Conto X - Um beijo de despedid



Conto X – Um beijo de despedida...

Notas iniciais: Tenho a honra de dizer que o último conto do nosso primeiro ano em Hogwarts será narrado por mim em terceira pessoa. É realmente uma grande felicidade podermos finalizar a primeira etapa desse árduo trabalho, que é relembrar os fatos ocorridos conosco, mesmo há tantos anos. Porém, crescendo em proporção à dureza do trabalho, há o prazer de relembrar os bons momentos vividos por cada um de nós! Boa leitura!

Remo Lupin


O sol sequer havia se levantado de seu berço e Remo Lupin já estava acordado, debruçado em uma janela, observando os terrenos da escola. Era o último dia do seu primeiro ano em Hogwarts e cada árvore dos jardins da escola, em especial uma plantada no ano anterior, possuía segredos sombrios que causariam um grande alvoroço se pudessem ser contados...

- Foi um ano bem difícil, – dizia Lupin para si mesmo – mas não posso negar que foi muito divertido.

De fato, as coisas foram bem difíceis para Remo Lupin. Antes de começar o seu primeiro ano, algo terrível aconteceu. Não conseguia se lembrar de tudo que havia ocorrido, porém recordava-se de cada palavra que sua mãe tinha dito quando tentara lhe explicar a terrível morte de seu pai...

Estavam viajando pelo país. Alice e Dave Lupin haviam pedido alguns dias de férias ao ministério, e ficaram muito felizes ao verem que teriam quinze maravilhosos dias para conhecer os lugares mais remotos da Inglaterra. Quando retornassem da viagem, o pequeno Remo iria para Hogwarts e eles retornariam ao seu trabalho habitual. Pena que nem sempre as coisas saem como foi planejado...

- Não vá muito longe, Remo, pois já está escurecendo – soou a voz doce e protetora de Alice Lupin, quando seu filho saiu disparado pelas colinas enevoadas.

Era o oitavo dia de viagem e tudo estava dando certo. Remo divertia-se a cada novo local conhecido, Alice e Dave acreditavam que nunca tinham estado tão unidos; a mãe de Lupin até mesmo acreditava já estar grávida. Porém...

- Mamãe!!! – uma voz aguda e dolorosa formou-se no meio da noite. Alice acordou de seu cochilo e percebeu que seu filho ainda não havia voltado. Não sabia se aquele grito tinha sido em seu sonho ou...

- MAMÃE!!! – Alice Lupin agora tinha certeza de que não estava sonhando. Remo Lupin gritava por ela em algum lugar em meio àquelas colinas acinzentadas, iluminadas apenas pela lua cheia e brilhante que pairava no céu.

- Dave!!! – Alice gritou, empunhando a sua varinha – O nosso filho!!! Ele está gritando por mim!

Mas Dave não respondeu... Alice não podia esperar, seja lá onde fosse que seu filho estivesse, estava correndo perigo. Saiu, desesperada, pelas colinas, iluminando a névoa cinza com a luz que saía de sua varinha.

Minutos se passaram... Talvez horas.... Ela não sabia. Porém, o medo alastrava-se por todo o seu corpo a cada passo que dava. Seu filho não gritara mais nenhuma vez e ela tinha medo do que pudesse ver quando o encontrasse. Então uma voz grave soou pelas colinas: Estupefaça! Alice viu um raio vermelho cortando o ar ao longe e correu em sua direção. Quando subiu uma última colina, o que viu fez seu coração parar.

Seu filho estava caído no chão, sangrando, contorcendo-se de dor. Há dez metros dele estava Dave, com a varinha em punhos, apontando para algo que estava entre ele e Remo Lupin. Foi então que Alice pôde entender o que estava acontecendo... Aquela criatura que estava entre seu marido e seu filho era um ser das trevas, negro, peludo e extremamente raivoso: um lobisomem. E o pior de tudo era ter que aceitar que seu filho acabara de ser atacado.

- Atrios Reverse! – gritou Alice de cima da colina, apontando para o monstro que estava em pé, encarando Dave. O feitiço foi inútil, o lobisomem sequer notou que havia sido atacado, Dave, porém, gritou lá debaixo:

- Querida, fuja! É Fenryr Greyback! Ele quer levar nosso filho, quer nos matar! – nesse momento, as pernas de Alice tremiam em demasia. Sua mão estava prestes a soltar a varinha, estava perdendo as forças.

