O mata-duendes



“O que você está fazendo aqui à uma hora dessas?” perguntou a garota lhe ajudando a se levantar enquanto lançava um olhar indagador para Duda, esparramado no chão. “Mamãe me disse que você só iria chegar de manhã... hum, quem é ele, Harry?”.
“Meu primo” respondeu Harry esfregando os joelhos doloridos.
“Filho daqueles seus tios trouxas?”.
Harry confirmou com a cabeça. Embora não gostasse dos seus tios, estava sentindo um grande peso na consciência pela morte deles, principalmente pala de sua tia.
“Ele é um bruxo, não é? Mamãe me falou sobre ele” disse Gina pegando uma maça da fruteira e lhe arrancando um grande pedaço com os dentes.
Duda parecia maravilhado e ao mesmo tempo assustado com o novo mundo que seus olhos conseguiam enxergar. Na pia, ao lado esquerdo deles, havia uma panela sendo esfregada magicamente por uma esponja velha; em cima da mesa, entre Harry e Gina, estava o relógio dos Weasley que mostrava o que cada membro da família estava fazendo e, Harry ficou mais espantado ainda, havia dois ponteiros a mais do que o normal, e o garoto pôde ver distintamente a sua foto e a de Hermione nos novos ponteiros que estavam juntamente com outros nove parados no local em que ao invés do número doze estava escrito Perigo Mortal.
“Mamãe não larga mais dele” disse Gina se referindo ao relógio “Fred e Jorge o enfeitiçaram para que os ponteiros parassem em Casa, mas o máximo que conseguiram foi deixar os ponteiros descontrolados. Mamãe ficou maluca e os proibiu de voltar para a loja no Beco Diagonal, colocou até um feitiço anti-aparatação no quarto deles”.
“Por que não colocou na casa?” perguntou Harry.
“O Feitiço é muito complexo e se tornou pago dês de que Voldemort retornou. Bom, mamãe só teve dinheiro para colocar no quarto deles e trancá-los lá” respondeu a garota.
Houve um momento de silêncio onde os olhares de Harry e Gina se encontraram demoradamente e só se dispersaram um do outro quando Duda ronronou. Os três ouviram passos na escada e logo em seguida, Rony invadiu a cozinha cautelosamente, a varinha erguida.
“Vocês querem me matar de susto” grunhiu o garoto que parecia ter crescido deliberadamente nessas últimas semanas; a barra da calça de seu pijama lhe batia nas canelas finas. “Achei que poderiam ser Comensais da Morte”.
“Não seja idiota, Rony” disse Gina “Quantos Comensais da Morte você conhece que se sentam na cozinha para ficarem cochichando?”.
Rony ficou púrpura até as orelhas.
“O que seu primo está fazendo aqui?” perguntou tentando desviar a atenção para longe de seu rosto.
“O que vocês estão fazendo aqui embaixo a essa hora da noite?” eles ouviram uma voz irritada perguntar da sala.
A Sra. Weasley veio andando decidida para a cozinha com sua varinha em punhos, seguida de perto por Moody, Lupin, Tonks, Profª McGonagall e pelo pequeno Prof Flitwick; seus rostos estavam cobertos por cortes e suas vestes chamuscadas.
“Por acaso se esqueceram que Você-Sabe-Quem retornou, hein?” perguntou a Sra. Weasley levitando a maçã de Gina com a varinha e a jogando no lixo no instante em que a filha pensara em dar mais uma dentada. “Todos pra cima, agora!”.
“Sra. Weasley” interrompeu-a Harry “E o Duda, ele vai ficar aonde?”.
“Nós temos que falar com seu primo antes dele dormir, Harry” disse-lhe a Profª McGonagall.
“Vamos, Harry” chamou Rony.
Harry deu uma última olhada para seu primo, ele estava tão pálido quanto antes e parecia, ao menos de longe, tremer furiosamente por estar cercado por bruxos. Ele seguiu para o quarto de Rony e antes que pudesse seguir o amigo pelo portal, Gina lhe puxou pelo cotovelo e lhe perguntou “Você não vai me dar boa noite?”.
