Conto XX – Conselhos amorosos
Nota Inicial: Restam apenas dois meses de aulas de nosso segundo ano escolar, mas ainda há muito por acontecer. No vigésimo conto de nossa narrativa, apresentaremos algo diferente do habitual: além de tomar um novo rumo (algo mais engraçado ou romântico), nós, os marotos, nos tornaremos populares. Conto narrado em primeira pessoa pelo Pontas.
Remo Lupin
- Só mais dois meses e férias! – eu suspirava, à janela do Salão Comunal da Grifinória, um livro de poções sobre as pernas. O ano letivo terminava e a quantidade de atividades para entregar e de matéria para estudar para o teste final só avolumava.
Remo havia saído para a biblioteca. Segundo me dissera, não achara suficientes as informações encontradas no livro escolhido pela escola para fazer uma redação de Transfiguração, então iria buscar uma fonte nova. Sirius havia saído com Francy e eu realmente não conseguia acreditar como ele encontrava tempo para namorar e estudar.
Então meu coração bateu mais forte. Só de pensar em namoro... e em Lana. Há quanto tempo não ficávamos juntos? Para ser sincero, o último beijo que me lembro ter dado nela foi... por Merlim, na seleção das casas! Onde ela andava naquele momento?
Foi aí que o quadro que selava a entrada para a torre da Grifinória girou e Pedro Pettigrew surgiu pelo portal, o dedo indicador enfiado dentro da boca.
- Droga... – ele dizia, enquanto chupava a ponta do dedo – O espinho da rosa me furou mais uma vez.
E aquilo já se tornara habitual. Desde a manhã posterior a morte de Tíber, Pedro ia a cada dois dias ao ponto em que o elfo se sacrificara por ele e lá deixava uma rosa vermelha. O mais bizarro era que ele sempre voltava com um furo novo no dedo.
- O que está estudando? – Pedro falou, se aproximando da minha poltrona.
- Poções... juro que ainda não consegui entender todas aquelas leis dos alquimistas – eu dizia, reabrindo o livro no capítulo nove – Veja.
E entreguei o volume para Pedro, que analisou o texto por um instante e exclamou:
- Nossa! Tem certeza de que o professor Slughorn nos ensinou isto?
E, abandonando a falsa esperança de o Pedro me ensinar alguma coisa, disse um amargo sim e subi para o dormitório, o livro pesado em minhas mãos.
- ...não importam as etapas intermediárias, apenas as etapas inicial e final – era quase sete da noite quando terminei de estudar. Lupin me entregara algumas notas que me ajudaram a entender as tais leis e depois disto decidi que iria prestar mais atenção as aulas de Slughorn. De fato, depois de ter entendido a matéria, eu não conseguia compreender como tivera alguma dúvida. Era simples demais!
Ainda pensando nisto, tomei banho e me vesti, rumando logo em seguida para o Salão Principal. No trajeto, ganhei a companhia de uma garota. Pena que não fosse Lana Finch.
- Olá, Tiago! – bradara Lílian Evans quando eu descia um lance de escadas no quinto andar – Estudando muito?
Era curiosamente estranho que Lílian Evans viesse falar comigo, já que eu tanto aprontara com ela no ano anterior.
- Ah, sim... Muita matéria, sabe como é – respondi, andando mais devagar de modo que ela, que vinha atrás, pudesse me acompanhar.
- Ainda lendo as Colunas da Sra. Pufflower? – e nisso ela não conseguiu esconder um risinho que para mim pareceu zombeteiro.
- Olha... eu tenho mais o que fazer do que discutir o que faço ou deixo de fazer com você – e apressei o passo, deixando a garota, estarrecida, para trás.
O porquê de realmente ter dito aquilo, me pergunto até hoje. Não sei bem, mas visto que ela nunca fora de falar comigo, acho que agi precipitadamente. Pensei que só viesse para me gozar.
Porém, na atual circunstância, sequer pedi desculpas. Chegando ao Salão Principal uni-me a Pedro, Lupin, Sirius, Francy e Franco (outro garoto do nosso ano) no jantar. Quando a travessa com torta de carne deu lugar às taças de sorvete, uma voz feminina murmurou ao meu ouvido:
- Adivinha quem é – e senti meus olhos sendo tapados no mesmo instante.
