Cena III - Repercursões
Interlude – Cena III – Repercussões
“You're sure
There's a cure
And you have finally found it
You think
One drink
Will shrink you 'til you're underground
And living down
But it's not going to stop
It's not going to stop
It's not going to stop
'Til you wise up”
- Aimee Mann, “Wise Up”
***
A pior noite da sua vida foi seguida por outra noite triste. As nuvens que encobriam o céu anunciavam a chuva que estaria por vir em breve, mas Harry não saiu de casa para poder perceber isso. Algumas horas antes, contara à Leahnny sobre a separação, e não a vira desde então; ela trancara-se no quarto, em silêncio. Remo Lupin foi o único que tentou falar com ela depois disso; Harry não demorou a se despedir do amigo e a seguir o exemplo da filha.
Uma nova noite em que o descanso seria impossível. Sua mente estava confusa demais, preocupada demais, para conseguir relaxar e permitir mergulhar-se em um sono irrequieto.
Deitou na cama, no quarto vazio, esperando. Esperando que alguém aparecesse, que algo acontecesse para tirá-lo do estado de estupor que se encontrava. Porém, nada aconteceu, e ele permaneceu sozinho a noite toda. O conforto que o colchão e o travesseiro antes lhe proporcionavam, agora não passava de uma distante lembrança; sua cabeça agitada demais para deixar-se envolver pela maciez do tecido e pelo inebriante aroma de flores, que dominava o quarto.
O sol não apareceu pela manhã, mas Harry tão pouco notara isso; sequer abrira as cortinas do quarto para ver a fina garoa que caía sobre Edimburgo na segunda-feira. Se não fosse pela filha, nem ao menos teria deixado aquela cama, por mais desconfortável que ela parecesse. Foi a ausência de ruídos no apartamento naquela manhã que o fez levantar e ir até o quarto da filha, ver se ela ainda dormia.
Entrando sem fazer barulho, ele encontrou a garotinha deitada sobre a cama, quase escondida pelos vários cobertores. No sofá ao seu lado, Lupin sentava vigilante. Ao ver Harry entrando, ele levantou-se e logo esqueceu o sono que antes o dominava por ter passado a noite em vigília.
– Você ficou... – Harry comentou agradecido, olhando para a filha que ainda dormia.
– Vamos conversar na sala – Lupin o pegou pelo braço e o tirou do quarto, fechando a porta. – Eu fiquei, ela precisava de alguém para conversar.
– Me desculpe por... – Harry parou atrás do sofá e colocou as mãos sobre o encosto do móvel. – Meu Deus, Lupin, eu não consigo nem ficar com a minha filha quando ela precisa de alguém para conversar.
– Não pense nisso, Harry. Leah entende...
– Droga, Lupin, eu estou estragando tudo... até para a Leah.
– Calma, não é sua culpa... você precisa de alguns dias...
– Eu fico distante alguns dias, algumas semanas... daqui a pouco estarei agindo como Hermione... – ele fechou os olhos. – Eu deveria ter conversado com ela ontem, ter explicado...
– Leah entende, Harry – Lupin pegou novamente o braço dele. – Está me ouvindo? Ela entende o que aconteceu e não está triste, não realmente, ela só está preocupada por ter lhe visto daquele jeito ontem.
– Eu não queria metê-la nisso, ela é apenas uma criança...
– Não deixe que isso interfira na sua relação com ela, Harry. Leah ainda precisa de um pai.
– Ela precisa de uma mãe também.
– Ela precisa de você, Harry.
– Não posso ajudá-la agora. Eu achei que poderia, eu sei que ela precisa, mas eu não posso.
– Você tem de ser forte – disse Lupin, tocando seu ombro. – Leah já vai acordar, vai ser mais fácil explicar a situação se você demonstrar firmeza, auto-controle.
– Eu estou... eu estou tentando!
– Eu sei, por isso fiquei aqui, pra lhe ajudar – disse Lupin, abraçando-o. – Eu estou aqui, Harry, se acalme.
– Obrigado, Remo – Harry agradeceu ao se recompor. – Obrigado.
– Ouça, Harry, eu preciso ir ao Ministério...
– Sim, é claro.
– Se precisar de qualquer coisa, você sabe como me chamar, certo?
– Obrigado, Remo, e desculpe por tê-lo feito ficar tanto tempo...
– Você sabe que eu não me importo. Eu volto à noite, pra ver como estão as coisas. Até mais – Lupin despediu-se e, lançando um olhar atento à porta do quarto da afilhada, partiu pela lareira.
Com Leahnny ainda dormindo, Harry estava praticamente sozinho em casa. A parte objetiva de sua mente tentava ser prática e seguir os conselhos que o amigo lhe dera, tentava assimilar que precisava seguir em frente e esquecer que, a partir de agora, o café que preparasse – como começara a fazer alguns instantes após a partida de Lupin – seria somente para e ele, e ninguém mais.
