Baile de Inverno - Cópia Livro
PRA QUEM QUISER RELEMBRAR.... OS MELHORES MOMENTOS DO BAILE DE INVERNO!!
DIVIRTAM-SE!
(...)
Ao entrar na sala comunal, Harry correu os olhos pelo aposento, e para sua surpresa, viu Rony
sentado, de rosto branco, num canto distante. Gina estava ao seu lado conversando, aparentemente numa
voz baixa de quem consola.
- Que aconteceu, Rony? - perguntou Harry se juntando aos dois.
Rony ergueu os olhos para Harry, uma expressão de horror no rosto.
- Por que fiz aquilo? - perguntou ele enlouquecido. - Não sei o que me obrigou a fazer aquilo!
- O quê?
- Ele... hum... convidou Fleur Delacour para ir ao baile - disse Gina. Parecia que estava fazendo
força para não rir, mas continuou a dar palmadinhas no braço de Rony, demonstrando sua solidariedade.
-Você o quê?
- Não sei o que me obrigou a fazer aquilo! - exclamou Rony outra vez. - Quem é que eu estava
fingindo que era? Havia gente, a toda volta, fiquei maluco, todo mundo olhando! Eu estava passando por
ela no saguão de entrada, Fleur estava parada conversando com Diggory, e uma coisa parece que se
apoderou de mim, e convidei!
Rony gemeu e enterrou o rosto nas mãos. Ele não parava de falar embora fosse difícil distinguir o
que dizia.
- A garota olhou para mim como se eu fosse um verme ou coisa parecida. Nem me respondeu. E
então... nao sei... parece que recuperei o juízo e me mandei dali.
- Ela é parte veela - disse Harry. - Você tinha razão, a avó dela era veela. Não foi sua culpa,
aposto como você passou na hora em que ela estava jogando charme para Diggory e você foi atingido,
mas ela está perdendo tempo. Ele vai levar Cho.
Rony levantou a cabeça.
- Eu acabei de convidá-la para ir comigo - disse Harry sem emoção -, e ela me contou.
Gina de repente parara de sorrir.
- Isso é uma piração - disse Rony -, somos os únicos que não têm ninguém, bem, tirando o
Neville. Ei, adivinha quem ele convidou? Mione!
- Quê! - exclamou Harry, completamente distraído pela surpreendente notícia.
- É, eu sei! - disse Rony, um pouco de cor voltando ao seu rosto quando ele começou a rir. -
Neville me contou depois da aula de Poções! Disse que ela sempre foi muito legal, que o ajudava nos
estudos, mas Mione falou que já estava indo com alguém. Ha! Como se fosse! Ela só não queria ir com o
Neville... quero dizer, quem iria querer?
- Não! - disse Gina aborrecida. - Não ria...
Naquele instante Hermione vinha passando pelo buraco do retrato.
- Por que vocês dois não foram jantar? - perguntou ela, vindo se reunir ao grupo.
- Porque... ah, parem de rir, vocês dois... porque as garotas que eles convidaram acabaram de
recusar o convite! - disse Gina.
Isso fez os dois calarem a boca.
- Obrigado, Gina - disse Rony azedo.
- Todas as garotas bonitas já estão ocupadas, Rony? - perguntou Hermione com um ar superior. -
A Heloisa Midgen está começando a parecer bem bonita, agora, não está não? Bem, tenho certeza de que
vocês vão encontrar em algum lugar alguém que queira voces.
Mas Rony estava encarando Hermione como se, de repente, a visse sob uma luz totalmente nova.
- Hermione, Neville tem razão, você é uma garota...
- Bem observado - respondeu ela com azedume.
- Então... você poderia acompanhar um de nós!
- Não, não poderia - retorquiu Hermione.
- Ah, vai - disse ele impaciente -, precisamos de pares, vamos fazer um papel realmente idiota se
não tivermos nenhum, todos os outros têm...
