Maldição
Severo Snape andava depressa naquele beco mal iluminado. Estava atrasado para o encontro que marcara com o bruxo indicado por Alvo Dumbledore. Andou mais alguns minutos e chegou a uma casa abandonada. Bateu na porta. Esperou alguns segundos até que um homem de aparência horrenda apareceu.
- O que quer? – disse o homem grosseiramente.
- Sou Severo Snape. Enviei-lhe uma carta marcando um encontro.
O homem que aparentava uns sessenta anos observou Snape por alguns instantes.
- Entre logo.
Snape entrou. A casa era toda ornamentada por amuletos e objetos que lembravam Magia Negra. Várias peças penduradas na parede com certeza eram provenientes da África, terra famosa pelo uso de forças malignas.
- Você disse na carta sobre uma profecia… a da "sétima menina"…
- Sim – respondeu Snape. – A profecia está prestes a se realizar. O Lorde das Trevas está com ela em suas mãos.
- Hum – resmungou o homem. – Isso pode ser muito perigoso. O Lorde das Trevas tem um grande poder nas mãos. O meu povo sempre temeu essa profecia.
- Como se chama?
- Yahkala. Sou do norte do continente africano. Filho do poderoso Yahkoou, mago de uma tribo muito conhecida por exercer magia poderosa. Sendo ela boa ou má.
- E por que se mudou para a Europa?
- Não te interessa – disse Yahkala rudemente. – Mas o que quer que eu faça?
- Quero que você bloqueie o lado mal da sétima menina. Assim o Lorde não poderá usá-la em seu plano.
- Não tenho como bloquear esse poder. É preciso ser retirado dela. E não há nenhum objeto ou amuleto capaz de conter esse poder.
- Mas Dumbledore disse que você poderia ajudar…
- Dumbledore? Ah, sim… lembro-me dele. Tenho para com ele uma dívida.
- Então me diga: o que podemos fazer para salvá-la?
O homem olhou para Snape, desconfiado.
- Por que está tão nervoso?
- E não era para estar? O mundo está em perigo! – Snape disse desviando os olhos do mago.
- Vejo que não é só por isso. Algo liga você à ela.
Snape já fora avisado por Dumbledore que Yahkala era um grande oclumente. Não poderia esconder a verdade. E se mentisse, poderia irritá-lo.
- Eu gosto muito dela – balbuciou Snape.
- Não se envergonhe se seus sentimentos. Meu povo sempre acreditou que um homem de bem não tem vergonha de dizer que ama.
- É que ela…
- Ela é mais nova e a família dela nunca aprovaria o romance. Sei.
- Sim – Snape disse abaixando os olhos.
- Se o que vocês sentem um pelo outro é amor, nada irá destruí-lo. Mesmo que fiquem separados, o sentimento que nutrem nunca irá acabar ou diminuir.
- E que posso fazer para ajudá-la?
- Preciso pensar. Procurarei nas leis de magia de meu povo se existe algo que possa combater o mal existente na menina. Amanhã lhe darei a resposta. No momento, fique aqui e descanse.
Snape, aceitando a sugestão, foi descansar no quarto indicado pelo mago. Fora um longo dia até encontrar a casa de Yahkala.
***
Gina encontrava-se presa na porão da casa dos Riddle. Fora capturada há dois dias, durante um passeio em Hogsmead. Estava com o irmão Rony e sua amiga Hermione. De repente, a rua fora cercada por Comensais da Morte que facilmente estuporaram alguns alunos presentes e fugiram com a garota ruiva.
Voldemort, para ganhar a confiança da garota, modificou sua aparência para quando era jovem e chamava Tom Riddle.
Aproximou-se lentamente da garota, que estava desmaiada em uma cama. Não sabia como, mais a doçura dela era algo que o incomodava. Voldemort sempre pensou que fossem o oposto um do outro. Ele, o mal personificado. Ela, o bem encarnado. Mas ao saber da profecia, viu que não. Ela também guardava um grande mal dentro de si. O mal que foi negado por todos os seus ancestrais. E que agora se encontrava concentrado nela.
