Capítulo 1
Eu e Sirius, meu melhor amigo, estávamos no Salão Comunal da Grifinória fazendo simplesmente nada. Não havia ninguém mais ali, já que era o primeiro dia das férias de Natal. Em toda Torre da Grifinória restou apenas nós dois, Remo Lupin, nosso outro amigo de todas as horas, e Lílian Evans, muitíssimo amiga nossa, mas sem o espírito maroto. E, cara, como esse castelo é sem-graça vazio. Curso o sétimo ano, essa é a primeira vez que não vou pra casa. E eu que pensava que a Mansão Potter era monótona.
Queria que Pedrinho estivesse conosco, ele teve que passar as Festas com a família. Remo conseguiu convencer o pai que devia ficar em Hogwarts para estudar. Quanto aos meus pais, foi um sacrifício me deixarem ficar aqui. Minha mãe é adepta dos "costumes e tradições familiares", "família sempre unida", etc. E ainda mandou que eu levasse Lílian junto comigo e Sirius (não sei de onde ela tirou essa idéia maluca). Lily não vai pra casa por causa da irmã trouxa maluca, fica todos os feriados aqui. Queria saber como ela consegue agüentar ficar aqui sem ninguém.
'- Pontas, - de repente Sirius me chamou.- preciso que você vá comigo a Londres antes do final das férias.
'- Tudo bem, mas pra quê?
'- Ah, nada de mais, só estou querendo ver umas...casas.
Eu me senti estranho quando ele falou isso. O Almofadinhas não suporta os Black. Diz sempre que as únicas pessoas que se salvam são a prima Andrômeda e um tal tio Alfardo que está a beira da morte há quase um ano, mas ele nem conhece direito. Uma vez ele brigou feio com a mãe, e desde então mora lá em casa, é como um irmão pra mim.
'- Mas pra que você quer uma casa?
'- Bem, você sabe...fiz aniversário mês passado, o que quer dizer que eu sou maior de idade, posso morar sozinho. Acho que passei tempo demais na sua casa, não posso ficar lá pra sempre.
'- Claro que não! Você é praticamente da família. Pode morar lá o tempo que quiser.
'- Não é essa a questão. Eu almejo ser livre, viver por mim mesmo desde...desde sempre. Me virar é tudo que eu quero. E agora é a hora.
'- Mas...
'- Pontas, aposto que você não pensa em morar com seus pais pro resto da vida...
'- Não penso, mas...
'- Então, é isso. Procuro uma casa com ou sem a sua ajuda. O que me diz?
'- Se é isso que você quer, tudo bem, te ajudo mesmo achando errado.
Sirius abriu um sorriso de orelha a orelha e murmurou um "Obrigado", voltando a mirar o teto.
Meia hora depois, Remo e Lily entram pelo buraco do retrato carregando uns dez livrões grossos cada um. Exatamente, dois obcecados por estudos.
'- Um dia seus cérebros vão derreter de tanto estudar.- Sirius às vezes arranja umas formas idiotas de cumprimentar.
'- E se você continuar sem usar o seu ele pode criar mofo, cuidado.- Lily sempre curta e gros...direta.
'- Ha-ha-ha. Engraçadinha.
'- Obrigada, eu sei que sou.
Os dois tem essa implicância, mas se adoram. Falando em adorar, é importante dizer que eu e a Lily temos uma espécie de...como dizer...amizade colorida, apesar de não ter acontecido nada entre nós, ainda. Tipo: eu sou afim dela, ela de mim (as evidências indicam), mas nunca deu em nada.
'- E então, garotos, quais são os planos para hoje?- ela disse se sentando no braço da poltrona em que EU estava. Havia dois espaços do lado do Sirius (um dos quais Remo ocupou) e ela vem sentar perto de mim! Sem dúvida alguém está querendo me deixar maluco. Eles olharam pra minha cara e eu tive que fazer uma expressão de quem acha normal.
'- Vou falar com Dumbledore.
'- O que vocês fizeram dessa vez?- Aluado perguntou levantando uma sombrancelha.
'- Nada! Só vou pedir permissão para passar uma tarde dessas férias fora da escola. E você pode ir comigo e com o Pontas.
