O Mistério da Moto
O Mistério da Moto
Ron e Hermione estavam radiantes no café da manhã do dia seguinte, exatamente ao contrário de Harry e Tracy que estavam com a cara fechada por não estarem muito satisfeitos com a idéia de irem juntos ao Baile de Inverno e nem de como isso fora arranjado.
Estavam todos comendo em silêncio quando o correio matinal chegou. Duas corujas pararam a frente dos garotos, uma entregando o Profeta Diário à Hermione e outra com uma carta para Harry. Hermione colocou cinco nuques na bolsa que a coruja trazia consigo e, empurrando seu copo e alguns pães para o lado, estirou o exemplar em cima da mesa. Harry também abriu seu envelope e leu o recado que estava escrito no pergaminho amarelado.
- Hagrid está nos convidando para o chá, às três horas – disse Harry, tirando uma pena do bolso e virando o pergaminho, para mandar a reposta. – Vamos ou não?
- Eu não vou poder, Harry – respondeu Hermione prontamente, tirando os olhos do Profeta Diário. – Tenho que fazer a redação de Transfiguração e estou tendo uma certa dificuldade.
Ninguém se deu ao trabalho de lembrá-la que ainda tinha uma semana e meia para fazer a tal redação, pois sabiam que não adiantaria.
- Eu acordei meio indisposto hoje – resmungou Ron, deixando o rosto com uma expressão estranha de dor. – Vai com a Tracy.
Harry olhou para a garota e esta assentiu com a cabeça, concordando em fazer a visita ao meio gigante.
- Mas, de certo, ele não vai se importar não é? – perguntou ela.
- Não... Hagrid é meio sozinho, gosta de conversar com as pessoas. Vocês dois vão se dar bem, com certeza.
- É o que eu espero.
Todos voltaram a comer, exceto Hermione que lia o seu jornal com muita atenção. Em um certo momento, ela começou a erguer as sobrancelhas.
- Que foi, Hermione? – perguntou Tracy.
- Quais são os nomes dos seus pais Tracy? – indagou Hermione em resposta, segurando firme o jornal.
- Anne e Henri Mignonette. Mas, por quê?
Hermione olhou para o jornal e arregalou os olhos novamente.
- Nada, não. – disse ela.
- Como nada, Hermione? – indagou Ron, que estava sentado ao lado dela e aparentemente leu a mesma notícia. – Isso é muito sério!
Hermione cutucou Ron com o cotovelo e depois encarou-o com muita fúria.
- Qual é o problema? – perguntou Tracy, preocupada. – Eles estão no jornal? O que aconteceu?
Ron e Hermione se entreolharam.
- É melhor você deixar ela ler. Vai ficar sabendo quer você queira ou não – disse Ron, sério.
- Que foi? – esganiçou-se Tracy, desesperada. – Será que dá para vocês me entregarem esse jornal?
Hermione escorregou levemente o jornal para a direção dela e esta o pegou rapidamente.
Neste Sábado foi registrada uma nota de desaparecimento no Ministério da Magia da França, do Senhor Henri Mignonette e sua mulher, Anne Mignonette. Henri é chefe de uma das seções do seu ministério, e seus amigos não puderam deixar de notar seu comportamento estranho antes dessa nota ser feita. “Ele era alegre e extrovertido, mas aos poucos foi ficando quieto e isolado, concentrando-se apenas no trabalho, cuja qualidade também decaiu muito”, relata Edward Houston, colega de Henri no ministério, “Ele começou a faltar mais seguidamente no trabalho e comunicava-se menos com a gente, até chegar em nossos ouvidos a triste notícia de que havia desaparecido.”
Uma amiga da Sra. Mignonette, Clarice Goulart, também declarou ao Profeta Diário: “Há décadas ela não me procurava, e como era muito comum ela fazer isso, resolvi ir até a casa dela. Ao chegar lá, vi todas as janelas fechadas e o jardim mal cuidado, coisa que nunca acontecera.”, preocupada com o que vira ela foi até os vizinhos pedindo informações, mas ao saber que eles também não viam o casal há tempos resolveu registrar o desaparecimento.
Clarice pede a Tracy Mignonette, filha única do casal, que agora estuda em Hogwarts, para que não se preocupe, pois logo seus pais serão encontrados. O Ministério da Magia da França já enviou alguns aurores à casa do casal e está fazendo buscas pelas redondezas, prometendo encontrá-los em, no máximo, uma semana.
Tracy arregalou os olhos.
- Eu não acredito... – murmurou baixinho.
Harry, que havia lido a nota de rodapé enquanto Tracy segurava o jornal, disse:
- Não se preocupe. O Ministério prometeu encontrá-los em uma semana.
