A Revolta dos Dementadores



- Capítulo Quatro -


A Revolta dos Dementadores


A Rua dos Alfeneiros estava bastante movimentada para uma manhã de fim de semana. Harry e Sirius não podiam passar despercebidos, primeiro por Edwiges que piava feito louca, talvez porque nunca fora sacudida tantas vezes seguidas em sua gaiola, e segundo por Sirius que em sua forma animaga atraia muita atenção já que não era comum naquela rua cães tão grandes sendo vistos correndo soltos sem nenhum tipo de proteção.

Harry evidentemente seguia o padrinho correndo logo atrás dele, mas como carregava mais peso, na altura do Largo das Magnólias já estava encharcado de suor.

Os dois continuaram correndo e desceram uma rua em ladeira próxima ainda ao Largo. Seguindo Sirius, Harry entrou em um beco entre os muros de duas casas, já deixara de ser um cão quando Harry entrou.

- O que você vai fazer, alguém pode te ver - falou o garoto.

- Vamos aparatar, onde já se viu um cachorro aparatar? - perguntou Sirius ajudando Harry com Edwiges - Agora segure meu braço.

Sirius girou nos calcanhares sem nem ao menos avisar a Harry que já estava aparatando, depois de ser brevemente arrastado pelo padrinho, o garoto sentiu como se um gancho estivesse puxando-o pelo umbigo, seus pés não tocavam mas o chão e o malão que carregava tornou-se leve como uma pena. Aparatar teria sido suportável se Harry estivesse conseguindo respirar, parecia que estivera muito tempo sem ar, quando sentiu que seu cérebro estava ficando sem oxigênio e que não suportaria nem mais um segundo sentiu novamente que seus pés tocavam o chão e caiu com a cara no mesmo, estava sem força e tinha que recuperar a respiração.

Harry levantou-se respirando furiosamente. Não estavam mais no Largo das Magnólias, tinham aparatado bem no centro de uma pequena praça escura, olhando a sua volta, Harry observou que as casas não pareciam muito convidativas, eram cobertas de fuligem e muitas delas tinham algumas janelas quebradas. A gaiola de Edwiges fora colocada por Sirius no chão cuidadosamente, ele já havia se transformado em cão mais uma vez. Tornando a correr, Sirius atravessou a ruela em frente à praça e parou diante da divisa entre os muros de duas casas. Após segui-lo, Harry também ficou alí parado fitando o muro sem entender o que o padrinho queria fazer. Observando bem as duas casas, Harry viu que uma era de número onze, já a vizinha era de número treze. Não teve mais muito tempo para pensar, no momento seguinte os muros das duas casas se afastavam magicamente e do beco que se formou uma porta escalavrada materializou-se seguida de paredes e janelas cobertas de fuligem, fora mais ou menos como se uma casa extra tivesse se inflado empurrando as outras para os lados, Harry boquiabriu-se.
Sirius adentrou a casa empurrando a porta violentamente com a pata, Harry o seguiu mais uma vez fechando a porta ao passar.

O interior da casa estava coberto de poeira e um denso cheiro de mofo desprendia das paredes, Sirius deixou de ser cão mais uma vez e largou-se em uma poltrona que liberou uma enorme nuvem de poeira.

- Bem vindo a mui nobre, blábláblá... Mansão dos Black, Harry - disse Sirius fechando os olhos enquanto gesticulava para o sobrinho - Eu sei que está um horror isso aqui, mas o elfo é muito velho, não presta mais para nada, vou dar um jeito amanhã - ele abriu os olhos para encarar o afilhado - Tudo bem, eu sei que isso tudo é muito sem graça, mas pense pelo lado certo, melhor sem graça para dois do que para um não é mesmo?

- Não, aqui é muito melhor do que com os Dursley, pode ter certeza disto - Harry apressou-se a dizer - Então, onde posso deixar tudo isto aqui - falou apontando para o malão e a gaiola de Edwiges.

Sirius fez sinal para Harry acompanhá-lo. Subiram um lance de degraus e passaram sem fazer barulho por um corredor escuro onde Sirius tateou até encontrar a maçaneta da porta de um quarto tão abafado e empoeirado quanto a sala onde estivera anteriormente.

