A Profecia
A Profecia
O tempo ia passando rapidamente, os dias estavam sendo cada vez menos aproveitados pela maioria dos alunos de Hogwarts. Os deveres e trabalhos eram tantos que ocupavam todo o dia dos garotos, que acabavam tendo somente o Sábado livre para fazer o queriam. E, de tão cansados que estavam, o que mais queriam acabava se tornando horas de sono em uma grande cama aconchegante.
Naquela terça-feira vários alunos acumularam-se na biblioteca, à procura de informações que enriquecessem seus trabalhos e redações. Tracy levantou os olhos da sua, intitulada “As grandes descobertas de Paul Sallon” e deixou de lado o livro que contava a biografia deste homem. Observou Hermione vindo juntar-se a eles com mais três livros pesados nas mãos.
- Encontrei um que acho que vai lhe ser útil, Gina – falou ela, jogando o livro mais grosso que carregava nas mãos da amiga – Fala exatamente o que você precisa. Li todo ele há três anos.
- Fico feliz por você ler tanto – disse Gina, pegando o livro e agradecendo Hermione.
Neville bocejou, apoiando o rosto no seu braço direito. Ron murmurou um “Oh, não” bastante furioso e tacou a pena em cima da mesa redonda em que todos estavam, Harry baixou a cabeça por entre os braços, Luna começou a ter ataques histéricos, Farway largou a pena e concentrou-se na sua barra de chocolate e Lia gritou “Terminei!” alto o suficiente para que toda a biblioteca ouvisse.
- Ótimo! – disse Farway – Agora você me empresta sua redação para eu ter uma idéia do que fazer na minha.
-Vai nessa! – disse Lia, afastando o pergaminho de modo que Farway não pudesse alcançá-lo.
- Não seja má, Lia – falou Ron, Farway deu um sorriso de agradecimento – e empreste sua redação para mim.
Todos riram. Lia esticou sua redação a Farway.
- Só cinco minutos, hein! – advertiu ela – Assim não dá tempo de você gravar nem uma frase.
Todos concentraram-se novamente em seus trabalhos. Estavam muito cansados e a única coisa que aparecia em suas cabeças era as camas do dormitório, em vez dos ingredientes para poções, datas históricas ou feitiços úteis em Transformações.
Alguns dias depois, a situação continuava absolutamente igual. Sem melhora, sem mudança. Harry e Tracy estavam voltando da estufa número cinco, onde a garota havia esquecido seu livro de Herbologia dias antes. Os dois caminhavam num passo lento, sem nenhuma pressa, afinal, era Domingo.
- Você não parece estar mais tão preocupado como há algumas semanas atrás, Harry – comentou Tracy, depois de uma piada que Harry fizera.
Harry calou-se no mesmo instante.
- Bem... é – disse ele.
- E o que aconteceu para você mudar assim? – indagou a garota, tomando cuidado especial com os grandes degraus de pedras no jardim – Quer dizer, se você puder falar, é claro.
- Eu tomei algumas decisões que logo resolverão o problema – respondeu Harry, um tanto contrariado.
- E essas decisões... envolvem quem?
- Bem... Ron, Hermione e... e você, é lógico.
Tracy sorriu.
- Me conta! – pediu ela.
- Não se afobe, logo, logo você vai saber.
Tracy fechou a cara, mas Harry entendeu muito bem que era apenas curiosidade da amiga.
- Você é muito importante para mim, Harry – falou ela de repente, tentando não ficar vermelha – Está se tornando cada vez mais importante.
Harry ficou encabulado.
- Que bom. Estou precisando de mais amigos. Ultimamente só ganho inimigos!
Os dois riram, mas Tracy passou a refletir sobre esse assunto.
Tracy! Preciso falar com você!
Então fala!
Bem... aqui não dá, não é? Preciso falar com você em um lugar seguro. Sabe, são coisas importantes.
Tudo bem, então, Farway. Só não me deixe curiosa durante muito tempo, Harry já está se encarregando de fazer isso.
Não, não. Eu te conto ainda hoje, se der. Onde a gente pode se encontrar?
Quem sabe na Sala Precisa? Seria um bom lugar.
É, Sala Precisa, então. Hm... às seis e quinze está bom para você?
Ei, eu tenho que jantar sabia?
Você janta em quinze minutos, sim. Tudo bem que você come devagar, mas come pouco. Então não reclama. É realmente importante.
Ah, tudo bem, então. Já que você quer. Mas se eu passar mal por ter que comer rápido demais você vai ter que se ver comigo.