Tracy o encarou. Não era pelo desaparecimento dos dois que estava preocupada, afinal, ela sabia muito bem o que havia ocorrido. Só poderia ser a Maldição Imperius que o Lorde das Trevas lançara neles que estava causando toda aquela confusão. Como eles estavam começando a resistir as ordens que lhes eram feitas, eles resolveram prender o casal em casa, impossibilitando-os de entrar em contato com outras pessoas. “Só o que faltava era encontrá-los!”, pensou Tracy, referindo-se a Bella, Rabicho e ao Lorde das Trevas.
- Eu... eu não sei o que dizer – falou a garota, tentando fazer seus olhos encherem-se de lágrimas. – Eu... isso nunca aconteceu e... oh, meu Deus!
Ela colocou os braços sobre a mesa e abaixou o rosto.
- Tracy – disse Hermione, também pensando em algo consolador para dizer -, seus pais devem estar bem. Não fica assim, logo eles irão aparecer.
- É. Claro que vão – acrescentou Ron. – E, qualquer coisa, nós estamos com você.
Já com os olhos marejados ela ergueu a cabeça, e encarou os amigos.
- Obrigada – disse ela, esfregando os olhos. – Harry, eu acho que não vou mais com você até a cabana do Hagrid hoje. Vou precisar ficar sozinha.
Sua real intenção era avisar seu pai do que estava acontecendo, para que pudesse se proteger, e por isso precisava ficar sozinha no dormitório com o seu espelho de duas faces.
- Não! – disse Harry, tomando um gole de seu café com leite. – Você vai, sim. Agora precisa se distrair.
- Eu... – falou ela, hesitando. – Está bem, eu vou. Mas não vamos nos demorar muito lá não, por favor.
- Prometo que seremos rápidos. Só quero lhe apresentar o Canino.
- Canino?
- O cachorrinho de estimação de Hagrid – respondeu Ron, rindo.
Todos riram e conseguiram arrancar também um falso sorriso de Tracy.
Eles passaram o restante da manhã enfurnados na Sala Comunal, hora conversando, hora fazendo os deveres e hora simplesmente observando o céu azul, apreciando o que ainda restava do calor do verão. Logo o horário do almoço chegou e todos desceram novamente até o Salão Principal. Hermione insistia para que Tracy comesse algo, mas ela apenas beliscava a comida. No fundo estava realmente preocupada com o que seria do plano se o Lorde das Trevas fosse achado.
Logo a tarde chegou também, e Harry, saindo do seu dormitório, foi até Tracy lembrá-la da visita que fariam a Hagrid.
- Já são quase três horas. Vamos então, Tracy? – perguntou ele.
- Oh, é claro – respondeu ela, animada, mas logo baixou a voz novamente e continuou: - Bem, acho que será bom mesmo eu me distrair um pouco.
Ela pegou uma blusa e saiu com Harry. Batia um vento gostoso do lado de fora do castelo e a brisa chegava até a animar Tracy, que adorava esse tipo de coisa. Eles desceram as escadas conversando, pareciam finalmente ter se entendido e não pareciam mais estarem tão chateados um com o outro. Porém, ninguém tocou no assunto de reverter a situação.
Chegaram na cabana de Hagrid e Harry bateu algumas vezes na porta.
- Será que ele está em casa? – perguntou Tracy, depois da nona batida.
- Deve estar. Ele não marcaria uma hora com a gente e depois cairia fora, não acha?
Tracy concordou com a cabeça e ficando em silêncio percebeu um ruído estranho. Olhou para a porta da cabana e percebeu que havia algo lá dentro, e, pelo visto, Harry também percebera, pois bateu apenas mais uma vez na porta e depois entrou na casa girando a maçaneta.
- Entre – disse ele, abrindo uma das janelas para a claridade entrar.
Ao primeiro olhar, Tracy se assustou com a aparência do local. Parecia ter uma camada considerável de pó nas prateleiras e estava bastante bagunçado. Alguns baldes estavam jogados a um canto, roupas em cima dos móveis e vários pedaços de carne aparentemente podres em cima da pia, junto com alguns mantimentos. Quando estava pensando qual teria sido o barulho que viera lá de dentro ela se viu sendo derrubada por um cachorro gigantesco, que lhe lambia o rosto. Se sua vontade de vomitar já era grande por causa da carne estragada, estava ainda pior agora. Além de estar com o rosto todo molhado de baba ainda tinha um cachorro enorme em cima dela, o que a deixava muito temerosa.
- Harry, tira ele de cima de mim! – esganiçou-se Tracy, que levantou rapidamente quando Harry chamou Canino para longe dela.
- Não precisa ter medo, Tracy. Canino é legal – respondeu Harry, afagando a cabeça do animal e rindo.