- Acho que posso dar um jeito eu mesmo nisso para você - disse retirando a varinha do bolso das vestes rasgadas - Limpar!

Um jato transparente saiu da varinha de Sirius e passou pelo quarto carregando toda a poeira que havia ali como se fosse uma vassoura gigante.

- Ficou bom, não? - indagou olhando a ponta de sua varinha impressionado consigo mesmo.

Harry sorriu para ele enquanto pegava suas coisas e transferia para o quarto.

- Onde está o Bicuço? - perguntou após soltar Edwiges pela janela para um passeio.

- No andar de cima - respondeu sentando-se na cama onde Harry dormiria - No quarto que foi da minha mãe, ele é uma ótima compania quando não se tem ninguém para conversar.

Harry não respondeu de imediato, com tudo o que acontecera acabou se esquecendo do sonho que tivera com Voldemort, poderia aproveitar que Sirius estava alí para fazer umas perguntas ou até mesmo contar-lhe o sonho.

- Saiu algo diferente no Profeta? - perguntou.

- Ah! Claro, já ia me esquecendo... os dementadores fugiram ao controle do Ministério.

- Fugiram ao controle? Como isso pôde acontecer?

Sirius enfiou a mão no bolso da veste e retirou uma folha do Profeta Diário meio babada e rasgada, entregou-a a Harry.

- Era para eu ter entregado á você lá na casa dos trouxas mesmo, mas eles não deram oportunidade.

- Você sabia disso e mesmo assim foi me buscar? - Harry perguntou sentindo uma onda de fúria invadi-lo aos poucos.

- Os dementadores estão atacando qualquer um agora, Harry, não vão aproveitar essa chance me procurando.

Harry achou melhor não falar mais naquilo, afinal estava feliz por ter saido da casa dos tios uma semana e meia antes do prazo, mas não se perdoaria se algo tivesse acontecido com Sirius.

- Não vai ler o jornal?- perguntou Sirius.

Harry desdobrou a folha e começou a ler a parte da notícia que não estava amassada em voz alta:


" [...]Eles não são mais vistos desde a noite de ontem, quando atacaram uma pobre senhora, Margarida Kaline, quando ela saía de um bar bastante popular no mundo bruxo, o Caldeirão Furado. Antes disto ainda, seis dementadores atacaram um grupo de aurores que se encontravam montando guarda próximos ao prédio do Ministério, nenhum deles se feriu e a Sra. Kaline encontra-se no Hospital para Doenças e Acidentes Mágicos, Saint Mungus."


- Isso é horrível, eles nem se preocupam mais em ver quem atacam - Harry exclamou devolvendo o jornal á Sirius.

- Foi o que eu lhe disse, estão atacando por fome, não é mais por obrigação.

- E o Ministério não está fazendo nada?! - perguntou novamente.

- Ouvi falar que estão reforçando a guarda em Hogsmead, no Beco Diagonal, em Hogwarts e em Azkaban, ainda não sabem o motivo da revolta, mas está muito claro não está? - Sirius sentou-se melhor na cama e sua voz estava tornando-se estranhamente sombria. Harry encolheu os ombros - Voldemort. É ele quem deve ter oferecido algo para os dementadores largarem o posto, afinal, ele é o único além do Ministério e Dumbledore, o único com tantos poderes assim, para fazer isso bem debaixo do nosso nariz.

- Dumbledore nunca gostou dos dementadores - Harry deixou escapar lembrando-se do ano anterior - Nunca foi á favor desta decisão do Ministério, colocá-los em Azkaban.

- Mas é claro que foi o Voldemort! - disse Sirius mais uma vez - Quem mais iria querer libertar tantos comensais de uma só vez?

Os dois permanesceram em silêncio por um tempo, provavelmente bastante absortos em seus pensamentos.

- Vou me deitar um pouco - avisou Sirius por fim - Estarei na poltrona da sala se precisar.

Assim que seu padrinho bateu a porta, Harry deixou-se cair na cama com cheiro de mofo, pensando na fuga dos dementadores e em seu sonho, tentando descobrir algo haver entre os dois. Quando cansou, desistiu e percebeu que cansado não pensaria em nada, levantou-se e após retirar dois pergaminhos, pena e tinteiro da mala, começou a escrever uma carta para Rony e Hermione contando as novidades.

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