Hahaha... tudo bem. Mas, afinal, do que é que você estava falando? Harry está te deixando curiosa?
Muito. Ele é misterioso demais... a cada pouco ele está me contando coisas novas. Mas parece que a coisa desta vez é muito mais importante.
É? Harry sempre foi assim. Mas, depois de tudo que já aconteceu, você realmente acha que ele teria algo tão importante para falar para você?
Não é só para mim, não. É para Ron e Hermione também. Por isso eu acho que tem muito mais importância.
AH!! Jura? Isso deve ser importante. Você vai me contar, não vai?
Bem, talvez. Vai que não é para contar?
Desde quando é que você guarda segredos? Muito mais segredos do Harry? Você os conta todos ao Lorde das Trevas.
É, conto, mas é necessário. Afinal, nós ainda não sabemos como é que vamos acabar com o Potter e com o Dumbledore. Precisamos ter mais dicas para pensar em algum plano eficiente.
‘Tá certo. Mas você vai ter que me contar.
Esse seu “vai ter que” me dá medo. Sem sarcasmo, sério.
É bom que dê mesmo.
E você e Malfoy? Como andam?
Com as pernas, oras. Hahahaha... brincadeira. Bem, nós não andamos não. Estamos sempre parados. Na verdade eu ando parada, mas ele continua me “perseguindo”.
Perseguindo, é? Como? Me conta os detalhes, vai! Essa aula de Poções ‘tá a maior chatice mesmo.
Não tem detalhes para contar *brava*.
Ah... vai, Farway! Conta aí! Eu preciso me concentrar em alguma coisa, se não eu acabo pensando no que eu não quero e isso é horrível.
Que tal se concentrar na aula? Snape está falando maravilhosamente bem, hoje.
Eita, só você para falar isso mesmo. Severo é... sei lá o que ele é, e é melhor eu nem escrever isso aqui antes que ele resolva pegar nossos bilhetinhos como da outra vez.
Ah, é verdade! Que tal a gente parar com isso, hein? Se ele pegar vai ser um desastre. Não quero que ele pense nada de mim e do Malfoy.
É, vai ser um desastre, sim. Vamos parar.
É, vamos. Até mais!
Até.
Bem, eu acho que “Tchau” seria mais apropriado agora. Tchau.
Concordo. Tchau.
Ah, ok. Eu admito. Não quero parar de trocar bilhetinhos! Isso é tão divertido!
É, de certa forma é sim. Mas, já que você e o Malfoy são tão amigos, bem que você poderia me contar por que ele anda tão estranho. Está falando cada vez menos comigo, e parece não querer me encarar.
Primeiro, eu não sou “tão amiga” do Malfoy. E depois, não sei o que ele tem. Mas comigo ele está agindo normalmente.
Ah, droga. Eu precisava saber o que é que ele tem. Sei lá...
Deve ser paranóia sua. Ele não mudou nadinha... NADINHA comigo. Por que mudaria com você?
É o que eu estou tentando descobrir, né?
Ah, você me entendeu.
Sim. E isso NÃO é paranóia minha. É um caso SÉRIO que você deveria dar atenção. Pensando bem, você poderia investigá-lo para mim, não é?
Ei, ‘tá me achando com cara de detetive, é? “Investigue Harry para mim. Investigue Ordem da Fênix para mim. Investigue Malfoy para mim.”
Eu não falei que teria dessas quando você aceitou se tornar uma Comensal?
Não, não falou. Mas eu meio que sabia.
Então isso não é surpresa para você. Pelo menos não deveria ser.
É que... sei lá! Vamos mudar de assunto? Bem, vamos falar do que?
Que tal de que Snape já percebeu que estamos trocando bilhetinhos e que só está esperando uma desculpa para nos mandar sair da sala ou nos dar uma detenção?
Ih, é verdade! Mas ele não faria nada contra mim.
É, mas ele faria contra MIM. Então vamos parar com isso. Tchau de uma vez por todas.
Até depois. Aí a gente se fala na Sala Precisa.
É isso aí.
Harry, Hermione, Tracy e Ron estavam saindo da sua aula de Poções para se dirigirem as outras salas quando passaram por Draco e Farway. O garoto deu um encontrão em Harry, que chegou a pegar sua varinha e tira-la para fora das vestes.
- Não, Harry. Não na frente da sala do Snape – sussurrou Hermione, segurando a mão do rapaz.
Ron e Tracy se entreolharam. Eles caminharam mais um pouco e quando todo o pessoal se dispersou, e eles ficaram sozinhos no corredor, Harry disse:
- Malfoy me irrita. Ele poderia muito bem ter passado sem sequer encostar em mim, mas parece que ele precisa me incomodar para sobreviver.