- Não posso! – gritou ela, enquanto descia a colina, correndo. Foi então que o lobisomem atacou: em uma investida veloz e quase despercebida, Greyback pulou sobre Dave, rasgando a sua roupa e estraçalhando os músculos do seu braço esquerdo.

Alice não sabia o que fazer: de um lado seu filho beirava a morte ou uma vida demoníaca, do outro o seu marido estava prestes a morrer. Fez então o que qualquer mãe faria, marchou em direção ao seu filho, pronunciou um feitiço de coagulação e virou-se para o marido. De onde estava pode ver o sangue espirrar, um ganido de dor e as seguintes palavras:

- Vá embora. Leve-o daqui...

Alice Lupin sabia que aquelas seriam as últimas palavras de seu marido, mas, mesmo assim, não desistiu. Pôs os braços do seu filho sobre seus ombros, levantou-o com as suas costas e saiu, levando-o como a uma mochila, contra o lobisomem. Greyback, porém, percebeu a investida e disparou contra Alice e o filho. A bruxa, porém, foi mais rápida gritando uma única palavra, aquela que salvaria a sua vida e a do seu querido filho:

- Senhis! – ao que um raio cristalino disparou de sua varinha e subiu até alcançar oito metros de altura. Nesse ponto, o feitiço explodiu como fogos de artifício e derramou sobre Alice e Remo Lupin uma cúpula de proteção invisível e quase impenetrável: estavam salvos.

Greyback chocou-se contra a barreira de proteção, uivou alto e correu para longe, deixando Alice e seu filho ali, sozinhos, no meio da noite.

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Os terrenos de Hogwarts já estavam banhados pela luz do sol e Lupin permanecia debruçado em uma janela, perdido em pensamentos e lembranças. Pensou em Lílian Evans e logo lhe bateu um aperto no coração: não queria se separar daquela que fora sua companheira durante todo o ano e, para ele, bem mais do que isso; Lílian havia se tornado a sua primeira paixão.

Querendo parecer bonito neste último dia, Lupin marchou para o banheiro e tomou um quente e demorado banho. Quando saiu do seu box viu algumas vestes jogadas sobre um banco de madeira e logo percebeu que Sirius e Tiago haviam acordado e estavam tomando banho. Enxugou-se ali, em frente ao seu box, e encarou o seu reflexo no espelho. Não sabia se era a sua impressão, mas estava achando que havia crescido um pouco. Apagando essa possibilidade de sua mente, saiu para o dormitório. Tomou um outro banho, dessa vez de perfume, pôs as vestes negras de Hogwarts e, passados alguns minutos, desceu junto com Tiago, Sirius e Pedro para o Salão Principal.

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O Expresso de Hogwarts apitou pela última vez na plataforma de Hogsmeade: era o último aviso para os estudantes que ainda estivessem fora do trem. Porém, ninguém parecia disposto a embarcar no expresso, pois havia mais estudantes fora do trem do que dentro! E, em uma das poucas cabines ocupadas, Lupin e Pettigrew olhavam pela janela, procurando Sirius e Tiago que até agora não tinham se reunido a eles.

- O que está acontecendo? Eles pensam que o trem não vai partir? – perguntava Pedro, enraivecido, ao ver que mais da metade dos estudantes continuava a conversar, animados, fora do trem.

- Por que diabos Sirius e Tiago ainda não vieram? Eles sabiam que estaríamos na cabine cinco! – Lupin já estava se chateando ao ver que seus melhores amigos ainda não haviam aparecido.

- Por que eles deixaram o Salão Principal antes de nós? Para onde eles iam? – Pettigrew perguntava a Lupin, enquanto procurava um garoto magro e de cabelos bagunçados e outro alto e belo.

- Ah... Desculpa por não ter te contado antes, mas... Desde aquela nossa briga com o otário do Snape no saguão, Tiago está namorando a Lana Finch... – falou Lupin e no mesmo momento Pedro fez uma careta que expressava um grande nojo.

- O Sirius está com aquela garota da Lufa-Lufa... O Tiago está com a Lana... Você não entrou pro grupinho deles, entrou? – Lupin sabia que Pedro sentia nojo ao ver alguém se beijando.

- Anh, não... – Lupin respondeu, mas um pensamento surgiu-lhe no mesmo instante: Infelizmente.

