Ala Hospitalar



Ainda não tinham se refeito do susto, quando viram pouco mais de quinze comensais se encaminhando ao Três Vassouras.


- Gina, por favor, não me questione: volte pra escola agora e chame Dumbledore. - pediu-lhe, sacando a varinha.


- Tá louco, Harry? Eu não vou te deixar aqui sozinho. Além do mais, você tem a péssima mania de se esquecer de que eu sou uma auror!


- Eu não esqueci! Mas não há tempo agora para explicações, Gina. E eu não vou ficar sozinho, há membros da Ordem aqui. Outra coisa: se os dois estiverem metidos nessa, eles não podem te ver! Saberiam que estamos aqui também!


- Harry... - tentou argumentar, mas viu a determinação dele. - Eu não acredito que vou fazer isso! Olhe, mantenha-se vivo para que eu te mate com as próprias mãos depois desse ataque, viu? E não pense que vai escapar de uma conversinha!


- Obrigado. - suspirou, aliviado. - Pegue a Capa da Invisibilidade e use a passagem da DedosDeMel. - ela assentiu. - Cuidado, ruiva! - deu-lhe um beijo rápido e correu para onde os comensais estavam.


Quando se aproximou, viu Olho-Tonto e Esturgio Podmore lutando com os encapuzados, além de Remo, Sirius, Alice, Frank e seus pais. Ao vê-los, seu coração quase parou, e correu o mais rápido que pôde para a frente de batalha.


O rastro que deixaram foi de total destruição. Muitas casas em chamas, árvores tombadas, corpos ao chão... "Espero que estejam apenas inconscientes!" - pensou, enquanto lutava com dois comensais ao mesmo tempo.


Em pouco tempo, muitos comensais tinham sido abatidos, assim como parte dos "aliados". Alice e Remo foram estuporados, Frank sangrava muito e Tiago havia sido atingido no braço e nas costas. Olho-Tonto tentava proteger Lily, Sirius e Harry, que ainda estavam lutando, mas ainda estavam em minoria.


Então Dumbledore chegou, acompanhado dos professores e de Hagrid, e a desvantagem virou de lado. Acuados, os comensais começaram a debandar. Os alunos suspiraram aliviados e baixaram a guarda. Neste instante, um dos comensais se virou e lançou uma azaração em Lily; um raio roxo, rumo ao seu peito. Ela não esboçou reação, e Harry mal teve tempo de pensar antes de se jogar entre a mãe e o feitiço, caindo inerte, em seguida.


* * * * * * * * *


Gina estava na sala de Dumbledore, como ele pedira, quando Fawkes entra pela janela e lhe entrega um pergaminho do diretor.


Cara Gina, Por favor, venha até a Ala Hospitalar.


Grato, Alvo Dumbledore.


"Oh, Merlin! O que será que aconteceu?" - perguntou-se, precipitando-se pela escada, rumo à Ala Hospitalar. Quando a abriu a porta, sentiu o clima pesado; Havia muitas pessoas lá, tanto em macas, quanto em pé, mas estavam todos em silêncio, olhando para uma maca ao lado de Dumbledore.


- O que aconteceu? - perguntou, receosa.


A multidão se afastou, e Gina o viu, numa tez branco-azulada, deitado como se estivesse morto. Ela estacou, e não conseguiu falar. Sentiu o ar faltar, e, se Sirius não a tivesse segurado, teria caído direto no chão.


- Gina, ele está vivo. - Sirius lhe disse.


- Mas ele parece... - não conseguiu completar. Faltou o ar de novo.


- Ele vai melhorar, mas vocês têm que me deixar trabalhar. - falou Madame Pomfrey, eficientemente. - Por favor, afastem-se da cama dele.


- Minha cara, você precisa ser forte. Ele vai precisar que mantenha o controle enquanto não se recupera. - pediu Dumbledore, pousando a mão no seu ombro.


- Eu não sei se... - e o choque de achar que ele tinha morrido passou, dando lugar à preocupação misturada com alívio. E começou a chorar.