Precisava deixar de lembrar a ansiedade que sentia todos os dias em que esperava a esposa voltar. Embora esse sentimento ainda estivesse presente, Harry sabia que não era em vão; Hermione não voltaria, não por ele.
Quando esse pensamento vinha à tona, ele não conseguia controlar a parte emotiva de sua mente. Eram nesses momentos – vários durante os dias em que estiveram brigados – que ele parava qualquer coisa que estivesse fazendo e tentava respirar fundo, desviar sua atenção do acontecido e voltar a agir normalmente.
***
Hermione largou os pergaminhos sobre a mesa, sentou-se na cadeira e enterrou o rosto nas mãos. Neville entrou em sua sala e notou que alguma coisa estava errada, mas nem por isso demorou-se, sem fazer perguntas. Ela prendeu o cabelo, respirou fundo, e abriu o primeiro pergaminho, não passando das primeiras linhas. Olhou no relógio pela segunda vez desde que entrara, e viu que não haviam passado mais do que dez torturantes minutos, ainda que, em sua mente, eles tivessem durado duas horas. Fechou os olhos, em busca de concentração, mas tudo que conseguiu ouvir foi a voz de Harry repetindo a horrível discussão que tiveram.
Encarou um segundo pergaminho e quando esticou o braço, percebeu que tremia levemente. Levantou-se e deixou a sala, encostando a porta. Cumprimentou dois colegas, que cruzaram por ela em um dos corredores, e continuou andando, rumo ao laboratório. Assim que entrou, alguns rostos a encararam com uma inconfundível expressão de dúvida. Hermione os ignorou na medida do possível; deveria haver outro motivo para ser alvo de incertezas, não era possível que seus colegas já soubessem do que acontecera.
Os olhares continuaram, chegando a deixá-la desconcertada. Hermione deu algumas ordens e leu rapidamente para si um pequeno relatório, sem conseguir prestar atenção em palavra alguma. Suas mãos continuavam trêmulas e ela preocupava em esconder isso, algo que mal conseguiu disfarçar sentando e apoiando os cotovelos sobre a bancada existente no centro da sala.
– Já leu os pergaminhos que deixei na sua sala essa tarde? – seu assistente, Jack, aproximara-se para perguntar.
– Não – respondeu ela, simplesmente, encarando dois bruxos que adicionavam ingredientes a uma poção, do outro lado do laboratório.
– Bem – disse ele, surpreso. – Precisávamos da sua opinião para o-
– Depois! – Hermione cortou a fala dele, deixando-o boquiaberto.
Ela caminhou até a beira do caldeirão em que os bruxos estavam trabalhando, encarou o líquido viscoso, vermelho-alaranjado, e permaneceu imóvel por alguns instantes. Então, sem olhar para nenhum dos outros bruxos que estavam atentos a cada movimento seu, ela comentou em voz alta:
“Tem muito pó de chifre de unicórnio aqui.”
– Como?
– Muito pó – repetiu ela.
– Mas... colocamos a mesmo quantidade de sempre – explicou Robert.
– Sim, esse é o problema – disse Hermione, carregando uma expressão séria no rosto. – Pensei sobre isso de tarde, só pode ser muito pó.
– Já testamos isso – informou ele.
– Quando?
– Há duas semanas.
– E por que ninguém me informou? – perguntou ela, irritada.
– Os resultados desses testes estão sobre a sua mesa, Mione – disse o assistente dela. – Se você tivesse lido os pergaminhos...
– Não enche, Jack!
– Ei! Vá com calma! – defendeu-se ele. – Você deveria ter lido aquilo.
– Não tive tempo, droga!
– Mas você levou os pergaminhos para casa... os resultados estavam todos lá, o pó de chifre de unicórnio foi testado e... o problema está em outro ingrediente.
– Eu tenho outras coisas para fazer quando vou para casa!
– Tudo bem – aceitou Jack, abrindo os braços e recuando alguns passos. – Não ‘tá mais aqui quem falou, chefe.
Hermione deixara transparecer a raiva com que voltara de casa, e percebera que o fizera. Fechou os olhos, deixou os braços caírem ao longo do corpo, em uma vã tentativa de relaxá-los, e respirou profundamente.
– Desculpa, eu... deveria ter lido os relatórios. Aliás, é o que vou fazer, com licença...
Jack e os outros assistentes limitaram-se a trocar olhares ainda mais confusos enquanto Hermione caminhava a passos incertos, ainda cabisbaixa... no final da madrugada, ela voltou de sua sala, conservando o mesmo ar distante e desmotivado, muito diferente do habitualmente ostentado.
Passou por duas ou três bancadas em silêncio, antes de encontrar, sentado em uma delas, Neville, mantendo os olhos perdidos em um pergaminho antigo com a receita da poção que testavam.