“Desculpe Gina, hum... boa noite, então” disse Harry sem conseguir formar uma frase adequada para responder a garota; seu coração batia incomodamente em seu pomo-de-adão.
“Boa noite” desejou Gina lhe dando um beijo no rosto.
Harry foi se deitar achando o pijama de Rony mais engraçado do que realmente parecia ser. Harry se virou para o lado e demorou um tempo para dormir, enquanto Rony enchia o quarto com seus roncos profundos.
Logo pela manhã, Harry foi acordado pela Sra. Weasley que lhe disse para estar na cozinha em cinco minutos. Harry se levantou da cama com grande infelicidade, pois tinha grandes esperanças de dormir até a hora do almoço, e desceu a escada tentando fazer o mínimo de barulho possível para não acordar os moradores da casa.
“Bom dia, Harry!” desejou o Sr. Weasley sentando à ponta da mesa.
“Bom dia, senhor” respondeu o garoto, que guiado pela Sra. Weasley se sentara ao lado do bruxo. A mulher lhe pôs um prato em frente e começou a servir de ovos fritos e salsichas.
“E então, Harry, animado para retornar a Hogwarts?” perguntou o Sr. Weasley bondosamente.
“Arthur!” exclamou a Sra. Weasley da pia. “Minerva nos disse para não tocarmos no assunto enquanto ela não chegasse”.
Harry furou as salsichas com o garfo, sabia que a qualquer hora iriam tocar nesse assunto, mas ele já estava decidido, ela não iria retornar a Hogwarts, não agora que o maior bruxo de todos os tempos tinha morrido. Não faria sentido ficar na escola sabendo que só ele poderia matar Voldemort.
Houve um estalo do lado de fora da casa e Harry soube imediatamente que alguém havia aparatado no quintal. Os passos da pessoa foram se aproximando da cozinha e logo depois se ouviu o barulho de alguém batendo a porta.
“Quem é?” perguntou a Sra. Weasley num tom cansado.
“Sou eu, Minerva” respondeu uma voz abafada, por trás da porta.
A Sra. Weasley se apressou até a porta e já ia a abrindo quando o Sr. Weasley a alertou “Molly, pode ser um Comensal da Morte disfarçado”.
“Arthur, essas bobagens do Ministério não servem para nada” retrucou a Sra. Weasley com a mão sobre a maçaneta de ferro.
“E se eu for um Comensal?” indagou McGonagall do lado de fora.
“Minerva, ambas sabemos que você não é” disse a Sra. Weasley.
“A faça uma pergunta” mandou o Sr. Weasley.
“E se o Comensal da Morte tiver dado a Minerva uma Poção da Verdade?” perguntou a Sra. Weasley “Ele saberia a vida dela toda, entraria aqui e mataria a todos nós, exceto Fred e Jorge que estão trancados no quarto”.
A Sra. Weasley aproveitou o momento de confusão do marido para abrir a porta. McGonagall entrou vestindo uma longa vestes verde-esmeralda e um chapéu cônico e brilhante sobre a cabeça grisalha.
“Como está o corte nas costas?” perguntou McGonagall enquanto abraçava a Sra. Weasley.
“Ainda está profundo. Arthur achou que fosse melhor irmos para o St. Mungus à noite, por estar mais vazio”.
“Ah, sim, compreendo” disse McGonagall se desvencilhando do abraço para cumprimentar o Sr. Weasley que se levantou educadamente e retirou o chapéu da cabeça ao mesmo tempo em que fazia uma reverência desajeitada. A professora se afastou do bruxo e caminhou severamente em direção a Harry, mas quando parou em frente ao garoto lhe deu um largo sorriso. “Como está se sentindo?”.
“Bem” respondeu Harry.
“Estou me referindo à cicatriz. Ela tem doído ultimamente?” perguntou.
“Não que eu me lembre” respondeu Harry.
“Sabe Harry, Dumbledore me deixou informada de tudo que aconteceu com você nesses últimos anos em que esteve em Hogwarts” disse McGonagall enquanto se sentava defronte para o garoto “Ele teve a brilhante idéia de nós fazermos o Extremo Incantaten...”.
