Verdadeiros Amigos




Capítulo 21
Verdadeiros Amigos


- Tracy? Que aconteceu? Por que está assim? – perguntou Leo, vendo o estado da garota.

- Eu... Nada. Não aconteceu nada, só estou voltando para o meu dormitório. – ela falou rapidamente, tentando disfarçar enquanto secava melhor as lágrimas.

- Mas é claro que aconteceu alguma coisa! Não tente me enganar, dá para perceber que você não está nem um pouquinho bem. – ele disse.

- Eu estou ótima! Eu... É sério, estou bem mesmo.

- Não, não está. Vamos à cozinha, aí você toma alguma coisa. – falou Leo.

- Não há necessidade. Eu estou bem, só estou com sono e... – ela hesitou. – E preciso ir para o dormitório.

- Que foi? Para você estar assim algo realmente ruim deve ter acontecido! – insistiu Leo.

“E você nem sabe o quanto”, pensou ela. Tirando todos os problemas que já tinha, ainda era obrigada a agüentar aquele rapaz. Gostava dele, o achava muito simpático e amigável, mas sua presença estava se tornando incômoda. Ele parecia sempre aparecer na hora em que a garota mais precisava de ajuda, mas menos a queria.

- Deixe-me ir para o meu dormitório, há pessoas no Salão Principal. – ela disse. – Não quero ser pega fora da cama nos horários não permitidos, preciso voltar para a Sala Comunal.
- Há pessoas no Salão Principal? Nesta hora? – ele se espantou.

- Há! E elas estão conversando, logo virão para cá... Por favor, me deixe ir. Não quero arrumar encrencas, não agora.

- Por Merlim, Tracy! Acalme-se. Pára com essa euforia. – pediu o rapaz. – Toma um pouco de água?

- Depois você me deixa ir? – ela indagou.

- Claro, só não quero ver você assim. Nem deixá-la sair por esses corredores nesse estado.

O garoto conjurou um copo de água exatamente como havia feito Dumbledore há alguns minutos atrás e deu a Tracy, que bebeu relutante.

- Obrigada. – ela falou mais calma, para tentar convencê-lo de que não precisava de companhia.

- Me conta, vai. O que aconteceu para você estar assim? – ele perguntou novamente.

- Não me faça essas perguntas, Leo! Por favor, não as faça. Eu não quero respondê-las, não posso respondê-las...

- Não pode? – ele repetiu. – Por que não pode?

- Por quê? Oras, porque não posso. Porque não quero. Deixa-me em paz, prometeu que me deixaria ir depois que bebesse a água.

Tracy se comportava feito uma criança na frente dele. Estava desesperada e ainda precisava voltar para a Sala Comunal da Grifinória. Ela resmungava, soltava gritinhos e choramingava.

- Sim, prometi. Mas reforço que você deveria se acalmar, está muito eufórica. Quer companhia para subir?

Tracy suspirou profundamente.

- Já que você insiste. – ela falou, deixando bem claro no tom de voz que não gostou da proposta.

Leo passou um dos braços pelo ombro dela e a guiou durante uns passos, só a soltando quando teve absoluta certeza de que a garota não iria cair.

A dor na cabeça de Tracy aumentou, tornando-se quase insuportável. Ela ainda arfava e Leo olhava para ela como se temesse algum ataque ou algo do gênero. Quando chegaram próximos à Sala Comunal da Grifinória, Tracy disse:

- Obrigada por me acompanhar, Leo. Mas eu estou bem. Estou mesmo, não se preocupe comigo, está bem? Falamos-nos amanhã.

Ele deu um abraço e um beijo no rosto da garota, a deixando ainda mais deprimida pela maneira como havia o tratado.

- Só quero que você esteja bem. Sabe que é muito importante para mim.

Tracy assentiu com a cabeça. Observou o garoto sumir de vista e voltou a chorar, como antes. Não conseguia conter toda aquela tristeza por mais que cinco minutos, era impossível. Precisava pôr o que sentia para fora, aliviar-se de toda aquela carga.

Subiu o restante dos degraus e deu a senha a Mulher Gorda, que também ficou sobressaltada com o estado da garota, mas não fez perguntas.

