um encontro menos agradável




Os primeiros testes passaram, os segundos vieram! Ginny estava a fazer uma pequena pausa dos estudos dando um pequeno passeio pelos campos, perto da orla da floresta. Avistou Harry ao fundo, mas não acenou nem fez sinal porque Dean estava por perto e ele quando queria era mesmo ciumento, e se a visse com Harry sozinha era capaz de o partir todo!
De repente um par de mãos agarraram-na, uma tapou a boca a outra puxou-a. Tentou resistir, mas de nada lhe valeu! Agora só Deus… Essa pessoa, fosse lá quem fosse, era baixa e usava demasiado perfume! Ginny começava a enjoar-se do cheiro.
Chegaram a uma clareira e o homem que a carregavam lançou-a contra uma árvore o que a deixou quase inconsciente. Ataram-lhe um pano á volta dos olhos de forma a que ela não pudesse resistir nem aperceber-se dos próximos movimentos da pessoa, e não para que ela não a reconhece-se porque senão não teria falado:
- Finalmente! Vá lá que o Senhor me deu uns minutos, disse-lhe que tu resistias muito… E resistes, mas não assim tanto como eu disse! Parecia até que estavas segura que alguém te vinha salvar! Não seria essa pessoa o Potty? – ela reconheceu a voz fria de Malfoy!
- Larga-me! Draco Malfoy !!! SEU FILHO DA P***!!!! TÁS-ME A MAGOAR!!! – disse ela quando já não sentia a circulação nos braços.
- ok, ok! Eu afrouxo um bocadinho! Mas não vou ser burro ao ponto de largar!
- TU ÉS BURRO! CONVENCE-TE DISSO! AGORA LARGA-ME! AI!!! O QUE É QUE ESTÁS A FAZER!
- Tou a por-te ao meu gosto! Sabes és bem bonita e muito bem feita e não é todos os dias que temos umas oportunidades assim!
Umas das mãos começou a movimentar-se lentamente enquanto a dor de ter os joelhos dele espetados nas pernas lhe começava a martelar. Conseguia ouvir a respiração dele, e aí percebeu que os planos dele não eram um simples strip, mas uma violação, estrebuchou ainda mais, mas isso não fez diferença a Draco, que a começou a beijar ardentemente! Ás tantas ela conseguiu libertar uma das mão e empurrá-lo com toda a força. Ele caiu ao chão e ela levantou-se e tirou a venda. Começou a correr, mas o terreno era muito acidentado, o que a atrasava um bocadinho. Esteve assim uns 5 minutos até que Malfoy a alcançou.
- Pensavas que conseguias escapar-me?! Bom, e agora, graças á tua maravilhosa fuga já não temos tempo p’ra nada! Temos que ir andando.
- Andando???? – Ginny ao mesmo tempo que disse isto sentiu-se observadada… Não por Malfoy, mas por alguém à parte, como uma criatura… teve certeza de se tratar dum animal pois pouco depois ouviu galope! Um centauro ou um unicórnio?
- Yap. E como eu sei que vais tentar resistir: Imperius!
Ela nunca tinha treinado a resistência a esta maldição, por isso teve dificuldades em não obedecer.
O caminho decorreu sem revoltas e passado uma hora de viajem chegaram a uma cabana de madeira. Entraram lá dentro. A meio da cabana estava um alçapão, eles desceram e quando chegaram ao piso subterrâneo depararam-se com uma câmara iluminada por tochas com chamas azuis, forrada a pedra escura e uma fonte que deitava um líquido vermelho morbidamente parecido com sangue!
- Ginny, minha querida! Há quanto tempo! Cresces-te… Lembras-te de mim? – o Feitiço foi levantado, ela tinha agora vontade própria.
- Tom…? O Q…
- Fala baixo, calma! E a propósito, o meu nome é Voldemort, não Tom!!
- O QUE É QUE QUER DE MIM? – começava a entrar em pânico.
- Senta-te e bebe isto! – foi como se alguém a empurrasse, uma cadeira apareceu e uma força qualquer empurrou-a para cima do assento. Correntes enrolaram-se á volta dos braços dela.
- Veritasserum??? Nem em sonhos!
- Minha querida, tem andado a sonhar muito… Agora abra a boca que eu ajudo.
Ela permaneceu com a boca fechada. Fazia imensa força com os maxilares e já lhe doíam os molares de tanta força.
Voldemort espetou-lhe os dedos nas bochechas obrigando-a a abrir a boca. Enfiou-lhe o liquido pelas goelas abaixo e esperou.
