Lua Cheia: Ações e Reações

Lua Cheia: Ações e Reações



Henrique Freitas observou René Brito enquanto a linda garota olhava seu relógio mais uma vez...


- Sabe, ele não volta nunca mais. Não adianta esperar por ele.


René se virou para ele, irritada:


- O que você sabe, Henrique...Você não entende nada desses assuntos.


Henrique suspirou, só porque trabalhava no Ministério não queria dizer que não entendia ela. Mas de que adiantava se preocupar? A moça só tinha olhos para o relógio...


- Você faria um favor para mim? - perguntou René - Eu preciso saber...Eu preciso ajudar...


- Eu não posso René...


Ela olhou nos olhos deles, suplicando. Ele suspirou novamente. Sabia desde o começo, aquele ia ser um mês difícil.


- Tudo bem...O que devo fazer?




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- Bichento? - chamou esperançosa que fosse o gato.


O miado não veio. Hermione respirava fortemente...O rangido da porta tinha parado...Será que ela continuava só em sua sala escura?


- Lumus.


A pouca luz que emanava de sua varinha conseguiu iluminar em volta, mas era muito fraca. Não havia jeito, Hermione teria que ir ao seu quarto e investigar por ela mesma. Parte dela desejava que a porta tivesse sido aberta pelo vento...Mas ela não estava só fechada, estava trancada.


Engolindo seco ela andou devagar, se aproximando da porta aberta...Foi então que algo passou por entre suas pernas...Hermione quase saltou de susto, mas era apenas Bichento.


- Você não tem idéia como é bom ver você - sussurrou ela para o gato olhando para baixo.


Foi então que percebeu, Bichento não estava dando boas-vindas à dona, estava com o pêlo eriçado e claramente nervoso. Seu olhar estava fixo em algo, e apesar de Hermione olhar na mesma direção, ela não via nada.


De repente, sem mais ou menos, um rosto surgiu em sua frente...Ou ela estava imaginando coisas? Não, agora não era apenas um rosto, era uma cabeça, um pescoço...Um ombro...Finalmente ela viu...Ou imaginou um corpo a sua frente? Aconteceu tudo tão rápido...Ela deu um passo cauteloso para trás e ao mesmo tempo Bichento saiu correndo o que a fez perder o equilíbrio, depois ela não viu mais nada.


- Hermione? Hermione está tudo bem?


Lentamente ela viu uma mancha se transformar no rosto de Harry...Sua cabeça doía e o mais estranho é que ela estava caída no chão.


- Você está bem? - Harry falou em um tom preocupado


- Eu acho que sim - respondeu sentando ainda um pouco perdida - O que aconteceu?


Harry a olhou, nervoso...Estava ajoelhado ao seu lado e uma luz batia em seu rosto...Já era manhã?


- Eu achei que você poderia me responder isso.


- Ah...Pelo visto acho que caí. - disse olhando a sua volta - É foi isso...Bichento passou por mim e eu acabei perdendo o equilibro, devo ter batido em algo e desmaiei.


Harry ainda a observava com um olhar preocupado:


- O que você está fazendo aqui? - ela perguntou caindo em si.


- Eu...-ele parou por um instante - Eu vim ver como você estava.


Hermione estava agora de pé, e nem um pouco convencida, Harry estava escondendo algo dela:


- Você lembra o que aconteceu da última vez que escondeu algo de mim? - disse levantando a sobrancelha - Pode começar a falar Harry Potter.


Harry abriu um sorriso fraco...Ele levantou crescendo alguns centímetros a mais que ela:


- Eu fui emboscado pelos mesmos bruxos da festa dos Weasley. Escapei por pura sorte. Um deles mencionou que você também seria atacada...Apartei direto para cá... - ele fez uma breve pausa - Quando encontrei você caída...Eu...Eu achei que tinha chegado tarde demais...


Hermione demorou a responder...Pensamentos pulsavam em sua mente:


- Harry...Será que isso tem a ver com...?


- Eu não tenho certeza...Mas...É muito provável...


Hermione engoliu seco. Ia falar quando se ouviu um grande estouro vindo da cozinha...Os dois pegaram suas varinhas e juntos abriram a porta do cômodo o mais rápido que conseguiram...Ao entrar, porém param...Soltando um suspiro de alívio Hermione guardou sua varinha...Era apenas Bichento, particularmente irritado, pedindo comida.


- Cada vez mais mau-humorado... - comentou Hermione com um sorriso para Harry enquanto ela enchia a tigela do gato com leite.


Mal tinham se acomodado e Titânia voou pela janela com a correspondência...Entre elas um berrador:


- Uh-ho.