– Você leu os relatórios? – ele perguntou.
– Sim, eu li, Neville.
– Acha que estamos perdendo tempo? – a voz de Neville era baixa, quase impossível de ser ouvida pelos bruxos que estavam no laboratório, exceto Hermione.
– Não, Neville, claro que não – disse Hermione. – Eu estive pensando em algumas coisas enquanto lia e... tenho certeza de que vale a pena continuarmos com esse teste.
– Teve alguma idéia?
– Para falar a verdade, não, mas... sinto que estamos cada vez mais próximos da solução e...
– ...mesmo assim você não parece muito animada – comentou ele.
– É claro que estou animada – garantiu ela, tentando sorrir. – Estou apenas um pouco... cansada.
– Hum... de uns tempos para cá, todos nós andamos exaustos mesmo.
– É – disse ela, vagamente. – Ouça, você pensou na possibilidade de dobrarmos o tempo de fervura a poção? Quem sabe assim os ingredientes fazem mais efeito...
– Já fizemos isso.
– Tem razão. Talvez eu devesse rever tudo, desde o começo, refazer os cálculos, ler de novo os primeiros relatórios...
– Hermione, os relatórios são imensos.
– Não tem importância. O que eu não quero é ficar sem nada para fazer, andando de um lado para o outro, pensando em...
– Em...?
– Em nada, Neville. Vou voltar para a minha sala.
– Tudo bem.
Minerva McGonagall chegou ao laboratório no final da tarde e foi direto para o escritório. Hermione ainda estava fechada na própria sala, supostamente lendo os registros das pesquisas; não saíra nem mesmo para comer algum coisa, apesar dos pedidos regulares de Jack, que batera insistentemente na porta, somente para ouvir de Hermione a garantia de que iria em breve. Ele não comentou o fato com McGonagall, mas, todas as vezes que ouvira Hermione falando, notara como sua voz estava anasalada.
Quando McGonagall entrou no laboratório, no começo da noite, viu que Hermione deixara a sala e já estava às voltas com o resfriamento da poção que estavam preparando há três dias. Ela mexia compulsivamente o frasco de tamanho médio em que o líquido – agora negro – estava guardado, volta e meia anotando alguma coisa em um pergaminho e mantendo uma expressão imutável de grande concentração.
– Hermione, você precisa deixar a poção descansar alguns instantes – comentou Stephen, sabendo que falava por todo a equipe ao dar tal conselho a sua superiora.
– Eu sei o que estou fazendo, ‘tá bem?
– Tudo bem, mas se você quer continuar misturando-a, por que não usa um feitiço?
– Se eu quiser passar dois dias mexendo essa poção manualmente, você não vai me impedir, Stephen!
– Foi só uma sugestão, desculpe...
– Não dá para me deixar fazer isso em paz? – perguntou Hermione, raivosa, jogando o vidro da poção contra a bancada, fazendo-o quebrar-se e espalhar o líquido negro que chegou a atingir o chão.
– Hermione, calma!
– E não me mande ficar calma! Estou cansada de vocês me mandando ficar calma! – gritou ela, ao ver que todos a observavam.
Ainda sob olhares atentos, Hermione atravessou o laboratório, voltou à sua sala e bateu a porta com violência, provocando um estrondo que ecoou pelos corredores. Largou-se sobre a cadeira atrás da escrivaninha, ergueu o queixo e encarou o teto, tentando evitar as lágrimas que teimavam em aflorar em seus olhos, cerrando os punhos e prendendo a respiração.
Ela afastara sua família, afastara-se de Harry e, ao invés de, com isso, concentrar-se no trabalho, ela conseguira estragar o esforço de seis meses da equipe, derrubando a poção porque estava com raiva demais do marido. Ela era a chefe da seção, mas isso não significava que não precisava reportar a ninguém e muito menos que suas falhas passassem despercebidas.
Antes que pudesse encontrar uma justificativa plausível para seu erro, ouviu duas batidas leves na porta.
“Vá embora daqui, Jack! Eu quero ficar sozinha!” Ela não hesitou em gritar, não querendo pensar em argumentos para defender o jeito ignorante como agira.
Todavia, a porta se abriu, e por ela entrou talvez a única pessoa com quem ela conversaria naquele momento; sua chefe, Minerva McGonagall.
– Como você está, querida? – ela perguntou ao fechar a porta.
– Ah, Minerva, é você... desculpe.
– Não precisa se desculpar – disse a professora, aproximando-se da mesa e parando em frente a Hermione.
– Eu... estive lendo os relatórios antigos e... achei que pudéssemos-
– Você não quer descansar um pouco? – interrompeu McGonagall.
– Teremos que recomeçar do zero, Minerva, mas essa falha não vai se repetir... eu só estou um pouco irritada pela total ausência de resultados e...