- Onde está a profecia?
- Foi destruída. – respondeu ela, sem conseguir controlar.
- Como sabes?
- Ouvi o Dumbledore e o Harry comentarem sobre uma profecia que tinha sido destruída!
- Sabes de alguém que saiba o conteúdo dela?
- Não, mas desconfio que o Harry e o professor Dumbledore saibam!
- Claro, claro… – murmurou ele – E que tipo de relacionamento tens tu com Harry?
- Somos amigos.
- Ele contou-te alguma coisa a respeito disto?
- N-n-não…
- NÃO MINTAS! Ele contou-te alguma coisa a respeito disto?
- N-NÃO!
- Crucios!
-AAARGH! – Ginny sentiu facas a serem-lhes espetadas no corpo e as correntes a queimarem-na.
- Vou perguntar isto uma última vez: Ele contou-te alguma coisa a respeito da profecia?
- NÃO!
- Crucios!!
- AAAAAAHHHHHHH!!! – agora a dor era tanta que era indescritível! Esta vez durou tanto que devido ao tempo e à intensidade da maldição ela começou a sangrar do nariz!
Já cega de dor Ginny sentiu um grande alívio quando a maldição foi levantada. Abriu os olhos e, apesar de só ver borrões, conseguiu perceber que para além dela, de Voldemort e de Draco estavam lá mais duas pessoas.
- ELA NÃO SABE NADA SOBRE A PROFECIA! DEIXA-A EM PAZ!
- Xi! Calma Harry, só queria saber o que a profecia dizia a respeito de mim…
- Ya, mas ela não sabe nem sequer uma palavra dela!
- Ela é só uma aluna, Tom, ainda não tem defesas suficientes para magia tão poderosa! Podias tê-la morto!
- Van Helsing, ora ora, acha mesmo que eu a mataria?
- Não vejo porque não… já matou tanta gente! – ripostou o professor de DCAT
- Incluindo os seus pais, né? A sua mãe deu luta, poderosa bruxa… E o seu pai nem tanta, mas deu alguma… Era muggle não era?
- Se eu estivesse lá! Nem saberias o que te tinha acontecido, Tom!
- Eras muito novo! Tinhas o quê? 20 anos?
- 21 e estava tirar o curso de auror, para que quando te encontrasse te pudesse liquidar!
Van e Voldemort andavam á roda do mesmo ponto. Como quem se preparava para um duelo.
- Como vão os teus filhos?
- Dois bruxos, uma menina e um menino em que nunca porás as mãos!
- Tens a Visão?
- Não, mas sei que se lhes arrancares o que quer que seja irás sofrer as consequências!!
- E a tua bela esposa, ouvi dizer que também é uma boa feiticeira! Será que ela dá luta?
Ginny não tomou atenção á resposta de Van Helsing visto que alguém lhe desatou as correntes.
- Vai… foge! O Lance toma conta do Voldemort e eu fico com o Draco. Foge, vai para o castelo e avisa o Dumbledore, lá fora tá um centauro amigo do Firenze, ele leva-te até ao castelo!
- Obrigada…
Ginny levantou e correu o mais que pode e aí começou a ouvir alguns feitiços e maldições, subiu as escadas, com algum receio de que alguém ali se magoasse muito!
Do lado de fora da cabana, como Harry dissera, encontrava-se um centauro completamente diferente do Firenze, tinha cabelo e pelo preto e a pele muito claro, não era propriamente uma visão agradável, mas parecia amável.
- Anda, sobe!
Ela montou o centauro que desatou num galope tão rápido como uma bala. Agarrou-se ao tronco de homem e protegeu a cara de eventuais ramos e galhos que a pudessem cortar. Chegaram à orla da floresta e continuaram sob os olhares curiosos dos outros alunos, no entanto Ginny não teve que entrar nas instalações para falar com Dumbledore, ele estava num passeio pelos campos verdes.
- PREFESSOR, PROFESSOR! – chamou ela enquanto desmontava do cavalo.
- Sim, srt. Weasley.
- O Professor Van Helsing, e o Harry! Estão em perigo, na floresta! Voldemort… TEMOS QUE OS AJUDAR!
- Só lá está Voldemort?
- Não! Draco… ele também lá está!
- Muito bem, fique aqui, eu vou!
- Mas-
- Não. Srt. Weasley, você fica aqui!
Ginny consentiu e viu o director partir a trote. Foi até aos degraus de pedra e sentou-se lá à espera da chegada dos três.
