Terceiro Programa



u>No camarim:

– Quando digo para vocês filmarem minha piscadela direita eu quis dizer a direita e não a esquerda! Será possível? – Hagrid estava sentadinho na sua cadeira de maquiagem montada as pressas no estúdio mesmo, ali, naquele cantinho esquecido e nunca filmado, muitíssimo chateado – Eu dou o meu máximo para que esse programa fique excelente e as pessoas não cooperam! Puxa, um pouco de consideração comigo seria muitíssimo agradável. Estou me dobrando do avesso para dar aulas e ainda participar desse programa. Vocês deveriam agradecer a minha presença!
Leka olha para Lucy, revirando os olhos.
– Você acha que ele está começando a ficar com estrelismo? – sussurrou, olhando o relógio compulsivamente.
– Se eu acho? – Lucy riu indo a direção ao apresentador – Hagrid, meu querido, vamos, o show já vai começar.
– Direita, estão ouvindo? Direita... – ele choramingou.
– Pode deixar Hagrid, iremos filmar só suas piscadelas direitas – arregalou os olhos e fez com que ele se sentasse.
– Porque, como eu já disse, isso é mais um favor do que qualquer outra coisa. Estou aqui realmente pelo dinheiro, sabem? Salário de professor não é lá essas coisas, muito menos no mundo bruxo. É difícil. E vocês ainda dificultam tudo... – e continuou a resmungar obsessivamente.
– Ele está de TPM masculina? – perguntou Lucy.
– Ou menopausa... Mas o que preocupa é: ele não vai calar a boca? – Leka apertou o botão do rádio – Mandem ele ficar quieto e se concentrar na droga do tele prompter antes que entremos no ar!
– Tá, eu acho que não vamos conseguir nada com esse novo assistente de produção! Francamente! Esses bruxos e trouxas não se entendem mais! Não estão sendo capazes nem de empregar alguém decente para nos ajudar! – exclamou Lucy.
– Sabíamos que assistente de palco não é fácil – suspirou Leka, observando o elfo Fulanito organizar suas placas.
– Arght! – Lucy ouve a voz do diretor anunciando o tempo restante “Cinco segundos!” – VAMOS HAGRID, PRESTE ATENÇÃO AQUI! – gritou apontando para a câmera.
O gigante moveu-se rapidamente para frente assim que a voz de Fleur ecoou por todo o lugar, com a apresentação do gigante.

NA CAMA COM HAGRID


[A câmera foca o cenário: o palco gigantesco, com uma cama mega-super-ultra king size ao centro, fundo azul com estrelas flutuando magicamente e objetos de fetiche espalhados pelo cenário. Uma banda composta por duendes toca um jazz.]

– Boa noite queridos! – cumprimentou, mordendo os lábios brevemente enquanto virava seu corpo grande extremamente para a esquerda – É uma honra tê-los aqui em mais uma magnífica madrugada! E mais uma vez, oferecemos a vocês um show revelador sobre seu personagem ou casal favorito! Hoje, uma entrevista inédita e... – Hagrid pára quando percebe que um papel aparece na sua mesa. Ele o desdobra e lê, olhando para a câmera um pouco confuso.
Ouve-se um burburinho da platéia, enquanto os olhos do gigante ficam arregalados e Hagrid começa a empalidecer e tremer todo. Olha para a câmera tentando movimentar os lábios, sem conseguir falar, e olha em direção aos bastidores.

Nos bastidores: Leka e Lucy estavam paradas, estáticas. Duas varinhas apontadas para seus pescoços por dois mascarados.
– Hm... gente, o nosso astro está um pouco chocado e confuso... – Lucy, tentando manter a calma, falou sem olhar para os comensais – Não acham que para trabalharmos melhor precisamos de um pouco de... espaço?
– É, entendem? – Leka falava, controlando o nervosismo ao extremo – Vocês querem ou não querem um programa exclusivo?
Os comensais se encaram e soltam as assistentes, entrando em acordo. Leka pega cartolina e escreve rapidamente, murmurando algo parecido com “nunca mais confio nesses seguranças corruptíveis”, colocando na frente do prompter e substituindo o que estava ali.