- Legal? – perguntou ela, enxugando-se com a blusa que trouxera. – Desculpa, mas eu não concordo não.
- Logo você se acostuma, ele é assim mesmo.
Tracy bufou.
- Não gostei disto – respondeu ela. – Hagrid está por aqui?
Harry entrou mais adiante na cabana e deu uma olhada geral pelo lugar, examinando os cantos. Depois voltou para a cozinha, com Canino na sua cola, meneando a cabeça.
- Não é o que parece – respondeu. – Vamos sentar, então, e esperar.
Tracy não gostou nem um pouquinho de sentar naquele sofá cheio de pó, mas não querendo se desfazer das coisas do amigo de Harry fez um esforço para demonstrar estar se sentindo confortável. Depois de algum tempo, ele disse:
- É legal aqui, não? – ele sorriu.
- É, é realmente interessante – respondeu ela, com certa relutância. Achava o local desagradável e mal cheiroso.
- Não senti muita convicção nessa frase – disse ele, sem olhar para Tracy. – Mas na vida nós nos acostumamos com tudo. Também achei o lugar estranho a princípio.
- Oh, imagina, Harry! Eu adorei o lugar, é sério! – mentiu ela, e sentiu vontade de se matar por dizer o seguinte: - Nunca me senti tão à vontade!
- Não precisa mentir para mim. Eu sei como é, e realmente te entendo.
O silêncio prevaleceu novamente, pois Tracy não sabia o que responder naquela hora. Enquanto tentava respirar, ela observava todos os detalhes da casa. Repentinamente seu olhar recaiu sobre um objeto curioso, algo com formas muito estranhas, parecia estar escondido debaixo de um lençol, no canto de um quarto mais adiante. Ela hesitou um momento e depois perguntou a Harry:
- Que será que é aquilo? – perguntou, apontando para a direção onde o objeto se encontrava.
- Hm... não sei. – respondeu Harry, olhando para o quarto escuro. Ele olhou para porta e depois para o local onde Tracy o mandara olhar, então disse: - Vou lá ver o que é.
Aparentemente, Harry achou o objeto tão interessante quanto Tracy. Na sua cabeça, aquilo era a única coisa que poderia despertar interesse naquela cabana.
Harry foi até o quarto mal iluminado e abriu a janela, com Tracy atrás dele, e foi até o objeto para estudá-lo melhor. Quando Harry retirou o lençol que o cobria e a fraca luz solar iluminou tudo que estava coberto, os olhos de Tracy e de seu amigo brilharam com o que viram a sua frente.
Uma moto. Uma moto enorme, toda preta e reluzente. Parecia um espelho, estava refletindo tudo ao seu redor. Era a coisa mais fascinante que Tracy já vira na vida. Harry andou ao redor da moto, passando suas mãos pelo banco e volante. Os pneus que estavam ali eram enormes, davam na metade das pernas de Tracy, que admirava seu reflexo no cano de escape, sem ao menos saber sua serventia.
- Eu conheço essa moto – disse Harry, de repente.
- Conhece? – pediu Tracy, colocando uma mecha de cabelo para trás do seu ombro.
- Conheço sim. Essa é a moto com que eu sonhava, antes de vir para Hogwarts – seus olhos brilharam ainda mais quando disse isso, provavelmente relembrando os únicos momentos bons naquela casa, os momentos em que dormia.
- Se explique, Harry. Sinceramente, não estou entendendo nada.
- Eu sonhava com uma moto antes de vir para Hogwarts. Os Dursley sempre me trataram mal e, no sonho, um parente distante vinha me buscar numa moto. Era essa a moto, agora eu lembro – disse Harry, ainda admirando a moto e caminhando ao seu redor, observando os detalhes.
- Ah, Harry, se era um sonho era um sonho. Por favor, não é a mesma moto –disse Tracy.
Harry meneou a cabeça e voltou novamente sua atenção para a moto, parecia estar extremamente interessado nela. Tracy continuava descrente de que aquela fosse a mesma moto com que Harry sonhara.
Tracy foi até junto de Harry, para observar melhor a moto de outro ângulo.
- É fantástica, não é? – perguntou o garoto.
- É, é realmente linda – respondeu Tracy, com sinceridade. De repente seus olhos recaíram sobre duas letras que estavam escritas em um dos lados dianteiros da moto: “S.B.”
- S.B.? – admirou-se ela, confusa.
Harry voltou-se para observar as letras, com muita atenção.
- Seriam siglas? – perguntou-se. Tracy considerou a suposição em silêncio e depois Harry continuou: - S.B. ... S.B. ...? Quem poderia ser?
Nesse momento a porta da frente se escancarou e Hagrid entrou por ela, causando uma aceleração incrível nos batimentos cardíacos dos garotos.