Ao abrir o berrador, Hermione e Harry colocaram suas mãos aos ouvidos...Quem gritava era o chefe de Hermione, a voz Jeremyas Harley, que já era alta normalmente, estava tão alta que Bichento e Titânia saíram da cozinha extremamente assustados:


- GRANGER! ESTAMOS SENDO ACUSADOS DE TRAIÇÃO E VOCÊ FICA DORMINDO??? SE VOCÊ NÃO CHEGAR EM CINCO MINUTOS PODE DIZER ADEUS AO SEU EMPREGO E AO SEU PESCOÇO! - e o berrador se rasgou.


Hermione virou para Harry...E ele virou para ela sorrindo, segurando o riso:


- É melhor você ir...- sua expressão se escureceu - Só prometa que vai ficar atenta a tudo certo?


- Eu prometo...E quanto a você? Vai tomar cuidado não?


Ele assentiu:


- Nos encontramos durante seu intervalo de almoço...Combinado?


- Sim. Agora eu preciso ir...E rápido!


Ela abraçou Harry rapidamente, e saiu igualmente rápido da cozinha, correu para seu quarto e em um balanço de varinha estava de roupas bruxas novas, pegou sua sacola cheia de papéis do trabalho, pegou a pasta vermelha que tinha deixado em cima de uma mesa na noite anterior e aparatou.


Hermione tinha acabado de chegar ao terceiro andar do prédio do Ministério da Magia em Londres, e estava na sala de seu chefe. Normalmente ela adoraria estar lá, já que toda vez que entrava recebia algum elogio ou boas novas, mas chegar atrasada e ainda com o ministério pressionando Harley, como só eles fazem, mudou totalmente a estória.


Harley estava sentado em sua imponente cadeira de mogno e fumava um charuto “Castro Folha Verde” que empestou a sala com o cheiro, já familiar, de plantas queimadas, olhando irritado para ela, mas em silêncio total. Hermione por sua vez estava de pé tentando desviar o olhar:


- GRANGER! - as veias de Harley podiam estourar a qualquer minuto - Você tem ALGUMA idéia de como estou sendo pressionado? Recebi DUAS, não uma, duas cartas do ministro...E pior de tudo é que VOCÊ, Granger, é culpada de tudo!


- Eu? O senhor vai me desculpar, mas como eu poderia ser a culpada? - perguntou indignada


Harley socou a mesa e soltou uma nuvem de fumaça em Hermione:


- Você tem idéia...Alguma idéia de como a imprensa está lidando com isso? Por acaso você leu o Profeta Diário de hoje?


- Não.


Ele bufou, abriu uma gaveta e retirou o jornal, jogando no outro lado da mesa. Hermione o pegou como se fosse uma bomba pronta para explodir...E explodiu:



“TERROR EM FESTA DO DIA DAS BRUXAS”



“Ministério não sabe os autores do ataque” “Agentes jogados ao chão” “Segurança inútil” “Famílias separadas” “Weasley chocados”


Hermione passava os olhos e a cada linha via mais e mais exageros...Infelizmente por mais que o jornalista estivesse sendo dramático demais, era verdade.


- Leia o último parágrafo - informou Harley irritado.

“Segundo Conor Connell, seu esquadrão não pode reagir. “Eles usaram um forte feitiço paralisante que, segundo a srta.Hermione Granger, ainda está em teste na Comissão. Como podemos lutar contra algo que nunca tínhamos visto?”. Ao ser questionado quanto à possibilidade de um traidor, Connell se mostrou relutante.”É uma acusação muito séria não posso afirmar nada sem uma investigação completa...Pessoalmente, eu acredito que tenha a ver com a revista Olho Bruxo...Provavelmente um dos criminosos é um leitor fanático ““.


Hermione terminou de ler...De repente estava muito mais que irritada:


- Agora você entende?


- Isso é um absurdo completo! Leitor fanático? É um absurdo! - Hermione jogou o jornal na mesa furiosa.


Harley sorriu e colocou o charuto no cinzeiro, pegou novamente algo da gaveta...Uma edição do Olho Bruxo abriu e começou ler alto com um tom sarcástico:

“Cartas dos leitores”


“Gostaria de saber se a Comissão está trabalhando em novos feitiços paralisantes... Meu filho anda perguntando muito sobre eles...Diz que em Hogwarts só ensinam o Petrificus...Que já tem séculos!


Uma mãe”


“Cara leitora,


Sim, a comissão está trabalhando em um novo e muito mais poderoso feitiço paralisante. Tenho certeza que seu filho logo aprenderá com o professor de feitiços de Hogwarts!”