De volta ao palco: Hagrid força uma tosse e lê o conteúdo.
– Ah... Hoje tivemos uma... mudança de planos... A-HAM – ele limpa a garganta, finalmente se controlando, mas visivelmente nervoso – Hoje temos um convidado muito extravagante, com um visual inspirado no Michael Jackson, ou será que foi o Michael quem o imitou? Vamos descobrir agora! Senhoras e senhores, com vocês, Tom Marvolo Riddle, ou melhor, Lord Vo...Vo-o...Vool...Voldemort – a respiração dele falhou de repente quando finalmente conseguiu pronunciar o nome.
Um foco de luz azul se volta para a entrada do palco e, vestido com uma capa preta que vai quase raspando no chão de forma sexy e um chapeuzinho no estilo M.J., ele entra de costas, deslizando na ponta dos pés, murmurando uma música. Quando chegou bem perto da câmera, parou e imitou o tão conhecido, entre trouxas, “Auuu”.

Nos bastidores: Leka arregala os olhos, horrorizada e sussurra para Lucy:
– Michael Jackson?! – pergunta, arregalando os olhos – Ele não odiava trouxas?
– Esse programa está cada vez mais estranho. – Lucy cochicha, para que os comensais não a ouçam.
– Estranho? Eu usaria o termo revelador. Francamente!

De volta ao palco: Hagrid arregala os olhos e segura a risada enquanto todos os outros permanecem estáticos. O elfo começa a tremer e levanta a placa de aplausos de ponta cabeça. A platéia obedece, hesitante.
– Olá Voldie! Posso te chamar de Voldie não posso?
– Não – respondeu o convidado, num tom sério e sorriso cínico. – Mas em nome dos velhos tempos e, principalmente, porque eu não quero que você gagueje de novo, permito que me chame de Tom.
– Ah, claro... – sorri um pouco sem graça, mas já se recompondo do vexame, fazendo sinal para que ele se sente, inutilmente, porque Voldemort já se sentara – Seja muito bem vindo ao nosso programa.
– Deixe de tagarelice, seu mestiço burro. Eu sei muito bem que a produção do seu programa não me tolera só por causa daquele atentado na torre de transmissão, coisa pouca, ninguém nem morreu! – ele falava com irritação, mas de modo formal e num gesto como quem joga o cabelo para trás, inutilmente, por ser careca, ele completa – Por isso me convidei.
– Bem... Então... Então... – Hagrid olha desconsolado para Leka, que escrevia freneticamente na cartolina, a erguendo para que ele pudesse ler – Mesmo assim, devo dizer que é muito... (o que está escrito ali...) diferente ver alguém como você por aqui, Tom, por isso agradecemos a sua presença, que com certeza, será inesquecível!
– Eu quem agradeço a oportunidade de deixar que eu me apresente como um ser muito além de seus instintos de dominar o mundo. Por que ser um vilão é extremamente difícil e a mãe J.K. nunca me deixa transparecer alguém com outros interesses, com outras metas. – respondeu muito categoricamente com uma voz fina e até estridente – Logo, obrigado pela publicidade extra e unicamente isso. Sem nenhum outro interesse.
– Também, depois de invadir o estúdio... – um dos duendes da banda fala sem querer, e Hagrid se desesperou, implorando que ele fizesse silêncio com a mão.
Voldemort apenas lança um olhar malvado, mostra a língua de cobra literalmente e o duende começa a pegar fogo e a se debater descontroladamente. Os outros tentam se aproximar pra ajudar.
– Se tentarem ajudar, vão acabar como ele... – Voldemort fala, num bocejo de tédio. Os duendes recuam. O duende ficou carbonizado e desintegrou, sobrando apenas o pó.

Nos bastidores: Lucy e Leka observavam a cena, sem se moverem.
– Bem... o Charlie sempre foi um língua solta mesmo... Só não precisava acabar assim... – Lucy lamentava o ocorrido, seguida de perto pelo comensal.
– Poxa, ele podia ter queimado instantaneamente, assim não sentiria tanta dor... AI! – Leka foi cutucada pela varinha do comensal e voltou sua atenção ao palco.