“Pelas barbas de Merlim!” exclamou a Sra. Weasley pondo as mãos gorduchas sobre a boca.
“O... o que é um Extremo Incantaten?” quis saber Harry, se sentindo levemente interessado.
“É um feitiço muito poderoso, Harry. Só os bruxos com grandes poderes podem fazer” respondeu o Sr. Weasley “E Dumbledore é um deles”.
“Todos os ex-diretores de Hogwarts usaram esse feitiço para poder passar de um para o outro todas as informações necessárias sobre a escola” contou McGonagall “Esse feitiço, Harry, passa a memória de uma pessoa para a sua Confiável assim que perde a vida e Dumbledore e eu fizemos o Extremo Incantaten assim que Você-Sabe-Quem retomou o poder, pois ele sabia que sua hora se aproximava”.
“Então, a senhora é a nova diretora de Hogwarts?” perguntou Harry.
Houve um minuto de silêncio no qual a professora confirmou com a cabeça e murmurou que “Sim”.
“Dumbledore me alertou sobre a possibilidade de você não querer mais retornar a escola se caso ele morresse” disse McGonagall “E estou certa em afirmar que você pensou sobre isso, não pensou?”.
Harry balançou a cabeça.
“E então?”.
“Bom, professora, eu não pretendo voltar a Hogwarts esse ano” disse Harry sentindo um forte aperto no peito “Vou atrás dos Horcruxes do Voldemort”.
Todos tremeram repentinamente, mas Harry não lhes deu atenção e continuou “Não vou conseguir ficar na escola sabendo que tem alguém do lado de fora, esperando para me matar. A não ser que eu o mate primeiro”.
“Harry, querido, você não quer matar Você-Sabe-Quem, quer?” perguntou a Sra. Weasley.
“Eu sou o único que pode” disse Harry.
“Não tente bancar o herói” retrucou a bruxa “Você é só uma criança”.
“Sabe Molly, acho que Harry já está grande o suficiente para saber o que é melhor para ele” disse McGonagall se levantando repentinamente “E tenho certeza que ele sabe o que faz. Bom, receio que eu tenha que ir. Estou a procura de um novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas e me recuso a acreditar que o cargo esteja enfeitiçado” acrescentou sobre o olhar de Harry.
“Tome cuidado, Minerva” disse a Sra. Weasley “Ah, e espero lhe ver na Ordem, está noite?”.
“Eu vou estar” disse McGonagall saindo para o dia frio e sumindo com um estalido.
Sra. Weasley ajeitou o avental e voltou para o fogão. O Sr. Weasley encarou Harry por um instante e depois se virou para a janela, onde se via uma coruja voando suavemente pelo céu, trazendo, seguro na pata, “O Profeta Diário” disse o Sr. Weasley estridente. O bruxo se levantou de um salto do banco e abriu a janela. A coruja passou pela pequena abertura e pousou na mesa com a pata estendida; o Sr. Weasley colocou uma moedinha na bolsinha da ave e retirou o jornal preso.
“Algum novo ataque?” perguntou a Sra. Weasley sob a nuvem de fumaça que se fazia envolta dela.
“Não” respondeu o marido que analisava a capa do jornal antes de ler seu conteúdo “Só prisões de...” mas parou abruptamente de falar e começou a passar as páginas com tanta voracidade que quase rasgou o jornal ao meio.
Harry parou com o garfo a meio centímetro de distância de sua boca. Seus olhos estavam detidos em uma foto de um homem velho segurando um duende enrugado pelas pontas dos pés; o homem usava um chapéu coco e segurava uma luva nas mãos para bater na cara do duende.
“Pelo poder de Gringotes” leu Harry sobre a imagem do ex-Ministro da Magia, Cornélio Fudge.
“Se já não bastasse a guerra que estamos enfrentando ainda aparecessem matadores de duendes?” reclamou a Sra. Weasley fazendo um amplo movimento com a varinha para lhe trazer salsichas “E quem é o matador?”.