Hermione colocou sua mão na boca por um instante...Mas logo se recuperou, afinal a idéia que um leitor pudesse ser um dos maníacos que atacaram a Toca era ridícula:


- Harley...Sinceramente, você acha que essa carta revela qualquer informação do feitiço Presso Corpus? Nem o nome está escrito...Além disso, você sabe muito bem que a revista só publica informações sobre feitiços que já foram aprovados e estão há um mês sendo utilizados pelo Ministério...


Seu chefe bufou e colocou novamente o charuto na boca e soprou mais uma nuvem de fumaça...E mais outra...E outra...Esse era o sinal...Ele tinha concordado com ela. Hermione deu um sorriso triunfante:


- Bem...Se estamos de acordo, é melhor eu voltar ao trabalho. Com licença...


Mais aliviada, ela seguiu para a porta do escritório...Mas:


- Aonde pensa que vai Granger? Não terminamos ainda.


Ela parou e se virou novamente para Harley:


- Vamos manter a versão do agente Connell, ouviu Granger? - ele olhava fixamente para ela atrás da fumaça.


- O quê? Por que? - perguntou surpresa


- O que você prefere...A revista ter um leitor fora de controle ou uma acusação de traição, srta.Granger?


- Traição? Eu realmente acho...


- Você realmente não acha nada. Já é difícil cuidar dessa comissão sem você fazendo suas deduções. Eu só preciso que você confirme a estória para imprensa, certo? É pedir muito? Já estamos sob investigações e jornalistas pressionando tudo não irá trazer nenhum bem.


Hermione tinha que concordar...Por mais que gostasse de sua revista, se jornalistas como Ruth Seeker escrevesse sobre o assunto com certeza haveria um grande exagero e a Comissão iria ser acusada de absurdos infinitos...Não havia jeito, ia contra tudo que Hermione acreditava, mas ela iria confirmar a estória.


- Você tem razão, vou confirmar. - ela suspirou de decepção e ele de alívio.


- Era isso que queria ouvir. Agora de volta ao trabalho...Ah...E amanhã, seremos interrogados e nossos arquivos revistados...Finja que eles não estão aqui, vai ser melhor para todos nós.


Hermione bufou. Fingir? “Ah isso está ficando cada vez melhor” pensou sarcasticamente. Ela saiu da sala com uma dor de cabeça que não tinha desde dos tempos que estudou para os N.O.Ms em Hogwarts. E para piorar, seu novo assistente Nevin Warren a seguiu até sua mesa em estado de euforia...Nevin tinha acabado de sair de Hogwarts e apesar das notas baixas era esforçado, pena que demais. Seguia Hermione onde quer que ela fosse, sempre anotando tudo e fazia perguntas óbvias que, gentilmente, Hermione respondia. Já havia dois meses que tinha sido contratado, mas parecia muito mais tempo.



Hermione sentou em sua cadeira, e olhou para o outro lado de sua mesa onde Nevin estava em pé e parecia estar se segurando para não gritar de animação...Hermione se perguntou o que seria dessa vez...


- Srta.Hermione você não imagina o que me aconteceu! - disse animado - Eu arrumei seu armário inteiro em vinte minutos! Depois servi café para a senhora Marx, pela primeira vez eu coloquei leite suficiente e ela nem reclamou muito!


- Fico feliz em ouvir isso, Nevin...Mas por que você arrumou meu armário? Os arquivos estão na ordem...


- É que os agentes vão revistar tudo amanhã, não é? Então achei que era melhor verificar se tudo estava certinho...sabe? A senhorita não ficou brava não é?


Hermione desistiu, para que questionar o garoto? Com certeza voltaria correndo para casa chorando se ela falasse que desaprovava qualquer coisa, mesmo que pequena, que ele havia feito.


- Claro que não...Só perguntei por curiosidade.


Ele sorriu:


- Muito obrigada srta.Hermione! Agora o que vamos fazer?


O que ela ia fazer? Nem se lembrava direito...Resolveu olhar seu bloco de notas...”Feitiço Escudo está nas mãos do Charles”.”Ah...é mesmo. O Feitiço escudo que peguei ontem...Hmmm onde deixe a pasta vermelha?”. Enquanto tentava se lembrar Nevin a observava ansioso...A fitava como se estava esperando sua autorização para falar, só faltava levantar o braço como alunos fazem:


- Fale Nevin - autorizou ela com um aceno da mão


- Está em cima do arquivo, senhorita. - disse feliz.


- Accio - a pasta parou em suas mãos - Agora vejamos...


Ela abriu a pasta, mas para sua surpresa e preocupação...Ela estava vazia! Hermione freneticamente procurou os papéis que deveriam estar dentro...Ela tinha aberto durante a viagem no táxi, estava tudo lá...Será que tinha deixado cair no meio da confusão na Toca? “Oh não, oh não! Jeremyas vai me matar de vez...” Ela apoiou a cabeça em suas mãos, que cobriram seu rosto:


- Algum problema? - indagou Nevin assustado - Posso ajudar?