- Não esquenta, Harry. Malfoy é um babaca de primeira linha – falou Ron, dando umas palmadinhas nas costas do amigo.
- É, não dê atenção a ele, é justamente o que ele quer. E você não vai fazer o que ele quer, não é? – perguntou Tracy.
Harry respirou fundo.
- Olha, aproveitando que estamos sozinhos aqui eu gostaria de falar uma coisa muito importante para vocês.
- Então fala! – disse Tracy, curiosa como sempre.
- Não dá para ser aqui. Preciso encontrar com vocês em um local mais seguro. Por que nós não nos encontramos na Sala Precisa, depois de jantarmos? – indagou Harry.
Tracy lembrou-se de que teria o encontro com Farway no mesmo local e na mesma hora.
- Eu não vou poder – disse ela, prontamente. – Marquei outras coisas nessa hora.
- Outras coisas? – perguntou Ron, sugestivo.
- É, outras coisas. Outras coisas bem diferentes do que você está pensando.
Todos riram.
- Bem, você sabe que eu e Hermione podemos – falou Ron.
- Ei, quem é que disse que eu posso? Seria bom se você me perguntasse primeiro! – falou Hermione, meio rindo.
- E você não pode? É claro que pode – retrucou Ron.
- Você não sabe de nada, Ron – falou Hermione, já deixando o sorriso de lado – Hoje eu posso, mas e se não pudesse? Você não tem nada a ver com a minha vida!
- Ah, tudo bem, invente as mentiras que quiser, então. Você pode se achar muito esperta, Hermione, e eu posso não ser como você, mas idiota também não sou.
- Eu não disse que você era idiota! Só falei que... – começou Hermione.
- Não interessa o que você falou. Com você não dá para conversar – o garoto saiu rapidamente do local, quase correndo.
Tracy entreolhou Harry, que respirou profundamente.
- Teremos que marcar para outro dia, então – falou ele, calmamente, como se nada tivesse acontecido.
- Teremos – ajudou-o Tracy – É melhor irmos para a aula, não podemos chegar atrasados.
- É, vamos.
Quando eles recomeçaram a andar pelos corredores, Tracy pôde perceber que os olhos de Hermione estavam repletos de água, lágrimas prestes a cair.
As aulas do dia não poderiam ter passado mais rapidamente. Apesar de não serem nem um pouco divertidas, e de Sonserina e Grifinória não terem nenhuma delas juntas novamente para que Farway e Tracy pudessem trocar bilhetes, num piscar de olhos elas pareciam acabar.
Tracy foi até o dormitório na companhia de Hermione e largou sua mochila por lá. Logo, as duas desceram e foram até o Salão Principal para jantar. Hermione ficara calada durante toda à tarde, e ela e Ron não se falaram. O mesmo repetiu-se na mesa da Grifinória naquele horário.
O clima estava muito ruim, quem animava essas horas era Ron e pelo visto seu humor não estava para coisas desse tipo. Hermione também era muito divertida, quando estava alegre por ter tirado a nota máxima em um de seus deveres, mas apesar de isso ter acontecido naquele dia ela não parecia estar com muita vontade de comentar seu “feito”. Tracy também era alegre às vezes, mas alguém tinha sempre que puxar assunto antes. E Harry, contagiado pelo mau humor dos amigos, ficou quieto durante todo o tempo também.
Tracy comeu tudo o que o pusera no prato rapidamente, e dando olhares rápidos pela mesa da Sonserina de vez em quando, só para certificar-se de que Farway ainda estava lá. Quando viu a garota levantando-se ela deixou o guardanapo sobre a mesa e foi atrás dela.
- Olha, eu vou ter que ir agora – falou ela para Ron, Hermione e Harry – Nós nos encontramos na Sala Comunal, depois.
Todos assentiram em silêncio e ela saiu desabalada pelos corredores que levavam os alunos do Salão Principal para os outros cômodos e corredores do castelo. Não demorou muito e encontrou Farway, no terceiro andar.
- Boa noite, Tracy – falou ela, ao ver que a amiga estava ali.
- Ah, oi – respondeu ela – Olha só, você vai ter que ser rápida. Estou cheia de deveres para amanhã e...
- Eu vou ser rápida se você colaborar e ficar quieta logo – falou ela, fria.
- Nossa, pelo jeito todos tiraram o dia para ficar de mau-humor. É incrível! Hermione, Ron, Harry, você... todos. Só eu é que estou alegre?