“Cornélio Fudge” respondeu o Sr. Weasley rapidamente.
As salsichas desabaram no chão e a frigideira, que levitava alguns centímetros acima do fogão para mexer os ovos fritos, caiu para o lado e derramou todo o seu conteúdo sobre a Sra. Weasley que exclamou de dor antes de limpar toda a sujeira que fizera na cozinha.
“Por Merlim! O que esse homem pensou que estava fazendo? Matar duendes...” dizia a Sra. Weasley tentando ler a matéria por trás do marido.
Harry teve uma vaga lembrança sobre uma matéria que lera no Pasquim, durante sua viagem para Hogwarts em seu quinto ano. Havia uma matéria na revista que alegava a ambição de Fudge por Gringotes, o banco dos bruxos, dizendo que mandava matar duendes e até assá-los para rechear suas tortas. Quando lera, Harry achara extremamente difícil que aquilo fosse verdade, mas vendo a expressão do rosto da Sra. Weasley, enquanto percorria os olhos pela matéria, nesse momento ele estava se sentindo realmente idiota por não ter acreditado na revista só porque ela continha uma matéria dizendo que seu padrinho, Sirius Black, tinha sido o vocalista dos Duendeiros. Harry desviou seu pensamento nesse ponto, ainda sentia falta do padrinho e uma dor no peito todas as vezes que tocavam em seu nome.
Harry comeu mais três pratos, empurrados pela Sra. Weasley, e subiu a escada, correndo, com O Profeta Diário, sob seus braços após pedi-lo emprestado.
“Rony” chamou ele, sacudindo o amigo pelos calcanhares ossudos “Rony, acorda!”.
“Você ficou maluco, Harry?” indagou o garoto ainda meio sonolento “Estamos de férias”.
“Eu sei” respondeu Harry irritado “Mas é que tem uma matéria sobre o Cornélio Fudge no Profeta Diário”.
“Ele não é mais o Ministro...”.
“Também sei disso” disse Harry mostrando a capa para o amigo que tinha os olhos semicerrados “Olha aqui, ele matou duendes, Rony, e acho que ele foi preso”.
“O Fudge? Preso?” disse Rony se sentando na cama rapidamente.
A porta do quarto se abriu e pelo portal passaram Hermione, com Bichento nos braços, e Gina. As duas pareciam muito cansadas, pois tinham grandes olheiras debaixo dos olhos.
“Harry” disse Hermione soltando Bichento para andar pelo quarto e abraçando o amigo “Não sabia que você estava aqui”.
“Nem eu sabia que você estava aqui também” disse o garoto sinceramente e perguntou “Vocês não dormiram?”.
“Tentamos” respondeu Hermione parecendo cansada.
“Seu primo dormiu no quarto ao lado” contou Gina se jogando sobre a cama de Harry “Ficou roncando e falando a noite toda. Parecia bem assustado”.
Harry se esquecera completamente dos acontecimentos da noite anterior e mais ainda que seu primo tinha vindo para A Toca com ele. Tudo ainda era bastante estranho e Harry não conseguira absorver tantos acontecimentos da noite para o dia, principalmente quando alguns dos fatos incluem seu primo ser um bruxo.
“Que jornal é esse, Harry?” perguntou Hermione lhe chamando a atenção “Achei que tinha cancelado a sua assinatura”.
“E cancelei” respondeu o garoto “Peguei esse do Sr. Weasley. Olha o que veio na capa” e mostrou a foto de Fudge segurando um duende.
Hermione percorreu os olhos pela legenda da foto e tampou a boca, tamanha sua surpresa.
Harry folheou as páginas e encontrou a matéria do ex-Ministro. Havia mais duas fotos. Em uma ele batia com os pés no estômago de um duende preso por correntes; e em outra ele preparava uma torta com a cabeça do duende como recheio.

O MATA-DUENDES
Ex-Ministro da Magia é denunciado por matar duendes

Cornélio Fudge, ex-Ministro da Magia, foi denunciado ontem, por fontes seguras, ser o maior assassino de duendes desde Arproldo Bhenstein, o qual matou cem criaturas de uma só vez durante o Conselho dos Trevos, em 1425. Fudge foi capturado e levado para o Ministério da Magia, onde será julgado pela corte. O ex-Ministro pode pegar de dez a cinqüenta anos de prisão.
