A vida continua



Capítulo 14 – A vida continua...

Após alguns dias, Ângelus saiu do quarto e foi ter com os pais, que tomavam café.

- Angel, sente-se aqui, querido – disse Gina indicando uma cadeira ao seu lado.

- Obrigado, mamãe – Angel sorriu, mas sua fisionomia era de uma pessoa triste.

- Vai sair? – Harry perguntou, notando que o filho estava arrumado.

- Sim. Eu tenho algo a resolver...

- Aonde vai, filho? – perguntou Gina, alisando o cabelo do filho.

- Vou atrás daquele desgraçado. E não descansarei enquanto não acabar com sua vida! –Ângelus tinha em seus olhos um ódio imenso.

Harry e Gina olharam um para o outro. Eles tinham combinado que contariam sobre a gravidez de Anne quando o filho estivesse melhor. A ruiva estava nervosa. O ódio que o filho sentia com certeza se multiplicaria com a terrível notícia.

- Filho, sabe que Snape já está sendo procurado pelos aurores – disse Harry.

- Isso faz quanto tempo? Ele continua matando inocentes enquanto, vocês, 1aurores, parecem umas baratas tontas! Eu irei vingar Anne!

- Não diga isso! Seu pai trabalha muito. Não merece que o ofenda dessa maneira. Nem seu tio Rony! – disse Gina, enérgica.

Ângelus olhou para o pai e colocou sua mão sobre a mão do mesmo.

- Desculpe, pai. Não foi minha intenção. Mas você irá me ajudar, não é? Você me prometeu!

- Sim, filho. Iremos capturar Snape e trancafiá-lo em Azkaban…

- Não quero prendê-lo! Quero matá-lo! Como fez com Anne!

- Angel! Isso não trará Anne de volta! E nem seu filho! – Gina disse levantando-se da mesa.

- O que disse, mamãe? Meu filho?

Gina nem percebeu que tinha falado demais.

Harry olhou para o filho e disse:

- Angel, precisamos conversar…

- Não, pai. Agora quero saber o que a mamãe quis dizer com meu filho.

- É sobre isso que iremos falar. – Harry levantou e tirou do bolso da calça uma carta. – Anne escreveu isso para você.

À medida que ia lendo, as mãos de Ângelus tremiam. Seus olhos encheram-se de lágrimas.

- Não pode ser. Digam que não é verdade! – Ângelus disse olhando para os pais.

- Sinto muito, meu filho – Gina disse, acariciando o braço de Angel.

- Ele acabou com minha vida. Matou minha namorada e meu filho! Eu ia ser pai! Aquele desgraçado matou meu filho! – Ângelus levantou-se e ia sair, quando Harry o segurou.

- Não, Ângelus. Se você sair com toda essa raiva, não irá durar um minuto se encontrar Snape.

- O que quer que eu faça? Que eu fique aqui, chorando como um covarde?

- Precisamos de um plano. Snape é mais esperto do que você pensa!

- Não diga mais o nome dele na minha frente! – gritou Angel. – Eu não suporto ouvir o nome daquele maldito! – Dizendo isso, o rapaz correu para o quarto e bateu a porta violentamente.

- Harry, querido. O que podemos fazer?

- Não sei, Gi. Mas Angel não irá sossegar enquanto não pegar Snape.

- Não podemos deixar isso acontecer. Snape pode matá-lo. Ele não sabe. Os dois não sabem… – choramingou Gina.

Harry abraçou a esposa. Sabia o quanto ela estava sofrendo.

- Farei de tudo para que Angel não se aproxime de Snape.

- Mas como fará isso?

- Preciso encontrar Snape antes do nosso filho.

- Não, Harry. Não quero nem lembrar a última vez que se encontraram. Eu tenho medo de ficar sem você – disse Gina, abraçando forte o marido.

- Gi, eu nunca te deixarei. Mesmo que você queira – Harry disse, retribuindo o abraço.

***

Ângelus, com pretexto de visitar um amigo, saiu de casa, mesmo sob a desconfiança da mãe. Ele odiava mentir, mas se falasse a verdade, provavelmente ela não o deixaria sair.
O garoto foi ao Caldeirão Furado. Precisava descobrir um meio de achar o Anjo das Sombras.