- Ah...Não é nada não, Nevin...Mas acho que vou ter que sair mais cedo... - ela suspirou ainda procurando nas suas gavetas.


- Sair mais cedo? - o garoto perguntou parecendo preocupado - Para que?


- Acho que deixei algo na casa dos Weasley ontem sabe?


- Ah...Quer que avise o sr.Harley?


Hermione pensou por um momento...Por que irritar mais o seu chefe?


- Não, não há necessidade. Eu volto em um minuto. Ah, e caso Harry Potter aparecer aqui avise ele que estou na Toca, tudo bem?


Com a simples menção do nome de Harry, Nevin abriu um enorme sorriso:


- Harry Potter? Ele mesmo? Ele vai passar aqui?! - disse animado


- É, talvez. Bem, é melhor eu me apressar.



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Harry subiu mais um andar de escadas, estava no prédio do Profeta Diário, um velho e quase caindo edifício com uma placa “CONDENADO” por fora, já dentro tinha a aparência de um escritório antigo dos tempos que se usavam a prensa. Havia quatro andares e no último estavam os arquivos do jornal. Era lá que estavam edições e entrevistas de, até, séculos atrás.


Quem cuidava do andar era antigamente um amigo de Harry, o senhor Farin, mas haviam lhe dito que o arquivista tinha se aposentando e uma estagiária estava agora em seu lugar.


Ao se deparar com o último degrau da escada para o quarto andar Harry olhou para frente, continuava igual desde sua visita, corredores de estantes com pastas e mais pastas vermelhas, caminhou por entre elas buscando a escrivaninha da arquivista. Ao encontrar, observou a garota. Era baixa, de óculos fundo-de-garrafa e usava um coque que a deixava com aparência de uma mulher já em seus 30 anos, mas pelo jeito não passava dos dezoito:


- Com licença, queria pesquisar alguns nomes... - disse Harry para a moça


- Tem autorização? Por que da última vez levei uma tremenda bronca...


Harry lhe entregou um papel com a assinatura do editor chefe do Profeta.


- Ah certo. - ela pareceu um pouco impressionada - Bem, no que posso de ajudar? Ah, e meu nome é Miranda.


- Bem, Miranda, você sabe onde posso achar notícias relacionadas a esses nomes? - Harry tirou do bolso das vestes uma lista com os nomes dos desaparecidos e entregou para a garota.


Enquanto ela lia, sua expressão se mostrou de simpática para desconfiada:


- Para que o senhor quer saber dessas pessoas?


- Escrevendo um livro - respondeu Harry não querendo revelar nada que ligasse aos eventos atuais, sem esquecer também de ajeitar a franja de modo que não revelasse sua cicatriz. Não que não confiasse na arquivista, mas preferia não arriscar - Sabe, sobre Vol-Você-Ahm...O lord das trevas.


Miranda novamente sorriu, voltando a sua atitude cheia de simpatia:


- Certo, então. Espere aqui, são muitos nomes, nem sei que se há alguma noticia sobre um ou dois, então pode demorar um certo tempo.


Ela desapareceu por alguns minutos, o bastante para Harry procurar uma cadeira para se sentar, havia várias mesinhas para serem usadas durante alguma pesquisa, portanto nada mais natural da parte dele se sentar em uma delas, foi o que fez.


Quando já estava pronto a se levantar e ir atrás da garota, ela aparece com várias pastas vermelhas flutuando ao seu lado:


- São todas que achei. Uma para cada pessoa da lista. Ah, e mais três para um tal de Coldspark, bem velhas...Dos tempos do bruxo Grindewald. De oitenta anos atrás, acredito.


- Obrigado.


- Agora eu vou deixar você sozinho, mas qualquer coisa o senhor pode me chamar, não vou estar muito longe.


Assim que ela se distanciou o bastante, Harry abriu uma das pastas, na etiqueta da capa estava escrito “Abel Amber” e preparou o pergaminho e a pena. Folheou os arquivos atentamente, algumas entrevistas sobre o trabalho no Hospital St.Mungus...Ordem de Merlin, segunda classe...Abel parecia ser uma ótima pessoa, curou vários feridos (bruxos e trouxas) durante a primeira guerra contra Voldemort, testemunhou contra um Comensal.


Duas horas depois e tinha visto cinco pastas, todas continham algo relacionado com a primeira ascensão de Voldemort, e com Comensais. Estava agora na pasta de Roger Terrence, que havia salvado uma família de cinco trouxas contra um ataque dos seguidores do Lord das Trevas.