***
Não esperou mais que um quarto de hora! Apareceu Dumbledore à frente montado no centauro e depois Harry ajudando Van a aguentar-se em pé. Harry tinha apenas um arranhão, alguns rasgões nas vestes e algumas folhas no cabelo. Van, como era de esperar, estava cheio de nódoas negras, não conseguia andar sem ajuda, mas vinha satisfeito. Dumbledore, claro, vinha intocado!
Ginny, levantou-se e correu até eles, passou o outro braço de Van Helsing pelos seus ombros. Harry agradeceu.
- O que aconteceu? – perguntou Ginny ansiosa
- Bom… Eu tive 2 minutos de duelos com o Draco, nos quais ele tentou por duas vezes matar-me… Depois colaborei com o professor Helsing e conseguimos pôr Voldemort inconsciente. O professor foi muitas vezes ao chão nos primeiros dois minutos… ‘távamos a caminho da escola quando o Dumbledore apareceu.
- Bestial! – exclamou a rapariga. – Harry, de que profecia é que ele falou.
- Acho melhor não contar, por enquanto, como viste Ginny, ele vai achar que tu sabes…
Desta vez ela concordou e calou-se, fizeram o resto do caminho em silêncio.
****
Dumbledore não mencionou os acontecimentos. Mas fez uma comunicação que causou grande excitação:
- A data dos bailes está definida: 1º será na véspera da véspera de Natal, por tanto, 23 de Dezembro. O 2º será dia de S. Nunca à tarde. Isto é, em princípio, não haverá outro baile para além do de Natal. Podem se recolher para uma Boa Noite de sono.
Ouviam-se lamúrias por todos os lados do salão, afinal só um seria realizado!
A consolação de todas era que no dia seguinte era Halloween e haveria uma visita a Hogsmaede seguida de um extraordinário banquete! A maioria das raparigas iria aproveitar para comprar os seus vestidos. Felizmente Ginny não tinha que experimentar e comprar vestido nenhum! Molly Weasley adorava costurar fosse em que tecido fosse! Pelo que a mãe lhe tinha dito o vestido seria um espectáculo! Ginny o desenhara: Corpete e saia com quatro rachas á volta. Seria feito de cetim e as rachas cheias de tule! Seria verde-seco e dourado, e o seu cabelo Laranja flamejante combinaria na perfeição, disso ela tinha a certeza!
Como ela não precisava de nada de Hogsmaede decidiu ficar no castelo a fazer alguma coisa, menos estudar!
****
Já todos tinham ido para a aldeia (desta vez até os 1ºs e 2ºs anos puderam ir) e ela estava aparentemente sozinha.
Pegou num pedaço de pergaminho, numa pena, num frasco de tinta e pôs-se a rabiscar um vestido, o mais lindo que ela alguma vez tinha desenhado, imaginou que seria o vestido que ela usaria no seu casamento com Harry. «O desenho é quase tão impossível quanto o casamento» pensava ela. E de tão absorta nos pensamentos e no desenho não reparou que alguém havia descido.
- WOW, mesmo lindo!!! Foste tu??? IMPOSSIVEL! Nunca me contas-te que eras uma óptima estilita!
- HARRY! Queres-me matar de susto?
- Não, pah! É só que estavas tão concentrada no desenho e eu vim ver o que era… Mesmo lindo, devias ir para estilista.
- Esti-quê?? – perguntou Ginny à nora.
- Estilista, ah, se calhar nunca ouviste falar, são os muggles que desenham roupas.
- Ah, se calhar, mas prefiro Auror.
- Uh… gostei! Eu também! De qualquer forma como é que consegues desenhar assim? – ele falava muito rápido como se tivesse acabado de tomar uma poção de energia.
- Tive de esperar onze anos para vir para aqui, desde sempre que desenho, durante as férias principalmente, como estou quase sempre sozinha…
- Oh, pois… – a ultima frase afectou Harry um bocadinho, parte da culpa dela tar sempre sozinha era do trio que estava sempre junto – mesmo assim, desenhas espectacularmente!
- Obrigado. E tu? Porque não foste?
- A Hogsmaede? Não me apeteceu e também foi um bocado para deixar a Herm e o Ron sozinhos, a ver se se entendem… – olhou para o relógio – Temos duas horas até o pessoal começar a chatear-se e voltar para o castelo, queres continuar a desenhar ou fazemos qualquer coisa?
Ginny já tinha acabado o desenho e decidiu fazer outra coisa qualquer.