Entrou no bar e foi a um canto, onde tinha uma pequena mesa. Pediu uma bebida e ficou observando o local. Lá estavam vários bruxos. Uns alegres com o efeito da bebida, outros carrancudos e mal humorados. O filho do famoso auror não sabia por onde começar, quando ouviu um bruxo falar em alto e bom som:

- Disseram-me que o Anjo das Sombras está recrutando gente para seu grupo. Conheço um bruxo que irá se apresentar.

- Ele é louco! Eu tremo só de pensar em ficar em frente ao poderoso Snape! – disse um bruxo baixinho e careca.

Angel se aproximou do bruxo e indagou:

- O senhor sabe onde será o recrutamento?

- Por que deseja saber? – perguntou o homem alto, com desconfiança. – Acha que faço parte dessa sujeira?

- Não – respondeu Ângelus. – É que preciso encontrar Snape.

- Por quê? – indagou o homem.

- Assuntos pessoais – respondeu o garoto, sem jeito. – Você sabe onde será?

- Nas ruínas da antiga casa dos Riddle…

Ângelus agradeceu e saiu do bar. O bruxo baixinho disse:

- Por que disse ao garoto onde era? Ele pode ser mais um que irá se alistar ao Exército Negro!

- O que eu posso fazer? Cada um com seus problemas. – Dizendo isso o outro bruxo virou sua caneca de bebida.

***

Ângelus aparatou próximo ao local indicado pelo bruxo que encontrara no bar. Estava escondido atrás de uma grande árvore, observando o movimento de pessoas em direção às ruínas. Ficara surpreso pelo número de pessoas que estavam interessadas pelo lado das Trevas.

Após alguns minutos, Snape aparatou em cima de uma pilha de escombros em companhia de seus seguidores. Olhou para os bruxos e disse, com sua habitual frieza:

- Quero que saibam, primeiramente, que não admitirei covardes sob o meu comando. Por isso, quem quiser desistir, esse é momento!

Todos ficaram em seus lugares. Não porque fossem tão corajosos, mas o medo que muitos sentiam na presença do Anjo das Sombras fazia com que não conseguissem se mover.

- Muito bem. Vocês passarão por testes e entrevistas dentro de algum tempo. Receberão um chamado e terão que comparecer no dia e hora marcados. Não tolerarei atrasos, que a meu ver indica que não estão tão interessados. Não podemos ficar muito tempo aqui. Como todos sabem, os malditos aurores estão à minha procura. Agora vão!

Uma aglomeração de pessoas começou a se dissipar. Uma das ordens foi que não andassem em grupos muito grandes, pois levantariam suspeitas. Então, em grupos de dois ou três, as pessoas foram deixando o local.

Ângelus suava frio. A simples presença de Snape fazia seu sangue ferver. Ouvi-lo discursando como se fosse um rei era nojento. Snape esperou que todos que vieram para seleção se fossem para ir embora com seu grupo. Um por um de seus asseclas foram aparatando, restando somente ele. Foi quando o filho de Potter saiu do esconderijo e começou a bater palmas.

- Grande discurso para um verme como você!

Snape olhou em direção às palmas. Ao se deparar com Ângelus, um leve sorriso abriu em seus lábios.

- Veio se juntar a mim? Finalmente percebeu que eu sou o lado mais forte? – Snape disse, irônico.

- Eu jamais me juntaria a pessoa tão patética como você! – disse Ângelus, segurando firme sua varinha.

- Oras! Não está pensando em usar isso contra mim, não é? Sua mãe lhe disse para não se meter em encrencas?

- Não ouse falar de minha mãe! Eu te mato, seu verme!

- Faz-me rir, seu fedelho! A sua mãe eu conheço muito bem. Fomos íntimos antes de você nascer.

- Cala a boca! Minha mãe nunca iria ficar com alguém tão asqueroso como você. Ela tem ao seu lado o bruxo mais poderoso que existe. Um bruxo que dispensa qualquer apresentação.

- Você está falando do Potter?

- Sim, do MEU PAI!

- O Potter vive das minhas sobras. Ele se casou com sua mãe porque eu não quis ficar com a Weasley, aquela bruxa medíocre!

- Mentira! – Ângelus tremia de raiva.

- Pergunte a ela. Duvido que ela tenha me esquecido.

Ângelus jogou um feitiço em Snape, que pareceu nem sentir e imediatamente lançou outra.

- Crucio!

O garoto caiu no chão, se contorcendo horrivelmente. Estava sentindo uma dor terrível.