- Não posso ir com vocês - disse Hermione, agora corando-, porque já estou indo com uma
pessoa.
- Não, não está! - disse Rony. - Você só disse isso para se livrar de Neville!
- Ah, foi? - Os olhos de Hermione faiscaram perigosamente.
- Só porque você levou três anos para reparar, Rony, não significa que mais ninguém tenha
percebido que eu sou uma garota!
Rony arregalou os olhos para ela. Depois tornou a sorrir.
- OK, OK, sabemos que você é uma garota. Satisfeita? Você vai com a gente agora?
- Eu já falei! - disse Hermione muito zangada. - Estou indo com outra pessoa!
E saiu decidida em direção à escada para o dormitório das garotas.
- Ela está mentindo - sentenciou Rony, acompanhando-a com o olhar.
- Não está, não - disse Gina baixinho.
- Quem é a pessoa, então?
- Não vou dizer, não é da sua conta.
- Certo - disse ele, que parecia ofendidíssimo -, essa história está ficando idiota.
Gina você pode ir com o Harry e eu vou...
- Não posso - respondeu Gina, e ela ficou vermelha também.
- Estou indo com... com Neville. Ele me convidou quando Hermione disse não e eu achei... bem...
de outro jeito eu não poderia ir, não estou no quarto ano. - Ela parecia infelicíssima. - Acho que vou
descer para jantar - e dizendo isso, se levantou e saiu pelo buraco do retrato, de cabeça baixa.
Rony ficou olhando abobado para Harry.
- Que será que deu nelas? - perguntou.
Mas Harry acabara de ver Parvati e Lilá entrando pelo buraco do retrato. Chegara a hora de tomar
atitudes drásticas.
- Espera aqui - disse ele a Rony, se levantou, saiu numa linha reta até Parvati e disse:
- Parvati? Quer ir ao baile comigo?
Parvati teve um acesso de risinhos. Harry esperou que ela terminasse, os dedos cruzados dentro
do bolso das vestes.
- Tudo bem - disse por fim a garota, corando furiosamente.
- Obrigado - disse Harry, aliviado. - Lilá, você quer ir com o Rony?
- Ela vai com o Simas - respondeu Parvati e as duas tiveram outro acesso de risinhos ainda mais
forte.
Harry suspirou.
- Sabem de alguém que pudesse ir com o Rony? - disse ele, baixando a voz de modo que o amigo
não o ouvisse.
- Que tal a Hermione Granger? - sugeriu Parvati.
- Ela está indo com outra pessoa.
A garota fez cara de espanto.
- Aaaah... quem? - perguntou interessada.
Harry encolheu os ombros.
- Não faço idéia. Então, e o Rony?
- Bem... - disse Parvati lentamente. - Imagino que minha irmã talvez... Padma, sabe... da Corvinal.
Eu pergunto a ela se você quiser.
- Quero, seria ótimo. Me avisa, está bem?
E ele voltou para onde Rony estava, com a sensação de que esse tal baile dava muito mais
trabalho do que merecia, e desejou que o nariz de Padma Patil fosse bem centrado no rosto.
(...)
O saguão de entrada também estava apinhado de estudantes, todos andando por ali à espera de
que dessem oito horas, quando as portas para o Salão Principal seriam abertas. As pessoas que iam
encontrar pares de outras Casas procuravam atravessar a aglomeração, tentando localizar uns aos outros.
Parvati encontrou a irmã Padma e levou-a até Harry e Rony.
- Oi - cumprimentou Padma, que estava tão bonita quanto Parvati, de vestes turquesa-forte. Mas não
parecia muito entusiasmada com a idéia de ter Rony como par; seus olhos escuros se demoraram nas
mangas e no decote esfiapados das vestes do garoto quando o examinou de alto a baixo.
- Oi - disse Rony sem olhar para ela, mas espiando os convidados. - Ah, nao...