Tracy escancarou a porta da Sala Comunal, bateu em um ou dois calouros e jogou-se em cima da poltrona mais próxima de Harry, Ron e Hermione. Ela continuava no seu maior estado de aflição, chorando desesperadamente. Mas não se importava com o que os outros iriam pensar, não estava se importando com ninguém, queria apenas ficar sozinha com seus pensamentos, com sua tristeza e seus problemas.

- Que foi Tracy? – perguntou Hermione, deixando de lado seu dever e indo para perto da amiga.

- Eu... – Tracy não conseguia parar de chorar, seu desespero aumentava ainda mais à medida que pensava no que iria acontecer a partir daquele dia. – Ai, Hermione!

Tracy jogou-se em cima da amiga, abraçando-a e tentando desabafar. Harry e Ron também observavam a cena, demonstrando muita confusão. Hermione começou a se desesperar também, a ficar preocupada vendo a situação de Tracy. Apenas continuava a abraçá-la e passar as mãos pelas suas costas, numa tentativa frustrada de acalmar a amiga.

- Conte-me Tracy. – falou Hermione. – Conte-me o que aconteceu com você, para estar desse jeito.

- Mione, eu... Uma coisa horrível, uma coisa horrorosa. – respondeu ela.

Hermione, ainda abraçada a Tracy olhou para Harry e Ron, como se pedisse ajuda aos dois. Tracy não parava de chorar, as lágrimas ainda escorriam inconsoláveis pelo seu rosto, mas os soluços altos já haviam passado. Harry abaixou-se e ficou em frente à Tracy.

- Tenta se acalmar. – disse Harry, com tom consolador. – Aí você nos conta que é que aconteceu.

Tracy assentiu mais uma vez e pegou o copo de água que Ron acabara de conjurar. Colocou-o nos lábios e deixou que a água escorresse lentamente para dentro da sua boca. Nunca havia tomado tanto água num mesmo dia sem serventia.

- Está mais calma?

- Um pouco. – respondeu Tracy a Harry, parecendo menos aflita.
- Então nos conte, se puder. – falou Hermione.

Tracy pensou por um momento em não falar nada, em esconder o que realmente tinha acontecido e contar qualquer mentira. Mas não pôde. Ela tinha que desabafar e tinha que ser agora. Pensou em sair correndo dali e ir procurar Farway que possivelmente lhe ajudaria muito mais que Harry, Ron e Hermione, mas desistiu. Seria difícil achá-la àquela hora da noite, muito mais disposta a ouvir o desabafo de alguém que tanto queria que os outros sofressem.

- Não posso contar aqui. – falou ela, com a voz ainda embargada. – Vamos para o dormitório... Por favor.

- Tudo bem. – falou Ron, concordando. – Mas tem que ser para o nosso dormitório, meu e do Harry, por que os garotos não podem subir até o das garotas.

- Não tem problema. – disse Tracy, sem pensar.

A garota levantou-se e todos a seguiram até o dormitório dos garotos. Quando entraram no quarto Ron indicou-lhes a sua cama e todos sentaram nela ao redor de Tracy, exceto Harry que se sentou no chão, sobre as suas pernas, na frente da garota.

Ela passou as mãos pelo rosto, tentando afastar algumas lágrimas, mas elas ainda teimavam em cair. Tracy olhou-se no espelho que havia no quarto dos garotos e contemplou com infelicidade seu rosto vermelho e os olhos inchados. Voltando-se para os garotos que a observavam ela disse:

- Foi horrível. – ela respirou fundo. – Lembram que eu fiquei ajudando a professora de Defesa quando vocês saíram? – Hermione assentiu e ela prosseguiu: - Eu estava vindo para o dormitório, faltavam apenas alguns minutos para as sete horas, quando McGonagall me parou no meio de um dos corredores do quinto andar.

- McGonagall? – perguntou Ron – Mas então era por isso que ela não estava na mesa dos professores na hora do jantar! Estava te procurando, Tracy!

Tracy considerou a idéia.

- Ela não estava na mesa de jantar dos professores? Estranho.

- Nem Dumbledore. – acrescentou Ron e todos observaram Tracy fechar a cara e concordar.