- Aprenda a usar a varinha antes de querer usá-la, moleque! – zombou Snape. – Acho que a primeira lição que lhe dei não foi o suficiente. Mas tenho que lhe dizer: sua namorada tinha um pescoço muito macio…

Ângelus estava tentando se levantar. Sentia dores horríveis por todo o corpo. Quando ouviu Snape dizer sobre sua namorada, uma força apossou-se de seu corpo e ele avançou sobre o Anjo das Sombras. Acertou um soco no queixo de Snape, que estava desprevenido rindo de suas peripécias. Mas o mago negro logo se recuperou e lançou uma de suas maldições.

- Sectusempra!

A maldição lançada por um bruxo qualquer abria feridas enormes. Mas ela tinha sua força redobrada quando usada por um bruxo que conhecia bem as Artes das Trevas.
E Ângelus pagou caro por desafiar Snape. Seu corpo foi coberto instantaneamente de feridas, como se várias espadas tivessem ao mesmo tempo cortado sua pele. Uma enorme quantidade de sangue começou a sair. O garoto sentia que em poucos minutos iria se juntar a sua amada. Mas uma vez familiar venho se aproximando.

- Angel! – era Rony que ficara sabendo através de em espião que seu sobrinho fora atrás de Snape. Sem tempo de avisar seu amigo Harry, o ruivo foi imediatamente ao local, pois temia que algo realmente grave pudesse acontecer.

- Angel! Fala comigo! Não desista.

Ângelus estava entorpecido. Já não sentia dor. Somente um sono. Uma imensa vontade de fechar os olhos.

Rony olhou para os lados. Não havia mais ninguém no local. Snape, como sempre, fugira como uma cobra peçonhenta – pensou o auror com o sobrinho nos braços.

– Preciso levá-lo daqui. Vamos ver se consigo aparatar no hospital. – Rony reuniu todas as suas forças. Sabia que era muito difícil aparatar com outra pessoa. Somente bruxos com grandes poderes faziam isso facilmente, como o ex-diretor de Hogwarts, Alvo Dumbledore. Mas precisava tentar. Fechou os olhos e pensou no Hospital St. Mungus. Quando abriu os olhos após alguns segundos, ele estava em um dos corredores do hospital. Logo apareceram enfermeiros, que tiraram Angel dos braços do tio e o colocaram em uma maca. Rony não conseguia se levantar. Estava fraco, pois desprendera muita força para socorrer o sobrinho. Um dos enfermeiros o ajudou.

- Vamos, senhor Weasley, para uma sala e lhe darei uma poção revigorante.

- Preciso avisar Harry Potter – disse Rony num fio de voz.

- Ele será avisado. Agora o senhor precisa descansar.

- E Ângelus?

- Está sendo cuidado. Agora vamos.

Rony deixou-se levar pelo enfermeiro. Seus pensamentos estavam longe. Imaginava como Gina iria receber a notícia.

***

Harry chegou em casa uma hora antes do normal. Após a conversa que teve com o filho, não conseguiu trabalhar direito, por isso resolveu voltar mais cedo. Encontrou sua esposa na cozinha.

- Oi, Gi. Tudo bem?

- Oi, querido. Comigo sim.

- E o nosso filho?

- Ele saiu. Disse que ia visitar um amigo.

Harry olhou incrédulo para a mulher.

- E você acreditou!

- Como assim, Harry? – Gina começou a ficar nervosa.

- Gina! Ele só pode ter ido atrás de Snape!

- Mas ele me prometeu que não iria!

- Não pode confiar em Angel. Não no estado em que ele está!

- Harry… será que ele mentiria para mim?

- Acho que sim. Eu sei muito bem o que ele está sentindo. O desejo de vingança nos faz fazer muitas coisas erradas.

- E agora?

- Ele disse quem era o amigo?

- Não.

- Eu sairei para procurá-lo.

- Não. Fique aqui comigo. Por favor. Sinto que logo teremos notícias dele.

Harry e Gina foram para sala. Sentaram-se no sofá. Gina abraçou o marido e encostou a cabeça em seu ombro.

Já havia passado mais de duas horas de espera. A ruiva ressonava nos braços do marido. Foi quando apareceu na lareira uma cabeça com vastos cabelos ondulados. Era Hermione:

- Oi, Harry.

- Oi, Hermione! – Harry levantou-se com cuidado a ajeitou a mulher no sofá. – Diga-me. Aconteceu algo, não foi?

