Como notas musicais
Do pouco que dormiu aquela noite, Lílian sonhou com... preciso dizer? Esta claro que sonhou com ninguém mais ninguém menos que Tiago Potter... e ele sonhou, é claro, com ela... ai, ai... o amor não é lindo? Mas Lílian ainda nem descobrira, pra ela estava tudo tão confuso... quando se lembrava que Tiago tinha vomitado nela no início do ano, sentia raiva dele, mas quando lembrava daquele sorriso avassalador... tremia nas bases! Mas já Tiago, já sabia muito bem e a muito tempo o que sentia por Lílian... e ainda mais agora! A alegria de Tiago naquela manhã era uma coisa simplesmente indescritível... ele passou o dia todo pensando em Lílian, em Lilian e em... Lílian. Até que finalmente chegaram as tão esperadas duas horas da tarde. Tiago e Lílian se encontraram na frente da biblioteca. Lílian tinha feito um planejamento mental: “Eu estou indo me encontrar com Snape, Snape, Snape, Snape...” Mas quando a menina chegou lá e viu aquele já famoso sorriso de Tiago... esqueceu tudo sobre fingir que ele era Snape e ficou toda envergonhada, vermelha como um tomate. Tiago não tinha a mínima idéia do que estava fazendo para deixar a menina tão envergonhada, mas achou melhor parar, ela já estava muuito vermelha mesmo. Então eles entraram na biblioteca sem dizer nada, apenar se dirigiram a mesa indicada pela bibliotecária, que estava reservada para eles. Naquela hora havia apenas dois alunos na biblioteca, que ao verem o casalsinho entrando, pararam imediatamente de ler o que seja que estavam lendo para prestar atenção neles.
—Por... por onde você que... quer começar?—Perguntou Lílian, em um tom de voz tão baixo que mais parecia um sussurro.
—Bem... acho melhor começarmos por poções. Tem um exame semana que vem, e eu estou com bastante dificuldade... o que você acha?
—Para mim está ótimo... Poções é a minha melhor matéria!
—Como você faz isso?—Perguntou Tiago.
—Isso o que?
Ele já ia falar “ser tão incrivelmente linda”, mas se controlou:
—Ser... ser tão boa em poções!
Pelo jeito não adiantou nada Tiago ter trocado a frase, pois Lílian ficou vermelha do mesmo jeito... Ela disse timidamente que simplesmente tinha essa facilidade e não sabia explicar como.
Houve um silencio mórbido, interrompido algumas vezes pelo “shh” da bibliotecária para algumas secundaristas que conversavam algumas mesas adiante sobre... preciso dizer sobre quem? Até que Lílian resolveu quebrar o silencio:
—Va... vamos começar?
—Vamos!
Lílian não perdeu a oportunidade: imediatamente abriu o livro de poções e foi explicando a matéria. Ela era uma ótima professora, mas quem disse que Tiago conseguia prestar atenção em alguma palavra que ela dizia? Ficava apenas olhando seu rosto, seu modo de falar, seu modo incrivelmente lindo de virar a página do livro, de apagar algumas linhas de fórmulas erradas, de congratulá-lo quando ele acerta alguma coisa, e brigar com ele, daquele jeito especial, formando uma pequena ruga no meio da testa, quando ele erra alguma coisa. Tiago gostava de ouvir o modo de como as palavras da menina saiam de sua boca e ficavam pelo ar, como notas musicais, como o oxigênio...
As palavras de Lílian eram como o oxigênio que Tiago respirava naquele momento... E o menino ficava ali, ao som das doces palavras de Lílian, que mesmo referindo-se a uma matéria tão chata continuavam com aquele tom tão doce, e resumia-se a fazer anotações de tudo, com um olhar vago...
Olhando para a folha de anotações que Tiago fez durante sua aula particular com a melhor professora do mundo, essa folha podia assemelhar-se a um livro com notas musicais que não seria diferente de qualquer outro por apenas um detalhe: esse livro era composto por amor.
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