De volta ao palco: a câmera foca o close em Hagrid, olhos esbugalhados, uma gota de suor descendo em câmera lenta, tremendo os lábios de forma muito perceptível. A câmera passa a focar Voldemort, com uma expressão de fingido interesse.
– Hã... alguém limpe ali e mande os restos mortais do Charlie pra família... – Hagrid tentou não transparecer medo. E se volta para Voldemort, sorrindo hesitante – Voltando agora ao Tom... Nossa, nunca pensei que teria você no meu programa! Estou sem palavras!
– Claro que está... – Voldemort sorri, mostrando os dentes amarelados – Eu consigo fazer esse efeito nas pessoas... – Lucy faz sinal para o elfo erguer a plaquinha de risos, que obedece ainda tremendo e a platéia ri – Mas prossiga com seu programa...
– Ah, sim, claro! Erm... – Hagrid olha para os lados e decide ignorar a cartolina improvisada de Leka. – Então me diga... Seu visual foi inspirado em Michael Jackson, pelo que vejo você é um fã...
– Sim, foi meio inusitado, entende? – Voldemort responde, brincando com um instrumento do palco de aparência letal – Todos pensam que é por causa dos Horcrux, mas eu só assumi essa aparência agora, antes eu tinha um nariz bem feito... Como o Michael está com o nariz de porco, decidi tirar o meu e deixar apenas as fendas.
– Fascinante... – Hagrid arregala os olhos para a câmera. O elfo ergue a placa com OOOOOOHHHH e a platéia obedece. – Mas... espero que não se ofenda... Michael ainda tem cabelo!
– É o próximo passo para meu visual. – Voldemort passa a mão pela careca, de forma dramática e patética – Mas como estou com alguns... obstáculos... Sabe, o tempo é muito curto, é tanta coisa pra se fazer! Comandar os comensais, tentar matar Harry Potter, dominar o mundo... Tive que adiar o implante capilar!
– Acredite, eu sei como é ter a agenda cheia para nossos compromissos, Tom... – Hagrid dá uma palmadinha que pretendia ser carinhosa na mão de Voldemort – Aqui com o programa e depois Hogwarts, me dividindo para ser guarda-caça, professor e apresentador...
– Se fizer isso de novo, morre – ele diz, sério. Hagrid engole em seco e recolhe a mão tentando inutilmente disfarçar o nervosismo.

Nos bastidores: Lucy e Leka tentavam falar por linguagem de sinais, mas depois de inúmeras tentativas desistiram e passaram a falar, prestando atenção no programa e no movimento das varinhas dos comensais.
– O Hagrid não tem script para perguntas nesse programa. – Leka segurava algumas cartolinas. – Não sabe por onde prosseguir...
– Ou seja, estamos fritos. Apesar de ser o próprio demo no programa, não teremos ibope! – Lucy sussurra, um dos comensais tentava ouvir o que falavam – O Hagrid vai ter que dar um jeito nisso...
Ela toma a cartolina de Leka e com uma caneta “pilot” de ponta grossa, escreve umas palavras e a levanta em direção ao apresentador, que aperta os olhos para conseguir ler a letra miúda que dizia: “TOMA QUE O FILHO É TEU! IMPROVISA AÍ!”