A apreensão que Harry sentia cada vez que virava uma página e lia o nome de Voldemort, era grande, cada vez ficava mais óbvio que o que estava acontecendo tinha relação com ele. A idéia de voltar a enfrentar aquele monstro novamente o assustava. Será que passaria sua vida inteira lutando contra ele? Será que seus filhos, caso o tivessem, enfrentariam os mesmos fantasmas e horrores?


Voltou a ler uma pequena notícia sobre como Terrence evitou que um dementador desse o beijo fatal em um trouxa acuado, tentando espantar os pensamentos anteriores.


Quando finalmente terminou de examinar todas as pastas, e leu para si mesmo as anotações que fez:


“A maioria das notícias/acontecimentos datam do final da década de 60 até final da de 70”.


“Manchetes, entrevistas quase todas referem/mencionam Voldemort ou Comensais.”


“A pasta de Coldspark possuí menções da época de Grindwald, mas não relacionadas ao bruxo das trevas em si”


“Conclusão: O ponto de ligação entre eles é Voldemort antes de sua primeira queda”



Ele soltou um suspirou. Não havia dúvida, não havia escapatória. O grupo de seqüestradores era algum tipo de Comensais...Seriam os antigos? Novos? Isso ficaria para depois. Precisava encontrar Hermione e discutir sobre as informações. Olhou vagarosamente para seu relógio de pulso...Eram 10:45am, muito cedo para ir ao escritório da Comissão.


“Quem sabe se eu...” Seu pensamento foi interrompido por um estampido por entre as estantes de arquivos:


- Senhorita Miranda?


Não houve resposta. Novamente Harry ouviu um som de algo caído e de papéis se espalhando. Se levantou devagar e com sua varinha à mão começou a procurar pela a origem do barulho.


Felizmente não foi necessário muito esforço para achar-la. A uma certa distância da mesa em que Harry se encontrava há pouco, uma das pastas havia caído no chão e desastrosamente se aberto, espalhando o conteúdo.


Aliviado Harry se abaixou para arrumar a baderna...Então bateu o olho em notícias parecidas com as das outras pastas...Leu atentamente e minutos depois não tinha mais dúvidas...


Olhou para a etiqueta na pasta. “Maurece Haulve”. Seria ele a próxima vítima?Enquanto terminava de recolher os papéis de volta na pasta refletiu se haveriam mais vítimas, e quantas seriam. Concluiu, enquanto guardava a pasta de volta na estante que o melhor a fazer era uma nova pesquisa, uma mais demorada que abrangeria toda a década de 70.


Voltou então para a mesa, Miranda estava lá e curiosamente também estava olhando para todas as anotações e papeladas de Harry. Assim que viu ele entrando, porém, olhou para outra direção:



- O material que trouxe serviu? - ela perguntou, olhando distraidamente para os lados.



- Sim, muito obrigado. Mas preciso agora de mais notícias dos anos 70 a 80. - disse tentando parecer vago.



- É muita coisa! Tem certeza? - perguntou surpresa.



- Tenho.


Ela então novamente saiu da vista de Harry durante praticamente 20 minutos, depois apareceu trazendo ainda mais pastas.


E foi assim que se passaram as horas, Harry olhando e anotando e Mirando trazendo mais pastas a cada hora. Ele até perdeu a noção do tempo...Quando terminou a última página da última pasta estava exausto e não havia progredido nada. Havia apenas uma pessoa que se encaixava no “perfil” que havia traçado além de Maurece, em todas aquelas pastas. Se chamava Shirley Hynde.


Harry levantou com dificuldade da cadeira, seu pescoço doía e seu pulso também, tinha estado muito tempo na mesma posição, ao virar a cabeça viu que a arquivista dormia um sono profundo e chegava até roncar um pouco. Harry resolveu não acorda-la e partiu com suas anotações minutos depois.


Seu próximo passou era descobrir onde estava Maurece Haulve e Shirley Hynde atualmente e avisa-los do perigo, ou pelo menos tentar fazer isso, era difícil que acreditassem que malucos mascarados estavam atrás deles por Deus sabe o que e com possível conexão com Voldemort.


Mas era necessário tentar.


Seu destino no momento era no escritório de Pó de Flu. Com certeza haveria uma lareira ligada na casa dos dois. Era um bom começo.


Ao chegar ao escritório foi recebido com olhares estranhos e mal-humorados, mas ele não deixou que isso o abalasse, em poucos minutos estava na sala de Mark Gage, um americano estressado:


- Em que posso ajudar o senhor? Estamos ocupados aqui, e bem, se me permite dizer, cansamos de responder perguntas.


