”
A certo momento, a meio do corredor, em frente a uma porta, intitulada Armário de Vassouras, ele parou e ficou em alerta, levantando as orelhas como se tentasse escutar algum barulho que não fosse o borbulhar da garrafa, o tilintar das moedas ou seus eventuais soluços.
“Dobby fazer coisa boa com primeiro salário...sim coisa muito boa...- o elfo praticamente entoou as palavras, seguindo o tilintar das moedas.”
Ele notou a aproximação de duas pessoas, uma vinda do andar de cima, outra do imediatamente abaixo.
<<“Droga de ronda! Droga de ronda! Droga de ronda! Droga...”- a voz era arrastada e entediada, e Dobby reconheceu-a de imediato.>>
A seguir ele prestou mais atenção na quase inaudível música, cantarolada pela voz que vinha de baixo:
<<“A luneta cai cai cai...”- ela parou, mudou o ritmo, e continuou- “Dorme neném, que o kappa vai pegar...nundu está em casa e occamy vai papar...”>>
Dobby abriu um largo sorriso e seus olhos, do tamanho de uma bola de tênis, brilharam ainda mais. De repente uma idéia atingiu-lhe, e ele não podia simplesmente ignorá-la. Ele bebeu um generoso gole de whisky e girou as órbitas dos olhos.
“Dobby bom...iac! Dobby muito bom...e ajudar pessoas boas...iac! Sr. Draky bom...Srta. Wheezyyyy ser boa...iac! E ajudar Sr. Iac! Draky a ser bom...Dobby bom...”
O elfo abriu o saquinho de galeões e fez uma trilha, derrubando as moedas uma a uma à medida que aproximava-se das escadas. Quando chegou lá, pegou a escada que o levaria para o andar de baixo. Correu, meio cambaleante e com a visão muito difusa, até o vulto vermelho que aproximava-se dele.
“Dobby, mas o quê...?”
“Dobby...iac! ser bom para menina Wheezyyyy...iac! menina Wheezyyyy seguir Dobby...”
O elfo apanhou a menina pela mão e guiou até o andar de cima, por um outro caminho que não o das escadas. Os dois pararam na frente do armário de vassouras e não demorou para que eles ouvissem um cantarolar feliz se aproximando.
“Sorte sorte sorte! Dinheiro na mão, sorte na cabeça de quem tem...galeão no bolso...muito dinheiro pra mim...- o rapaz, aparentemente alto, vinha catando uma a uma as moedas, quando percebeu dois vultos parados logo à frente- ...também...!- ele franziu o cenho e olhou-os desconfiado- Mas o quê...? Que vocês estão...?”
No entanto, Dobby afastou-se um passo deles, deixando-os frente a frente. Com um movimento de mãos, ele abriu a porta do armário. Com outro, empurrou os dois jovens lá para dentro, fazendo a menina cair em cima do rapaz.
O elfo fez uma reverência exagerada quando os dois olharam confusos para ele. Seu nariz adunco e muito grande tocou o chão. A seguir ele olhou novamente para os dois jovens e sorriu, de um jeito quase maníaco, e com um brilho torto nos olhos.
“Dobby ficar feliz em tentar ajudar!- ele disse simplesmente antes de, com mais um movimento de mãos, fechar a porta do armário.”
O elfo deixou a sacolinha de dinheiro no chão e segurou as duas varinhas numa das mãos, a seguir colocando-as logo ao lado da mesma bruxa que tinha recebido um galeão alguns minutos atrás. Abraçou-se à garrafa fumegante de whisky, após beber vários goles seguidos. Rodou os olhos, gargalhou sozinho, achando-se genial diante de sua idéia, mais genial ainda, e afastou-se, ainda mais cambaleante do que antes, com a visão bem mais difusa e com um sorriso bem mais feliz.
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A posição poderia ser infinitamente cômoda para os dois. Gina por cima de Draco, com o rosto tão próximo do dele que era possível sentir a respiração dele bater em sua bochecha. Ele, por sua vez, jamais poderia reclamar de uma menina em seu colo, ainda mais uma menina que se acomodasse tão bem sobre ele como aquela se acomodava.
No entanto, ambos pareceram imensamente constrangidos, ou mesmo irritados, depois de alguns minutos que passaram naquela posição, ainda processando a informação absurda de que um elfo bêbado os tinha trancado num armário de vassouras, que além de bagunçado, era bem apertado.