Ele dobrou ligeiramente os joelhos para se esconder atrás de Harry, porque Fleur Delacour ia
passando, absolutamente fantástica com suas vestes de cetim cinza-prateado, acompanhada pelo capitão
do time de quadribol da Corvinal, Rogério Davies. Quando os dois desapareceram, Rony se endireitou e
ficou examinando as cabeças das pessoas que estavam de costas.
- Cadê a Hermione? - indagou outra vez.
Um grupo de alunos da Sonserina vinha subindo as escadas do seu salão comunal na masmorra.
Malfoy à frente; usava vestes de veludo negro com a gola alta, que na opinião de Harry o faziam parecer
um padre. Pansy Parkinson estava agarrada ao braço de Malfoy, com vestes rosa-claro cheias de
babadinhos. Crabbe e Goyle vinham de verde; pareciam pedregulhos cobertos de limo e nenhum dos dois,
Harry ficou satisfeito de constatar, conseguira encontrar um par.
As portas de carvalho da entrada se abriram e todos se viraram para olhar os alunos de
Durmstrang entrarem com o Prof. Karkaroff. Krum vinha à frente da delegação, acompanhado por uma
garota bonita, de vestes azuis, que Harry não conhecia.
Por cima das cabeças do grupo, ele viu que a área do gramado logo à entrada do castelo fora
transformada em uma espécie de gruta cheia de luzes encantadas - ou seja, centenas de fadinhas vivas
encontravam-se sentadas nas roseiras que tinham sido conjuradas ali e esvoaçavam sobre as estátuas que
pareciam representar Papai Noel e suas renas.
Então a voz da Profp Minerva McGonagall chamou:
- Campeões aqui, por favor!
Parvati ajeitou as franjas, sorridente; ela e Harry disseram "Vemos vocês daqui a pouco", para
Rony e Padma, e se adiantaram, a aglomeração de pessoas que conversavam se abriu para deixá-los
passar. A professora, que trajava vestes a rigor de tartan vermelho, e enfeitara a aba do chapéu com uma
guirlanda bem feiosa de cardos - a flor nacional da Escócia -, mandou-os esperar a um lado das portas,
enquanto os demais entravam; eles deviam entrar no Salão Principal em cortejo, quando os outros
estudantes se sentassem. Fleur Delacour e Rogério Davies pararam mais próximos às portas; Davies
parecia tão aturdido com a sua sorte de ter Fleur como par que mal conseguia desgrudar os olhos dela.
Cedrico e Cho ficaram ao lado de Harry; o garoto desviou o olhar para não precisar conversar com eles.
Em lugar disso, seu olhar recaiu sobre a garota ao lado de Krum. Seu queixo caiu.
Era Hermione.
Mas ela não parecia nadinha com a Hefmione. Fizera alguma coisa com os cabelos ; não estavam
mais lanzudos, mas lisos e brilhantes e enrolados num elegante nó na nuca. Estava usando vestes feitas de
um tecido etéreo azul-pervinca, e tinha uma postura um tanto diferente - ou talvez fosse meramente a
ausência dos vinte e tantos livros que ela normalmente carregava às costas. E sorria - um sorriso um
pouco nervoso, era verdade - mas a redução no tamanho dos dentes da frente era mais visível que nunca.
Harry não conseguia compreender como não a vira antes.
- Oi, Harry! - disse ela. - Oi, Parvati!
Parvati mirava Hermione com depreciativa incredulidade. E não era a única, tampouco; quando as
portas do Salão Principal se abriram, o fá-clube de Krum que fazia ponto na biblioteca passou, lançando a
Hermione olhares de profundo desprezo. Pansy Parkinson boquiabriu-se ao passar com Malfoy, e mesmo
ele não pareceu capaz de encontrar uma ofensa para atirar a Hermione. Rony, porém, passou direto por
ela sem sequer olhar.