- Dumbledore tem algo a ver com isso? – perguntou Harry, se manifestando pela primeira vez.

- Tem. – disse Tracy, com a voz aguda e fraca, de quem estava chorando. – Foi ele quem me deixou nesse estado. Ele e aquelas estórias dele.

Tracy voltou a chorar, agora silenciosamente, colocando o rosto entre as mãos apoiadas nos joelhos. Estava desesperada, mais do que jamais estivera. Ela precisava fazer algo, precisava agir rápido, tirar Dumbledore do caminho.

- Estórias dele? – perguntou Harry – Estórias dele? Tracy, explique isso melhor.

- Bem... Como eu ia dizendo, McGonagall me encontrou nesse corredor do quinto andar. No momento eu até pensei que ela iria me dar uma detenção ou algo do tipo por que eu estava fora da cama em horários que não eram permitidos. Apesar de ter passado só cinco minutos do horário, eu tinha certeza de que era só isso.

- E não era? – indagou Ron, franzindo o cenho.

- Mais tarde eu vim a descobrir que não. Dumbledore me chamou para ir a sala dele, e foi isso que McGonagall queria me avisar. – Tracy já estava muito mais calma, mas seus olhos ainda estavam um pouco esbugalhados.

Todos estavam prestando muita atenção no que a garota falava, estavam preocupados com ela.

- Eu obedeci a ela, fiquei o caminho inteiro pensando no que ele queria falar comigo. Afinal, eu não estava fazendo nada errado, não estava me comportando mal nas aulas, nem fazendo bagunça por aí. Então, por que ele queria falar comigo? Eu não entendia. – ela continuou – E o que Dumbledore queria era falar mentiras a meu respeito, denegrir minha imagem... Como eu poderia imaginar?

- Denegrir sua imagem? Céus, Tracy, que foi que ele disse? – indagou Hermione.

- Ele disse que eu era sua irmã, Harry. – disse a garota, observando os olhos de Harry ficarem maiores do que o normal. – Disse que eu era filha de Lílian Evans e de...

- Tiago Potter? – arriscou Ron.

- Não. – disse ela, assustada - Do Lord... De Você-Sabe-Quem.

- De quem? – esganiçou-se Ron.

- Para ver! – gritou Tracy – Depois eu entro aqui extremamente nervosa e ninguém sabe por quê! E ainda tem mais.

- Mas por que ele disse que você é filha do Voldemort? – perguntou Harry.

- Não sei! – gritou Tracy, saindo pelo quarto e caminhando por ele, como precaução se ficasse vermelha – Ele é um louco, um velho caduco e...

- Ele deve ter os seus motivos! – gritou Harry, fazendo com que Tracy parasse de falar mal de Dumbledore.

- Ah! Desculpe-me se você adora aquele difamador! – berrou Tracy, em resposta – Eu fico quieta, então!

Harry levantou-se rapidamente e encarou Tracy com muita fúria.

- Vocês dois aí! Podem ir parando já! – disse Hermione, se colocando no meio dos dois – Tracy sente-se e se acalme, por favor. Harry a escute e a deixe terminar de contar a história para depois, e somente depois, gritar com ela.

Encarando-se furiosamente mais uma vez os dois fizeram o que Hermione pedira. Tracy, então, continuou.

- Como eu ia dizendo antes de ser interrompida – ela lançou um olhar cortante para Harry – Dumbledore disse que eu era filha de Lílian Evans e de Tom Riddle, Você-Sabe-Quem, e que por isso meu nome não era Tracy Mignonette, mas sim Manuela Evans Riddle – a menção do nome fez Harry paralisar – por que eu havia possuído a garota... Olha só que absurdo!

Harry não estava mais prestando atenção. Algo, na sua memória, o fez despertar para a realidade.

Flashback


Repentinamente ouviu-se passos próximos a eles, passos que pareciam ser de alguém muito apressado. Todos sacaram suas varinhas e antes que pudessem virar-se ou ter qualquer reação uma voz falou em seus ouvidos:

- Evans Riddle! Preciso falar com você!

Tracy virou-se imediatamente, o túnel escuro que ofuscava sua completa felicidade e bem estar no momento foi destacado por uma fresta de luz muito forte, a esperança.