“É bom que você permaneça bem longe de mim, Weasley!- ela afastou-se o máximo que pôde, quando finalmente percebeu que aquela situação era real, e não apenas um pesadelo.”
“O mesmo vale para você, Malfoy!- ela disse, no mesmo tom arisco que ele.”
Muito embora estivessem afastados o máximo possível, em paredes opostas do armário, ambos podiam sentir seus pés se tocarem.
O silêncio reinou durante algum tempo, até que, do nada, Draco passou a tentar abrir a porta do armário, esmurrando-a freneticamente, numa tentativa frustrada.
“O que você está fazendo?- Gina perguntou, achando-o louco ao agir daquela maneira.”
“Estou me divertindo com a porta, não está vendo, Weasley? Ela é meio masoquista e eu sou um tanto sádico, estamos tendo um caso.- ela soltou um audível Ah! Como se tudo passasse a fazer sentido- Não é óbvio? Estou tentando abrir esta maldita porta para ir atrás daquele elfo idiota e matá-lo por ter feito isso.”
“Bem, então continua com seu casinho sadomasoquista aí, que eu me divirto em apenas observar. Pena que a qualidade sonora é horrível, os gemidos da porta são muito secos. Acho que ela não está gostando...- ela falou de um modo muito sério, embora estivesse se segurando para não rir.”
Draco parou por um momento e teve vontade de responder alguma coisa ofensiva para aquela Weasley engraçadinha. Mas a resposta voou da sua mente assim que ele percebeu que ele estava mesmo parecendo estúpido, agindo como um animal raivoso, esmurrando a porta.
Ele apanhou a varinha dentro do sobretudo e apontou-a para o trinco da porta. Atentou-se um instante e murmurou:
“Alohomora!- nada aconteceu- Alohomora!- tentou novamente e nada. Gina riu atrás dele, enquanto afastava algumas vassouras para poder se acomodar melhor naquele pequeno espaço- Você vai ficar aí sem fazer nada?”
“Não há nada para se fazer.- ela disse simplesmente.”
“Como assim, não há nada para se fazer? É claro que há. Tem que haver. Você conhece algum feitiço para abrir portas?”
“Não importa que feitiço você use, Malfoy, a porta não vai se abrir. Acho que ela ficou muito brava por causa da sua seção sado-masô.- ele soltou um Puift! Indignado- Caso você não tenha percebido, é claro que não, você não tem uma varinha para fazer magia, você tem uma vareta inútil nas suas mãos.”
“Mas do quê...?- Draco olhou para o que segurava nas mãos e viu uma vareta, muito bem talhada, de modo a parecer uma varinha, mas que definitivamente não era uma. Soltou-a, deixando-a cair no chão. Ela se partiu em duas partes sem maiores problemas- Elfo idiota! Ele pegou a sua também?”
“A minha vareta é mais talhada que a sua, mas...é, ele pegou sim...- ela mostrou uma vareta, mais parecida com uma varinha que a que Draco segurava, mas ainda assim falsa.”
Mais uma vez o silêncio reinou. Draco encostou-se à porta enquanto Gina sentou-se no chão e encostou-se à parede.
“Vamos ficar assim?- ele cortou o silêncio.”
“Assim como?- ele balançou a cabeça.”
“Você é um caso perdido, Weasley. É tão burra assim mesmo ou só está fazendo charme?”
“Pelo contrário, Malfoy, eu estava apenas tentando igualar a minha inteligência com a sua, por isso estou parecendo uma retardada.”
“Você tem é a cabeça cheia de titica de coruja, isso sim. Ao invés de estar pensando em algo que possa nos tirar desse inferno você fica aí, parada...”
“E o que você acha que podemos fazer?- ela pensou- GRITAR?- falou, com a voz mais alta que pôde, fazendo Draco assustar-se e tampar os ouvidos.”
“Você é louca? O que te deu para gritar assim?- ela não respondeu. Esperou um pouco, com o semblante compenetrado, até concluir.”
“Não, gritar não funcionou, ninguém veio.- ela botou a mão no queixo, pensando em algo mais- Talvez fazer magia com varetas funcione...ah não, você já tentou isso, de um modo muito estúpido, e comprovou que pedaços de pau talhados não são varinhas mágicas...mas quem sabe você pode continuar com sua excitante seção de sexo sadomasoquista com a porta...assim a gente tem a quase inexistente chance de a porta cair e eu tenho a chance de me divertir com tudo isso...- ele olhou-a torto- já disse que não há nada que possamos fazer.”
