A Descoberta
- Rony, pela última vez, não faz nem 20 minutos que a gente saiu da Ala Hospitalar e você já quer voltar para lá? O que há com você? – Disse Harry irritado.
- Não! O que há com você!? Ela é sua amiga também! Por que sou só eu que tenho consideração? – Disse Rony aflito.
- Rony, eu também estou preocupado, mas...
- Por que você não para de incomodar o Harry e vai você ficar com ela? - Interrompeu Gina impaciente.
- Obrigada Gina! – Harry desabafou aliviado.
Rony ficou com aquela cara de impaciência misturada com irritação o resto da tarde. O fato de não ter falado mais uma palavra sequer sobre ir ver Hermione fez com que os amigos pensassem que tinham usado o argumento certo. Na verdade, parecia até bom demais para ser verdade: ele não tinha falado absolutamente mais nenhuma palavra sobre assunto algum.
Depois de algum tempo, Rony deixou Gina e Harry conversando na sala comunal, atividade em que, por sinal, os dois pareciam estar se dando muito bem sem ele, e resolveu ir até a margem do lago, tomar um pouco de ar fresco e tentar afastar aqueles pensamentos de sua cabeça. Ultimamente, nada conseguia fazê-lo parar de pensar em Hermione, mas mesmo assim ele tinha que tentar.
O tempo passava de um jeito estranho, como se tudo se movesse aceleradamente ao seu redor. Em um piscar de olhos, a tarde ensolarada se transformou em um crepúsculo alaranjado, e a cada minuto as cores ficavam mais pálidas enquanto a noite era anunciada no horizonte.
Um pequeno ruído vindo de trás da árvore onde estava sentado, fez Rony virar-se rapidamente. Seu coração quase pulou para fora de seu peito. Era ela . Ele teve a impressão de ver os pés de Hermione ensaiando uma meia volta, mas antes que ele pudesse ter certeza, ela o encarou sem graça.
- Oi Rony.
- Oi! – Disse surpreso. – O que você está fazendo fora da Ala Hospitalar? Você não fugiu, não é?
- É claro que não Ronald. – Disse Hermione no seu tom repressivo habitual, enquanto sentava-se relutantemente ao seu lado – Fui liberada esta tarde.
- Ah.
- Você está bem?
- Sim, estou ótimo, é claro!
- Que estranho. Pensei ter ouvido você dizer à Madame Pomfrei esta manhã que estava com uma “dilaceração profunda” e precisava de cuidados. – Comentou a garota desconfiada.
- Bem... – Rony tentou pensar em algo antes que Hermione percebesse os cinco litros de sangue que se dirigiam rapidamente para o seu rosto – Gina sabia um feitiço de fechamento muito bom, sabe... apesar de que, quando eu mexo assim – disfarçou esticando a perna e tentando parecer convincente – ainda dói um pouco.
Hermione o encarou não parecendo muito convencida, mas antes que ela falasse alguma coisa, Rony continuou - E você? Madame Pomfrei disse que só sairia em dois dias.
- Ela disse, mas eu já me sinto bem há dias! – Disse a garota, parecendo aborrecer-se com as próprias palavras - Eu até tentei alertá-la sobre a sua constante negligência com os pacientes, mas acho que ela se irritou comigo e por isso me liberou antes da hora.
- Imagine se ela não ia se irritar, Hermione! Honestamente, você dando sermão consegue tirar qualquer um do sério. Além do mais, nunca ouvi falar de um único aluno que piorou enquanto estava na Ala Hospitalar sob os cuidados de Madame Pomfrei. – Reprimiu Rony.
- Suponho que seja por isso que você não queria sair de lá, então? Por que não aproveitou a oportunidade para escrever um poema, já que você é tão bom em fazer elogios? – Zombou Hermione com ar de indignação.
- Não seja estúpida Hermione! Eu só estou tentando te ajudar, sabia? – retrucou parecendo profundamente ofendido – Você não sabe quando vai precisar ficar na Ala Hospitalar novamente, e com certeza não vai querer Madame Pomfrei derrubando alguma coisa “acidentalmente” nas suas poções.
- Acho que seria até mais seguro, já que “acidentalmente” – Disse azeda, imitando o tom de Rony - ela poderia acertar o que está fazendo. Eu li no “Guia de Enfermidades e suas curas – Nível Básico” que nunca se deve misturar as poções de lírio verde-musgo e arambóia, e ela estava dando um coquetel reforçado dessas duas todos os dias para um paciente! Não me admira que o coitado não tenha acordado cheio de espinhos pelo corpo ou coisa parecida.
- Eu não acredito nisso, Hermione! Madame Pomfrei deve ser a Curandeira de Hogwarts desde antes de seus pais sequer se conhecerem, enquanto você enfia a cara num livro e já vai achando que pode dar palpite no tratamento dos pacientes! É mais perigoso alguém acordar cheio de espinhos ou com a pele verde sendo seu vizinho de cama do que por qualquer outra coisa! – Caçoou Rony.
O rosto de Hermione assumiu rapidamente uma coloração vermelha escarlate, e quando ela falou, sua voz estava trêmula. – É mesmo? Mas você me parece muito bem, não é?! – Vociferou.