- Pelo jeito sim. Sua vida deve ser bem melhor do que a nossa – falou ela, continuando no mesmo tom.
Tracy estranhou, a amiga sempre estava de bom-humor, feliz e simpática. Naquela hora estava muito diferente, falando coisas sem pensar e sendo fria com as pessoas.
- Mas o que é que aconteceu com você? – perguntou Tracy.
- Nada de importante, não – disse Farway.
Naquele momento as duas chegaram ao quinto andar e alguns fantasmas atravessaram a parede que dava acesso a outro lado do castelo. Tracy tomou um pequeno susto, pois estava concentrada na conversa que estava tendo com Farway.
- Ah, deve ser algo muito importante, sim – falou Tracy – É para contar isso que você me chamou aqui?
- Não, é para tentar uma coisa.
- Tentar uma coisa? Que coisa?
- Logo você vai saber, calma – disse Farway, começando a se irritar com Tracy.
A garota resolveu ficar quieta desta vez. Não gostava de mexer com humores que não estavam passando por uma boa fase.
Logo elas chegaram até a Sala Precisa e Farway tratou de dizer “Precisamos de um lugar para que possamos conversar tranqüilamente sem sermos interrompidas e para usarmos Legilimência”. Ao tocar nessa palavra, Tracy interessou-se pelos planos que Farway possivelmente tinha.
- A gente veio aqui para testar Legilimência?
- Não. Viemos para usá-la.
Tracy entrou na Sala Precisa acompanhada de Farway e achou um lugar extremamente diferente do da última vez em que esteve ali. Pelo visto, a sala achava que eram necessárias várias almofadas e bancos para se “praticar” Legilimência. Tinha uma prateleira repleta de livros que falavam sobre o assunto a um canto, e em outro alguns utensílios estranhos.
- Uau, como esse lugar ficou interessante! – comentou Tracy, olhando admirada ao seu redor.
- É. – admitiu Farway – Ficou incrível, a altura do que faremos aqui.
Tracy lembrou-se da antiga curiosidade e prestou atenção em Farway, que parecia muito concentrada e pensativa.
- Vamos ao que interessa – falou Tracy. – Porque é que você me trouxe aqui, afinal?
- Olha só, é o seguinte. – disse Farway – Como já disse a você, tem horas que o Feitiço Fidelius fica mais fraco e, portanto, menos resistente. Pensando nisso eu acabei tendo uma idéia que pode ser muito útil.
Tracy ficou mais atenta.
- Eu posso tentar me lembrar de situações que foram vividas na sede da Ordem da Fênix e, através da Legilimência que você usará em mim, poderá ver exatamente o que aconteceu naqueles momentos.
- Hm... bem pensado – falou Tracy – Muito bem pensado.
- Espero que funcione – Farway disse, olhando para seu relógio de pulso – Nós só temos mais meia hora, vamos logo. Eu estou pronta.
Farway permaneceu reta e Tracy postou-se em sua frente, tentando se concentrar. Ela viu Farway fechar os olhos lentamente e fechou os seus também. Respirou fundo e deixou o corpo leve, esvaziou sua mente de qualquer pensamento (exceto o de “isso não vai dar certo, eu sei que não”) e ordenou:
- Legilimens!
O lugar foi escurecendo lentamente e Tracy sentiu seu corpo sendo tomado pelas sombras. Repentinamente ela ouviu um grito, que parecia vir de um lugar não muito distante.
- Não! Não, eu não quero! – gritava uma voz masculina.
Tracy abriu os olhos o máximo que pôde, estava difícil enxergar naquela escuridão. Mas parecia não ter adiantado nada, pois tudo continuou igual.
O homem gritou novamente. Ela ouviu pessoas descerem as escadas correndo, desesperadas para ver o que é que estava acontecendo. Gritos ecoavam pelos corredores, algo como “Escória, ralé, sangue-ruins! Saiam da minha casa!” e Tracy assustou-se. Onde estava? Que é que estava acontecendo?
Pouco a pouco tudo foi ficando mais claro, apesar de uma névoa estranha envolver toda a cena. Ela viu alguns corpos correndo e resolveu segui-los, supondo que esta seria a solução para suas dúvidas. Chegou a uma escada muito grande e desceu por ela, o mesmo que os outros haviam feito.
- Harry, querido, se acalme! – pediu uma mulher, que abraçava o garoto moreno caído a porta.
- Sra. Weasley, eu... eu não sei que é que está acontecendo comigo... – balbuciou ele, tendo dificuldade para respirar.
- Querido, fique calmo... Arthur! Arthur! – chamou a Sra. Weasley.