- Boa tarde, Hagrid – disse Harry, temendo a reação do amigo.
- Boa tarde, Har... quem mandou vocês mexerem ali?! – gritou o meio gigante. Parecia furioso e preocupado.
- Hagrid, nós viemos até aqui e como não o encontramos resolvemos entrar... isso estava coberto e a gente veio dar uma olhadinha, nada de mais! – defendeu-se Harry.
Hagrid se aproximou da moto e cobriu-a novamente com o lençol, fechando a janela do quarto e empurrando os dois garotos para a cozinha.
- Desculpe, eu sei que nós não deveríamos ter nos metido. – desculpou-se Harry, agora constrangido.
- Vocês não deveriam ter feito isso, não deveriam – resmungou Hagrid. – Chá?
Harry e Tracy assentiram com a cabeça, silenciosos, enquanto o homem colocava um bule em cima do fogão.
- Hagrid, desculpe perguntar, mas que moto era aquela? – perguntou Harry.
- Moto? Não, não era nada, não. Deixem isso quieto.
Harry e Tracy se entreolharam, não conseguindo segurar a curiosidade.
- Eu sonhava com aquela moto, tenho o direito de saber – teimou Harry novamente.
- Deixa isso quieto, Harry – falou Hagrid, emburrado. – Isso não interessa a vocês, então me deixe continuar a escondê-la.
- Escondê-la? Porque está a escondendo, Hagrid? – perguntou Harry.
Hagrid bufou, agoniado.
- Foi só um modo de dizer, nada mais.
- Não foi um modo de dizer. Quero saber porque você está escondendo essa moto e de quem ela é – repetiu Harry.
Hagrid colocou o chá sobre a mesa e serviu os dois, pegando uma xícara para si e sentando no sofá ao lado deles.
- Ela não é de ninguém.
- Então me diz quem é S.B. – falou Harry, rapidamente.
Hagrid arregalou os olhos.
- Ninguém.
- Ou você me fala ou eu vou descobrir sozinho – ameaçou Harry.
Hagrid fez uma expressão estranha com o rosto e tomou um gole de sua xícara de chá, arrumando-se no sofá, pensativo.
- Sirius Black – respondeu Hagrid contrariado. – S.B. significa Sirius Black.
- Sirius Black? Meu padrinho? – admirou-se o garoto.
- Não sei se devia ter dito isso – resmungou Hagrid. – Não devia, não devia.
Harry sorriu para Tracy.
- Eu... é de Sirius mesmo, Hagrid? Você tem certeza? – Harry parecia estar muito feliz.
- É claro que eu tenho. Foi nela que eu te levei para a casa dos Dursley, há quinze anos atrás – respondeu Hagrid, enchendo outra xícara de chá para si e esvaziando-a num só gole.
O rosto de Harry iluminou-se.
- Ele me emprestou a moto, sabe, para levá-lo em segurança para casa. Sirius amava muito você, Harry, pois nunca emprestara a moto a ninguém até que eu a pedi emprestada – continuou Hagrid, agora mais calmo.
Tracy não conseguiu esconder um sorriso. Não sabia exatamente porque estava feliz, mas sabia que se Harry estivesse feliz ela também ficaria.
- Mas vocês não podem contar isso para ninguém – advertiu Hagrid. – Ninguém, ouviram bem? Eu estou escondendo a moto aqui, para não deixá-la jogada em qualquer lugar... Sei que Sirius não gostaria nem um pouquinho disto, se estivesse aqui.
O sorriso no rosto de Harry foi desaparecendo, mas ele logo recuperou o ânimo.
- Nós prometemos – falou ele, olhando para Tracy, que assentiu com a cabeça. – Ninguém vai ficar sabendo.
- Nem Ron e Hermione? – perguntou Hagrid.
Harry pareceu pensativo.
- É... nem Ron e Hermione – mas sua voz não estava mostrando muita convicção.
Hagrid o encarou desconfiado, mas logo desviou o olhar para outro canto da sala.
- Bem... Hagrid, essa é a Tracy Mignonette – disse Harry de repente.
- Ah, oi, Srta. Mignonette – cumprimentou o meio gigante, estendendo a mão para a garota.
- Oi – respondeu ela, ainda mal por causa do ocorrido.
- Você é a garota que veio da França, não?
- É, sou eu sim.
Hagrid suspirou.
- Eu gosto da França.
Harry segurou uma gargalhada. Sabia exatamente o porquê de toda essa veneração: Olímpia Maxime.
E o restante da tarde passou-se assim, Hagrid tagarelando sobre as belezas da França, sobre as pessoas de Beauxbatons, sobre as cachoeiras, sobre as paisagens... Foi uma longa tarde. Bem, ao menos Harry ficou feliz por Hagrid não se lembrar de oferecer as suas bolachas e nada da sua culinária.