– Você estava falando de mim? – Disse Rony, cujo sangue pareceu ter se esvaído completamente de seu rosto.
– Não sei o que estava passando pela minha cabeça! Se eu não fosse tão burra, não teria trocado as suas poções, e a essa hora poderia estar me divertindo na Ala Hospitalar, dando imensas gargalhadas da sua cara verde e espinhenta! – Berrou a garota ao levantar-se.
Rony assumiu um ar seriamente desafiador enquanto se levantava para acompanhá-la. – Você não teria coragem.
– Isso é o que você pensa. – Retrucou Hermione firmemente – Nem todos são COVARDES como você Rony, que não consegue nem enfrentar um bando de garotinhos com a metade do seu tamanho!
Rony contraiu os lábios furiosamente. – Ora!... Prefiro ser um covarde a ter o EGO SAINDO PELAS ORELHAS, Senhorita Sempre sei como fazer tudo! – Bufou – Você se acha tão esperta que daqui a pouco vai querer dar lições a Dumbledore sobre “Como dirigir Hogwarts”!
– O que eu realmente deveria fazer é dar lições a você sobre “COMO DEIXAR DE SER UM CASO COMPLETAMENTE PERDIDO!”
Em meio aos seus berros, Hermione demorou alguns segundos para perceber que a expressão de Rony ficara estranhamente perigosa. Seus olhos a miravam faiscando, como se ele estivesse se decidindo que forma de ataque usaria contra ela. E antes que ela pudesse pensar, muito menos fazer algo, Rony deu um enorme e determinado passo à frente, maior que ela acreditava que ele fosse capaz, e a beijou com uma delicadeza inacreditável, considerando que as suas mãos estavam apertando seu rosto contra o dela com firmeza.
Hermione apertou seus olhos com força como se aquilo fosse inesperado demais para qualquer reação. Por um momento, a vontade que sentia era de jogar todas as azarações possíveis e imagináveis sobre ele, causar o máximo de dor que fosse capaz, e assim, colocar para fora todo aquele turbilhão que girava ferozmente dentro dela. Há menos de um minuto ela estava dizendo e ouvindo grosserias, como eles sempre costumavam fazer quando estavam próximos um do outro. Agora, essa proximidade espalhava calafrios pelo seu corpo inteiro, em um misto de sensações que ela nunca havia sentido antes. Por um segundo, em que não foi capaz de mover um único músculo, ela achou que pudesse realmente odiá-lo por tê-la beijado. Mas as batidas do coração dele, tão fortes e descompassadas junto ao seu peito, a levaram a fazer a única coisa que realmente desejara há muito tempo.
Quando Rony sentiu as mãos quentes de Hermione tocarem suas costas fazendo a pressão do corpo dela contra o seu aumentar, centenas de fogos de artifício pareceram explodir em seu estômago. E logo ele se encontrou completamente hipnotizado pelos sons que a respiração dela fazia enquanto a beijava, sentindo faíscas estralarem freneticamente por todo o seu corpo.
Depois do que pareceram os segundos mais demorados de toda a sua vida, o desencontro de seus lábios permitiu o encontro ansioso de seus olhares, e Hermione sussurrou.
- Isso foi...
- Brilhante! – Respondeu Rony, abrindo um estonteante sorriso.
- Bem... Eu não tenho bem certeza... – Disse a garota desviando o olhar e fazendo com que o sorriso de Rony nitidamente despencasse - Talvez você devesse fazer denovo, para que eu pudesse formar uma opinião.
Hermione tentou parecer séria, mas sua expressão era luminosa quando ela ergueu os olhos para encará-lo novamente. Absolutamente aliviado, Rony recompôs seu sorriso. – Acho que eu posso fazer um sacrifício.
Seus lábios novamente se encontraram, e o ar pareceu pouco em meio ao apertado abraço em que se enlaçaram.
- Se eu tiver que arranjar uma briga pra poder te beijar todas as vezes que der vontade Hermione, eu estou perdido. Não sou tão criativo, sabe?
Ainda enlaçada em seus braços, Hermione sorriu. Seus olhos conversavam em meio ao silêncio do fim de tarde. Mergulhando naquele verde profundo, ela podia ouvir tudo o que sempre quis e dizer o que nunca precisaria falar de outra maneira. Quando o diálogo de seus olhares foi interrompido, a voz de Hermione soou intensa.
– Não se preocupe. Você não vai precisar de uma.
Deixando aquelas palavras ecoarem alegres por sua cabeça, Rony encostou seu rosto no dela e fechou seus olhos. Suas mãos escorregaram pelos braços de Hermione, e determinadas, uniram-se às suas. Com os últimos raios dourados de sol iluminando seus olhares, eles caminharam de mãos dadas em direção ao castelo.
Comentários (2)
OMG..' Q capitulo maaravilhooso*---
2013-09-11Noossa essa fanfic me prendeu tanto que tudo que tinha que fazer fiz correndo só pra poder vir ler , a cada capitulo a cada dialogo dos dois me prendia cada vez mais . Escreve muito bem e adorei mesmo Esta de parabéns sua fanfic esta perfeita *-*
2012-12-06