Um homem todo vestido de negro entrou no aposento, como um morcego. Ele abaixou-se perto de Harry, mas o garoto juntou todas as forças que ainda tinha para se esquivar.
- Vá para longe de mim! – gritou ele, ofegante – Sra. Weasley, o tire daqui! Ele odiava Sirius! Ele está comemorando... ele está... tire ele daqui!
- Harry, deixe que o professor Snape cuide de você. Ele entende mais disso do que eu. – disse a Sra. Weasley, preocupada – Não fique assim, Harry! Mas o que é que há com você?!
Tracy voltou-se para o aposento enquanto Harry se debatia e Snape tirava a varinha das vestes e viu que várias pessoas aglomeravam-se ao redor da cena. Hermione, Ron, Farway, Gina, dois gêmeos ruivos que deveriam ser os irmãos de Ron, um elfo doméstico velho e aparentemente maltratado e uns dez homens com vestes de bruxos e expressões de estarem muito atarefados. Um deles cochichou algo com o colega ao lado, que meneou a cabeça em sinal de desaprovação a atitude de Harry.
- Pare de uma vez por todas, Potter! Não vai querer que eu lhe envenene, não é? - perguntou Snape.
- Sai daqui, traidor! Saia daqui, você não merece estar nesse lugar! Aqui foi a casa de Sirius, vá embora! – Harry ofegava cada vez mais, parecia estar cada vez pior, mas Snape não fazia nada além de olhar para ele com insignificância.
Um homem calvo entrou no aposento de repente. Ele lançou um feitiço silencioso em Harry, e pareceu que este teve efeito calmante sobre o garoto.
- Está tudo bem, Harry – falou ele. – Vai ficar tudo bem. Snape já está de saída.
Snape encarou o Sr. Weasley com uma fúria indescritível e bateu a porta ao sair da casa com a capa esvoaçando. Harry tomou a água que a Sra. Weasley trouxe e sentou-se, encostando as costas na gélida parede de pedra.
O local foi escurecendo novamente, mas muito mais rápido do que anteriormente e Tracy viu-se jogada em cima das almofadas da Sala Precisa em segundos.
- Isso foi na sede da Ordem da Fênix? – perguntou Tracy a Farway, que também estava caída no chão.
- Foi. Logo no quarto dia em que eu estava lá. Harry fez um escândalo – respondeu Farway. – Ele recém havia chegado lá e não parecia muito bem. Quando entrou na casa começou a ter esse tipo de ataque, caiu no chão e apertava fortemente a cicatriz dele. Falava de Sirius e... bem, você viu como ele ficou quando Snape apareceu.
- Que estranho – falou Tracy. – Mas isso não tem grande importância. Por acaso você não tem alguma lembrança da rua ou da casa por fora? Seria mais útil.
- Tenho, é lógico. Vamos lá novamente, então.
Feliz por as coisas estarem dando certo, Tracy levantou-se com dificuldade, e uma certa preguiça, e postou-se em frente a Farway novamente. Cumprindo o mesmo ritual anterior, esvaziou a mente e concentrou-se.
- Legilimens!
Tudo escureceu e foi clareando até formar uma névoa fina, quase imperceptível, novamente. Agora Tracy via quatro garotas caminhando lentamente ao lado de um homem, pelas ruas vazias do Largo Grimmauld. Ao menos uma placa indicava isso. Tracy sentiu-se repentinamente feliz e observou muito bem o local, até perceber que os cinco começaram a entrar em um terreno vazio. Ela apressou o passo e acompanhou-os.
- Você vai gostar daqui, Farway – falou Hermione. – Tem várias coisas que você adora. Aranhas principalmente. E alguns répteis esquisitos ainda aparecem, apesar de nós termos feito uma limpeza geral ano passado.
- Que bom. Mas... bem, eu ainda não estou vendo nada. Isso é parte do encantamento? – indagou a garota alta.
- Faz – quem respondeu foi Lia, que mantinha os braços colados ao corpo e as mãos dentro do bolso da jaqueta quente. – É bem interessante, o Feitiço Fidelius. Útil, também.
- Bem, eu não acho muito seguro – falou Hermione. – Sabe, o fiel do segredo pode espalhar a coisa por aí, como aconteceu com Lílian e Tiago Potter.
- Ah, mas nem sempre é assim. A maioria das vezes dá certo. E, olha, Dumbledore é um ótimo fiel de segredos – retrucou Gina Weasley.
- Mas pode ser perigoso – falou Farway, prestando atenção onde caminhava e elevando um pouco a voz. – Nada demais.