- Gina... - Sirius a abraçou. - Ele vai ficar bem. - dizia, tentando consolá-la.


Gina não saberia precisar quanto tempo ficaram ali, abraçados. Ele também chorava, mas ela não percebia. Se Harry morresse em combate, Sirius não se perdoaria nunca. Os outros aguardaram que se acalmassem, então Dumbledore falou.


- Papoula me pediu que você ficasse aqui com ele. Ele vai precisar de alguém sempre ao lado, e ela tem muitos pacientes, como você pode ver.


Gina ficou mais apreensiva. Apesar do que tinha acontecido, estava numa missão, e tinha que proteger Lily e Tiago. Sirius percebeu a dúvida dela, e a puxou para o lado.


- Gina, sei que Harry não te contou isso, mas por favor, não fique chateada. Eu sei por que vocês estão aqui. Sei que vieram pra salvar Lily e Tiago. - o queixo dela estava caído. - Portanto, não se preocupe. Eu assumo a proteção dos dois enquanto você estiver aqui com Harry. Você aceita?


- Quando ele te disse? E porque não me disse? - ela estava confusa, mas não adiantava negar.


- Esse é um assunto de vocês. Agora diga a Dumbledore que aceita.


O diretor a levou até a enfermeira, explicando-lhe como proceder durante a noite. Depois moveram a cama de Harry mais para a ponta do salão, para que tivesse mais privacidade e quietude.


- Minha querida, depois que a poção calmante passar, ele pode começar a ter delírios... Não estranhe, vai ser um sinal de que ele está melhorando.


Enquanto estavam ajeitando o lugar onde eles iam ficar, Gina viu muitos alunos feridos. Alguns desacordados, mas dos amigos mais próximos, o único que parecia um pouco grave era Frank, que tinha cortes profundos. Alice estava ao lado dele, compenetrada. Tiago estava com uma tipóia, mas parecia bem. Lily, Remo e Sirius estavam bem.


- Gina... - aproximou-se Lily, muito nervosa. - Eu sinto muito. - falou, com a voz embargada. - A culpa foi minha...


- Não foi culpa sua, Lily! Ele fez o que você teria feito se fosse o contrário! - rebateu firmemente Tiago.


- Lily, tenho certeza de que não foi culpa sua. Relaxe. - abraçou a amiga. - Agora alguém, por favor, me conte o que aconteceu.


Gina foi boquiabrindo-se ao decorrer da narrativa. Quando Sirius contou o momento em que Harry foi atingido, Lily começou a chorar, e Madame Pomfrey pediu que eles se retirassem, pois os que iam pernoitar precisavam descansar.


* * * * * * * * *


Harry sonhava que Voldemort havia voltado, e que estava n’A Toca, torturando os Weasleys. No sonho, ele não podia salvá-los, estava amarrado e amordaçado. Quando ele segurou Gina pelo braço, Harry não aguentou e começou a gritar, mas só saía um grunhido abafado.


- Calma, Harry... - ouviu uma voz, e sentiu uma mão alisando os seus cabelos. Então sentiu-se seguro.


- Mãe? - balbuciou, incerto.


- Não, Harry. Sou eu, Lily.


- Lily? - "Onde estou?" - perguntou-se, fazendo força para enxergar, mas tudo não passava de um borrão.


- Tome, seus óculos. Sente-se melhor?


- Acho que sim. - percebeu que estava na ala hospitalar. - Estão todos bem?


- Tiago, Alice e Remo tiveram apenas escoriações leves. De todos, quem ficou mais ferido foi o Frank, mas recebeu alta ontem.


- Ontem? Há quanto tempo estou aqui?


- Há quatro dias.


- O quê? Eu estou inconsciente desde então? - ela assentiu. - Oh, Merlin, e Gina?


- Ela ficou aqui até hoje mais cedo, até que eu consegui convencê-la a ir dormir um pouco.


- Mas ela está bem?


- Depende do que você pensa em "bem".


- Ela está ferida? Diz logo, Lily! - tentou se levantar, mas não conseguiu.