- Ali estão eles! – gritou Pedro, apontando para Tiago e Lana que se beijavam, encostados a uma coluna de pedra.

Lupin não queria estragar a festa de Tiago, porém, não podia deixar que o amigo perdesse o trem. Em meio à barulheira que ainda reinava na plataforma, Lupin gritou:

- TIAGO! O TREM VAI SAIR! VENHA JÁ PRA DENTRO! – o efeito dessas palavras foi inesperado. Todo mundo pareceu se dar conta que o trem estava para partir e, comicamente, começaram a adentrar no expresso e a ocupar as cabines.

Pedro caiu na risada, enquanto dizia: Belo trabalho!

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Remo Lupin estava quase babando. Ele não entendia porque se sentia daquela forma, mas a cada vez que Tiago beijava Lana ou que Sirius beijava Francy (a garota da Lufa-Lufa) em sua frente, sentia a vontade de ir até lá, empurrar um dos amigos e beijar a garota no lugar dele.

Pedro Pettigrew estava enojado. Não suportava a idéia de ver seus amigos fazendo aquilo. Achava tudo muito nojento e em nenhum momento da viagem dirigiu-se a seus amigos; ficara o tempo todo observando as belas paisagens que passavam pela janela.

A viagem continuou monótona mesmo quando uma mulher passou com um carrinho de doces e vendeu quase tudo só na cabine cinco. Na verdade, Tiago e Sirius nem perceberam a chegada da tal mulher.

Lupin estava comendo o seu quarto sapo de chocolate quando a porta da cabine se abriu bruscamente. Era Lílian Evans. O coração dele começou a bater ligeiro, e sentiu o seu pulso esquentar. A garota estava vestida com as suas vestes da Grifinória, os seus cabelos ruivos caídos nos ombros e os olhos verdes encarando Remo. O garoto sentia aquele olhar penetrar-lhe a alma.

- Olá Li-lílian. – gaguejou Lupin, olhando para a garota – Não quer entrar?

Essa não era uma boa proposta. Tiago e Sirius não haviam percebido a chegada de Lílian e continuavam no namorico com as garotas. Lupin queria saber que tipo de feitiço ensurdecedor havia no ato de beijar.

- Na verdade, não – Lílian falou, continuando à porta da cabine – Mas, eu queria falar com você.

Pedro encarou Lupin com um olhar perturbador; o coração de Lupin, entretanto, batia duas vezes mais rápido do que antes.

- E... Onde iremos conversar? – ele não sabia se essa era a pergunta certa, mas, com certeza, era mais aceitável do que “Quer ficar comigo?”.

- A cabine ao lado está vazia – Lílian respondeu.

- O.K.! Pedro, eu volto logo – disse ao amigo, e este apenas murmurou: Espero.

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A conversa na cabine seis rolava solta. Lupin e Lílian deviam estar naquela cabine há pelo menos três horas. Os desejos amorosos do garoto foram colocados de lado e ele estava conseguindo admirá-la, até então, apenas como amiga. Foi aí que Lílian tocou em um assunto que Lupin estava preferindo não falar.

- Você já... já... – ela começou, mas não sabia como continuar.

- Se eu já...? – ajudou-a Lupin, mal sabendo qual seria o final daquela indagação.

- Você já ficou com alguma garota? – Lílian falou tudo de uma só vez, depois baixou a cabeça. Parecia envergonhada.

As maçãs do rosto de Lupin ficaram avermelhadas, então ele também baixou a cabeça e respondeu em um murmúrio:

- Não.

- Nem eu – Lílian falou, e aquelas palavras abriram um novo leque de idéias na cabeça do garoto.

- Tiago e Sirius, como você viu, estão namorando com aquelas garotas... – Lupin falou, querendo desviar-se um pouco daquela conversa.

- É... eu vi. Lupin, eu fiquei sabendo de uma coisa na escola... Sobre você – Lupin ergueu a cabeça de imediato. Um pensamento aterrorizante passou por sua cabeça: Será que descobriu que gosto dela?

- Gostaria que você me dissesse se é verdade. Você sabe que passamos o ano todo juntos e nunca contei nada de você a ninguém... Esperava que você tivesse me contado isso...

- Eu não teria coragem, Lily... Isso poderia prejudicar nossa amizade... – Lupin pensava consigo, horrorizado ao saber que Lílian conhecia a sua paixonite por ela.