- Eu não disse que não podia ser perigoso – falou Gina, parando junto com os outros. – Disse apenas que nem sempre é ruim.
O homem que estava com elas Tracy não conhecia. Alto, muito magro e com aparência cansada, ele piscou lentamente, tirou um papel do bolso e virou-se para as garotas.
- Olha... – falou ele – Leiam isso com muita atenção e o memorizem em poucos segundos, Lia e Farway.
As duas garotas assentiram com a cabeça, parecendo muito ansiosas. O homem desenrolou o pergaminho e mostrou as duas o que nele estava escrito. Após lerem, elas levantaram os olhos para encará-lo.
- Pronto? Muito bem.
Tracy viu uma grande casa branca e de aparência antiga brotar na terra. Ela veio, aparentemente, do nada, Um grande número “12” estava preso a sua parede, próximo a porta.
- Uau, Lupin... – falou Lia, admirando-se com o porte da construção. – É fantástica!
- Muito – concordou Farway. – É tão... tão inexplicavelmente maravilhosa.
- Vejo que vocês simpatizaram com ela – Lupin sorriu, colocando a mão na maçaneta e a girando. – Vamos ver o que acham dela por dentro.
Ansiosas, as garotas acompanharam o homem até ele bater a porta. Quando Tracy voltou a Sala Precisa num solavanco, não soube se o barulho que ouviu era da porta batendo ou do baque que deu ao cair novamente sobre as almofadas.
- É, é realmente maravilhosa – ela comentou. Tinha um certo apreço por grandes construções com aparência maltratada. – Entrar em lembranças dessa maneira é uma experiência inexplicável.
- Eu ainda terei o prazer de fazer isso – comentou Farway, desgostosa. – Por que para a mente que é invadida isso não é nem um pouquinho agradável.
Tracy deu uma risadinha anasalada.
- Algum dia você terá. Suas chances ficam cada vez maiores enquanto está do nosso lado, Farway, nos ajudando.
- Que bom – falou Farway, sem sorrir, convicta.
Tracy deu a senha a Mulher Gorda e entrou na Sala Comunal. Harry, Ron, Hermione e Gina estavam sentados perto de uma das janelas da torre.
- Será que nós podemos saber onde é que você esteve todo esse tempo? – perguntou Ron, brincando.
- Podem, sim – falou Tracy, também rindo. – Estive com Farway. A gente ficou conversando um pouco.
Todos sorriram amarelo.
- Vocês estavam me esperando? – perguntou Tracy.
- Estávamos – respondeu Harry, sério. – Eu tomei uma decisão. Lembra que eu lhe falei que tinha algumas coisas a contar para vocês?
- Falou – respondeu Tracy, rapidamente.
- Então. Eu resolvi não esperar mais. Resolvi contar tudo a vocês de uma vez – disse Harry.
Tracy, Ron, Hermione e Gina se entreolharam.
- Bem... para vocês eu digo Ron, Hermione e Tracy – falou Harry, dando uma indireta para Gina.
- Eu saio. Não tem problema – disse Gina de repente, levantando-se da poltrona em que estava sentada. – Eu já estou indo.
- Eu não queria lhe ofender, Gina – falou Harry. – Mas, é que...
- Não se importe com isso. Eu não me importo – apesar de estar convicta, dava para perceber um certo desgosto em sua voz.
Gina saiu dali quando Harry assentiu lentamente para ela.
- Tomara que ela não tenha entendido errado – disse Hermione. – Mas acho que não.
- Ela já está acostumada com isso – Ron falou, não dando importância ao caso.
- Hm, que tal irmos para o dormitório? – perguntou Harry. – Nós podemos lançar um feitiço no quarto e conversarmos lá.
Eles foram até o dormitório e sentaram numa das camas. Ron estirou-se em cima da cama, Hermione sentou na ponta dela, Tracy escorou as costas em uma das paredes ao lado de Ron e Harry sentou-se do outro lado.
- Bem – falou Harry, respirando fundo. – O que eu vou contar para vocês é de extrema importância, portanto não espalhem isso por aí. Principalmente você, Tracy.
A garota, apesar de dizer para si mesma que aceitava a situação, no fundo sentia-se excluída.
- Não quero que você se sinta mal por isso, Tracy – continuou Harry. – Isso é a prova mais concreta de confiança que eu poderia dar a você. Eu confio muito em você, mesmo. Pode ter certeza, pois senão eu não lhe contaria isso.
Tracy sorriu amarelo.
- Fico feliz por isso.
