Desejos



- Ela morreu, ou não? – perguntou Hermione, no jardim, longe das crianças.

- Você matou o espírito dela, mas eu tirei a vida. – disse Harry, nervoso. – E sim. Eu direi como foi, como enterrei e onde enterrei. E direi como...

- Espera um instante Harry. Espera um momento, está bem? – disse Hermione já de pé. – Uma coisa de cada vez, sim?

- Vim aqui para cumpri meu dever. Fiz um juramento para prender o cara mau dessa história porque geralmente é o que eu costumo fazer. ... Harry, a única coisa que me trouxe até aqui foi você. Eu não sei direito, – disse ela com os olhos meio lacrimejantes e sorrisos nervosos – mas eu devo ter lido aquela carta umas mil vezes. E eu estou confusa com isso.

Harry a observava atentamente. Não parava de observá-la. Nem mesmo havia notado que anoitecia. O céu tinha um tom ligeiramente escurecido. Decidiu falar, pois não poderia ficar ali a observando por toda a eternidade.

- O motivo pelo qual está aqui, e não sabe é que mandaram buscá-la. – vendo que ela não entendia, decidiu prosseguir detalhadamente. – Quando eu era pequeno, minutos antes de meus pais serem mortos por Voldemort, eles fizeram um feitiço para nunca me apaixonar, digamos assim.

Hermione o observava fixamente.

- Ou seja, me apaixonaria pela mulher certa. Pediram qualidades que hoje em dia é difícil de se encontrar em qualquer pessoa. – disse ele abaixando a cabeça. – Inteligência, coração puro... Mas você as tem.

Harry deixou cair uma pequena lágrima de seu olho direito. Hermione passou a mão pelo rosto do homem a sua frente e o levantou para que olhasse direito nos olhos dele.

- Está dizendo que o que estou sentindo é um feitiço? – perguntou ela.

- É. Não é real. – disse ele, agora não mais desviando o olhar. – Se você ficasse eu não saberia se foi por causa do feitiço – Hermione afastou-se lentamente. – e você não saberia se foi porque eu não queria ir para a prisão.

Hermione andou alguns passos para trás, e aproximou-se de Harry novamente. Coçou a cabeça e tornou a olhá-lo.

- Todos os relacionamentos têm problemas. – sorriu ela, fazendo Harry rir também.

- Eu... Eu estou certo não é? Você não sabe, não é? – perguntou ele.

Hermione pensou por um momento.

- Bem, por que você não faz o que tem que precisa e... Eu faço o que eu preciso, e depois vemos no que vai dar.

- Certo. – disse ele sem saber o que sentir no momento.

Não sabia se sentia vergonha, tristeza, alívio momentâneo... Parou de pensar no momento em que Hermione lhe disse:

- Maldições, Harry, só têm poder quando você acredita nelas. E eu não acredito. – disse ela, com o vento levantando levemente seus cachos definidos. E acrescentou: E quer saber? Eu também te desejei.

E seguiu seu rumo, passando por entre as plantações e saindo pelo portão da frente. Harry permanecia cabisbaixo, deixando lágrimas correrem livremente pelo seu rosto. Não agüentava mais esconder seus sentimentos. Seu verdadeiro amor, talvez nunca mais voltasse. Tinha certeza disso.

Era o fim de tudo. Estaria em Azkaban daqui a alguns dias lamentando não ter dito algo que possivelmente poderia mudar tudo. Jamais saberia.

Andou tristemente para dentro, com uma marca profunda em seu peito. Fechou a porta atrás de si e fechou os olhos, encontrando-se com os de Hermione novamente.

Viu que Ron o observava e foi ao seu encontro. O ruivo abraçou o amigo dando leves tapinhas nas costas de Harry.

- Eu estou a fim de curtir amigos no momento... – disse Ron em seu ouvido, fazendo com que um intenso calafrio percorresse por toda a sua espinha. Ele sabia quem estava abraçando-o naquele momento. Não era Ron. Era, novamente, Violet Elliot. Ela havia voltado.

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