No palco: A reação de Hagrid é imediata.
– Oh-oh... – close em Hagrid. A câmera foca os olhos do meio gigante para os bastidores, olhando de volta para a câmera, olhando de relance para o autoconvidado, olhando novamente para a câmera e em seguida para a platéia e novamente para a câmera, dando por fim um sorriso mostrando seus dentes amarelados, um deles de ouro. – Vamos deixar de lengalenga e passar para a parte mais interessante do programa! Tom Riddle, Lorde Vol... enfim, Tom. Muitos dizem que por você ter viajado muito e se dedicado apenas aos estudos das artes das trevas se tornou um bruxo assexuado. Você consegue mesmo viver sem um mínimo de sexo? Nem beijo na boca você deu?
Lucy e Leka batem a mão na testa, ficando de queixo caído, perplexas. Trocam olhares que querem dizer: “ele está morto” e ouve-se um burburinho da platéia.
Para surpresa de todos, Voldemort apenas sorri.
– Bem, dizem que os monges tibetanos conseguem viver sem sexo, mas eu... há! Eu sempre fui bonitão. Acha mesmo que eu ia perder a oportunidade de desvirginar essas bruxinhas que eu encontrava e que caíam (e ainda caem!) – ele ergue o dedo indicador para a platéia, enfatizando o que dizia – na minha lábia?
O elfo é cutucado por Leka e dá um pulo de susto, erguendo a placa de OOOOH! – a platéia obedece.
– Por um momento eu fiquei preocupado, Tom... sabe como é, algumas pessoas do tal “fandom” – Hagrid faz um gesto com as mãos, indicando aspas – podem pensar que você ou é assexuado ou tem uma tara secreta por Harry Potter.
– Tara nenhuma, nem fetiche. – Tom fala com naturalidade. Coça o queixo antes de prosseguir – Se bem que a mãe dele... foi um verdadeiro desperdício ter que mata-la, mas ela não saía da minha frente e eu acabei perdendo a paciência... Sabe como é, a emoção do momento... Claro que se soubesse o que me aconteceria naquele dia, teria jogado um Imperius nela e criaríamos o garoto como nosso...
– Você acha que teria sido mais eficiente criar o Harry logo de cara para o “lado negro da força”? – Hagrid pergunta, com olhos arregalados. Música de fundo do filme Star Wars.
– Sim, mas como quero ser imortal não toleraria alguém com um poder maior que o meu, por isso não tenho descendente... – ele se aproxima de Hagrid, fingindo querer sussurrar, Hagrid recua discretamente – Além disso, não quero pagar pensões milionárias para qualquer uma que tenha um filho meu. Em todo caso, eu tenho meu esperma guardado em laboratório, o sangue de Slytherin tem que continuar eternamente, seja através de mim ou de um sucessor de sangue puro – ele completa com dignidade.
O elfo leva outra cutucada, dessa vez do comensal e volta a subir a placa de “OOOOH” – a platéia e até Hagrid obedecem.
– Mas inseminação artificial não é um método totalmente trouxa?
– Sim, mas demonstra que os trouxas não são tão inúteis quanto pensei. Apesar de que... se eu quiser... eu ainda posso conseguir que qualquer mulher caia aos meus pés, sem nem apelar para Imperius.

Nos bastidores: Lucy e Leka riem baixinho.
– Realmente, se eu não soubesse quem era, teria me apaixonado à primeira vista por um careca sem nariz e branco macilento. – Lucy ironiza.
– Vai ver é que a cobra do Voldemort tem poder. – Leka fala. As duas se entreolham e começam a rir.
Levam cutucadas de uma varinha e uma comensal as ameaça.
– Vocês estão falando mal do mestre?
As duas imediatamente engolem o riso.
– Nós? – Lucy olha para os lados procurando mais alguém – Não, não. Que é isso! Estávamos rindo é do método de inseminação dos trouxas.
– Que obviamente é desnecessário no caso do Voldemort e sua cobra poderosa. – Leka deixa escapar e as duas tapam a mão com a boca para não rir.
– Porque o mestre é LINDO! É TUDO DE BOM! – ela tira a máscara e revela ser Belatriz. – Ele conta tudo pra mim, me dá carinho, casa, comida, eu cuido da sua cobra, ele também me dá...
Ouve-se um ham-ham atrás das três, e Belatriz completa:
– E me deu o Rodolfo de volta, claro... – falou, sem demonstrar emoção.