Depois que estavam todos sentados no salão, a Profa Minerva mandou os campeões e seus pares
formarem um cortejo, de dois em dois, e a seguiram. Os garotos obedeceram e todos no salão aplaudiram,
quando eles entraram e se dirigiram a uma grande mesa redonda no fundo do salão, onde estavam
sentados os juizes.
As paredes do salão estavam cobertas de gelo prateado e cíntilante, com centenas de guirlandas
de visco e azevinho cruzando o teto escuro salpicado de estrelas.
As mesas das Casas haviam desaparecido; em lugar delas havia umas cem mesinhas iluminadas
com lanternas, que acomodavam, cada uma, doze pessoas.
Harry se concentrou em não tropeçar nos próprios pés. Parvati parecia estar se divertindo; sorria
radiante para todos, conduzindo Harry com tanta firmeza que ele teve a sensação de que era um
cachorrinho de concurso que ela estava ensinando a desfilar. Ele avistou Rony e Padma ao se aproximar
da mesa principal. Rony observava Hermione passar com os olhos apertados. Padma parecia chateada.
Dumbledore sorriu feliz quando os campeões se aproximaram da mesa principal, mas Karkaroff
tinha uma expressão parecidíssima com a de Rony ao ver Krum e Hermione se aproximarem. Ludo
Bagman, esta noite de vestes roxo-berrante, com grandes estrelas amarelas, batia palmas com tanto
entusiasmo quanto qualquer estudante; e Madame Maxime, que trocara o uniforme costumeiro de cetim
negro por um vestido rodado de seda lilás, os aplaudia educadamente. Mas o Sr. Crouch, Harry percebeu
de súbito, não estava presente. A quinta cadeira à mesa estava ocupada por Percy Weasley.
Quando os campeões e seus pares chegaram à mesa, Percy puxou uma cadeira vazia ao seu lado,
olhando significativamente para Harry. Harry entendeu a deixa e se sentou ao lado do garoto, que trajava
vestes a rigor azul-marinho, novíssimas, e exibia uma expressão de grande presunção.
- Fui promovido - disse Percy, antes mesmo que Harry lhe perguntasse e, pelo seu tom, parecia
estar anunciando sua eleição para Supremo Dirigente do Universo. - Agora sou assistente pessoal do Sr.
Crouch, e estou aqui para representá -lo.
- Por que é que ele não veio? - perguntou Harry. Não se sentia nada ansioso para passar o jantar
ouvindo uma aula sobre o fundo dos caldeirões.
- Receio que o Sr. Crouch não esteja passando bem, nada bem. Não tem estado bem desde a Copa
Mundial. O que não chega a surpreender, excesso de trabalho.
Já não é tão jovem quanto era, embora continue genial, é claro, a cabeça continua brilhante como
sempre foi. Mas a Copa Mundial foi um fiasco para todo o Ministério, e depois, o Sr. Crouch sofreu um
grande choque pessoal com o mau comportamento do seu elfo doméstico, Blinky, ou sei lá que nome
tinha. Naturalmente ele a dispensou em seguida, mas, bem, como disse, meu chefe está ficando velho,
precisa de alguém para cuidar dele, e acho que seu conforto em casa sofreu um decidido baque desde que
o elfo foi embora. Depois, então, tivemos que organizar o torneio, e o rescaldo da Copa Mundial para
resolver, aquela nojenta da Skeeter xeretando por toda parte, não, coitado, ele está passando um tranquilo
e merecido Natal. Só fico satisfeito por ele saber que tem alguém de confiança para substitui-lo.
Harry teve muita vontade de perguntar se o Sr. Crouch já parara de chamar Percy de
"Wearherby", mas resistiu à tentação.
Ainda não havia comida nas travessas de ouro, apenas pequenos menus diante de cada conviva.