- Que foi Draco? – pediu ela imediatamente, esquecendo-se de onde e com quem estava. Foi tão de repente que sequer houve tempo para a garota ver quem a chamara. Mas, na escola inteira, as únicas pessoas que sabiam de sua verdadeira identidade eram Draco e Snape.

Todos a olharam escandalizados. A respiração dos demais estava ofegante e eles estavam com os olhos vidrados na cena.

- Evans Riddle? – perguntou Harry, reconhecendo os sobrenomes. – Quem é Evans Riddle? É você Tracy?

A garota fixou os olhos em Draco que por sua vez, estava com os olhos fixados nela. Baixou os olhos, imaginando qual desculpa deveria inventar dessa vez.

- Ah, são vocês! – debochou Draco, rindo desengonçado.

- Claro que somos nós, quem queria que fosse? – retrucou Hermione. - O Papai Noel e os seus ajudantes?

- Não se meta sua sangue ruim!

Todos estavam tão acostumados às acusações e as ofensas de Draco que não fizeram nada, a não ser ficar com mais raiva ainda do garoto.
- Vou embora! Não suporto conviver com essa ralé! – respondeu ele e já tinha se virado quando Lia o interrompeu.

- Você não vai antes de dizer quem é Evans Riddle!

- Está me ameaçando? – perguntou ele.

- Estou. – Lia realmente conseguia intimidar alguém quando queria. Seu olhar demonstrava tanta fúria que qualquer pessoa seria incapaz de desobedecer-lha ao receber uma ordem.

- Isso não é da sua conta! Agora, eu vou-me embora. O odor pútrido que exala desses sangues ruins e traidores do próprio sangue é insuportável.

Dizendo isso fez uma careta de nojo e sumiu pelo corredor.

- Evans Riddle... Quem será hein? – perguntou Ron.

- Eu não dirigiria essa pergunta ao vento, Ronald. – disse Farway, observando-o com o canto dos olhos. – Mas sim, à Tracy aqui.

Ela virou os olhos e a cabeça junto para observar a garota, lentamente.

- E então? Você é Evans Riddle? – perguntou ela.

- É claro que não. – respondeu a garota com frieza. – Sou Tracy Mignonette e vocês sabem perfeitamente disso.

- Não é o que parece. A maneira com que você se dirigiu ao Draco foi realmente estranha. – disse Farway, atenta.

- Pode não ser o que parece, mas é o que é. Como você, Jessica – Tracy chamou-a pelo primeiro nome, pois sabia que isso a irritaria – apenas reconheci os sobrenomes e tentei adivinhar a quem pertenciam.

- Farway. – corrigiu ela entre dentes, irritada. – Vou como o Malfoy.

Ela se despediu de Lia e com uma expressão furiosa desapareceu pelo corredor.

- Espero que invente uma mentira melhor da próxima vez, Evans Riddle. – falou Lia e também sumiu imediatamente do local.

Tracy abriu a boca para respondê-las, mas elas pareciam ter uma facilidade imensa para desaparecer de um lugar quando queriam. Virou-se então para Harry, Ron e Hermione buscando apoio com o olhar. Mesmo torcendo para que ele viesse de forma agradável, a garota surpreendeu-se ao ouvir as palavras de Harry:

- Vem com a gente, Tracy. Eu não sei como elas ainda ligam para o que Malfoy diz...

- Mas... – a garota ficou boquiaberta. Estava espantada com a ignorância do garoto. – Você realmente acredita que tudo não se passou de um engano?

Todos a olharam espantados.

- Não ligue Tracy. Amanhã elas voltarão a falar com você como se nada tivesse acontecido.

Fim do flashback


- Eu já ouvi esse nome antes! – gritou Harry.

- Nome? Que nome? – perguntou Tracy mais que depressa.

- Evans Riddle. – disse Harry – Logo no começo de outubro! Eu lembro! Malfoy chamou uma tal de Evans Riddle...

Harry iria continuar, mas Ron o interrompeu.

- Eu também lembro! Agora eu percebi!

- Do que é que vocês estão falando? – perguntou Tracy, um tanto assustada. Ela também estava se lembrando da situação em que Malfoy esquecera de chamá-la de Mignonette e chamou-a pelo verdadeiro nome.