Harry e Tracy subiram as escadas que levavam ao castelo rindo, perto do horário de jantar.
- Você viu o jeito com que ele falava de Madame Maxime? – Harry imitou uma voz grossa e apaixonada. – “Oh, Olímpia...”
Os dois caíram na gargalhada.
- Nunca pensei que alguém se apaixonaria por ela! Tudo bem que ela é uma madame, mas... e os ossos graúdos dela? – Tracy imitou o sotaque francês.
- Pois é! – respondeu Harry, rindo muito.
Os dois chegaram ao castelo e resolveram ir direto ao Salão Principal esperar o jantar, não valeria a pena subir até os dormitórios. Lia passou pela mesa da Grifinória e dizendo apenas um “Tudo bem, Harry?”, desapareceu como mágica.
Logo, Hermione e Ron desceram para o jantar e sentaram-se ao lado dos dois. Pareciam animados, apesar de Ron continuar com aquela estranha expressão de dor no rosto e estar passando a mão pela barriga durante o tempo inteiro.
- Como foi a visita ao Hagrid? – perguntou Hermione.
Harry entreolhou Tracy, que o encarou.
- Boa – respondeu o garoto.
O jantar de repente apareceu nas longas mesas das casas, e os garotos começaram a se servir, apesar de Ron estar meio esquivo e selecionar bem o que iria comer.
- Boa como? – perguntou-lhe novamente Hermione.
- Boa, só isso – respondeu Harry, desviando o olhar e colocando várias colheradas de arroz em seu prato.
- Você está estranho, Harry. Alguma coisa deve ter acontecido – disse a garota, parando para observá-lo melhor.
Ron virou-se rapidamente para Tracy e a encarou. Esta, por sua vez, apenas fez gestos perguntando-lhe o que havia acontecido. Ron ergueu uma sobrancelha, dando um meio sorriso encantador, mas Tracy não entendeu o significado e voltou sua atenção para a coxa de galinha e o macarrão a sua frente.
- Eu, estranho? Estranho eu sempre fui, Mione. – disse ele, Ron e Tracy riram – Não aconteceu nada.
- Tudo bem, eu aceito essa resposta dessa vez. Mas só porque eu acho que você não nos esconderia nada – disse Hermione, convicta.
Pela expressão que Harry fez e pela maneira lenta como abaixou sua cabeça, estava visivelmente constrangido. Por um lado, não queria esconder a história da moto de Sirius de Ron e Mione, mas havia prometido que não faria isso. Porém, sua consciência teimava em lhe lembrar que estava escondendo coisas muito mais importantes de seus amigos, como a Profecia.
Meia hora antes do jantar terminar, Tracy levantou-se.
- Vou dormir. Boa noite para vocês.
- Boa noite – respondeu Ron. – Mas... você já vai mesmo?
- Vou. Dormi pouco na noite anterior... – ela viu Harry desviar o olhar – e queria recuperar com meia hora a mais de sono.
- Compreensível – disse Hermione. – Boa noite.
Harry também desejou-lhe uma boa noite e a garota subiu correndo até os dormitórios. Temia ser essa sua única oportunidade para falar com o Lorde das Trevas em muito tempo.
Jogou-se em cima de sua cama e, abrindo a gaveta do bidê, retirou de lá seu Espelho de Duas Faces.
- Lord Voldemort – disse a ele.
A habitual fumaça branca encobriu o espelho e alguns segundos depois o rosto ofídico e olhos vermelhos do pai da garota apareceram como se estivessem refletidos nele.
- Boa noite, Riddle – disse ele, com aquele ar misterioso.
- Não nos faça perder tempo com cordialidades, Voldemort – disse ela – Vamos direto ao que nos interessa. Tenho várias coisas a lhe falar.
- Como você ousa falar assim comigo? Com seu mestre? – perguntou Voldemort, sem alterar a voz.
- Ousando – disse Tracy, evitando encarar aqueles olhos vermelhos – Agora, tenho algo a lhe advertir.
- O quê? – preocupou-se ele.
- Você controlou os pais da Mignonette com a Maldição Imperius, não é?
- Controlei. E agora não os deixo mais sair de casa, estão ficando fortes e começaram a resistir a Maldição – disse ele, orgulhoso de si mesmo.
- E você diz isso assim? Não tem nem noção do que está acontecendo agora? – perguntou Tracy, estressada. – Uma amiga da mãe da Mignonette resolveu simplesmente noticiar o desaparecimento dos meus pais!
- Como...?