Harry apanhou o dele hesitante e espiou para os lados - não havia garçons. Dumbledore, no entanto,
examinou atentamente o próprio menu, depois ordenou muito claramente ao seu prato:
- Costeletas de porco!
E as costeletas de porco apareceram. Entendendo a idéia, os demais ocupantes da mesa também
fizeram os pedidos aos seus pratos. Harry olhou para Hermione a ver o que ela achava desse novo e
complicado método de jantar - certamente significava muito mais trabalho para os elfos domésticos! -,
mas, ao menos uma vez na vida, Hermione não parecia estar pensando no F.A.L.E. Estava profundamente absorta conversando com Vítor Krum e parecia nem notar o que estava comendo.
Agora ocorria a Harry que ele nunca chegara a ouvir Krum falar antes, mas sem dúvida o garoto
estava falando agora e, pelo visto, com muito entusiasmo.
- Pom, temos um castelo também, non é ton grrande quanto este, nem ton conforrtável, acho - ia
ele dizendo a Hermione. - Temos só quartro andarres, e as larreirras só são acesas parra finalidades
mágicas. Mas a prroprriedade em que ecstá a escola é ainda maiorr do que esta, emborra no inverrno a
gente tenha muito pouca luz solarr, porr isso não aprroveitamos muito os jarrdins. Mas no verrão todo o
dia sobrrevoamos os lagos e montanhas...
- Ora, ora, Vítor! - disse Karkaroff, com uma risada que não se estendeu aos seus olhos frios. -.
Não vá contar mais nada, agora, ou a nossa encantadora amiga vai saber exatamente onde nos encontrar!
Dumbledore sorriu, seus olhos cintilando.
- Igor, tanto segredo... a pessoa poderia até pensar que você não quer visitas.
- Bom, Dumbledore - disse Karkaroff, mostrando os dentes amarelos -, todos protegemos os
nossos domínios, não? Todos não guardamos zelosamente os templos de saber que nos foram confiados?
Não estamos certos em nos orgulhar de que somente nós conhecemos os segredos de nossas escolas, e,
mais uma vez, certos em protegê-las?
- Ah, eu nunca sonharia em presumir que conheço todos os segredos de Hogwarts, Igor - disse
Dumbledore amigavelmente. - Ainda hoje de manhã, por exemplo, a caminho do banheiro, virei para o
lado errado e me vi em um aposento de belas proporções que eu nunca vira antes, e que continha uma
coleção realmente magnífica de penicos. Quando voltei para investigá-lo mais de perto, descobri que o
aposento desaparecera. Mas preciso ficar atento para reencontrá-lo.
É possível que só esteja acessível às cinco e meia da manhã. Ou talvez só apareça com a lua em
quartil ou quando quem procura está com a bexiga excepcionalmente cheia.
Harry riu para dentro do prato de gulache. Percy franziu a testa, mas Harry poderia jurar que
Dumbledore lhe dera uma piscadela quase imperceptível.
Entrementes, Fleur Delacour criticava as decorações de Hogwarts com Rogério Davies.
- Isse non é nada - disse ela contemplando as paredes cintilantes do Salão Principal com ar de
pouo caso. - No Palace de Beauxbarons, tems esculturres de gelo em volta da sala de jantarr no Natall.
eles não derretem, é clarro... parrecem enorrmes estátues de diamante, faiscande pela sala. E a comida é
simplesman superrbe.
E temes corres de ninfes das mates, cantando serrenatas enquanto comemes. Não temes essas
armadurras feies nos corrredorres e se um dia um polterrgeisr entrrasse em Beauxbatons, serria expulso
assim. - E ela bateu a mão com impaciência na mesa.
Rogério Davies observava a garota falar com uma expressão aturdida no rosto e a toda hora
errava ao levar o garfo à boca. Harry teve a impressão de que o garoto estava ocupado demais admirando
Fleur para escutar uma única palavra do que ela dizia.
- Absolutamente certa - disse ele depressa, batendo com a própria mão na mesa como fizera
Fleur. - Assim.