Draco fez alguns gestos impacientes e deu um chute na porta. Virou-se e sentou-se desolado no chão. Gina ficou olhando atentamente para o local onde Draco chutou a porta, totalmente intacto.
“Você é doida ou algo assim?- ela não respondeu- O que você está fazendo?”
“Conversando com a porta, ela tem uma versão bem legal para os acontecimentos e tem uma conversa bem mais divertida que a sua.”
“É, você é doida.”
“Ela disse que não gostou do último chute.- Gina analisou, depois aproximou-se de Draco, baixou o tom de voz e sussurrou ao ouvido dele- Ela disse para da próxima vez você chutar mais forte, não deu o clímax necessário.- depois voltou a atenção para a porta.”
“Céus, eu estou preso com uma maluca que conversa com portas.”
“Céus, eu estou presa com um maníaco que faz sexo sado-masô com portas.- ela imitou o tom irônico dele- Se conforma, Malfoy.”
“Me conformar com a infelicidade de estar aqui preso com uma Weasley? Está certo que um armário é bom de vez em quando, mas que tenha uma garota comigo.- Gina olhou estranho para ele e, antes que pudesse se conter, disse:”
“E você acha que eu sou o quê, Malfoy? Caso não tenha percebido, eu sou uma garota.- e no instante seguinte ela arrependeu-se do que disse.”
“Percebo certo interesse no que diz, Weasley. Mas não, você não é uma garota, você é uma Weasley, o que te exclui da espécie aceitável como garota.”
Ela não respondeu. Não deu atenção para o que ele disse. O fato era que se conformar com a situação não era o que ela sentia. Ela estava sim muito frustrada com a atitude de Dobby, mas por saber que não podia fazer nada que mudasse aquilo, ao menos agradecia por haver luz no armário. Ter que ficar presa com Draco Malfoy num armário de vassouras era bem ruim, mas ela tinha certeza que se não tivesse luz, seria bem pior.
O silêncio recaiu sobre eles, e dessa vez durou muito tempo. Nenhum dos dois falou nada, apenas o que era ouvido era a respiração pesada de cada um, abafada pelo lugar pequeno e muito apertado.
A um certo instante Draco passou a tirar a capa que usava, afrouxar a gravata e abrir os primeiros botões da camisa. Gina olhou-o alarmada.
“O que é que você está fazendo, Malfoy?- perguntou- Se preparando para uma seção mais completa de sexo sado-masô com a porta?- ele sorriu a meio fio, de um modo irônico e irritante.”
“Caso não esteja sentindo, Weasley, aqui está realmente abafado e quente. Não sei como você está agüentando ficar com essa roupa toda.”
“E o que você espera? Que eu tire?”
“Não, não me dê esse desprazer. Normalmente seria muito bom ver uma garota tirando a roupa na minha frente, mas não...”
“Agora eu sou uma garota?- ele analisou o que tinha dito.”
“De certo modo, talvez, mas não é uma garota que eu deseje ver sem roupa.”
“Você é tão patético, Malfoy...- ela disse, antes de tirar a capa, afrouxar a gravata e abrir os primeiros botões da camisa, como ele tinha feito.”
Mais uma vez silêncio. Aquela situação começava a ficar insuportável. Gina estava com vontade de gritar, ou ao menos conversar, mas não acreditava que conseguiria conversar por muito tempo com um ser tão irremediavelmente sem cérebro como Draco Malfoy, e o assunto que mantinha com a porta já tinha se esgotado com o primeiro olhar.
Ele, por sua vez, estava com raiva contida. Primeiro por estar naquela situação, preso num armário de vassouras por um elfo doméstico estúpido e bêbado. Segundo por estar naquela situação, preso num armário de vassouras com uma Weasley engraçadinha, chatinha e idiota.
“Brilha, brilha, estrelinha...- ela começou a cantar baixinho. Draco remexeu-se desconfortável- ...onde é que você está...- o rapaz passou as mãos no rosto e tentou abafar a voz da garota, mas a música já tinha ficado na sua cabeça- ...lá em cima lá em baixo não se cansa de brilhar...De novo, vamos lá...brilha, brilha, estrelinha...”