- Não vai dizer que você não lembra Tracy! – falou Ron. – Você e a Lia até estão meio brigadas por causa disso! É... Agora eu me lembro muito bem da situação.

- Mas, espere aí! – Harry falou muito alto – Se Malfoy, que é da Sonserina, lhe chamou de Evans Riddle, e se Dumbledore diz que você é Evans Riddle... Tudo faz sentido! Que é que você está escondendo da gente, Tracy?

Tracy sobressaltou-se. Era incrível como aquele trio conseguia pensar rápido e ser extremamente eficiente quando queria. Não que isso fosse bom para ela, mas agora teria de se virar a achar uma resposta e torná-la convincente.

- Olha só, aquela vez do Malfoy vocês sabem muito bem que ele se confundiu. Deve ter alguma Evans Riddle por aí e... – ela emendou depressa, tendo uma idéia – e Dumbledore acha que sou eu, deve ser isso.

- Não, não deve ser isso. – falou Hermione. – Você está nos escondendo algo, Tracy. Seria coincidência demais os dois acharem que você é uma pessoa, e não ser.

- Hermione! – gritou Tracy, encarando a amiga com lágrimas nos olhos. – Hermione, por favor, acredite em mim. E é só Dumbledore que acha que eu sou essa tal de Evans Riddle, Malfoy deve apenas ter se confundido!

- Não, Tracy! Não esconda mais nada da gente! Não vai adiantar! – falou Hermione – Seria coincidência demais, portanto é praticamente impossível.

Tracy começou a chorar livremente, deixando todas as lágrimas escorrerem rapidamente pelo seu rosto.

- Não... Hermione, não acredite nisso, por favor. – ela implorou. – Dumbledore está enganado! Você está enganada!

Hermione meneou a cabeça, um tanto assustada.

- Ron, Harry! – gritou Tracy – Pelo amor de Merlim, digam que acreditam em mim!

Os dois se entreolharam. Tracy precisava do apoio deles, principalmente do de Harry. Não... Ela não podia ter estragado tudo. Não podia ter contado o que acontecera a eles, agora tudo poderia estar completamente perdido.

- Eu estou confuso. – admitiu Ron. - Isso é muito estranho, eu preciso pensar.

- Eu também. – concordou Harry. – Preciso pensar nisso, aprendi que não posso sair julgando as pessoas.

- Você já foi muito julgado, Harry. Sei que você me entende. – falou Tracy, ficando feliz por ainda poder ter esperanças. – Já foi julgado injustamente várias vezes. Exatamente minha situação agora.

Hermione encarou-a, desconfiada.

- Tracy, as coisas são muito óbvias! – falou ela. – Eu queria poder acreditar em você, mas, é verdade, eu não posso. Não até ter certeza que você não é essa tal de Evans Riddle.

Tracy não ficou muito satisfeita com o que Hermione achava, mas sentiu-se mais tranqüila pelo tom brando que a amiga usara ao falar aquelas palavras.

- Mais o que Dumbledore disse, Tracy? – perguntou Harry, voltando ao início da conversa.

- Ah, agora vem a pior parte. – ela respondeu. – Ele disse que eu, ou seja, a Evans Riddle que ele acha que sou eu, está ajudando Você-Sabe-Quem. Por ser filha dele, entende? Aí ela veio aqui para Hogwarts para se tornar amiga de você, Harry, e ajudar a matá-lo.

Hermione e Ron encararam Tracy assustados. Provavelmente por terem certa certeza de que ela era culpada, começaram a temer pela segurança de Harry.

- Mas eu não sou nada disso! Viram só que coisa mais absurda! – gritou ela, ao perceber aquele sentimento estampado nos rostos dos amigos. – Como é que Você-Sabe-Quem teria uma filha com a mãe do Harry?

Tracy ficava feliz pelo trio não conhecer Artes das Trevas.

- É... – Hermione considerou a hipótese. – É verdade, é uma estória muito... Mal pensada. Quem quer que seja que a inventou e contou para Dumbledore tem muita criatividade.