- Ela não está ferida! Mas quase tinha que ficar internada...


- O que houve?


- Acho que é melhor vocês dois conversarem. - e foi chamar Madame Pomfrey.


- Ainda bem que acordou, Sr. Granger. Sente dores?


- Não. Sinto como se tivesse tido uma febre, que já passou.


- Esse foi um dos efeitos da sua azaração. Você teve febre forte, delírios e alucinações, mas acredito que o pior já passou. Provalmente terá alta amanhã.


- Amanhã? Mas Madame Pomfrey, eu já estou melhor e -


- Não há discussão, meu rapaz. E poupe sua saliva, você vai precisar dela. - e apontou com a cabeça para a porta, de onde vinham Tiago, Sirius, Alice, Frank e Gina.


- Ei, cara, como você tá? - perguntou Sirius, sentando-se na cama dele.


- Estou ótimo. - respondeu pela enésima vez. - E vocês? - não conseguia olhar diretamente para Gina. Sentia de lá a raiva dela.


- Estamos todos bem. Estávamos muito preocupados com você, Harry. - disse Remo.


- Não foi nada! Tô pronto pra outra... - brincou, mas recebeu olhares de reprovação das garotas.


- Harry, eu gostaria de agradecer por você ter me salvado. Eu não sei se teria resistido. Muito obrigada. - e lhe deu um beijo no rosto.


- Obrigado, Harry. Eu não sei o que faria da minha vida sem a Lily. Nada do que eu possa fazer vai poder pagar essa dívida que eu tenho com você.


Harry sentiu um nó na garganta. Sentiu os olhos se encherem de lágrimas, e baixou a cabeça. Não queria que o vissem chorando. Sentiu os amigos se afastando dele, e alguém sentando na cama, ao lado dele. Era Gina. Ele pegou a mão dela e ficaram um bom tempo em silêncio.


- Harry, não pense que escapou dos murros que eu tô te devendo, por ter quase me matado de preocupação! - disse, baixinho.


- Mas eu estou em convalescença, Gina... - brincou, no mesmo tom. - O que aconteceu enquanto eu dormia?


- Quando você chegou à escola, eu pensei que estava morto, e que ninguém tinha coragem de me dizer... Dumbledore me trouxe até aqui e me explicou que você tinha sido atingido por uma maldição muito forte, mas que então tínhamos que ter paciência e esperar que os remédios de Madame Pomfrey fizessem efeito.


- Gina, a enfermeira disse que eu tive delírios e alucinações... - ela enrubesceu, e Harry percebeu. - O que eu fiz?


- Eu acho que você estava tendo pesadelos... Gritava para que Voldemort se afastasse, ou chamava por mim... Era meio ininteligível, sabe? Mas você ficou muito agitado. Madame Pomfrey teve que te isolar dos demais pacientes...


- Acho que tive esse sonho de novo, pouco antes de acordar. Se passava n’A Toca, e Voldemort estava torturando a sua família. E quando ele te pegou eu não suportei mais e acordei.


- Eu imaginei que fosse algo do gênero. Você acha que pode acontecer?


- Eu sei que foi só um sonho. Talvez por efeito da tal maldição. Acho que foi a mesma que atingiu Mione naquela vez, no Departamento dos Mistérios.


- Só que, no caso da Mione, o comensal não conseguiu dizer a maldição... A sua deve ter sido bem mais forte.


- Pode ser... - ficaram em silêncio, cada um com os seus pensamentos.


- Harry, você acha que Malfoy e Bellatrix estavam no ataque a Hogsmead?


- Gina, eu não os vi; se eles estivessem lá, eu teria sabido. Se bem que eu achei estranho aquele comensal mirar na Lily...


- Sabe qual o meu medo? Que eles tenham usado esta confusão e tenham dado um jeito de se infiltrar no castelo, com a velha Poção Polissuco.


- Acho muito difícil. A nossa vantagem é que sabemos mais ou menos como eles pensam... Eles sabem que não podem se mostrar pro seu eu do passado. Além de não poderem imaginar o efeito que poderiam causar, eles sabem que poderiam desconfiar de si mesmos, e acabar mudando mais drasticamente o futuro, ou até se matarem...