- Você é mesmo um lobisomem? – essas palavras mal saíram da boca de Lílian e uma lágrima fina escorreu dos olhos de Remo Lupin. Ele balançou a cabeça positivamente, sem ao menos perceber o que estava fazendo, enxugou os olhos com a manga da camisa e falou:

- Desculpa por não ter te contado antes...

- Foi um professor que me contou. Disse que era pra mim me afastar de você. Disse que eu estava correndo perigo – ela falou, parecendo despreocupada.

- Eu jamais te atacaria, Lílian! Dumbledore estava cuidando de tudo! Eu só atacava cordeiros! – e nisso começou a contar a história de como se tornara lobisomem e tudo que o diretor de Hogwarts estava fazendo para manter a segurança dos alunos.

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O trem já havia chegado na estação de King´s Cross e quase todo mundo havia ido embora. Porém, Lupin e Lílian continuavam ali conversando, encostados nas paredes de pedra, esperando.

- Seus pais estão mesmo demorando, Lílian – falou-lhe Lupin.

- É... Eu sei. Obrigada por ter ficado aqui me fazendo companhia, seria um tédio esperá-los sozinha – ela falou, segurando a mão do garoto.

Remo ficou meio sem jeito com aquele gesto, então sorriu e disse com sinceridade:

- Eu teria de esperar de toda forma... Minha mãe ainda não saiu do trabalho, não pode me pegar agora. Mas... Está sendo muito agradável para mim também – e, sem perceber, começou a acariciar a palma da mão da garota.

- Sabe, eu não entendo como alguém tão legal como você pode ser amigo do Tiago... Ele é um... – porém, ela não pôde terminar. Lupin pôs um dedo, levemente, nos lábios da garota, e ela logo se calou.

Encarou-a, apaixonado, então aproximou o seu rosto do dela. Ela retribuiu o ato, e encostou a ponta do seu nariz no de Lupin. Nessa altura, não havia nada no mundo que pudesse impedir Lupin de fazer o que estava pensando.

Encostou os seus lábios nos de Lílian e deixou a paixão embalá-los. Logo, os dois estavam mergulhados em um único e belo rio, levados por uma súbita e crescente paixão.


Notas finais: (além de conter notas do autor, há também os pensamentos, detalhes e opiniões pessoais de cada maroto sobre os diversos acontecimentos do conto).

# Este conto foi direcionado a Lupin, que mal foi comentado nos últimos contos dessa série. O motivo disso é óbvio: os marotos estavam brigados com Lupin, logo ele se afastou do grupo de amigos.

# Lana Finch ficou com Tiago na mesma noite da briga contra Snape e o outro sonserino no Saguão. Mal sabia Tiago Potter que o impulso inicial para aquela relação veio de uma bem preparada poção do amor.

# Essa é uma observação da nota anterior. Lana Finch, de fato, está apaixonada por Tiago. E ela sabia que ele também gostava dela, mas não tinha coragem de admitir. A poção foi apenas um impulso, como já foi dito, para a relação acontecer.

# Francy foi a quarta garota que Sirius ficou naquele ano. O garoto só não podia imaginar que ele ficaria realmente apaixonado por ela no segundo ano.

# Lílian e Lupin, um belo casal em minha opinião. Espero que vocês tenham notado que no final do ano letivo o garoto realmente percebeu que gostava de Lílian, deixando de ser só uma admiração para se tornar uma grande paixão. A garota também se sentiu inclinada para o lado de Lupin. Teve o garoto como companhia o ano todo, e percebia que o sentimento que tinha por ele não era apenas amizade. Aos poucos foi se convencendo do que deveria fazer, e o fez no último dia do ano letivo.

# Não pus a despedida entre os marotos naquele ponto porque iria quebrar o clima de romance que eu me empenhei para criar. Posso afirmar que foi uma despedida meio rápida, pois Tiago e Sirius estavam o tempo todo com suas garotas.

# Antes que desconfiem, Pedro Pettigrew não é gay! Ele só não é tão precoce quanto seus amigos.


Bom, essa foi a primeira parte dos Contos Marotos, onde narrei as aventuras dos marotos em seu primeiro ano em Hogwarts. Espero que tenham gostado. Aceito sugestões e idéias, pois assim poderia aumentar o leque de histórias que já tenho planejado para acontecer.


Um abraço a todos.

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