- É apenas um pedido...Gostaria de saber como encontro e utilizo as lareiras de uas pessoas.


Mark pareceu aliviado.


- Ah, nesse caso é só me dizer os nomes deles e eu irei fazer o resto.


Assim Harry o fez. Mark saiu da sala mas não demorou muito a voltar:


- Bem aqui está os nomes que tem que dizer para encontrar essas pessoas.


Ele entregou um papel escrito “Cemitério St. Bates” e “Casa Hyde”


- Cemitério? - perguntou Harry um tanto surpreso.


- Arhm...Você não sabia então? Meus pêsames. O sr. Haulve morreu a três anos atrás.


“Mas como? Isso provavelmente teria na pasta do homem...”


- Ah..Que pena - Harry falou ainda não acreditando - Bem, obrigada pela sua ajuda...Poderia usar uma das lareiras aqui?


- Ah claro. Temos vintes, todas funcionando a todo flú. - respondeu surpreso com a calma de Harry. - É só pedir para minha secretária, e ela vai te mostrar.


Harry saiu da sala e foi levado para um corredor com lareiras dos mais variados tipos dos dois lados. Escolheu uma e entrou falando “Cemitério St Bate” ia confirmar a suposta morte de Haulve.


A viagem por flú foi razoavelmente incomoda, parece que finalmente ele estava se acostumando com elas. A lareira, para sua infelicidade e extremo desgosto, estava no crematório...Quando ele caiu para fora violentamente bateu em dois caixões. Levantou e rapidamente limpou as vestes das cinzas...E tentou o máximo ignorar o local onde estava. Não tinha medo dos mortos, mas não deixava de ficar incomodado.


Logo saiu do lugar e deu-se com um cemitério antigo e claramente bruxo em sua maioria, as lápides e túmulos possuíam escritos como “Se ele só soubesse que havia uma quimera ao seu lado!”, “Vai tarde, mas daqui a pouco volta” e mais sérias como “Coragem perante a maldição Crucio”, “O perfeito marido, amável pai e corajoso auror”. Demorou um considerável tempo até que achasse a lápide de Haulve.


Ela estava lá e não havia erro, realmente o homem tinha morrido, não era erro de interpretação ou de grafia. Foi quase um alívio para Harry, era uma vítima a menos para os novos Comensais.


Ele parou na frente da lápide por vários minutos, o cemitério era tão calmo e silencioso...Apenas os sons de folhas e galhos nas árvores ao vento podiam ser ouvidos. Era uma paisagem melancólica ou bucólica dependendo da visão de cada um. Pessoalmente a sensação que Harry sentia era de serenidade e paz, enfim paz.


Finalmente olhou no relógio e ficou surpreso...Já passavam das uma da tarde! Hermione com certeza devia estar irritada e ao mesmo tempo preocupada.


Penosamente ele pegou a varinha do bolso e olhando para os lados apenas para ter certeza de que não havia ninguém depois aparatou.



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- Sinto muito, querida...Mas já procuramos por tudo, e nada desses papéis.


- Não tem problema, sra.Weasley... - concordou Hermione tristemente ainda olhando para os lados inutilmente - Alguém deve ter uma cópia, com certeza. É melhor eu voltar para o escritório já fiquei muito tempo fora.


- Certo querida, faça isso. Vou procurar mais e se encontrar algo, aviso.


Assim Hermione despediu-se e pela lareira dos Weasley voltou para a Comissão. Já era tarde, tinha perdido a noção do tempo procurando freneticamente pelos papéis perdidos. O horário de almoço tinha terminado há muito tempo, com certeza seu chefe estava furioso e Harry preocupado. Era oficial, os papéis tinham sumido.


A primeira vista, o escritório estava vazio, então calmamente e se esforçando o máximo para não chamar atenção Hermione se sentou em sua mesa procurando algum recado de Harry ou um berrador de seu chefe. Não encontrou nem um nem outro.


- Srta.Granger? - ela deu um salto ao ouvir a voz de Nevin, que estava de pé a frente de sua escrivaninha - Você chegou!


- É...Não foi tão rápido como eu gostaria. Por acaso tem algum recado para mim?


Nevin parou um momento, colocou a mão no bolso da capa nervosamente, por um momento pareceu que ia sair correndo...Mas...:


- Harry Potter, ele apareceu aqui logo depois do almoço, procurando a senhorita.


- E o que você falou para ele?


- O que a senhorita pediu. Que estava na Toca. - disse orgulhoso. - E aí ele ficou meio nervoso, acho que a cicatriz dele até brilhou! Disse, para você tomar muito cuidado, pediu para eu avisar que ele tinha notícias, descobriu algumas coisas...Ou sei lá. Estava com pressa. Foi isso.