A garota respirou aliviada. Tinha reconquistado uma aliada. Não perdera Hermione e nem a ganhara como inimiga. Ela olhou para Harry e Ron e os dois pareceram concordar que aquilo era a maior besteira.

- Que bom que vocês acreditam em mim. – falou Tracy e jogou-se em cima de Hermione e Harry, puxando Ron para perto também.

Eles ficaram abraçados durante alguns instantes, nos quais Tracy respirou fundo e pôs as idéias em ordem. Sentia-se segura e protegida assim.

Alguns minutos depois tomou seu banho habitual e deitou-se, cobrindo o pescoço até onde pôde e tentando tranqüilizar a cabeça que insistia em latejar sobre o travesseiro. Sua situação já havia melhorado e ela acreditava já ter passado por um dos piores momentos de toda aquela história, que era revelar as desconfianças de Dumbledore aos amigos e fazê-los acreditar que ele estava mentindo. Respirou profundamente e viu os archotes serem repentinamente apagados no quarto por Lilá.

O luar mantinha todo o ambiente muito claro, com raros pedaços da parede em negrume total. Pela sua janela ela podia observar as poucas estrelas que brilhavam lá fora, sorrindo para elas como se fosse houver alguma retribuição.

Queria falar com Hermione. Certificar-se de que tudo estava certo e explicado para sua amiga, mas não ousava abrir a boca. Não diante de Parvati e Lilá, correndo o risco de ser dedurada a todos e sofrer ainda mais. Sem falar que ainda tinha esperanças de poder esconder todo o acontecido de Lord Voldemort.

Fez força para relembrar-se de tudo o que ocorrera durante o período que estava em Hogwarts. Lembrou-se que, ultimamente, todos haviam notado os professores mais estranhos, mas não haviam dado importância para o caso. Rapidamente seus pensamentos foram desviados para Leo, e ela imaginou-se num relance abraçada a ele, como tantas vezes ultimamente. Sentia-se tão confortável e aconchegada em seus braços...

Mas o que estaria ele fazendo perto das onze horas da noite próximo ao Salão Principal? Achava que ela era uma das poucas a ousarem fazer isso com Filch e Madame Norra rondando pelo castelo. E, também, ela só saía quando haviam motivos fortes e realmente convincentes para isso. Que motivos teria Leo para perambular por aí no horário proibido? Estaria se encontrando com alguém as escondidas? Uma pontada de ciúmes surgiu em seu peito.

Ela balançou a cabeça ainda descansada no travesseiro e tentou apagar de sua mente todas as imagens do que Leo possivelmente estaria fazendo fora da cama naquele horário. Não se preocupava com ele, não queria se preocupar e muito menos se importar com o que ele estava fazendo. Fechou os olhos e, com a mente invadida por maus pensamentos, dormiu rapidamente.

~*~*~


Farway,

Tenho notícias horríveis para lhe dar. Mas, para que você somente tente entender a dimensão do problema, tenho que lhe contar pessoalmente. Para me poupar de repetir essa história mais uma vez, peça para Draco ir com você. É importante, não são as baboseiras de sempre. Estou desesperada. Sala Precisa, às seis.

Tracy


A garota terminou de ler o bilhete que acabar de chegar às suas mãos por Edwiges e repassou-o a Draco, debaixo da mesa Sonserina. Farway continuou a tomar seu café e levantou os olhos para Draco, depois de certificar-se de que ele lera e entendera todo o recado.

Este, após fitar Farway por alguns instantes virou-se para o outro lado do Salão e assentiu para Tracy quando ambos os olhares se cruzaram. A garota pareceu um pouco mais aliviada.

- Oi Harry, Ron, Mione. – cumprimentou Leo, chegando próximo a eles. – Como vai, Tracy? Melhorou?

- Ah, sim. Acho que o que eu realmente precisava era de uma boa conversa com meus amigos. – falou Tracy, já demonstrando mais serenidade.

- Que bom. Fiquei realmente preocupado com você, estava tão desesperada que... Nem sabia o que pensar quanto mais o que falar.

- Não se preocupe. Já está tudo maravilhosamente bem. E você também foi ótimo, me ajudou bastante. – ela disse, tentando se redimir.

- Ora, que isso. É como eu ajudaria qualquer um. – ele falou sorrindo.