De volta ao palco, Voldemort ouve a voz estridente da comensal.
– Bela, cala a boca! Não vê que estou no meio de uma entrevista?
– Sim, mestre! Tudo o que quiser! – ela fala de modo exaltado, corações aparecendo em torno de sua cabeça enquanto ela suspira em adoração.
– Continue, Hagrid. – disse ele, acenando para Hagrid.
– Ah, claro... – Hagrid tentava se concentrar em outras perguntas – Então, pelo visto você gosta do tipo ruivo... – (ouve-se algo parecido com “HUNF!” vindo dos bastidores, Hagrid ignora) – os boatos de que você, ou sua lembrança-guardada-no-diário-de-16-anos ficaram atraídos por Gina Weasley, mesmo ela tendo apenas onze anos?
– Ah, não! Nada de pedofilia pra cima de mim, Hagrid! Já me bastam os rios de acusações que posso receber se eu for... há-há se eu for... hahahahaha! Se eu for PRESO! MUAHUAHAUAHAUAHAUAU! O QUE É IMPOSSÍVEL! MUAHAHAHA! AQUELE MINISTÉRIO É MUITO BURRO! MUAHAUHAUA!
Todos ficam estáticos ao som da risada casual de Voldemort, porque mesmo sendo uma risada casual, é semelhante a uma risada maléfica legítima.
O elfo começa a tremer e Leka é obrigada a ir até ele e erguer a placa de risos em seu lugar. A platéia obedece, hesitante. Hagrid parece petrificado, mas logo se recompõe. Tom continua.
– Se bem que agora não seria tanto pedofilia, ela já deve estar com o quê? 15, 16 anos? Hm... – ele coça o queixo – Ela é a ex-atual de Harry Potter... Seria divertido ver os truques da pequena e claro, ensinar muito mais...
Os olhos brilham intensamente. Ouve-se um claro “GRRRR” dos bastidores e Hagrid pigarreia para acordar Tom de seu devaneio.
– Mas você acha mesmo que ela cairia em sua lábia depois que a sua versão jovem tentou?
– O que você quer dizer com isso? Quer dizer por acaso que sou feio? – Tom levantou a voz, seus olhos começaram a brilhar de vermelho intenso. Antes que Hagrid o respondesse, ele falou: – Só porque não tenho mais aquele rosto de bundinha de bebê não quer dizer que não tenha... – ele passa a mão pela careca dramaticamente – charme.
– Ah, Tom... Você entendeu errado, não quis ofender... – Hagrid tentou consertar, mas foi atingido por um Crucio vindo dos bastidores.
Voldemort procura quem está atirando e dá de cara com Belatriz.
– Bela! Pare com isso já! – ele aponta a própria varinha para a comensal – Ai, ai, ai! Se não parar, não vai ter sessão sado-maso dessa semana!
– Mestre, ele estava falando mal do senhor! – a câmera foca os bastidores, enquadrando Leka e Lucy que correram atrás de algumas caixas, enquanto Belatriz fazia beicinho. Rodolfo, já sem máscara, batia o pé e coçava a testa discretamente.
– Isso quem resolve sou eu. – replicou o entrevistado, ainda apontando a varinha para Bela. Hagrid estava arfando como se tivesse levado um choque – Agora seja uma boa menina, ou lhe darei um castigo...
– Pior do que aquele do Ministério, mestre? – Bela pergunta, esperançosa.
– Não, hoje você não merece. – ele se voltou para Hagrid – Comensais. Bah! Tente liderar um grupo de bruxos das trevas, são piores que crianças quando querem torturar.
– Estou vendo... – Hagrid tentava se recompor – Hã... pelo que percebi, você também é adepto ao sado-maso... Tem alguma relação aos comensais ou torturas trouxas?