'- Pra quê exatamente?
'- Vamos ao centro de Londres.
'- O quê os marotos vão fazer no centro de Londres em plenas férias?- Lily quis saber.
'- Procurar uma casa.
A frase conseguiu um impacto. O Remo fez que compreendeu depois do choque inicial, mas Lily continuou surpresa e confusa.
'- Pra quê você quer uma?
'- Lily, eu sei que você anda pensando demais e ás vezes fica sobrecarregada, mas achei que ainda soubesse pra que servem as casas.- Almofadinhas respondeu com classe.
'- Você não mora com ele?- apontou pra mim.
'- Sim, mas não pra sempre.
Ela fez uma cara de mãe compreensiva e superprotetora:
'- Eu vou com vocês!
'- QUÊ?- a pergunta partiu de nós três.
'- Que o quê? Não vou deixar que comprem uma casa sem minha opinião. E duvido que Dumbledore os deixe sair por aí sem mim.
'- Depois me chama de metido! O que te faz pensar assim?
'- Primeiro: EU sou a mais velha.- fato aterrador: nós marotos somos todos maiores de idade, mas ela faz aniversário antes de nós.- Segundo: mais responsável.- fato indiscutível.- E terceiro: é sempre bom ter um parecer feminino.- diante disso até nos calamos.- Alguma objeção?- permanecemos no silêncio.- Ótimo. Vamos falar com o diretor assim que eu guardar esses livros lá em cima.
Ela subiu as escadas animadamente. Me virei e fitei a expressão surpresa de Sirius:
'- É, ela sabe se impor...
'- De repente é até melhor.- Aluado disse.- Assim ela me ajuda a controlar vocês. E, admitamos, não sabemos muito sobre imóveis.
'- Credo, você fala como se fossemos delinqüentes juvenis. Além disso, não é difícil escolher uma casa: tem que ter um quarto, um banheiro e uma sala, só isso.
'- É, a privada vai servir de fogão! Almofadinhas, você esqueceu a cozinha!
'- Ih, eh...- ele corou um pouco.
Não sei o que a Lily foi fazer lá em cima, só sei que demorou uma meia hora, durante a qual ficamos discutindo sobre os pratos sofisticados que Sirius faria no vaso. Ela chegou toda feliz e saltitante:
'- Vamos!- adoro a ansieadade dela.
Fomos andando pelos corredores desertos em silêncio.
'- Só mais uma pergunta: como vocês sabem a senha da sala do diretor?- Lily perguntou curiosa.
Paramos na hora e nos olhamos.
'- Segredo.
'- Okay, com tanto que vocês saibam.- virou e foi andando mais na frente, meio ofendida por a gente não contar algo pra ela. Paciência, isso acontece às vezes. Claro, não lhe tiro a razão, afinal se existe um grupo que tem muitos segredos é o nosso, os marotos. Não podemos contar tudo a ela!
Quando chegamos às horríveis gárgulas que escondem o escritório de Dumbledore, Aluado deu a senha:
'- Tortinhas de maçã.- é, nosso diretor é um cara meio...ahn...excêntrico, se posso dizer assim. Mas lembre-se do que dizem, os maiores gênios são meio loucos. Já ouviram falar de um tal de Einstein? Não me pergunte como conheço sua fama, mas ele era muito esperto, ah, se era.
Subimos na escada em caracol e chegando ao patamar, bati na porta três vezes.
'- Entrem.
'- Com licença, professor.
'- Ah! Senhores Potter, Black, Lupin, Srta. Evans. Que surpresa agradável.- não sei por que, mas acho que ele não estava tão surpreso assim. Na verdade, parecia já estar nos esperando.- A que devo sua visita?
'- Diretor,- Lilían começou.- precisamos da sua permissão para ir a Londres antes do começo das aulas.
'- Lily, você não precisa ir, sério, nós podemos fazer isso sozinhos...
'- Sirius, não vou deixar vocês saírem por aí--
'- Mas você não tem que deixar nada!
O diretor, que assistia em silêncio, resolveu intervir.
'- Descupem a interrupção, mas eu gostaria de saber a natureza do passeio.