É claro.
Harry correu os olhos pelo salão. Hagrid estava sentado a uma das mesas reservadas aos
professores; voltara a vestir o seu horrível terno peludo marrom, e tinha os olhos fixos na mesa principal.
Harry o viu dar um discreto aceno e, ao olhar para os lados, viu Madame Maxime retribuir o aceno, suas
opalas faiscando à luz das velas.
Hermione agora ensinava Krum a pronunciar seu nome corretamente; ele não parava de chamá-la
de Hermy-on.
- Her-mi-o-ne - dizia ela lenta e claramente.
- Herm-on-nini.
- Está bastante parecido - disse ela, encontrando os olhos de Harry e sorrindo.
Quando toda a comida fora consumida, Dumbledore se levantou e pediu aos estudantes que
fizessem o mesmo. Então, a um aceno de sua varinha, as mesas se encostaram às paredes, deixando o
salão vazio, em seguida ele conjurou uma plataforma ao longo da parede direita. Sobre ela foram
colocados uma bateria, alguns violões, um alaúde, um violoncelo e algumas gaitas de foles.
As Esquisitonas subiram, então, no palco sob aplausos delirantemente entusiásticos; eram todas
extremamente cabeludas, trajavam vestes negras que haviam sido artisticamente rasgadas. Apanharam
seus instrumentos e Harry, que estivera tão interessado em observá-las que quase esqueceu o que viria a
seguir, de repente percebeu que as lanternas de todas as outras mesas tinham se apagado e que os outros
campeões e seus pares estavam em pé.
- Anda! - sibilou Parvati. - Temos que dançar!
Harry tropeçou nas vestes ao se levantar. As Esquisitonas tocaram uma música lenta e triste;
Harry entrou na pista de dança bem iluminada, evitando cuidadosamente o olhar dos colegas (ele viu
Simas e Dino acenarem para ele entre risinhos), e no momento seguinte, Parvati agarrara suas mãos,
colocara uma em torno da própria cintura e segurava a outra na dela.
Não foi tão mal como poderia ter sido, pensou Harry, girando lentamente no mesmo lugar
(Parvati o conduzia). Mantinha os olhos fixos sobre as cabeças das pessoas que assistiam, mas dali a
pouco muitas delas também vieram para a pista de dança, de modo que os campeões deixaram de ser o
centro das atenções. Neville e Gina dançavam próximos a ele - Harry via Gina fazer frequentes caretas
sempre que Neville pisava seus pés - e Dumbledore valsava com Madame Maxime. Ficava tão pequeno
junto a ela que a ponta do seu chapéu cônico mal roçava o queixo da bruxa; no entanto, Madame Máxime se movia graciosamente para uma mulher daquele tamanho.
Olho-Tonto Moody estava seguindo um compasso de dois tempos extremamente desajeitado com
a Profa Sinistra, que nervosamente evitava a perna de madeira do seu par.
- Belas meias, Potter - rosnou Moody ao passar, seu olho magico espiando através das vestes de
Harry.
- Ah... são, Dobby, o elfo doméstico, tricotou-as para mim - disse Harry, sorrindo.
- Ele dá arrepios! - sussurrou Parvati, quando Moody se afastou batendo a perna de pau. - Acho
que não deviam permitir aquele olho dele!
Harry ouviu a última nota trêmula da gaita de foles com alívio.
As Esquisitonas pararam de tocar, os aplausos encheram mais uma vez o Salão Principal e Harry
soltou Parvati.
- Vamos sentar um pouco?
- Ah... mas... agora vem uma realmente boa! - disse Parvati, ao ouvir as Esquisitonas começarem
uma nova música, que era muito mais movimentada.
- Não, não gosto dessa - mentiu Harry e conduziu a garota para fora da pista de dança, passando
por Fred e Angelina, que dançavam com tanta exuberância que as pessoas à volta deles se afastavam com
medo de se machucar, e se dirigiram à mesa em que Rony e Padma estavam sentados.