Hermione estava irritada consigo mesma, era óbvio que Harry tinha algo de muito importante para lhe falar, e ela colocando novamente seu trabalho na frente. “Bem agora não a nada o que fazer além de ir atrás dele, e com certeza perder o emprego.”


- Ele disse para onde ia? - ela perguntou ansiosa.


- Não. - Nevin respondeu rapidamente dando os ombros.


“Perfeito”. Ela olhou no relógio de pulso (marcava seus compromissos, não horários). Marcava “Se vestir para o prêmio FAF”.


- Nevin, se Harley perguntar, fale explique para ele que eu fui embora mais cedo graças a problemas pessoas, certo?


- Mentir? Para o chefe?


- Mentir? Francamente, se eu estou falando isso para você é porque é a verdade. - respondeu irritada.


Nevin pareceu surpreso com a resposta, pediu licença e saiu do escritório muito rápido, deixando Hermione mais uma vez sozinha. Mal isso aconteceu e ela já tinha levantado. Ia falar com Harry no hotel em que estava, depois iria para a festa do FAF.


Assim, ela aparatou novamente para o vilarejo perto da Toca. Caminhou apressadamente até o hotel, encontrou o dono do estabelecimento:


- Por acaso está registrado aqui um Harry Potter?


- Sim, sim...Rapaz muito simpático. Precisa falar com ele?


- Exato...Ele está aqui?


O senhor olhou para trás onde ficava as chaves de todos os quartos penduradas na parede. Depois de observar os números ele respondeu:


- A chave não está aqui. Sinto muito.


Hermione suspirou decepcionada...Onde Harry tinha se metido? Como iam se encontrar? Ela agradeceu e foi em direção a porta. Mas o hoteleiro a chamou novamente:


- Por acaso a senhorita se chama Hermione?


Ela se virou:


- Sim.


- O sr.Potter pediu que lhe entregasse isso - ele lhe deu um pedaço de papel.


- Obrigada.


Logo que saiu do hotel olhou o papel...Estava escrito:


“Não se preocupe comigo, estou investigando, é melhor não escrever muito...Tome cuidado. Passarei na sua casa a meia noite para conversarmos melhor. Harry”


Ela guardou o papel no bolso da capa, saiu do hotel e um pouco mais aliviada aparatou de um beco vazio. Estava então novamente em casa, a vida é tão simples quando se só tem que se vestir para uma festa.


Sem perder tempo ela já estava pronta. Eram mais de oito horas, com certeza a cerimônia iria começar logo, sua sorte foi que a chave do portal para o lugar abriria às oito horas e trinta minutos, portanto iria viajar sem problemas.


Chegou ao local da chave (uma lata de Pepsi amassada), era perto de um posto abandonado, não muito longe de sua casa. Lá encontrou um casal de bruxos, entretidos a observar as bombas de gasolina há muito tempo vazias. Estavam conversando animadamente:


- O que será que faziam com esse treco aqui? E isso daqui? Será que colocavam na boca? - perguntava a bruxa vestida elegantemente com um vestido de gala cinza cheio de brilhos.


- Vai entender esses trouxas...Para que esses negócios complicados! Basta beber água de uma garrafa ou se for muito trabalho do lago mesmo! - comentou o outro bruxo com um chapéu coco parecendo orgulhoso com sua dedução.


Hermione preferiu não comentar, olhou para seu relógio “Pegar chave do portal em 5 minutos”, e sentou em um banco localizado a uma certa distância do casal. Ainda se podia ouvir seus comentários, mas bastava ignorar.


Para se distrair Hermione olhou para o céu, procurando lembranças das aulas de Astronomia, sem surpresas, essas voltaram rapidamente. Podia ver a constelação da Velha Bruxa de um Olho Só (ou como os trouxas a chamavam, Ursa Maior), Marte brilhando...E a lua cheia enorme iluminando o posto.


Seu relógio então tocou a melodia de “Cantando na Chuva” a avisando do que devia fazer a seguir. Hermione levantou, passou no meio do casal, pegou a lata de Pepsi do chão, virou para os dois e acenou com a cabeça:


- Essa é chave. É melhor vocês segurarem também.


Os se entreolharam ainda surpresos que a garota tinha descoberto suas identidades tão bem disfarçadas, mas obedeceram. Mal haviam tocado a lata e tudo ficou confuso. Hermione fechou os olhos com força e segurou o cabelo com uma das mãos, tinha ficado muitas horas o arrumando para deixar que um portal desarrumasse tudo de novo:


- Bem vindos ao 5o Festival Anual de Feitiços! - um bruxo com vestes de gala a cumprimentou.