“Você quer parar?- ele falou, muito seriamente, e olhando-a com impaciência.”
“Parar com a música?”
“Brilhante dedução.”
“Sim, muito brilhante.- ela ignorou-o- Brilha, brilha, estrelinha, onde é que você está...- ela tomou fôlego e prosseguiu um pouco mais alto- ...lá em cima, lá em baixo, não se cansa de brilhar...Vamos lá, novamente!- Draco estava muito impaciente- BRILHA, BRILHA, ESTRELINHA...”
“PÁRA COM ISSO, WEASLEY! EU NÃO VOU BRILHAR, MERDA!”
Draco respirou fundo, desejando que Gina não tivesse realmente prestado atenção no que ele acabara de dizer. Gina parou de cantar e sentiu sua respiração falhar assim que Draco terminou de falar sua frase máxima. A seguir explodiu em gargalhadas.
“Me diga que você não disse o que eu penso que disse.- ela falou, pausadamente, tomando ar depois das gargalhadas- Não! Não diga nada! Vamos cantar, para afastar o constrangimento inicial. Canta comigo, Malfoy.”
Draco podia esperar qualquer coisa depois dali, menos o que Gina começou a cantar, a plenos pulmões.
“BRILHA, BRILHA, DRACOZINHO, ONDE É QUE VOCÊ ESTÁ? NO ARMÁRIO DE VASSOURAS E NÃO PENSA EM BRILHAR! Vamos lá, de novo! Me acompanha, Malfoy, é fácil. BRILHA, BRILHA, DRACOZINHO, ONDE É QUE VOCÊ ESTÁ? NO ARMÁRIO DE VASSOURAS E NÃO PENSA EM BRILHAR! E então, mais uma vez! Todo mundo, cantando a música do Estrelinha que não quer brilhar!”
“Você chega a me comover, Weasley.- ela olhou-o e percebeu que, mesmo tentando parecer indiferente, Draco estava vermelho. Se de raiva ou constrangimento, Gina não saberia dizer.”
“Mas admita, Malfoy, foi engraçado. Eu nunca esperaria que você diria que não ia brilhar, você se auto proclamou Estrelinha. E o pior, Estrelinha que não quer brilhar, que revolta é essa? Que tipo de Estrelinha você é?- ela pensou e não deixou que ele falasse- Do tipo decadente?”
“Muito engraçadinha você, né? Foi um lapso, só isso. Uma tentativa de fazer você parar de falar.”
“Lapso? Eu não creio nisso, você disse com muita convicção para ter sido apenas um engano involuntário.”
“Não enche, Weasley.”
“Tá, então eu vou parar de te amolar e continuar cantando. Onde eu parei? Ah, sim! Mais uma vez, todo mundo, cantando comigo. BRILHA, BRILHA, DRACOZINHO, ONDE É...”
“Como eu posso te fazer parar de cantar?”
“Não pode. Se pudesse seria muito fácil para você. E a regra número um de um Weasley é: ‘se você pode complicar as coisas para um Malfoy, porque facilitaria?’”
“É muito cômodo pensar assim.- ele concluiu- A primeira regra de um Malfoy é: ‘Não importa como você vai chegar ao seu objetivo. Apenas chegue.’”
“E você quer dizer o que com isso?”
“Que o fim justifica os meios.- ele disse com convicção, antes de puxar Gina para cima de si e beijá-la.”
Ela tentou resistir, empurrando o peito dele. Mas Draco era visivelmente mais forte que ela e, depois de um certo tempo, a posição dela tornou-se muito cômoda, e o modo como ela a segurava, impedindo-a de sair dos braços dele, era realmente muito bom.
Depois de alguns minutos, Draco afrouxou o modo como segurava a garota e posicionou-a melhor sobre ele, com uma perna dela de cada lado de seu corpo, de modo que ela ficasse de frente para ele e apanhasse melhor sua boca, em beijos muito mais ousados e profundos.
Gina não pareceu rejeitar a nova posição, era até mais cômoda que a primeira, e possibilitava que ela sentisse muito mais o gosto da boca de Draco, uma mistura de algo doce, meio ácido, mas sobretudo, muito bom. Além disso, o beijo dele era realmente envolvente, não permitindo espaço para que ela pensasse em, ou se afastar, ou mesmo parar o beijo, o que fosse. Ela não conseguia pensar em nada.
