Perdão



Rony estava sentado na beira do lago, gostava de contempla-lo à noite, a lua cheia refletia na água escura, e a neve, muito fraca, não o incomodava.

”Como pude ser tão burro! Em vez de traze-lo pra mim, o afastei pra sempre! Fui precipitado, não deveria ter pressionado tanto... Agora ele me odeia...”.

Uma lágrima caiu do rosto de Rony escorrendo até os lábios.

”Só mesmo ele para me fazer chorar”.

- O que faz na neve? Assim vai ficar doente. – Disse uma voz arrastada atrás de Rony, que conhecia muito bem.

- Cai fora Malfoy. – Disse com aspereza, não estava com animo para brigar agora.

- Esse é um lugar público, tenho tanto direito de ficar aqui quanto você. – Disse sentando ao lado de Rony.

Rony nada fez, não iria se dar o trabalho de sair do lugar, só pela presença de Draco, sabia que era isso que o loiro queria.

- Estava chorando? – Perguntou Draco, sua expressão não era de deboche, era ilegível.

- Não te interessa. – Disse Rony, limpando rapidamente a lágrima.

- Deixe-me adivinhar, seria por causa da Sangue Ruim, claro! Ela te largou pra ficar com o Potter, não foi? – seu tom era de falso divertimento.

- Já disse que não te interessa! – Falou Rony alterando o tom de voz.

- Não tenha vergonha de ter levado um pé-na-bunda, Weasley, as mulheres são todas iguais!

Rony pegou o colarinho da blusa de Draco em um movimento rápido, deixando o garoto atônito.

- Se não quiser engolir todos os seus dentes, é melhor calar a boca. – Disse friamente.

Rony soltou a blusa de Draco, o garoto não disse mais nada. Afinal, Rony era tremendamente mais alto, e ele estava sem Crabe e Goyle por perto.

Os dois ficaram em silencio. Rony apoiava seu queixo nos joelhos dobrados, e Draco olhava para os lados entediado.

- O que você fez pra ela te deixar?

- Por que você não cala essa grande boca?

- Por que estou curioso pra saber sobre seus problemas amorosos.

- O que você entende de problemas amorosos? Você nem sabe o que é isso, Malfoy!

- Sei mais do que imagina. – Sussurrou serio, se levantando e voltando ao castelo.

Rony ficou observando Draco ir embora, o que ele queria dizer?

***

Draco estava deitado em sua cama no dormitório masculino, não fora para a casa no Natal, seu pai viajara a negócios, sua mãe o acompanhou. Era o único da Sonserina que havia ficado. O quarto estava escuro, já havia caído à noite, e fazia muito frio, não só porque nevava lá fora, mas também porque os dormitórios da Sonserina ficavam nas masmorras, e fazia muito frio em qualquer época do ano.

Ele estremeceu, levantou-se para buscar um cobertor, revirou o baú atrás do maldito cobertor. Onde fora parar? Provavelmente a azemola de Crabbe havia pego novamente. Desistiu de procurar, e jogou-se na cama. A mesma cama que o acolhera tantas vezes em seus dias difíceis, como este. Abraçou o travesseiro com força.

- Harry... – Sussurrou.

***

Harry nem tocou na farta ceia de Natal, não estava com animo de se alimentar naquela noite. Sua mente estava cheia.

”Como vou encarar Rony agora... E Hermione? O que faço com Hermione agora?”.

- Harry?- Disse uma garotinha do 3º ano, que ele nem ao menos sabia o nome.-era gordinha e tinha longos cabelos crespos.

- Sim.

- Você vai comer este pudim? – Perguntou se referindo a comida intocável de Harry.

- Ah, não, pode levar. – E estendeu o prato para a garota.

- Obrigada. – Disse feliz da vida levando o prato.

”Que gracinha, essa menina se alegra com tão pouca coisa, queria ser assim. Livre de preocupações.”

De repente se sentiu extremamente cansado e resolveu subir para a torre.

Ao chegar ao dormitório, Rony já estava deitado em sua cama dormindo. Observou-o dormir, parecia um anjo. Silenciosamente, Harry colocou seu pijama e deitou-se também.

Não conseguia dormir, a culpa assolava sua mente. Afinal, por sua culpa, Rony estava sofrendo, mas era para o bem dos dois, para poupa-los da humilhação.

Sentiu um leve toque em seu ombro, que o despertou de seu transe.

- Harry. – ouviu chamar.

Harry virou-se para encarar Rony, que estava ajoelhado no chão com o queixo em sua cama, olhando-o com ternura.

- Você me perdoa? – Disse Rony, quase que implorando.

Harry sentou-se na cama, fez com que Rony fizesse o mesmo, olhando-o com carinho.

- Claro que eu te perdôo, eu te amo.

Uma lágrima de felicidade caiu sobre a face de Rony.

- E você, consegue me perdoar?

Em resposta, Rony deu um leve beijo nos lábios de mel de seu amado. Lentamente passava a língua em cada extremidade dos lábios de Harry, fazendo-o se arrepiar.

- Rony... – Ele o fez calar com mais um beijo.

- Quero você. – Disse ao soltar-lhe, fazendo Harry derreter.

Rony intensificou o beijo, sem deixar nenhuma brecha para Harry impedir. Este enrijeceu os músculos, e aos poucos ia relaxando até se sentir mais leve que uma pluma, como se estivesse pisando no paraíso, e nada mais importasse do que aquele momento. Nada mais importa...

Rony nunca tinha se sentido tão leve, sempre desejara aquilo, era seu maior desejo. Todas as suas aflições haviam sido depositadas em seus últimos atos. Agora, não sentia nada mais, que um amor intenso, que havia aumentado aos extremos.

Harry, não podia dizer o mesmo, Fora ótimo é claro, mas, falhou, tinha sido fraco, jurara para si mesmo que resistiria até os últimos dias de sua vida, mas fora egoísta. Além de ter traído Hermione, que não merecia. Sentiu-se pequeno, frágil e insignificante.

Foi uma longa noite...

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