- Como? Oras, como? A mulher parece estar extremamente estranha, não liga para ninguém, nem sai de casa... O homem vai ao trabalho distraído e muda totalmente seu comportamento, até falta ao trabalho! E você ainda pergunta como! E se o pessoal do Ministério da Magia da França resolver ir até aí, e fazer uma busca? Você vai se esconder como, com vários aurores lhe caçando? – Tracy gritou.
Voldemort pareceu hesitar.
- Como você ficou sabendo disso? – perguntou.
- Saiu numa nota de rodapé, no Profeta Diário. – disse ela, afastando algumas mechas de seu cabelo para longe de seu rosto. – Você deveria se preocupar mais com isso.
- Vou sair daqui. Hoje mesmo, se for possível – disse Voldemort. – E você, já fez o que pedi?
- Ainda não surgiram boas oportunidades – disse ela. – Mas já adverti a Farway para que ela não faça nada errado, se não quiser sumir do mapa.
- Bom – falou Voldemort – Mas você tem que segui-la, saber aonde ela vai, o que faz, o que deixa de fazer... só adverti-la não irá funcionar por muito tempo. E Malfoy?
- Não cometeu nenhuma outra atrocidade – falou ela, e depois hesitou por um momento – Não que eu saiba, pelo menos.
- Ótimo. Bella está lhe mandando lembranças – disse o homem, revirando os olhos.
Tracy riu.
_ Diga a ela para vir me visitar, qualquer dia desses. Estou com saudades – falou Tracy, sarcasticamente.
Voldemort ergueu uma sobrancelha.
- Tem algo ainda para me falar? Ou era só aquilo que queria?
Tracy pensou por alguns instantes. Voltou no tempo, tentando lembrar de algo relevante.
- Bem, Farway prometeu tentar arranjar um jeito de nos falar mais sobre a Ordem da Fênix. Não que isso seja muito útil ou relevante, mas...
- Nada mais?
- Ah! Sim, é claro, havia me esquecido – disse Tracy. – Aconteceu uma coisa estranha hoje.
- Uma coisa estranha? – perguntou Voldemort, prestando muita atenção.
- É. Eu e Potter descobrimos que Hagrid está escondendo uma moto, que pertenceu a Sirius Black, há muito tempo atrás. Ele disse que está apenas a guardando para não deixá-la jogada por aí porque Black não gostaria e blá, blá, blá. Mas eu acho que tem algo mais nessa história.
- Trate de descobrir, talvez seja algo importante – disse Voldemort, apreensivo.
- Qual é o problema? – perguntou a garota.
- Onde você está? No seu dormitório? – ela assentiu – Tente descobrir um lugar melhor para ter contato comigo. Aí é muito perigoso, pode ter alguém escutando atrás da porta.
Tracy levantou-se rapidamente escancarou a porta. Voldemort riu.
- Isso foi uma brincadeira de muito mau gosto – falou ela.
- Desta vez foi brincadeira. Mas pode não ser mais, a qualquer momento. Qualquer um pode entrar aí e pegar você conversando com um espelho. Alguém mais inteligente descobriria na hora do que se trata.
Tracy lembrou-se de Hermione.
- Vou arranjar um jeito de encontrar outro lugar – ela olhou para seu relógio, e viu que faltavam poucos minutos para o restante dos alunos voltarem para a Sala Comunal – Tenho uma última coisa a lhe falar.
- Diga.
- Não é nada relevante... Mas é uma oportunidade que acredito que terei – falou Tracy, sentando novamente na cama, sem tirar os olhos da porta fechada.
- Fale logo – disse Voldemort.
- Provavelmente haverá um Baile de Inverno aqui em Hogwarts. E eu vou com o Potter.
Tracy imaginava receber um sermão, ser esculachada como uma filha normal, mas enganou-se.
- Ótimo – disse Voldemort, seus olhos vermelhos brilhavam – Vai ser uma ótima oportunidade para tentar conseguir arrancar algo de Potter.
- Foi o que pensei – mentiu ela. – Vou usar bem essa oportunidade. Mas creio que nos falaremos antes ainda, pois o baile será só no Natal.
- É justamente de tempo que eu iria falar agora – disse o homem – Você, Riddle, já está aí em Hogwarts a exatamente dois meses. Estamos praticamente em primeiro de Novembro, o tempo passou muito rápido. Você tem que tomar cuidado, muito cuidado. Qualquer erro que cometer, por mais mínimo que seja, será decisivo.
- Eu sei disso. Estou tomando cuidado, sim.
- É bom que esteja. Você sabe que tudo depende de você, não sabe?
- Sei – respondeu ela, sentindo pela primeira vez o peso do plano recair sobre seu ombro.
Voldemort respirou profundamente.