- Como é que vocês estão indo? - perguntou Harry a Rony, se sentando e abrindo uma garrafa de
cerveja amanteigada.
Rony não respondeu. Olhava feio para Hermione e Krum, que dançavam ali perto.
Padma estava sentada com os braços e as pernas cruzadas, um pé balançando ao ritmo da música.
De vez em quando ela lançava um olhar aborrecido a Rony, que a ignorava completamente. Parvati se
sentou do outro lado de Harry, cruzou os braços e as pernas também e, minutos depois, foi convidada a
dançar por um garoto da Beauxbatons.
- Você se importa, Harry? - perguntou Parvati.
- Quê? - disse Harry, que estava observando Cho e Cedrico.
- Ah, nada - retrucou Parvati e saiu com o garoto da Beauxbatons. Quando a música terminou, ela
não voltou.
Hermione apareceu e se sentou na cadeira vazia de Parvati.
Estava com o rosto um pouco afogueado de dançar.
- Oi - disse Harry. Rony não disse nada.
- Está quente, não acham? - disse ela se abanando com a mão.
- Vítor foi apanhar alguma coisa para a gente beber. Rony lhe lançou um olhar irritado.
- Vítor?- disse ele. - Ele ainda não lhe pediu para chamá-lo de Vitinho?
Hermione olhou para o garoto surpresa.
- Que é que há com você?
- Se você não sabe - disse ele sarcasticamente -, não sou eu que vou lhe dizer.
Hermione encarou-o demoradamente, depois Harry, mas este sacudiu os ombros.
- Rony, que é...
- Ele é da Durmsrrang - vociferou Rony. - Está competindo contra o Harry!
Contra Hogwarts! Você... você está... – Rony obviamente estava procurando palavras
suficientemente fortes para descrever o crime de Hermione - confraternizando com o inimigo, é isso que
você está fazendo!
Hermione ficou boquiaberta.
- Não seja tão burro! - respondeu ela após um momento. - O inimigo!
Francamente, quem é que ficou todo excitado quando viu o Krum chegar? Quem é que queria
pedir um autógrafo a ele? Quem é que tem um modelinho dele no dormitório?
Rony preferiu ignorar as perguntas.
- Suponho que ele a tenha convidado para vir com ele quando os dois estavam na biblioteca?
- Isso mesmo - disse Hermione, as manchas rosadas em seu rosto se intensificando. - E daí?
- Que aconteceu, estava tentando convencê-lo a participar do fale, é?
- Não, não estava, não! Se você quer realmente saber, ele... ele disse que estava indo todos os dias
à biblioteca para tentar falar comigo, mas não conseguia reunir coragem.
Hermione disse isso muito depressa e corou tanto que ficou quase da mesma cor do vestido de
Parvati.
- E, é... isto é o que ele conta - disse Rony em tom desagradável.
- E o que é que você quer dizer com isso?
- É óbvio, não é? Ele é aluno do Karkaroff não é? E sabe que você anda em companhia do... ele
só está tentando se aproximar do Harry, tirar informações sobre ele ou até chegar perto bastante para
azarar ele...
Hermione pareceu ter sido esbofeteada por Rony. Quando falou, tinha a voz trêmula.
- Para sua informação, ele não me fez uma única pergunta sobre o Harry, nem umazinha...
Rony mudou o rumo da conversa com a velocidade da luz.
- Então está na esperança de você o ajudar a decifrar a mensagem do ovo! Suponho que tenham
andado juntando as cabeças durante aquelas sessõezinhas íntimas na biblioteca...
- Eu nunca o ajudaria com aquele ovo! - exclamou Hermione, com ar de indignação. - Nunca.
Como é que você pode dizer uma coisa dessas... eu quero que Harry vença o torneio. Harry sabe disso,
não sabe, Harry?