- O Quê? – indagou ela enquanto arrumava as coisas dentro da sua saca.
- Ah, sei lá! Ás escondidas?
- Aqui? – interrogou duvidosa, a verdade é que o jogo era um pouco infantil.
- Ya! – respondeu ele.
- Hum… ok, eu escondo-me e tu contas!
Fizeram mais algumas rondas (Harry era excelente em encontrar lugares!) até se cansarem do jogo. Sentaram-se num sofá de três lugares e Harry deitou-se ocupando dois lugares.
- Como é que consegues arranjar lugares tão imprevisíveis?
- Se vivesses com os Dursleys também conseguirias!
- Ah, pois… Não me lembrei…
- Quem me dera também poder esquecer que eles existem… – disse com um ar sonhador – sabes dantes, no 1º, 2º, 3º e 4º anos, vinha para aqui e esquecia-me de tudo o que se passava de mal em Privet Drive e só me relembrava depois quando chegava a hora de voltar, trancava-me, ou melhor, o meu tio trancava-me no quarto e só saía quando os teus pais me iam buscar, então voltava-me a esquecer de tudo desejando nunca mais lá voltar. Mas agora, que já sei porque tenho de voltar ano após ano… já não me é tão fácil esquecer, aliás, todas as noites penso naquela casa maldita!
Harry olhava para o tecto enquanto falava e Ginny, presumindo que seria a coisa certa a favor começou a acariciar o couro-cabeludo dele fazendo pequenas massagens. Ele aconchegou a cabeça no seu colo e continuou.
-A minha vida está cheia de merda, às vezes tento esquecer-me, mas quando consigo e começo a viver num mar de rosas tudo parece ser um sonho, um sonho realmente bom, e com medo que tudo o que é bom desapareça quando acordar puxo à mente todas aquelas porcarias que me atormentam só para ter a certeza que a minha vida é real, tu, o teu irmão, a Herm, a escola, tudo! Porque se eu agora acordasse com 10 anos dentro do armário debaixo das escadas no nº 4 de Privet Drive, eu não sei o que faria…!
Quando o rapaz acabou o desabafo Ginny parou de o acariciar, Harry agarrou-lhe na mão e sentou-se.
- E tu? Porque é que tentaste suicidar-te este Verão? – perguntou irrompendo na alma dela com o seu olhar.
- Não sei se quero contar Harry, não sei…
- Porquê? Não tens confiança em mim? – indagou de sobrancelhas arqueadas.
- Tenho, não é isso…
- Então o que é? Fui eu? Foi por causa de mim?
- NÃO! Não, foi por causa da minha estupidez! Eu é que sou e fui estúpida…
- Não és estúpida, Ginny, tu não és estúpida, nem nunca foste!
- Fui sim! Não soube raciocinar o mais básico mais cedo! Fui estúpida!
- Não, não foste… agiste de cabeça quente, toda a gente faz isso de vez em quando…
- Mas tomei uma medida demasiado drástica! – embirrou ela.
- OK, ok…vamos mudar de assunto, está bem?
- Por mim… – respondeu ela
Ele voltou a deitar-se, pondo a cabeça no colo dela, o que a transtornou um bocado.
- Como é que foram as notas? Os NPF’s… não te cheguei a perguntar com aquelas confusões todas. – perguntou ele arranjando assunto.
- Na verdade não vi… Agora é que me lembras-te!
- Não viste??? Como?
- É que a carta chegou na altura que eu estava de cama e foi parar para debaixo dum monte doutras cartas, depois nunca me lembrei nem me recordaram de que ela tinha chegado, guardei as cartas todas na mala e vim para Hogwarts, fazia tenções de a ler, mas quando não estava a estudar, Dean estava comigo… nunca tive grande curiosidade em vê-la, tenho medo que me tenha saído mal…
- Tu? Saíres-te mal? Deixa-me rir! Vai buscar a folha e vês agora! Se não forem boas, o que duvido, não me mostras… – sugeriu Harry.
- ok – então ele levantou a cabeça e ela subiu.
No dormitório ela remexeu no seu monte de pergaminhos, e encontrou lá o sobrescrito:

Srtª. Ginny Weasley,
Toca

Abriu o envelope e tirou as notas para fora. Não as quis ver logo. Desceu e encontrou Harry sentado no sofá ansioso.
- Já viste? – interrogou ele rápido.
- Não… – disse ela desdobrando o papel lentamente.
Finalmente pode lê-lo.


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