Ele, a princípio, só beijou-a para que ela calasse a boca. Uniria o útil (a necessidade do silêncio) ao agradável (o beijo de uma garota, mesmo que uma Weasley, ele tinha que admitir, era uma garota, e muito bonita). Mas depois dos três primeiros minutos, sentiu que o beijo dela era muito mais que agradável. Era prazeroso, excitante, ousado, selvagem, perigoso, provocante...e ele procurou na sua mente algo que realmente definisse aquele beijo: irritantemente bom.
O beijo não teria acabado tão cedo se Draco não tivesse tentado deitar Gina no chão do armário e, por falta de espaço e mobilidade, encostado nas vassouras. Dezenas de vassouras caíram por cima de Draco e Gina, fazendo um barulho estrondoso.
“O que aconteceu?- foi a primeira coisa que ela pensou em perguntar, ainda entorpecida pelo beijo. Só depois notou a posição em que se encontrava: deitada no chão, com Draco por cima, e com as pernas enroladas na cintura dele. Não se mexeu.”
“As vassouras...malditas vassouras...- ele ignorou a bagunça na qual eles se encontravam e olhou para Gina, aproximando-se para mais um beijo.”
Ela encostou seu dedo indicador nos lábios dele, impedindo o contato, e afastou-o um pouco, de modo que pudesse fitar melhor os olhos cinzas dele, que brilhavam como duas...estrelinhas.
“Só agora eu percebo...- ela comentou, ao que ele franziu o cenho.”
“O quê?”
“Não importa.- ele deu de ombros- Nessa posição eu sou uma garota para você?”
“Você sempre foi uma garota, Weasley, e muito bonita, eu apenas não queria admitir isso para você para não te deixar irritante.”
“Irritante seria se eu quisesse te beijar de novo?- ela perguntou e não deu tempo para que ele respondesse. Passou as mãos pelo pescoço de Draco e puxou-o para mais um beijo.”
Se dentro daquele armário já estava quente e abafado, aquela posição em que os dois jovens estavam não ajudava nem um pouco a amenizar a situação. Ao contrário, os corpos dos dois ficaram ainda mais quentes e começaram a suar.
Gina sentia a blusa de Draco pregar nas costas dele e apressou-se em tirá-la. Ele fez o mesmo com a blusa dela. Os dois corpos grudaram-se, praticamente, mas nenhum dos dois reclamou desse nova situação. A posição estava ainda mais cômoda àquela altura.
“Você já...?- Draco tentou perguntar, em meio a beijos insistentes, mas Gina o impediu.”
“Não importa.- disse rapidamente, antes de voltar a beijá-lo, levando suas mãos à calça dele e desabotoando-a.”
Draco tirou a saia dela e passou a beijar cada pedacinho desnudo do corpo da garota. Em determinadas partes beijou-a como provavelmente beijaria sua boca, o que fez Gina suspirar e gemer, com a respiração altamente descompassada.
O rapaz deu uma última olhada para Gina e não acreditou no que estava fazendo. Aliás, nem mesmo se preocupou depois de analisar toda a situação. A hora e o local não davam espaço para novas revisões, sobre como por exemplo, estaria bem chato se ele não a tivesse beijado naquela hora, e provavelmente ela ainda estaria cantando aquela musiquinha insuportável.
No entanto, Draco viu algo mais quando olhou para o rosto contorcido de Gina. Ele percebeu que, se passasse dali, se fosse adiante com toda aquela brincadeira, não conseguiria parar, não conseguiria deixá-la nunca mais. Ele suspirou profundamente antes de se resolver.
Aconchegou a menina mais perto de seu corpo, de uma maneira mais confortável e mais quente, visto que, a meio da noite, o armário de vassouras estava estranhamente frio, talvez por ser inverno lá fora...ou por qualquer outra coisa.
Ambos estavam deitados sobre a capa dele e eram enrolados pela capa dela. Draco passou a fazer cafuné na garota, lentamente para que ela não acordasse. Eventualmente ela suspirava e acomodava-se mais próximo dele, passando o braço pela cintura dele, e a respiração dela, tão próxima de seu corpo, fazia-o tremer e impedia-o de dormir. Mas ele não reclamava. A situação era cômoda.
A certa altura da noite Draco conseguiu cochilar, e despertou com Gina mexendo-se perto dele, indicando que acordara também. Ela bocejou e ronronou, manhosa como uma gata. Enroscou-se ao corpo de Draco, como se pretendesse dormir novamente.