- Você tem um jeito engraçado de demonstrar isso - desdenhou Rony.
- O torneio é justamente para se conhecer bruxos estrangeiros e fazer amizade com eles! - disse
Hermione com voz aguda.
- Não é, não. É para se ganhar!
As pessoas estavam começando a olhar para eles.
- Rony - disse Harry em voz baixa -, eu não tenho nada contra Hermione vir com o
Krum...
Mas Rony não deu atenção a Harry tampouco.
- Por que você não vai procurar o Vitinho, ele deve estar se perguntando aonde é que você anda -
disse Rony.
- Pare de chamá-lo de Vitinho!- Hermione ficou de pé e saiu decidida pela pista de dança,
desaparecendo na multidão.
Rony acompanhou-a com uma expressão no rosto que misturava raiva e satisfação.
- Você não vai me convidar para dançar? - perguntou Padma a ele.
- Não - disse Rony, ainda olhando feio para as costas de Hermione.
- Ótimo - retrucou Padma se levantando e indo se juntar a Parvati e ao garoto de Beauxbatons,
que conjurou .um amigo para se reunir a eles tão depressa que Harry seria capaz de jurar que chamara o
amigo com um Feitiço Convocatório.
- Onde está Hermi-o-nini? - perguntou uma voz.
Krum acabara de chegar à mesa segurando duas cervejas amanteigadas.
- Não faço idéia - disse Rony emburrado, erguendo os olhos.
- Perdeu ela, foi?
Krum ficou mais uma vez carrancudo.
- Pom, se focê a virr, diga que apanhei as bebidas - disse ele se afastando curvado.
- Fez amizade com Vítor Krum, Harry?
Percy apareceu animado, esfregando as mãos e com um ar extremamente pomposo.
- Excelente! Essa é a idéia, sabe, da Cooperação Internacional em Magia.
Para contrariedade de Harry, Percy imediatamente ocupou a cadeira que Padma deixara livre. A
mesa principal agora estava vazia; o Prof. Dumbledore dançava com a Profa Sprout; Ludo Bagman com a Profa McGonagall; Maxime com Hagrid abriam uma estrada pela pista de dança ao valsar entre os
estudantes, e Karkaroff não estava à vista. Quando a música seguinte terminou, todos aplaudiram mais
uma vez e Harry viu Ludo Bagman beijar a mão da Profa McGonagall e refazer seu caminho entre os
dançarinos, momento em que Fred e Jorge o assediaram.
(...)
A Mulher Gorda e sua amiga Vi estavam tirando um cochilo no quadro que cobria a entrada da
Casa. Harry teve que berrar “Luzes Encantadas!” para que elas acordassem, e ao fazer isso, as duas ficaram
muitíssimo irritadas. Quando entrou na sala comunal, encontrou Rony e Hermione tendo uma briga
daquelas. Mantendo uma distância de três metros, os dois vociferavam um com o outro, as caras
vermelhas como pimentões.
- Ora, se você não gosta, então sabe qual é a solução, não sabe? - berrava Hermione; agora seus
cabelos iam se soltando do elegante coque, e seu rosto se contraía de raiva.
- Ah, é? - berrava Rony em resposta. - Qual é?
- Da próxima vez que houver um baile, me convide antes que outro garoto faça isso, e não como
último recurso!
A boca de Rony ficou mexendo sem emitir som algum como a de um peixe de aquário fora da
água, enquanto Hermione virava as costas e subia batendo os pés a escada do dormitório das garotas para
se deitar. Rony se virou para Harry.
- Bom - balbuciou, completamente abismado -, bom, isso prova que ela não entendeu nada...
Harry não respondeu. Estava gostando demais de ter feito pazes com o amigo para dizer o que
estava pensando naqueli momento - mas, em todo o caso, ele achava que Hermione entendera melhor do
que Rony.
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