- Não é a Lana, é? – e, esperançoso, retirei as mãos suaves do meu rosto. Virando-me, dei de cara com o rosto, sorridente e belamente iluminado pelas velas flutuantes, de Lana Finch.
- Há quanto tempo! – e jogou os braços no meu pescoço, em um quente e apertado abraço.
Só agora eu notava quanto tempo eu gastara especulando sobre a inocência de Tíber e tentando provas a sua pureza e bondade. Estava completamente entulhado de deveres de casa, matérias por estudar e, o mais desastroso, há muito tempo sem ficar junto de Lana Finch. Embora estudássemos juntos e, de certeza, usássemos os mesmos corredores e escadas da escola, não me lembrava de ter parado para conversar com a garota por mais de cinco minutos até ali, durante todo aquele ano.
Porém, o mais estranho era que, embora eu tivesse sentido saudades de Lana até o instante anterior de vê-la naquela noite, não me sentia agora muito confortável em sua companhia. Ignorando o preocupante sentimento, pedi para que Franco se afastasse e, assim, a garota pudesse sentar ao meu lado.
E a noite foi passando até que restaram poucos alunos no Salão Principal, sendo eu e Lana alguns dos remanescentes. Na outra ponta de mesa, Sirius e Francy se beijavam.
- Thi... – Lana falou olhando em meus olhos – Você está estranho hoje. O que houve?
- Es-estranho? – gaguejei, com o susto de ouvi-la dizer algo que eu mesmo já havia percebido – Acho que é o cansaço... muito já estudado e mais ainda por estudar.
- Hm... – e amenizando a seriedade mostrada anteriormente, Lana acrescentou – Mesmo?
- Sim, claro... O que mais poderia ser? – finalizei, feliz por não ter mais que falar sobre algo que não compreendia.
Conversamos por mais alguns instantes até ela dizer que estava tarde e que precisava voltar ao salão comunal da Corvinal. Beijei-a no rosto e caminhamos de mãos dadas até alcançarmos uma ala que se dividia em dois corredores e tomarmos diferentes rumos.
Acordei mal-humorado. Não consegui dormir bem a noite toda, com a angustiante vontade de entender o que se passava, o porquê de não ter me sentido bem próximo a Lana. Escovei os dentes ligeiramente e, despenteado, voltei ao dormitório antes que Lupin pudesse sair para a sua habitual visita a biblioteca antes do café.
- Remo... – falei quando o garoto já estava à porta – Preciso falar com você.
- Tiago? – o amigo me olhou de uma forma estranha antes de acrescentar – Você está bem?
- Não sei... sabe, ontem pude passar a noite com a Lana, mas não me senti bem junto dela. Pode parecer bobagem pra você, mas isto me preocupou tanto que sequer consegui dormir bem – falei, as bolsas sob os olhos não me deixando mentir.
- Não acho bobagem – e sentou-se na minha cama – Você não está mais gostando dela, é isso?
- Não sei. Acho que não é por aí, mas... – hesitei.
- É como se fosse... – Remo completou o meu pensamento – Isto é um pouco sério. Sei que você não quer dizer pra ela. Quer ter certeza antes, não é mesmo?
- Sim...
- Fica com outra e testa – ouvi a voz de Sirius, saindo pela porta do banheiro entreaberta.
- Testar? – perguntei, olhando para a porta.
- Bom, se você ficar com outra e não tiver remorso algum... – a voz de Sirius saía do banheira, sendo interrompida de vez em quando pelo barulho do escovar de dentes.
- É porque não gosta mais dela – completou Remo.
- Sim, mas se eu ficar com remorso e ela ficar sabendo, dá no mesmo. Sendo que ela é que não vai mais me querer – completei, começando a achar que não fora uma boa idéia a de ter compartilhado o meu estranho sentimento.
- Você só não pode estar apaixonado pelo Tíber, não é? – exclamou Pedro, de sua cama, também acordando – Ele morreu.
- CLARO QUE NÁO, NÉ? – gritei, encarando Pedro nos olhos com grande furor. O dormitório todo, entretanto, explodia em gargalhadas.
- Calma! Eu estava só brincando – Pedro falou de forma amargurada, sentido com a explosão de raiva do amigo. Levantou-se da cama e sem mais dizer entrou no banheiro. No mesmo instante, o rosto de Sirius apareceu à porta:
- Então não encontro outra forma de você descobrir se gosta mesmo dela.
- No momento, nem eu – Remo acrescentou recuperando-se das gargalhadas.