Gina acordou e deparou com a figura de Tom. Pensou que estava sonhando. Esfregou os olhos e abriu-os novamente. Ele continuava ali.
- Não é um sonho, menina. Eu estou aqui. Agora em carne e osso.
- Não pode ser! – gritou Gina, se levantando bruscamente, sentindo uma leve mal estar. – Você morreu! Quer dizer… você virou Voldemort.
- Sim. Eu me tornei o bruxo mais temido de todos. Mas para você, eu sempre serei o Tom. – Voldemort tentava parecer meigo.
- Não! Eu não acredito em você! Você é mal! Você me fez abrir a Câmera Secreta! Você me usou! – Gina gritava desesperada.
Voldemort, ou Tom, aproximou-se e alisou o rosto da garota.
- Eu não queria fazer aquilo. Mas fui obrigado. Por favor, perdoe-me.
Gina estava confusa. A imagem de Tom sempre lhe trazia lembranças ruins. De como fora fraca e tola em acreditar em um diário. Mas ele foi seu primeiro amigo na Escola. Foi para ele que ela contou seus segredos mais íntimos. Odiava Voldemort. Mas não conseguia odiar a figura de Tom.
Fora ele quem lhe dera seu primeiro beijo.
***
O Sol já estava alto quando Snape acordou. O professor de Poções espreguiçou-se demoradamente na rude cama. Levantou-se e foi à procura de Yahkala. O mago estava na sala envolta de fumaça. Quando Snape entrou, o mago se virou para ele. Estava com os olhos totalmente brancos. Disse com uma voz que não parecia nada com a da noite anterior.
- Foi você que invocou os Deuses Negros?
Snape estava atordoado. Respondia que sim ou não? Mas resolveu arriscar.
- Sim. Eu preciso da ajuda de vocês.
- Você é muito corajoso. Deve saber que invocar os Deuses Negros lhe custará alguma coisa.
Snape ficou mudo. Não sabia dessa parte. Mas agora não poderia desistir. Viera ali procurar ajuda e faria o que fosse necessário.
- Sei. Mas preciso saber se vocês poderão me ajudar?
- Duvida de nossos poderes!? – perguntou a voz, alterada, que saia da boca de Yahkala.
- Não. – Snape percebeu que errou ao questionar sobre a força deles – Perdoem-me. Estou muito nervoso.
- A sétima menina! – gritou a voz. – O mal que existe nela não pode ser bloqueado!
- Mas…
Snape fora interrompido pela voz.
- Cale-se! Só falará quando eu mandar!
Severo balançou a cabeça afirmativamente.
- O Mal não pode ser bloqueado… mas pode ser transferido.
Snape ia indagar algo, mas lembrou-se da recomendação da voz.
- E só poderá ser transferido para alguém que daria a vida por ela. Que a ame verdadeiramente. Entendeu?
- Sim – disse Snape. – E esse alguém sou eu.
A voz riu estrondosamente.
- Você!? Seria capaz disso? Não vejo em você sentimentos tão nobres!
- Eu faço o que for preciso! – esbravejou Snape.
- Mesmo que isto lhe custe sua felicidade? – questionou a voz.
- Sim! O que for preciso! – garantiu Snape.
- Alerto que o Mal a ser transferido a você pode Ter conseqüências terríveis. Tornar-se-á tão maligno quanto o bruxo conhecido por Voldemort. Achas que agüenta essa carga?
- Sim – disse Snape.
- Pense bem. A garota não ficará com você quando se tornar maligno. O seu futuro será solitário. Poderá ter aliados, mas não amigos. Eles te respeitarão por seu poder, mas jamais irão nutrir algum sentimento bom por você. Será odiado por todos.
- E a garota? Ficará bem?
- Sim. Sem o lado mal, toda a magia que chamamos de branca virá à tona. E os maus que estiverem próximos dela, nesse instante serão destruídos. Nunca se esqueça. O amor destrói qualquer mal. Por pior que ele seja.
- Se ela ficará bem, eu aceito. Por favor, Grandes Deuses Negros, transfira o mal dela para mim.
- Então se prepare. Depois disso você não será mais o mesmo
.
Continua...
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