'- Eu estou procurando um imóvel, senhor.- Sirius respondeu.- E meus amigos vão comigo, pra ajudar a escolher.
'- Ah, sim...Vocês tem minha permissão,- todos abriram um sorriso.- contanto que seus pais também permitam.- o sorriso dos garotos se esvaíram, mas o de Lily não.
Uma coruja bicava insistentemene a janela. Fastest, a coruja da Lily, a mais rápida de todas. Dumbledore se levantou e a deixou entrar na sala. Ela estendeu a pata e ele desamarrou três pergaminhos.
'- Então...eu me antecipei e mandei cartas para a Sra. Potter, Sr. Lupin e, claro, minha mãe.- eu quase a beijei naquela hora. Essa garota é demais! Como eu pude esquecer? Ela conhece minha mãe e o pai do Remo. Nós íamos sempre lanchar fora depois do desembarque na Plataforma 9 e 1/2, sugestão da Sra. Evans, assim ela poderia conhecer os amigos da filha e os pais deles. E, sem falta modéstia, minha futura sogrinha me a-d-o-r-a!
'- Bom, se é assim podem ir.- depois de ler as cartas ele as entregou para mim.
'- Ainda tem um problema- Almofadinhas concluiu tristemente, olhando para o chão- eu nunca vou conseguir uma autorização dos Black.
O diretor o olhou de cima a baixo, o medindo.
'- Bem, Sr. Black, já tivemos esse problema antes não é mesmo? Sendo assim vou fazer o mesmo que fiz quando veio me falar sobre a autorização para Hogsmeade, no início do terceiro ano. Pode ir se conseguir uma permissão da Professora MacGonagall.
Nossos sorrisos voltaram imediatamente. Apesar de arranjarmos muita confusão e perdermos muitos pontos para a Grifinória, a Tia Mimips nos ama!
'- Pode deixar, professor! Muito obrigado!
'- E, Srta. Evans, posso contar com a senhorita para tomar conta dos nossos estimados recordistas em detenções?
'- Ah, claro, tudo bem.
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Lá estava eu novamente no Salão Comunal, desta vez acompanhado de Lily. Sirius estava na sala da MacGonagall e Remo tinha inventado uma desculpa para ir para o dormitório.
Estávamos sentados no sofá, lado a lado. Percebi que ainda tinha em mãos as cartas que o diretor me entregara. Desdobrei a primeira e li:
"Cara Lílian,
Como está? Espero que bem. Pode falar ao Prof. Dumbledore que deixo Remo ir com vocês a Londres!
Tomem cuidado e não se deixem enganar. Esses vendedores são muito espertos, mas creio que vocês sejam mais.
Mande cumprimentos a Sirius, Tiago e Pedro de minha parte. Peça a Remo que diminua o número de detenções! Nada contra a Diretora da Grifinória, mas espero não receber mais cartas dela falando sobre os tumultos que ele tem causado.
Boas férias,
Sr. Lupin
PS.: Quando o vendedor usa chapéu é um mau sinal!"
O Sr. Lupin é um homem bastante ocupado. Trabalha muito e não tem ninguém pra ajudar, pois a mãe do Aluado morreu quando ele era bem pequeno. Coitado, se ele reclama das poucas detenções que o filho leva, devia conversar mais com a minha mãe. E a carta dela estava ali também:
"Querida Lily,
Como tem passado? Espero que estejam aproveitando muito as férias, já que Tiago não quis vir para casa. As festas não são as mesmas sem ele!
E claro que ele pode ir ajudar Sirius! Por favor, tome conta desses dois, e de Remo também. Não só em Londres, mas o ano todo. Já está virando rotina receber correspondências de Hogwarts para me deixar ciente das detenções. E eu não posso nem reclamar, o menino me vem com as melhores notas em tudo! Sinceramente não sei como você os agüenta.
Se você puder repassar alguns recados...
Tiago: Juízo! E coma direito, se chegar em casa magro como sempre você vai ver! Eu sei que a comidinha da mamãe é melhor que a dos elfos, mas você tem que se esforçar, querido!
Sirius: Sei que terá uma casa em breve, mas sempre será bem vindo entre os Potter, para qualquer coisa! Escreva mais e cuidado com essas menininhas de hoje em dia.