Amigos íntimos de Fudge confirmaram que sua maior ambição era ter o controle sobre Gringotes e dês de que foi expulso do cargo de Ministro esse desejo aumentou. “Nunca tinha visto o Cornélio desse jeito. Estava louco. Chegou a matar todos os duendes que moravam no Condado de Greewngen” disse um homem que desejou permanecer no anonimato “Ele até fez um jantar, certa noite, só com especiarias que incluíssem as cabeças das criaturas ou qualquer outra parte do corpo comestível. Os convidados ficaram muito intrigados, mas se deliciaram com os pratos” declarou o homem. A carne de duende foi proibida em 1322 pela Lei de Proteção Aos Seres Mágicos, que diz que não pode ser consumido nenhum tipo de alimento de um ser ou monstro que tem origem mágica. “Fudge sempre foi um grande apreciador de tortas de duendes” completou.
O julgamento do ex-Ministro será às oito horas da noite e será transmitido pela Rádio Bruxa, a qual apresentará uma hora de depoimentos sobre o Mata-Duendes que, segundo fontes seguras, já assassinou mais de mil e trezentos, a maioria deles foi para livre degustação.


“Afinal O Pasquim não parece contar tantas coisas absurdas assim” disse Gina olhando para a foto de Fudge na página interior, o ex-Ministro colocava nesse momento a torta do duende para assar.
Hermione parecia muito afetada com a notícia. Seu rosto estava pálido e inexpressivo.
“Hermione, você está bem?” perguntou Rony, preocupado.
“Não acredito que ele comeu duendes!” disse a garota parecendo um pouco revoltada “Como ele pôde, sabendo que isso era proibido por lei?”.
“Sabe Hermione, nem todos seguem as leis como você” disse Rony.
A garota não pareceu ofendida.
“Acho melhor nós descermos para o café” disse Hermione com um sorrisinho no rosto “Ah, e Harry, acho melhor você descer também”.
“Eu já tomei café” disse o garoto.
“Tudo bem, mas o seu primo não” disse Hermione “E acho que ele vai se amedrontar se por acaso a Sra. Weasley enfeitiçar Fred e Jorge para não fugirem como tentaram durante o almoço de ontem”.
“Eles tentaram fugir?” quis saber Harry.
“Estão tentando isso dês de que chegaram” disse Rony.
“Mamãe ficou doida e os transformou em espanadores” disse Gina parecendo achar muita graça “Papai a impediu bem a tempo de os fazer limpar a casa o dia todo”.
“Bom, e ontem eles tomaram um Invisible Corpus e tentaram passar pela cozinha sem serem vistos, mas Jorge esqueceu de tirar a cueca e bem, a Sra. Weasley os estuporou e os trancou no quarto” disse Hermione, séria.
“Invisible Corpus?” indagou Harry.
“Foi uma nova invenção deles” respondeu Rony animado “Os Invisibles transformam a pessoa que o bebe em invisível por algumas horas, mas o Fred disse que eles ainda não conseguiram ajustar o líquido para transformar as roupas também em invisíveis”.
“Então foi por isso que eles foram pegos” entendeu Harry, mas foi impedido de completar o raciocínio devido a um estrondo que encheu a casa e a fez tremer. “O que foi isso?” perguntou Harry.
“Tampe os ouvidos” disse Gina.
Harry pressionou os ouvidos com força e mesmo assim ainda conseguiu ouvir os gritos de desespero da Sra. Weasley vindo do primeiro andar. Pelo que a bruxa gritava parecia que Fred e Jorge tinham feito alguma coisa para explodirem a porta do quarto deles.
Depois que o Sra. Weasley enfeitiçou a porta dos gêmeos mais uma vez, Harry desceu com os amigos para lhes acompanhar durante o café e logo depois que se sentou, ao lado de Gina, seu primo entrou meio perdido na cozinha.