- Se não há mais nada para dizer, rompa a ligação. Como já disse, qualquer erro pode ser fatal.
- Tudo bem. Boa noite p... Voldemort.
- Boa noite, Riddle. Quando arranjar um lugar mais apropriado para nos falarmos, avise-me. Preciso aprovar.
Tracy revirou os olhos e assentiu com a cabeça. Ela viu a fumaça desaparecer do espelho lentamente e depois o viu tornar-se apenas um objeto comum, sem aparentes utilidades mágicas. Guardou-o no bidê e colocou seu pijama.
Olhou para a cama sem sentir nenhuma vontade de deitar nela e muito menos sono. Resolveu descer até a Sala Comunal novamente e ver se Hermione já estava por lá, para conversarem.
- Não dormiu, Tracy? – perguntou Harry quando avistou a garota.
- Perdi o sono – respondeu ela. – Posso ficar aqui com vocês?
- É claro – falou Hermione. – Já terminei meus deveres e estou com o tempo livre.
Tracy pensou nos três trabalhos que tinha a fazer e nos diversos deveres e sentiu-se repentinamente cansada e desprivilegiada de inteligência e vontade.
N/A: Hm… Capítulo razoável. Não é exatamente assim que eu imagino o Lorde das Trevas, é claro. Mas não consigo deixá-lo mais cruel. E a moto será muito importante. Em capítulos próximos vocês saberão por quê.
Muito obrigada a todos que comentaram no capítulo anterior, fiquei muito feliz pois várias pessoas novas estão lendo essa fic que eu tenho tanto trabalho para escrever.
Agradecimentos especiais a Maluada Black, que foi quem sugeriu o título desse capítulo (é, eu estava com muita dificuldade para isso, de novo). Adorei sua sugestão! E, obrigada também, por estar usando o pouco tempo que você tem para betar essa coisa aqui, que se não fosse você o português dela estaria um lixo.
Outros agradecimentos especiais a Jessica Gibb, ou simplesmente Je, minha querida amiga que veio aqui dar um aviso para vocês. Muito, muito, muito obrigada mesmo por ter me ajudado. Te adoro!
O capítulo onze, que já está pronto e intitulado “Descobertas Interessantes”, será postado sem falta no início de maio. Qualquer coisa eu lhes aviso, tudo bem? Então é isso... espero que tenham gostado muito desse capítulo e que continuem a ler a fic. Comentem!
Renata Potter: Ei, quem disse que seus comentários não são lá aquelas coisas? Eu AMO seus comentários e eles são extremamente importantes para mim. Adoro quando você diz que você adorou o capítulo e que está gostando da fic, é justamente isso que uma autora precisa ouvir. Ah, obrigada também por se interessar tanto pela fic, está sempre me pedindo pelo MSN quando eu vou postar o capítulo, né? Isso me anima muito, sério! Te adoro!
Liz Lupin: Desculpa ter dedicado a Lia só uma linha! Como eu vivo repetindo, ela vai ter uma enorme importância na fic e logo, logo ela irá começar a aparecer mais... espero que você não fique chateada com isso. Que bom que você gostou da descrição do jogo e da parte do Ron e Mione... desta última eu também gostei. Não estava planejando escrevê-la, a idéia veio na hora. xD Huhauahauhauahh! Legal a história da Lia... Engraçada mesmo. E você sabe que eu adoro quando me chama de orgulhinho né, mamãe? E eu vou para Ponta Grossa nas férias, sim! E a Je vai junto, nem que eu tenha que enfiá-la dentro da minha mala e contrabandeá-la para fora de Videira sem que a mãe dela saiba! Espero que tenha gostado desse cap também e trate de postar L.H. logooooo!
Phelipe Potter: Ei, cara, cadê sua fic? Faz tanto tempo que você não a atualiza mais, eu já estou com saudades, hein! E não tem essa desculpa de ser meio lerdo, não... (como se EU fosse rápida xP) brincadeirinha. Mas dá um jeito de postar rápido, se não eu vou morrer de curiosidade aqui... Bem, obrigada por todos os elogios e não me abandone não, tá? Espero que tenha gostado desse capítulo também.
Carol::*: Que bom que você gostou da capa da fic! Foi uma amiga minha muito querida que ajeitou para mim! E eu também gosto um pouquinho dela, mas quando eu souber mexer direitinho no Photoshop vou fazer uma mais legal ainda. Obrigada por estar gostando da fic, e por estar comentando aqui, tá? Jamais vou parar de ler a de vocês, que está muito boa mesmo!
Fe Black: Ah!! Quantos comentários você deixou! =D Fico muito feliz que você esteja gostando tanto da fic... obrigada mesmo, hein! Espero que tenha gostado desse capítulo.
kakazinha: Nossa, agora relendo seu comentário que eu fui perceber que a sua fic tem o título praticamente igual ao do próximo capítulo da minha fic. Interessante, não? Eu achei. E obrigada por estar lendo minha fic, estou muito feliz com isso.