- Tudo bem. – falou Tracy, já sentindo o que o ele havia dito. – Mas pode ficar tranqüilo, sim.

Leo também se distanciou de todos eles, voltando para sua mesa com seus amigos e sua irmã, que parecia estar muito feliz ao lado do garoto do sétimo ano chamado Michael.

- Você o encontrou ontem? – perguntou Harry, parecendo curioso.

- Sim. Desculpe, estava tão mal que acabei esquecendo de contar isso a vocês. Mas foi bem breve, ele só me ofereceu um copo de água e me acompanhou até a entrada do Salão Comunal. Nada mais. – ela afirmou, servindo-se de mais purê de batatas.

- Ótimo. Leo é um grande amigo e companheiro – falou Hermione. – É realmente ótimo tê-lo por perto, parece sempre aparecer nas horas que mais precisamos, não é?

Tracy confirmou, parecendo apreciar imensamente a idéia de que, no dia anterior, havia pensado a mesma coisa sobre o garoto quando este apareceu do nada para não permitir que corresse desabalada pelos corredores.

O dia transcorreu livremente, mas Tracy não pode deixar de notar que os professores pareciam ainda mais curiosos e taxativos quanto às ordens que davam. Dumbledore já devia os ter informado de tudo, da confirmação da garota sobre o que acontecera e os outros detalhes. Mas Tracy não mais sentia medo. Não dos professores, nem dos alunos, pelo menos. Sentia-se superior a eles e, quando se é superior, não há motivos para inseguranças.

- Vou até a Sala Precisa, contar tudo a Farway. – disse Tracy ao se despedir dos amigos por alguns minutos. – Por este tempo que estamos mais próximas acho que posso considerá-la confiável e... Bem, eu vou contar as coisas a ela por achar que quanto mais apoio eu tiver melhor me sentirei.

- Concordo com você, Tracy. – disse Hermione. – É bom mesmo que compartilhe suas angústias e medos, mas não se esqueça de que estamos aqui com você, do seu lado e também prontos para lhe ajudar.

- Não esquecerei. Nunca. – ela disse. – Então, nos encontramos no Salão Principal, ou, se eu der menos sorte, só na Sala Comunal. Até mais!

Os amigos despediram-se dela e a garota rumou mais uma vez naquele ano para o sétimo andar. Antes de descobrir aquela sala sentia-se segura conversando com os colegas em qualquer lugar, mas agora que a conhecia tornara-se de suma importância para seus assuntos.

- Tracy! Finalmente. – falou Farway aproximando-se rapidamente da amiga enquanto esta entrava na Sala Precisa. – Que foi que ocorreu? Ficamos o dia inteiro preocupados e ansiosos!
- Curiosos, você quer dizer, não é? – ela arqueou uma sobrancelha e ouviu o muxoxo da garota. – Mas, não importa agora. Tenho que ser rápida, afinal a história é longa.

E ela passou a contar rapidamente tudo que se lembrara de ter ouvido e falado, e Draco e Farway pareceram ouvir atentamente a tudo que a garota disse. A narrativa fora pontuada apenas em alguns momentos por sobressaltos dos ouvintes e gritinhos abafados.

- Eu... Tracy, é inacreditável! – falou Draco. – Não sei nem o que dizer.

- Concordo. Eu acho que estou sonhando. – disse Farway. – É tão impossível acreditar que a essa altura do campeonato Dumbledore saiba de tudo, esteja ciente de todas as coisas! Não podemos fracassar. Não nessa etapa.

- Ainda temos algumas esperanças. – tranqüilizou-os Tracy. – Se o Lord Voldemort não vier a saber que Dumbledore está sabendo de tudo, e se conseguirmos fazer com que o nosso diretor não espalhe a história, estaremos a salvo.

- Você não acha que vamos conseguir isso, acha? – perguntou Farway.

- Deixe de ser pessimista! Ainda estamos no jogo, não é, então vamos jogar. Nem tudo está perdido, temos chances, boas chances, de conseguir o que queremos. – disse Tracy. – Olhem, agora só temos que reforçar um pouco mais a segurança e o sigilo das informações, mas o plano pode seguir como se nada tivesse acontecendo.