“Hei, mocinha...”
“Ahn?- ela pareceu demorar algum tempo para processar a verdadeira informação. Sentou-se depressa, puxando a sua capa para cobrir seu corpo. Draco riu.”
“Não há nada por baixo desse tecido que eu não tenha visto e sentido o gosto, Srta. Weasley.- ele falou de um modo engraçado e assustou Gina com o sorriso verdadeiro que mostrou.”
“Eu...- ela tentou falar.”
Ela olhou ao redor. Vassouras. Muitas delas. E só então ela lembrou-se de toda a noite que passara com Draco Malfoy naquele armário de vassouras. De cada ofensa. Cada resposta. Cada verso cantado. E também de cada beijo, cada carícia. De cada palavra não dita. De cada sensação e gemido.
“Céus...”
“O que foi, Weasley?”
“Eu...você...nós...- ele riu da cara de confusão dela.”
“É, eu sei.- ela riu e não soube o porquê da sua reação. Abraçou-se a Draco, ficando por cima dele e beijando-o como se quisesse mesmo acreditar que tudo tinha acontecido.”
Draco encostou-se à parede e Gina ficou de frente para ele, encostada à parede oposta. Mas dessa vez os pés não apenas se encostavam. Suas pernas entrelaçavam-se umas às outras.
“Você vai me explicar a sua explosão por causa da musiquinha?- ela comentou, fazendo-o olhar para ela e rir.”
“Não vamos voltar a esse assunto.”
“Mas por que não?”
“E Dracozinho é uma forma humanamente impossível de ser correta.”
“Eu sei, mas combinava melhor com a letra do que Draquinho, se fosse este, eu teria que botar meu Draquinho, para acompanhar o ritmo real da música, e àquela altura você não era meu.”
“E agora eu sou?”
“Pelo menos você foi durante essa noite.”
“E eu ainda posso ser.- ele apenas sussurrou, mas Gina não ouviu. Ao invés disso, ela ouviu seu estômago roncar.”
“Eu estou com fome.- disse, desnecessariamente.”
“Percebe-se. Não temos nada para comer...nem temos como sair daqui.”
“Olhando por essa perspectiva eu não gostaria de sair daqui agora.”
“O que quer dizer com isso?”
“O conto do armário acabaria...e eu...- então ele cortou-a.”
“Eu também não gostaria que acabasse.”
Ela olhou-o surpresa, mas não teve tempo de analisar a frase, já que, naquele momento, no meio deles, apareceu uma grande cesta de café da manhã, com várias frutas, pães e doces, além de suco. E, amarradas à alça da cesta, estavam as varinhas dos dois e um cartão, que Gina apanhou e leu.
“Agora vocês poderem fazer mágica e sair do armário. Dobby esperar ter ajudado Srta. Wheezyyyy e Sr. Draky. Ass. Dobby.- e passou o bilhete para Draco.”
Os dois olharam-se. Draco pegou as varinhas e colocou-as num canto. Apanhou a cesta e pegou algo para comer, entregando-a a Gina para que escolhesse algo também.
Depois que terminaram de comer, Draco apanhou sua varinha e, rapidamente, fez um feitiço de limpeza no armário, alargou-o alguns metros e conjurou algumas almofadas. Gina olhou curiosa para ele.
“Sabe, Weasley, hoje é Domingo, acho que ninguém vai dar por nossa falta.- ela riu e aproximou-se para um beijo.”
Porém, no instante em que os lábios iam se tocando, a porta do armário se abriu e, atrás dela, apareceu um pequeno elfo sorridente, com os olhos enormes brilhando como nunca.
“Dobby!- os dois disseram ao mesmo tempo. Olharam-se e voltaram a atenção para o elfo- FECHA!- continuaram, ainda juntos.”
O elfo fez uma reverência realmente exagerada, tocando o nariz no chão e dobrando-o um pouco. Draco jurou que ouviu um CREC no processo. Dobby levantou-se e, muito cordialmente, falou:
“Dobby ficar feliz em ter ajudado!”
Com um movimento de mãos do elfo, a porta fechou-se, e não foi novamente aberta tão cedo naquele dia.
Comentários (1)
kkk, brilha brilha, dracozinho! kkk, adorei a musiquinha! Mt booooa. kkk, fic mt engraçada! gostei do cap, parabéns!
2013-01-04