- Então eu vou contar para vocês. Eu... é difícil mesmo explicar. Fiquei horas esses dias pensando em como eu contaria, e mesmo assim ainda acho que não estou preparado – Harry parecia nervoso. – Ano passado quando eu voltei do Ministério, Dumbledore me explicou várias coisas. Eu sinto que não é tudo, mas acho que é o principal. Assim eu decidi mostrar uma coisa a vocês primeiro. Na verdade, contar.
Todos fitaram Harry com interesse. Não ousavam abrir a boca, interrompê-lo, impedi-lo de qualquer forma de contar o que queria.
- Antes mesmo de eu nascer, fizeram uma profecia sobre mim – disse Harry. – Sibila Patrícia Trelawney. Foi a nossa antiga professora de Adivinhação que a fez. Dizia mais ou menos o seguinte:
“Aquele com o poder de vencer o Lorde das Trevas se aproxima...
Nascido dos que o desafiaram três vezes, nascido ao terminar o sétimo mês...
E o Lorde das Trevas o marcará como seu igual, mas ele terá um poder que o Lorde das Trevas desconhece...
E um dos dois deverá morrer nas mãos do outro, pois nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver...
Aquele com o poder de vencer o Lorde das Trevas nascerá quando o sétimo mês terminar...”
Todos paralisaram ao ouvir aquelas palavras. Hermione colocou as mãos a boca, estava muito espantada, Ron escancarou a boca e fitava a colcha com os olhos arregalados e Tracy permanecia com um rosto sem expressão, sem algo que definisse sua surpresa ou insignificância ao caso.
“Eu não acredito”, pensou Tracy “Potter contou sobre a profecia a mim. Eu sei a profecia que fez o Lorde das Trevas perder todos os seus poderes. O que ele tanto queria descobrir, conseguiu. Graças a mim.”
- Que foi, Tracy? – perguntou Hermione, observando a garota – Qual o problema?
Tracy levantou os olhos para a amiga.
- Não há problema algum – falou ela. – Eu só achei isso muito... assustador, eu diria.
Ron assentiu com a cabeça, concordando em silêncio.
- É, devo admitir que é realmente incrível. Mas como você pode ter tanta certeza de que é a você que essa profecia se refere?
- Dumbledore me explicou que essa profecia poderia se referir a dois garotos – explicou Harry, encarando os amigos. – A mim, e a Neville. Porque nossos pais já enfrentaram Voldemort três vezes e porque nós dois nascemos no final de julho. Mas, Dumbledore e eu concordamos que é a mim, pois tem uma parte da profecia que diz o seguinte: “E o Lorde das Trevas o marcará como seu igual”.
- Oh, mas é claro! – disse Hermione, sorrindo – Como é que não percebi isso antes? É tão óbvio! Sua cicatriz, Harry! É essa a importância dela, a de marcar você como um igual a Voldemort. Por isso você também é ofidioglota, por isso você vive as coisas junto com ele, sente quando está feliz, quando está triste... e ele pode odiar o quanto quiser, mas foi ele mesmo quem fez isso! Ele poderia escolher entre você e Neville, mas acabou preferindo você!
- Talvez ele nem soubesse de Neville – comentou Harry.
- O que me assusta mais é a última parte – falou Ron. – O que ela significa?
- Ah, eu também me preocupo com ela – respondeu Harry. – Mas não muito. Pelo que Dumbledore disse, e creio que todos iremos concordar, ou eu mato Voldemort, no que poderia ser chamado de “fim”, ou Voldemort me mata nesse momento. Até agora, nada aconteceu, mas um dia isso terá de chegar.
- É – concordou Ron. – E ele não te matou ainda por pura sorte sua... quando você tinha um ano, o amor de sua mãe por você o salvou, no primeiro ano aqui em Hogwarts a proteção que sua mãe deixou em você também o livrou da morte, no quarto ano seus pais lhe ajudaram a sair do cemitério com vida... até quando isso vai durar?
- Não seja pessimista, Ron – repreendeu-o Hermione, falando com o garoto novamente pela primeira vez.
- E esse encontro, esse final, demorará muito para acontecer? – perguntou Ron, ignorando o comentário de Hermione.
- Não se sabe. Pode tanto ser logo, quanto demorar muito tempo – respondeu Harry.
Todos expressaram suas preocupações no rosto. Mas Harry sentia-se tranqüilo, tinha conseguido desabafar e tirar um enorme peso de sua consciência. Eles ficaram conversando por mais um bom tempo. O assunto foi mudando lentamente, e logo eles já estavam rindo. Tracy e Hermione só foram para seus dormitórios quando Simas e Dino começaram a socar a porta, por que não se lembravam do feitiço para as abrir. Dormiram muito bem à noite, tranqüilas e aliviadas.