- Isso não vai dar certo. – resmungou Draco.

- Tem uma sugestão melhor? – perguntou Tracy. – Não podemos fazer mais nada. Pelo amor de Merlim, estamos ferrados. A única coisa que podemos fazer é diminuir um pouco isso ou tentar liquidar o inimigo enquanto é tempo.

- E o inimigo é Dumbledore? – indagou Farway, apreensiva.

- Se fosse deste inimigo que eu estivesse falando, teríamos que destruir Hogwarts. Todos, com exceção dos alunos, sabem o que está ocorrendo.

- Dumbledore não confiaria em tanta gente assim. – ponderou Farway.

- Ele confia em Severo, não é? Basta para ser dado como insano.

Farway ficou calada com o comentário, parecendo ser um balão de ar prestes a explodir. Draco pouco conseguia fazer comentários, quanto mais os fazer de maneira decente.

- O inimigo de quem falo – disse Tracy – é quem dedurou o plano a Dumbledore. Por que ele não ficaria sabendo de tantos detalhes se alguém não tivesse contado tudo a ele.

- E você quer matar essa pessoa? – indagou Draco, se manifestando.

- Quero. E vou. – ela disse. – É só descobrir quem foi, e findar a vida do maldito.

- Nós vamos ajudar a descobrir quem foi. – prometeu Farway. – Sabemos o quanto isto é importante para você, e para nós mesmos, então ajudaremos. Não é, Draco?

- Sim. – falou o garoto. – Ajudaremos, sim, no que pudermos.

- Ótimo.

O silêncio permaneceu por alguns instantes.

- Então, o que quer que a gente faça?

- Eu não sei nem o que eu vou fazer. – choramingou Tracy. – Por enquanto só fiquem atentos a tudo que ocorrer ao redor de vocês. Não precisa procurar muito, nem bisbilhotar. Só o que acontece no dia-a-dia, próximo a vocês. Entenderam?

- Sim. Não precisa repetir. – Farway tinha uma expressão gozada no rosto.

- Ótimo, então. Se tiverem notícias, novidades, curiosidades, pistas e afins... – ela parou para pegar ar. – Comuniquem-me imediatamente.

Eles assentiram. Tracy sorriu e se virou para sair da sala, ajuntando todas as suas coisas e correndo para o Salão Principal, saciar sua fome e repor as energias.


N/A.: A-há, espertinhos. Vocês conseguiram, não é? Mas só estou postando por que eu sou uma pessoa muito honesta e jamais enganaria pessoas tão adoráveis como vocês. Bem, eu estou falando dos comentários. Eu pedi quinhentos e sessenta e estou cumprindo minha promessa de postar com esse número. Mas vocês me trapacearam, comentando só para eu postar! Não vou negar que adorei receber quarenta comentários em cinco dias. E não vou negar, também, que amo essa implicância de vocês. Por que eu amo, sim! Então, para não falhar com vocês, nem ser chata, resolvi fazer uma coisa. Atualizo em uma semana ou, então, quando tiver quinhentos e dez comentários. Ou seja, se vocês comentarem tudo isso em dois dias, vão ter que esperar mais cinco para que eu poste. Ou, se passar uma semana e não tiver o número, vou esperar até que tenha. Senão eu vou acabar de postar a fic rápido demais, e eu também não quero isso (Vá entender esta autora, não é?). Beleza? Então, mais uma vez, muitíssimo obrigada a todos que comentaram, simplesmente amei!

Outra coisa que eu queria deixar clara antes de me despedir, é o que eu andei comentando no que eu chamaria de “nick” da fic, por falta de expressão melhor, e com alguns leitores. Houve um grande mal entendido entre eu e uma outra autora da Floreios e Borrões. Eu achava que ela estava plagiando a fic, para mim tudo indicava isso, mas conversei com ela e nós explicamos tudo. Acabamos entrando em consenso e tudo foi resolvido. Já apaguei isso da minha mente, espero que quem tenha se achado envolvido nisso também esqueça.

Obrigada, mais uma vez, pelo apoio e compreensão de todos! Pretendo postar logo o próximo capítulo e isso depende só de vocês. Beijos,

Manu Riddle.

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