- Então prefiro não arriscar – falei, vestindo o uniforme e penteando o cabelo de qualquer jeito, antes de sair para o Salão Principal.
Bastou, entretanto, aparecer no Salão Comunal da Grifinória para que eu percebesse que havia mais alguma coisa errada: todos olhavam para mim. Algumas garotas apontavam e sorriam e os mais velhos me faziam reverência. Envergonhado, dei meia volta e entrei no dormitório.
- O que está acontecendo agora? Todo mundo está olhando para mim e sorrindo, abobalhados!
- Olhando pra você? – Remo falou, surpreso, pondo alguns livros, dos quais havia esquecido, na mochila – Pensei que estivesse acontecendo só comigo.
- Ninguém está olhando para mim – Pedro disse, em um misto de tristeza e constatação.
- Então todo mundo já ficou sabendo – apareceu Sirius à porta do banheiro, mais uma vez. Porém, e pude perceber nitidamente, ele parecia mais bem penteado e perfumado que costumeiramente. Sorriu e completou – De alguma forma, toda a escola já está sabendo do nosso brasão de bronze pregado na sala dos troféus.
- E daí...? – perguntei, achando que isto não seria motivo para tanta atenção.
- Bem, e daí que todo mundo achou incrível o fato de termos salvo a escola do tal fantasma e, de quebra, termos ganhado uma placa de serviços prestados – e passou pomposo pelo dormitório, parando-se a porta – Preparem-se, nunca fomos tão populares.
Notas finais: (além de conter notas do autor, há também os pensamentos, detalhes e opiniões pessoais de cada maroto sobre os diversos acontecimentos do conto).
# Creio que não há muita coisa a ser explicada a respeito deste conto, já que este não tratou de algo que fuja ao nosso conhecimento. Tiago está incerto sobre a sua relação com Lana. Embora tivesse meses desejando ter aquele tempo para ficar com ela, não sentiu o que gostaria quando conseguiu o tempo necessário. Talvez o tempo “longe” dela tenha afetado, porque, como bem foi explicitado no conto, aquela história de Tiago tanto se empenhar em provar o que Tíber era ou deixava de ser atrasou a sua vida escolar e, como vimos, amorosa.
# Lílian não veio a Tiago para gozar com a cara dele, pelo contrário, perguntar sobre as colunas da Sra. Pufflower foi uma forma de tentar se aproximar já que ela não imaginaria que um garoto pudesse lê-las, já que ela só conhece garotas que lêem a coluna, inclusive ela mesma!
# Bem, resolvi citar mais um aluno da Grifinória e da mesma série que os marotos: Franco Longbottom. Sim, o pai de Neville.
# Mesmo contra a sua vontade, quem espalhou a existência do tal brasão dos marotos, foi Snape. Passando pela sala dos troféus o garoto avistou a honra e comentou sarcasticamente com os seus colegas. Bem, os sonserinos se encarregaram de espalhar. Os Marotos agradecem... ou não.
# Uma continuação da narrativa, exatamente de onde parou o atual conto, narrada, entretanto, em terceira pessoa.
Bastou que Sirius pusesse o pé para fora do dormitório, para que uma explosão de gritos e palmas se espalhasse pelo Salão Comunal da Grifinória. Muitas meninas sorriam descabidamente para o garoto, que se sempre se mostrara o mais bonito dos marotos, e até mesmo os rapazes o saudavam. Gritos como “Lindooo!!!” ou “GRIFINÓRIA NA CABEÇA” eram onipresentes no salão.
Black, entretanto, pouco pareceu se importar com tanta euforia. Deu um sorrisinho para um grupo de garotas do terceiro ano e saiu pelo portal do quadro, sem nada dizer.
Foi só Sirius Black deixar o salão para Tiago, Remo e Pedro adentrarem. Uma nova explosão de gritos se fez. Nunca o salão comunal estivera tão cheio naquele horário. Estavam mesmo todos eles esperando ver, acreditem ou não, Pedro Pettigrew, aquele que foi salvo pelo elfo Tíber.
Alguns andares abaixo, porém, Francy Cristow não se mostrava nem um pouco contente com a repentina popularidade do namorado.
# Bem, este foi mais um conto maroto! Espero que tenham gostado do novo episódio, o penúltimo do segundo ano!
Um grande abraço e comentem, por favor! ^^
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