– Bem... na verdade eu sou apenas sádico, o masoquismo fica por conta de quem eu pego... E olha que algumas só gostam depois do terceiro tapa... – ele faz sinal de reprovação com a cabeça. – Mas a sensação de poder maltratar é excitante!
– E por acaso você já sentiu prazer com alguma trouxa? – Hagrid perguntou. A platéia exclamou OOOH sem o elfo se manifestar e começaram alguns burburinhos – Quero dizer, no que diz respeito a maltratar... Sabe, ser sádico mesmo...
– Hagrid, meu caro... – Voldemort se empertigou no divã, pose de mau e olhos de desprezo – Eu posso ter ficado treze anos inválido... Mas não fiquei TÃO desesperado pra sair por aí catando qualquer lixo que vem pela frente! Francamente, olha bem pra mim, você acha que eu faria isso? Absolutamente!
– Foi o que pensei, Tom... Foi o que pensei – Hagrid voltou a suar frio e a voz de Belatriz mais uma vez ecoou pelo estúdio.
– Para que meu mestre se sujeitaria a ficar com uma trouxa, nem que fosse por dez minutos? Ele sabe muito bem que pode ficar com uma sangue puro como eu!
– Bela... – Ele fez um gesto exigindo silêncio, em tom de aviso.
– Sabe, Tom... estou mesmo muito curioso. Existem triângulos amorosos entre os comensais? – Hagrid perguntou em tom casual, erguendo uma das sobrancelhas. Voldemort o encara sério.
– Dá um tempo, você percebeu que sim. – Hagrid sorri satisfeito – Sabe, Bela é muito carente e... de vez em quando, isso foi ela quem me contou, não sei se é verdade... o Rodolfo... falha.
Nos bastidores. Rodolfo pára de coçar a testa, que ficava roxa e encara a esposa.
– O QUÊ??? – ele se aproxima de Belatriz e aponta a varinha pra ela – Você inventou essa história só pra ficar com ele???
– SIM, POR QUÊ? – Bela o encara de volta, em tom de desafio.
– É, Rodolfo. Qual o problema? – Voldemort pergunta. – Vai dizer que você não sabia que a Bela morre de amores por mim... e eu só dou o que ela pede, juro. – ele se vira para Hagrid – Bela adora cuidar de Nagini Jr., passa horas com ela.
– Bem... – ele hesita e baixa a varinha – Só que eu não tenho esse problema... E só aceito essa traição porque... porque afinal é com o mestre.
– Fala sério, Rodolfo! – uma voz conhecida vinda da platéia dá uma gargalhada – Vai ser corno manso assim em Azkaban!
Sirius Black estava entre os convidados.
– O que você está fazendo aqui? – Voldemort se levanta para encarar Sirius – Não vê que é uma entrevista exclusiva?
– Você devia estar morto, Black! – Belatriz invade o palco para encarar melhor o primo. Hagrid apenas observa desconfiado, enquanto Voldemort lança um olhar assassino para a comensal.
– No livro, sim! Mas não estamos no livro, oras! Aqui é o fandom e estou vivinho! – Sirius se levanta e caminha despreocupadamente – E fala a verdade, Belinha... você estava morrendo de saudades do seu cachorrão aqui...
A câmera foca o rosto de Belatriz, pálido r com os olhos arregalados. A câmera enquadrando, em seguida, Voldemort, que estava levemente intrigado. Deu close em Rodolfo, com uma mancha avermelhada na testa de tanto coçar e voltou para Hagrid, com uma expressão aparvalhada. A câmera foca o centro do palco no momento em que Rodolfo o invade.
– O que você quer dizer com isso?