Lily: espero que me escreva também. Não sei se Tiago falou, mas eu o mandei te chamar para passar as férias aqui em casa. Espero que venha algum dia. Você está se alimentando bem? Te achei tão magrinha da última vez que te vi!
Lembranças a Remo e Pedrinho!
Cuidado na vida,
Sra. Potter.
PS.: Abram o olho se o vendedor estiver de chapéu!"
Minha mãe é muito mãezona, cara! Por isso que eu amo ela. Um olhar materno deve nos emagrecer uns 20 quilos, não?
Conforme eu lia eu passava pra Liliy.
'- Acho que a minha mãe gosta de você!- falei rindo.
'- A minha te adora!
'- Sério, acho que no testamento ela te deixa minha tutela.
Ela riu com o comentário. Fui para a última carta que sobrou.
"Filhinha,
Você pode ir, se os meninos forem com você.
Não que eu não confie em você, meu bem, mas sabe como está o mundo, não dá pra uma moça como você andar sozinha por aí.
Não acredite nas lorotas dos vendedores de imóveis. Só acredite vendo!
Mande um beijo para os seus adoráveis amigos, espero encontrá-los para um lanche no fim das aulas!
Amor,
Mamãe.
PS.: Você sabe o que dizem sobre os vendedores que usam chapéu né?"
'- Entendeu a história dos vendedores com chapéu?
'- Na verdade não.
'- Olha, a tia Sarah me acha adorável!
'- Deixa ela saber que você a chama de tia pra ver se a opinião dela continua a mesma.
'- E nos agradeça, pois ela só deixou você ir os adoráveis, responsáveis e perfeitos meninos.- Tiago provocava.- Que sorte a sua ter a gente aqui pra cuidar de você...
'- Potter?
'- Sim?
'- Vai comer a comidinha da mamãe, vai!
Não gostei do que ela falou, mas quem me mandou abrir a boca... Tirei isso como motivo para abraçá-la:
'- Ah, Lil, você sabe que é de brincadeira...
'- Humpf.
'- Já sei o que fazer pra me redimir.
'- O quê?- ela me olhou e senti sua raiva passar um pouco.
'- Vem comigo.- eu disse. Levantei e trouxe ela pela mão para fora do retrato.
'- Aonde estamos indo?
'- Não te ocorre algum lugar que você sempre pediu pra eu te levar?
'- Casa dos gritos?- ela perguntou esperançosa.
'- Vai com calma, ruivinha. Ainda não.
'- Hum... Tiago, não estamos indo na cozinha, estamos?
'- Estamos!
Os olhos dela brilharam e ela me abraçou. Eu sou um gênio!
Enquanto desciamos umas escadas, encontramos Clío. A loira de olhos verdes é um antigo "caso" meu. Foi um dos namoros que durou mais tempo, e a Lily não gosta nada, nada dela.
'- Oi, Tigs!- estremeci. Odeio esse apelido.
'- Oi, Clío.
Ela me deu um tchauzinho com a mão e esbarrou na Lily quando passou. A ruiva fez uma cara falsamente feliz e parou na minha frente.
'- Oi, Tigs.- ela disse fazendo uma voz fina e enjoada - que se pareceu ligeiramente com a da Clío - jogou o cabelo e se atirou em mim.
Eu só pude rir. Amo quando ela me faz rir. Amo seus ciúmes. E amo ainda mais quando ela me faz rir com seus ciúmes.
'- O que você viu naquelazinha, hein?- ela disse voltando ao normal, mas ainda um pouco nervosa. Nada que uns doces de chocolate não resolvessem.
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De noite, depois do jantar, eu estava no dormitório masculino com Aluado e Lílian. É, ela pode subir lá, apesar de nós não podermos ir no dela.
'- O Sirius não apareceu até agora. Será que algo deu errado? Já estou ficando preocupada.
'- Eu, por acaso, ouvi meu nome?
'- E aí, Almofadinhas? Conseguiu?
'- Claro que sim. Nem a Tia Mimips resiste aos meus argumentos. Se preparem para aparatar de Hogsmeade para Londres amanhã depois do almoço.
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