– Pensei que você fosse passar a noite em casa – McGonagall declarou.
– Na verdade eu-
– Remo me contou... você quer conversar?
– O que exatamente Lupin lhe contou?
– Que você e Harry... bem, vocês brigaram...
– Ah é... foi. Nós discutimos ontem à noite – falou Hermione, sem encará-la, tentando dar um tom displicente à frase.
– Hum. Foi... somente uma discussão? – McGonagall perguntou, sem acreditar realmente.
– Claro que sim, Minerva. Hoje em dia, que casal não discute de vez em quando? – Hermione justificou, sorrindo.
– É mesmo... bem, mas eu conheço você há tempo suficiente para saber que uma simples discussão não lhe deixaria tão alterada, querida.
– Se você se refere à poção e ao Stephen, eu... só me alterei porque não estava dando certo... foi um erro, eu não deveria ter me descontrolado, mas-
– Quero que seja sincera comigo. Você deve estar precisando conversar com alguém, Hermione.
– Não aconteceu nada demais, Minerva.
– Remo contou que foi levar Leahnny para casa essa tarde e encontrou Harry... – McGonagall insistiu.
– Como assim, encontrou? – perguntou Hermione, sentindo a boca ficar seca.
– Harry estava... muito abalado, para usar as palavras de Remo.
– E eu espero que esteja mesmo! – disse Hermione. – Espero que tenha entendido!
– Entendido o que, querida?
– Que eu não vou suportar mais cobranças, acusações, chantagens emocionais!
– Como-
– Ele está colocando a Leah contra mim!
– Mas vocês... o casamento estava tão bem.
– Não estava, Minerva. Há tempo adiávamos as coisas... depois do que ele fez, não deu mais para suportar...
– E o que ele fez?
– Ele matriculou a Leah em uma escola trouxa! Só porque ele se afastou do mundo bruxo, não significa que a minha filha tenha de crescer sem saber o que realmente é!
– Quando chegar a hora ela irá para Hogwarts, Hermione.
– Claro, isso se o pai dela deixar ela ir, o que eu duvido muito!
– Harry não faria uma coisa dessas – disse McGonagall. – Ele ama Leahnny tanto quanto ama você.
– Eu sei – admitiu Hermione –, mas isso não é motivo para ele usá-la em nossas brigas, para ele fazer chantagem e dizer que eu mal conheço a minha filha.
– Você tem passado tempo demais no laboratório, Hermione.
– Você também, Minerva!? – reclamou ela, ficando em pé. – Se veio aqui jogar na minha cara que sou uma péssima mãe, acho melhor-
– Acho melhor você se acalmar, Hermione – McGonagall assumiu seu tom severo. – Sente-se.
– Passei a tarde sentada!
– Não aja como uma criança. Por favor, sente-se.
– Quer saber? Eu vou voltar lá e preparar aquela poção direito – disse Hermione, caminhando em direção à porta.
– Não vai tocar em poção alguma nesse estado – McGonagall foi firme.
– Que estado? Estou ótima!
– Vê-se, Hermione... esfrie a cabeça antes de mais nada, volte para casa e descanse um pouco.
– Que casa?
– Você-
– Eu saí de casa, Minerva. Não moro mais com Harry – informou Hermione.
– Foi mais sério do que eu imaginava, então...
– O nosso casamento acabou.
McGonagall encarou-a, impassível, por alguns segundos e então – aos poucos – foi abrandando a expressão. Hermione permaneceu firme, chispando os olhos, respirando muito depressa e mordendo os lábios. Alguns instantes bastaram para que toda a falsa raiva de Hermione passasse; e um abraço bastou para que ela finalmente apresentasse a fachada que escondera de todos depois de sua briga com Harry. Apoiada em McGonagall, Hermione chorou até sentir que descarregara toda a tensão, a raiva e a frustração originadas na briga.
– Querida... eu ainda quero que você vá para casa – McGonagall declarou, depois que Hermione secou o rosto.
– Mas-
– Se não quiser voltar para o seu apartamento, vá para minha casa, Mione. Fique lá até as coisas se acalmarem.
– Eu posso ficar aqui... teremos que recomeçar...
– Não, você precisa descansar, eu cuido de tudo.
– Então... eu vou ficar mais um pouco e resolver-
– Agora, querida. Eu cuido de tudo, você pode voltar amanhã, se quiser.
– Tudo bem. Estarei aqui amanhã, bem cedo.
– Não tenha pressa, Hermione. Descanse o tempo que precisar, ainda demoraremos para recomeçar tudo.
Ela não teve dúvidas do que faria, no momento em que saiu da própria sala. Usando pó de flu, ela viajou até Hogwarts, para encontrar uma das pessoas que poderia lhe ajudar com a fórmula da poção; para encontrar Draco Malfoy.
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