Nos bastidores, Lucy e Leka finalmente se mexem com naturalidade.
– Por que todo o corno é o último a saber? – Leka, saindo de trás de um pilar.
– É como eu digo, o amor é cego, não escuta ninguém e só fala besteira... – Lucy, pegando o celular.
– Vai ligar pra quem? – Leka presta mais atenção ao palco do que na amiga.
– 190-bruxo, espero que ele atenda... – Lucy com olhar maligno.

De volta ao palco. Rodolfo perseguia Sirius, que acabava de revelar que uma noite antes de sua “morte” teve um encontro para falar dos velhos tempos com Belatriz, enquanto ela tentava mirar em Sirius e acertava sempre um telespectador.
– Droga, esse era pra ser o meu momento. – Voldemort chuta pedrinha e se volta para Hagrid – Você sempre perde o controle dos seus programas, seu desorganizado?
– Ah, não... – Hagrid encolhe os ombros, assistindo a fuga de Sirius – Mas é o que dá ibope...
Sirius corre de Rodolfo, chega ao palco e agarra Belatriz, dando um beijo digno de uma cena de cinema, com direito a Belatriz erguer uma das pernas de excitação. O fundo musical muda para “...E o vento levou”. Ele sente um raio vermelho faiscar sobre sua cabeça e larga Bela, que cai no chão e volta a correr, rindo.
– CHEGA! – Voldemort se levanta e pega sua varinha.
– Concordo plenamente, Tom. – uma voz suave surgiu, porém firme. Todos procuram a origem da voz.
– Não... não pode ser... – Voldemort pega sua capa com uma das mãos e se cobre dramaticamente, como um vampiro.
– Mas é! – agora Hagrid tinha forças para retomar o controle de seu programa – SENHORAS E SENHORES, COM VOCÊS...
Um holofote se ascende bem no meio do palco, iluminando quase cegamente um bruxo alto, de barbas brancas até a cintura, olhos azuis faiscantes por trás dos oclinhos meia lua. Vestia uma roupa completamente branca, o que ofuscava mais a visão.
– ALVO DUMBLEDORE!
Todos se levantam e aplaudem, assobiam, a ovação é geral. Dumbledore acena sorrindo para todos, pedindo modestamente para pararem os acenos e caminha tranqüilamente, enquanto Voldemort recua. Bela se ergue e fica na barra da capa de Voldemort e Rodolfo fica parado, dando oportunidade para Sirius acertar uma paulada na cabeça dele (com um pedaço de pau que ninguém sabe da onde tirou). Nos bastidores, Lucy beija o celular enquanto aplaude.
– Não pode me ver em destaque que já vem logo querendo roubar meu crédito, não é, velho? Que foi, não tinham lugar no inferno pra você?
– Tinham, mas disseram que estava reservado pra você, brevemente. – Dumbledore continuava sorrindo – Aí, me mandaram pro andar de cima, bem mais tranqüilo, tem uma vista linda!
Vários risos vindo da platéia, até o elfo ri. Voldemort começa a ficar estranhamente rosado.
– Sente-se, Dumbledore, por favor! – Hagrid se levanta e ele mesmo limpa os assentos com apetrechos sexuais para Dumbledore.
– Ah, obrigado, Hagrid. Mas estou aqui apenas de passagem. – e se virando para Voldemort – E não adianta vir com represárias, Tom. Toda a Ordem está aqui.
– Droga, tudo bem, tudo bem... – Voldemort chuta novamente uma pedrinha – Eu vou dar uma bronca no Severo, ele disse que você tinha caído da torre! Não tem como sobreviver ao Avada... muito menos depois de estatelar a cabeça no chão...
– Sim, mas como Sirius disse: estamos no fandom. E afinal de contas... nós só partimos mesmo quando não existe mais a nossa lembrança. Enquanto somos lembrados por aqueles que nos admiram, amam e/ou odeiam...
– Tá bom, tô saindo, tô saindo... tudo, menos ouvir seus papos filosóficos... – Voldemort puxa sua capa e dá um rodopio meio mancando, já que Bela está grudada no seu calcanhar e os dois desaparatam. Ainda podem ouvir quando Voldemort fala: – Eu voltareeeeeeiiii!
Os duendes tornam a tocar uma balada mais rítmica e Hagrid se senta na cama, aliviado.
– Senhoras e senhores, vamos agradecer a Alvo Dumbledore por seu salvamento!
E mais uma salva de palmas, agora mais educadas.
– Obrigado, mesmo, diretor. Desculpe termos que interromper seu sono eterno... – Hagrid estende a mão, Dumbledore retribui ao gesto.
– Não há o que se desculpar, Hagrid. É sempre um prazer ajudar. – ele massageia a mão discretamente quando Hagrid finalmente a solta – Só me prometa que terei um espaço no seu programa.
– Claro, diretor! Claro! Agora, se quiser!
– Não, não... – Dumbledore olha para os lados, a platéia ferida, Sirius ainda batendo em Rodolfo, que ficou para trás, Leka e Lucy tentando organizar a bagunça dos scripts e os prompters de cartolina improvisados – Melhor outro dia, além do mais, já está estourando o tempo...
Hagrid olha para o relógio.
– Oh, é mesmo! – e se vira para a câmera – E por hoje é só, público que me ama! No próximo programa, mais uma entrevista inusitada, mas com participantes já conhecidos pela direção, num programa totalmente antiterrorista!
O câmera-man dá sinal de que já acabou e Hagrid desaba na cama, desmaiado. Dumbledore, que estava tomando uma água, resolve jogá-la no gigante, tentando acordá-lo.

E nos bastidores: Leka e Lucy calculam o prejuízo.
– Cartolina, uma câmera pifou... aquele pedaço de pau era da cadeira do diretor...
– Perdemos mais um duende... – Lucy lembrou.
– É o segundo em dois programas... – Leka avaliava numa cardeneta – E o elfo vai precisar de um terapeuta...
As duas olham para o palco, onde Hagrid permanece desmaiado. Elas se entreolham.
– Você acha que devemos... ajudar? – Leka pergunta, com uma careta.
– Bem... – Lucy suspira – Vamos deixar ele “descansar” mais um pouco e vamos ajudar o Sirius a esfolar aquele corno do Rodolfo.
E lá estava Sirius, no palco, dizendo que continuava batendo em Rodolfo para ver se conseguia fazer com que os chifres desaparecessem.

E NO PRÓXIMO PROGRAMA....
O trio maravilha + Draco Malfoy e Gina Weasley, revelando todas as passagens secretas que usam para fins eróticos em Hogwarts!


NA: Desculpem a demora! Mas só foi possível retomar essa fic há pouco tempo! Esperamos que o próximo capítulo não demore tanto! Continuem comentando, please!

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