A primeira coisa que Tracy fez no dia seguinte, de manhã, foi pegar seu espelho de duas faces e passar todas as novidades para Lord Voldemort, que as ouviu com muita atenção. Tornara-se impossível explicar a felicidade que o homem sentiu ao receber as novidades.
N/A.: Hey, eu até gostei desse capítulo. Agora, o relendo para deixar as notas da autora eu vejo que ele ficou legal. Pelo menos eu achei. Espero que vocês também o tenham achado legal.
Agora, que tal irmos a resposta dos comentários? Voilà! E, ressaltando, obrigada a todos que comentaram! Adoro todos vocês! Quando eu for uma pessoa famosa e multimilionária eu prometo que irei retribuí-los =D
Liz Lupin: Sempre a primeira a comentar, né, mãe? Que fofa! ^^ Ei, comentário inútil que nada! Adorei! *olhos brilhando* Obrigada, viu? Que bom que gostou do cáp, espero que goste deste também =*
Caroline Castilho A: Sério que você achou minha fic magnificamente maldosa? Ah, essa é a descrição que sempre quis ouvir! E você é espertinha, hein... vou parar por aqui *pisca* Até mais!
Eddy: Que bom que gostou do cáp! E a Tracy é sortuda, mesmo. Só em fics ’ E a moto, bem, a moto vai aparecer no cap 16 ou 17, se não me engano. Mas no próximo capítulo vocês já vão saber para que é que ela vai servir ^^
Fe Black: Ah, que fofa! Adoro seus comentários, sabia? Esse em especial. Pode deixar que algum dia eu tento escrever algo dos marotos ou do tempo deles, mas por enquanto eu prefiro não arriscar xD Espero que goste desse cáp!
Ginna Potter: Ei, não fica triste não que comentários aumentam conforme a fic vai se desenrolando! Logo você vai ter um montããão de comentários também, tá? Que bom que você está adorando minha fic, eu também adoro a sua. Beijos!
kakazinha: Isso aí! Alguém pensa igual a mim, finalmente! D/G na veia! /o/ E a Tracy não odeia taaanto o Harry assim, não. E o baile vai render, pode crer. Mas vai ser algo bem diferente do que a maioria imagina... *nota de suspense*
Bela Riddle: Ah, guria! Te adoro mesmoooo! Principalmente agora que a gente está até conversando pelo MSN, tô vendo o quanto você é legaaaal! NÃO! Você quer me matar do coração! Sou sua escritora de fics favorita MESMO? *não acreditando* Que fofa ^^
Mima E. Halliwell: Bem, eu já demonstrei toda a saudade que eu senti de você no tempo que “sumiu”! rs! Então, vou te poupar agora. Obrigada por comentar!
Jessica Gibb: Obrigada pelo comentário! Adorei! E não foi bom o Severo ter pegado o bilhete ’ Cada um com seu cada um, né? E não se importe se não dá tempo de comentar o que você diz ser “decente” (para mim vai além do decente, é perfeito *-*) eu fico contente com seus comentários mesmo assim, tá? Só ver ali “Jessica Gibb” já me deixa muuuito contente! Significa que você leu e se deu ao trabalho de comentar ;D Te adoro!
Kissy Slytherin: Estou esperando! Logo que você ler mais, quero saber sua opinião, tá? Até!
Renata Potter: Fiquei com saudades de você, também! Demorou um pouquinho para comentar, né? *chata* Mas eu amei seu comentário! Te adoro e quero mais fics suas!
Kiki Ravenclaw: Ah, que bom que você gostooou! E, bem, eu ainda não posso atualizar antes de um mês, mas logo que eu terminar de escrever essa fic prometo que irei postar duas vezes por mês! E até menos, se o pessoal colaborar xD E quem disse que eu não gosto de críticas construtivas? Adoro quando as fazem, afinal são vocês, meus leitores, que tem que gostar da fic. Já te adicionei no MSN para a gente poder conversar e você me dar mais algumas dicas, ok? Beijos!
Leticia Servolo Malfoy: *feliz* pessoa nova lendo a fiiic! Adorei seu comentário, adoraria se você continuasse comentando. Tchauzinho!
Donna Malfoy: Merlin, que bom que você comentou aqui! Eu nem estava esperando mais nenhum comentário para o capítulo anterior e você chega e deixa um comentário lindo desses, me alegra muitão! ;P Vou ler sua fic agora mesmo!
Manu Riddle
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