Hermione tentou ser atenciosa com Duda, o que foi difícil já que o garoto não parecia capaz de falar algo que tivesse mais de duas letras.
Rony parecia muito bravo do canto da mesa e lançava olhares fulminantes a Duda todas as vezes que Hermione lhe estava servindo salsichas. Suas orelhas estavam púrpuras e seus olhos pareciam incapazes de piscar.
Depois do café da manhã, eles resolveram jogar uma partida de Snap Explosivo, no qual Duda se esquivou igual a um rato no momento em que o baralho voou para todos os cantos do quarto, chamuscando os cabelos de Hermione, a qual parecia muito furiosa com o acontecido, muito embora não parecesse seriamente.
Durante o almoço eles foram obrigados a assistirem a uma tentativa desesperada dos gêmeos, Fred e Jorge, de retornarem para a loja que tinham no Beco Diagonal, através do Pó de Flu ao lado da lareira, no momento em que a Sra. Weasley estava ocupada servindo Harry. Quando a bruxa sentiu falta dos filhos ela fez um gesto bruto com a varinha e no instante seguinte os gêmeos estavam diante deles. Gina contou mais tarde a Harry que a Sra. Weasley tinha feito um Feitiço Adesivo neles, podendo assim os convocar a hora que quisesse.
Em uma determinada hora, na qual o Sr. Weasley chegara mais cedo do trabalho, os garotos, incluindo Fred e Jorge, foram chamados até a sala para uma pequena reunião.
“Alguém morreu?” perguntou Fred afastando seus cabelos ruivos de seus olhos e mudando a expressão feliz assim que encontrou os olhos furiosos de sua mãe.
“Na verdade estamos indo para a Ordem da Fênix” informou o Sr. Weasley.
“Mas nós não somos da Ordem” retrucou Jorge.
“Mas vocês irão conosco” disse a Sra. Weasley tentando permanecer calma “Todos vocês”.
“Até eu?” surpreendeu-se Gina.
“Sim, querida” respondeu a mãe gentilmente.
“E o Duda também?” perguntou Rony, rindo.
“Bom, creio que sim” respondeu a Sra. Weasley “Não podemos deixá-lo sozinho aqui”.
Harry olhou de relance para o seu primo. Duda tremia dos pés a cabeça e seu rosto tinha um tom esverdeado.
“Cada um pegue um pouco de Pó de Flu” mandou o Sr. Weasley passando por eles com um grande vaso nas mãos.
“Mas nós sabemos aparatar” retrucou Rony pegando com um pouco de raiva o pó e deixando cair a sua grande parte no tapete encardido.
“Nós sabemos, Rony” disse o Sr. Weasley ajudando Duda a colocar as mãos sobre o pó e a guardá-lo seguramente sob as mãos fechadas “Só achamos que seria mais seguro nesse momento”.
“Fred, você primeiro” ordenou a Sra. Weasley.
Fred caminhou calmamente até a lareira, se posicionou e pronunciou antes de jogar o pó no chão “Largo Grimmauld, número doze”. Uma labareda esmeralda surgiu do chão e as chamas verdes engoliram o garoto.
Duda ofegou e deu um passo para trás.
“Viu como é, querido?” perguntou a Sra. Weasley para Duda “Basta dizer com bastante clareza”.
“Ele não está levando muita fé, não é?” cochichou Rony para Harry, olhando para o primo do amigo que tremia mais do que seus joelhos gorduchos podiam suportar.
“Jorge, sua vez” disse a Sra. Weasley.
E um por um foi passando pela lareira e jogando o pó ao chão. Duda foi depois de Hermione e o garoto teve grande dificuldade de jogar o pó no chão, mas pelo menos não pronunciou as palavras erradas como Harry fizera em sua primeira viagem.
“Querido, sua vez” disse a Sra. Weasley.
Harry abaixou a cabeça para entrar e a lareira tampou a visão que tinha do Sr. e da Sra. Weasley ali na sala. O garoto pronunciou bem alto “Largo Grimmauld, número doze” e de repente parecia que tinha sido sugado para dentro de um ralo.

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