Hermione estava em uma elegante sala e para sua surpresa não havia caído no chão. Estava sentada em um sofá vermelho escuro, assim como o casal ao seu lado. Havia uma caixa cheia de lixo trouxa (provavelmente outras chaves) e o bruxo simpático a sua frente. “Muito mais organizado do que eu esperava”.Pensou Hermione sorrindo.


O bruxo os indicou para onde deveriam ir. Ela seguiu por um corredor com armaduras nas paredes dos dois lados e velas flutuando, lá Hermione viu outros convidados saindo de sala parecidas com a que tinha chegado.


Chegando ao auditório (onde seriam apresentados os projetos e o homenageado receberia seu prêmio) ela se sentou em um dos últimos lugares vazios, não estava muito longe mas era difícil de enxergar a bancada e distinguir quem estava nela.


O clima era de agitação, Hermione mesma acabou ficando contagiada e não via a hora para a cerimônia começar. O FAF era famoso pela exposição dos feitiços mais inovadores, houve um, certa vez, que transfigurou um alfinete em um dragão Meteoro-Chinês que queimou metade dos juizes.


Hermione deixou a preocupação das últimas horas de lado, e se concentrou em ouvir os comentários de outros convidados. Ela reparou que na maioria todos comentavam sobre a homenageada Shirley Hynde.


Às quinze para nove, a organizadora do evento e diretora do Profeta Diário Anna Beth surgiu na bancada e deu início as apresentações:


- É com grande orgulho que dou inicio ao quinto Festival Anual de Feitiços! Tenho certeza os projetos aqui apresentados despertaram o interesse, e quem sabe, o apoio de todos vocês para que um dia possam ser usados pela comunidade bruxa! Que venha o primeiro!


E com uma grande explosão de fumaça a bancada desapareceu dando lugar para um palco onde um bruxo e, para o horror de Hermione, uma manticora presa ao uma corrente de ferro. A voz de Anna, ampliada pelo feitiço Sonorus, ecoou pelo auditório anunciando o bruxo e seu feitiço:


- Jaccobs Iman! Feitiço Vidratus!


Uma onda de aplausos educados surgiu. Jaccobs fez uma reverência ao público, depois apontou sua varinha para a manticora. O mostro não gostou e tentou se mover, sem sucesso, a corrente era forte demais. Concentrado o bruxo gritou “VIDRATIUM!” E todo o corpo do animal se tornou vidro, podia se ver através dele. O público, incluindo Hermione começaram a bater palmas animados...Mas, nem se deu um segundo e a manticora tinha voltado ao seu estado normal, e de raiva quase quebrou a corrente.

Outra explosão de fumaça e uma cena que poderia ser triste sumiu dando lugar a outra apresentação.


Assim foi durante várias horas, a cada novo feitiço apresentado Hermione pulava, era tão excitante como ler Hogwarts, Uma História antigamente.


Finalmente quase a meia-noite, a bancada voltou com Anna Beth e mais seis bruxos. Era hora de Shirley:


- Shirley Hynde é uma amiga muito querida, e posso afirmar, uma das melhores bruxas que conheci. Não só durante a segunda, como a primeira guerra contra o terrível Lorde das Trevas, Shirley mostrou honra, coragem e uma moral que poucos tiveram a coragem de ter. Lutou e publicamente afirmou sua opinião sem medo de retaliação. Devemos muito a essa nobre mulher ela merece muito mais que apertos de mão e abraços. Por isso é a homenageada desse ano. É com muito orgulho que apresento a vocês Shirley Hynde!


Novamente ocorreu uma explosão de fumaça, e o palco ressurgiu. Quem estava lá, porém não era apenas Shirley. Hermione levantou num salto, reconhecendo a máscara de madeira.


Shirley estava sob a mira da varinha do bruxo. A platéia levantou assustada, seguranças apareceram, mas foram impedidos pela voz fria do mascarado:


- PAREM! Parem agora! Se chegarem um pouquinho que seja de mim, essa velha vai morrer AGORA! ISSO SERVE PARA TODOS VOCÊS! - ele gritou apontando para o público.


A voz era familiar, mas Hermione não conseguia associa-la a nenhuma pessoa. Pensando rápido Hermione se abaixou, com isso, se tivesse sorte, sairia do campo de visão do bruxo, já que as cadeiras a escondiam. Com sua varinha na mão lentamente ela seguiu até o final da fileira de onde estava. Não tinha um plano, mas não podia deixar que outra pessoa você seqüestrada. Foi uma voz familiar que a preveniu de tomar uma decisão errada:


- ESTUPEFAÇA! - era Harry lançando um feitiço.

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