- Você está sendo muito simplista, Harry.


- Gina, se não pudermos contar com a ganância deles, estamos perdidos. Eu acho que houve algo estranho naquele ataque, mas ainda acho que eles estão à distância.


- Eu não sei Harry. Tenho medo! - admitiu, baixinho. - Tenho medo de eles terem feito contato com Voldemort, e que ele saiba da profecia antes do tempo e faça o que os dois vieram aqui fazer...


- Eu não sei por que, mas algo me diz que vai dar tudo certo, ruiva. Confie em mim!


- Falando em confiança... - olhou para os lados, certificando-se que estavam sozinhos. - ...Sr. Potter, quando o senhor pretendia me dizer que seu padrinho sabia de nós?


- Sabia o quê de nós? - Harry não acreditava que Sirius tinha aberto a boca.


- Não seja ridículo, Harry.


- Eu ia te contar... - admitiu, derrotado.


- Porque você não me contou? - inquiriu, magoada.


- Ôh, ruiva, me perdoa! Eu não queria que você se preocupasse à toa. Além do mais, você conhece o Sirius. Se estivesse vivo, teria feito questão que eu o pusesse no meio da missão.


- Já prestou atenção que só o que você me pede é que eu te perdoe? Não passa pela sua cabeça que você esteja errado, Sr. Onipotência? Eu não estou questionando o Sirius, Harry. Estou questionando mais uma vez, a sua falta de confiança em mim. Se eu tivesse ficado em Hogsmead, talvez você não tivesse sido ferido.


Harry sabia quer ela estava certa. De novo. E não aguentava mais essa história dela de que ele não confiava nela.


- Há um motivo para eu não te contar tudo, Gina. E não é porque eu não confio em você.


- Estou esperando, Harry.


Ele suspirou e revirou os olhos. "Ôh mulher difícil!"


- Gina, Dumbledore te chamou para a missão não só porque você é uma excelente auror, mas também porque não era seguro que você ficasse lá. Os comensais também estavam atrás de você.


- Bom dia, meus caros. - chegou Dumbledore. - Atrapalho?


Gina quis gritar que sim. Harry ia finalmente contar-lhe o que estava acontecendo!


- Como está, Harry? - sentou-se ao lado da cama, depois dos dois dizerem que não atrapalhava.


- Estou bem, professor. O corpo um pouco dolorido, mas já posso sair daqui.


- Isso quem decide é Papoula, Harry. Você sabe como as mulheres são intransigentes quando nos envolvemos nos assuntos delas. - deu uma piscadinha para Gina. - E como você está, minha querida? Esse rapaz está lhe dando muito trabalho?


- O senhor nem imagina o quanto...


Dumbledore deu uma sonora gargalhada, acompanhado por Gina, o que chamou a atenção do restante da ala hospitalar, que agora tinha uns dois alunos ainda remanescentes do último sábado. Madame Pomfrey aproximou-se, lívida.


- Francamente, Alvo, isso são modos? Sinto muito, mas tenho que pedir que se retirem. Apesar de o Sr. Granger estar quase reabilitado, os demais ainda carecem de maiores cuidados.


Gina aproximou-se de Harry, para lhe dar um beijo no rosto, e aproveitou para deixar um recado.


- Você não me escapa! Depois continuaremos o que interrompemos.


Harry deu um sorrisinho, e preferiu se lembrar de outra coisa que eles tinham interrompido. Pela expressão do rosto dele, ela percebeu a intenção, e seguiu com o diretor para a saída, completamente vermelha.


* * * * * * * * *


Desculpa a demora. A fic está se encaminhando para os finalmentes, e estou tendo um pouco de trabalho para fechar tudo aqui. Sorry!


Sei que esse capítulo tá meia-boca, curtinho e dramático, mas algumas coisas precisavam acontecer.


Obrigada a todos os comments e votos.


Bjos a todos e parabéns especial a Lily Granger. =D

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