Hermione afirmou com um movimento de cabeça.

- Diz logo! O que aconteceu com Angel?

- Ele está no hospital.

Harry passava as mãos nos cabelos, deixando-os completamente desalinhados.

- É grave? – Harry indagou com temor.

- Infelizmente sim. Angel sofreu vários cortes. Ele perdeu muito sangue.

- Ele vai morrer? – era a única coisa que vinha na cabeça do homem.

- Não sei. Ele precisa reagir. – Hermione olhou para o lado. – Harry, preciso ir. Tem gente batendo na porta. – Força, amigo!

- Obrigado, Hermione. Estarei indo para lá imediatamente.

Assim que a cunhada se foi, Harry olhou para Gina. Ela não acordara com o barulho. Como ela reagiria com a notícia. A ruiva mexeu-se no sofá e abriu os olhos.

- Harry!? – disse Gina, olhando para o marido. Viu que havia lágrimas em seus olhos. Levantou-se depressa. – O que houve?

- Acalme-se. – Harry disse, abraçando a esposa.

Gina desvencilhou-se dos braços do marido e, olhando para os olhos do mesmo, disse:

- Como ele está? Diga! – Gina implorou, desesperada.

- Está no hospital.

Gina desabou no sofá. Lágrimas corriam em abundância sobre seu rosto.

- Gi, está tudo bem. Angel é forte. Ele sairá dessa.

- Ah, Harry. Não é somente isso. Precisamos fazer alguma coisa. Hoje quase o perdemos. Não posso mais ficar calada.

- Você me prometeu! – disse Harry, ajoelhando em frente da ruiva. – Angel não deve saber. Ele nos odiará por isso.

- Mas não é para ele que vou contar.

- NÃO! Eu te proíbo de procurar Snape novamente!

- Harry! Você e nem ninguém me impedirá de fazer o que tenho que fazer. Já foi longe demais.

- Precisamos ir para o hospital ver nosso filho.

- Está certo. Depois de ver nosso filho, irei procurar Snape.

Vinte minutos depois o casal aparece no hospital. Encontram Rony no corredor.

- Gina! Harry! – Rony levantou e abraçou a irmã. – Eu o achei a tempo.

- Onde ele está? – perguntou Gina.

- Na primeira porta à direita. – Rony apontou o local com a mão.

Gina e Harry foram correndo para ver o filho. Ao abrir a porta, os dois depararam com a pior cena de suas vidas: sobre uma cama hospitalar, Ângelus estava cheio de faixas. Inconsciente, Ângelus parecia estar morto.

- Filho! – Gina entrou e correu para a cama – Meu filho!

Harry entrou logo depois e segurou nas mãos do filho. Estavam geladas.

- Não morra… por favor! – dizia Gina em prantos. – Eu te peço. Fique com a mamãe!

Estavam algum tempo nesse desespero, quando entra um medibruxo no quarto.

- Olá – disse o medibruxo, meio sem jeito – Por favor. Não podem ficar aqui.

- É nosso filho – disse Harry.

- Eu sei, senhor Potter. Mas o estado dele é delicado. Precisa de muita paz para se recuperar.

- Como ele está, doutor?

- Nesses casos, é preciso que o paciente reaja. Que queira viver.

Harry olhou para o filho. Sabia o quanto Angel preferia morrer a voltar à vida. Lá do outro lado ele estaria com sua amada. A dor de imaginar que seu filho talvez não voltasse era grande. Gina não parava de alisar o rosto do filho. Já perdera um filho recentemente. Dois ela não suportaria.

- Por favor, preciso que se retirem – disse o bruxo, olhando penalizado pela dor da mãe do garoto. – Prometo fazer o que estiver ao meu alcance para salvá-lo.

Gina saiu arrastada por Harry, que a fez sentar num banco no corredor do hospital.

- Gina, precisa ter força. Precisamos ser fortes para apoiar nosso filho! – Harry disse, alisando os cabelos vermelhos da mulher.

- Harry… eu… – Gina se levantou bruscamente. – Preciso ir. – Harry ia contestar, mas Gina colocou a mão sobre a boca do marido. – Não diga nada. Fique aqui e cuide de Angel até eu voltar.

- É loucura! – tentou Harry.

Gina nem se deu ao trabalho de responder. Foi à procura daquele que estava causando tanta dor em sua família.

Continua

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.