中島美嘉 {Fernanda Sllokòvah}: Ah! Você também adora o Lorde das Trevas!! QUE BOM! Tenho certeza que seremos grandes amigas. =D Obrigada por estar lendo minha fic, como já disse, eu sei que ela está meio grandinha e aí as pessoas novas aqui demoram um pouquinho para lê-la... mas obrigada mesmo assim. Peraí, você disse que serve ao exército? Você tem noção de que a única coisa que eu penso ultimamente é quando eu fizer 16 anos ir estudar lá e depois trabalhar lá? Ah!! Nós vamos nos dar super bem, pode crer.
Ginna Potter: Ei, você também comentou duas vezes! Muito obrigada mesmo, tô super feliz! E pode ter certeza que sua fic vai bombar meeesmo!! Por que ela está boa demais e logo, logo várias pessoas começarão a lê-la! Comigo também foi assim no começo... =D Que bom que você está gostando da minha fic, espero que também tenha gostado desse capítulo.
Pry Malfoy: Muitíssimo obrigada por ter comentado aqui, viu? Quando estiver lido mais partes da fic diga o que achou, adorarei receber dicas suas!
Eddy: Obrigada, obrigada... =D Continue comentando aqui, adoro seus comentários!
Lady Gray: Ahh!! Eu AMO quando você vem aqui, principalmente quando trás essas notícias perfeitas como essa de ter postado a continuação de Lady Gray! Fiquei tão, mas tão feliz! E, é verdade, é super difícil descrever os jogos de quadribol. Da próxima vez eu não vou fazer toda a coisa do capítulo passado, só vou dizer um ou outro detalhe e o resultado final. Poupar vocês de tanta besteira, né? E, é, você acertou com quem a Riddle ia ir ao baile *emburrada*... e o baile promete, sim... mais uns dois ou três capítulos e ele está aí! Bem, a Farway vai ao baile com... com... para falar a verdade eu decidi esses dias. Estava meio difícil isso. Mas eu não posso falar, não, vai ser meio que... uma surpresa, é, uma surpresa. E não se preocupe quanto ao tempo que você demora para ler a fic... eu só atualizo uma vez por mês e eu também tenho meu tempo meio apertado, então te entendo. Espero que tenha gostado desse capítulo, já que é uma das minhas mais ilustres leitoras... uma das poucas que começaram a ler quando era só um protótipo de fic ainda... =D
Mary Malfoy: Hhuahuahauahauh! Sério que a Riddle te dá medo? Ela também me dá, as vezes. Afinal, o jeito dela é mais ou menos o meu... (não a descrição física, cruz e credo!) mas agora eu estou mais boazinha. Tô tendo pena das pessoas =D. Ah!! D/G é demaaaais! É uma pena que eu tenha planejado essa fic antes de virar fanática por esse shipper, se não você também o veria aqui. E poste mais da sua fic logo, pois eu estou amandooooooo! Obrigada pelo comentário, viu fofa?
Jessica Gibb: Bem, eu sei que você deve ter ficado um tanto triste porque a Sonserina perdeu o jogo, mas a diferença é pouca, não é? Então. Eu ainda posso pensar em deixar a Sonserina como campeã... mas não garanto nada. Apesar de eu já ter te contado a idéia lá da Riddle se cortar, que bom que você gostou dela escrita. Eu achei que ficaria mais emocionante, mas se você gostou, melhor. Sabe, vai ser importante... pessoas mais atenciosas (não vou nem falar quem é que adivinha tudo na minha fic, a Déla) vão perceber logo, logo o que é que está rolando. Isso e mais uma ou outra dica e... pronto. Não vou nem falar por que você já sabe o que é. Enfim, é isso... que bom que você gostou tanto do capítulo! Eu também adorei a parte R/H e a H/R (Harry&Riddle)... espero que você tenha gostado desse capítulo também! No próximo você aparece muito xD E obrigada novamente por ter dado o aviso!
Bela Riddle: Mas é claro que eu ia te dar uma resposta! xD Adoro quando as pessoas continuam a ler minha fic porque a acham interessante! E pode ter certeza que lerei a sua, viu? Principalmente porque o tema é parecido com o da minha fic. Curioso, não? E é claro que pode me adicionar no MSN, ficarei muito feliz em conversar com você! Prometo que esse fim de semana mesmo eu leio sua fic e deixo um comentário bem legal, ok? Tchauzinho!
P.S.: Por favor, não esqueçam de comentar e votar! Até logo!
Manu Riddle
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