O segredo de Dudley



Era uma manhã anormalmente pálida para um dia de verão. No céu, não havia brechas entre as nuvens pesadas e negras. O vento gélido percorria pelas ruas carregando pedaços de jornais velhos e estremecia a superfície das gramas que alguns anos atrás enfeitavam as frentes das casas de Little Whinging. Mas o grande problema, que os noticiários urgentes sempre gostavam de lembrar, não era que Londres estava sendo perturbada por uma névoa fora de época exatamente como fora no verão passado e sim que o clima do mundo estava totalmente perturbado; parecia que as estações do ano haviam se extinguido e que apenas o inverno sobrara.

Acima de todas essas alterações pelo mundo, havia um clima ainda mais diferente dos outros pairando sobre Little Whinging, mais precisamente na Rua dos Alfeneiros 4, onde morava a família Dursley. Os Dursley’s eram uma família muito estranha; viviam fofocando sobre a vida dos vizinhos e, o que era ainda mais extraordinariamente impressionante, estimulavam seu único filho, Dudley, a bater nas pessoas. Dudley, ou Duda como era conhecido, sempre fora muito mimado pelos seus pais que sempre estavam dispostos a lhe agradar; seu saco de pancadas favorito era seu primo Harry Potter.

Harry sempre fora um garoto muito fora do comum e seis anos atrás descobrira ser mais fora do comum do que muitos vizinhos costumavam julgar pelas suas roupas rasgadas e imundas. Harry recebera a visita de Hagrid, o guarda caça de Hogwarts, que lhe dissera ser um bruxo. De início o garoto não acreditara, mas sua idéia repentinamente mudou quando viu o meio-gigante fazer brotar, através de um guarda-chuva rosa que guardava os restos de uma varinha mágica, um rabo de porco em seu primo Duda. Dês desse dia ele tem freqüentado a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts e aprendera a fazer feitiços, poções e a principalmente se defender das artes das trevas.

Em seu primeiro ano ele salvara a pedra filosofal, a qual seria roubada pelo Prof Quirrel que pretendia entregá-la a Voldemort para que assim ele retorná-se ao poder depois de dez anos. No ano seguinte, ele salvara toda a escola de um basilisco que vivia na câmara secreta e saia pelo encanamento do colégio a procura de vítimas. No terceiro ano de estudo, Harry enfrentara cem dementadores e voltara no tempo para salvar a vida de seu padrinho que no final da história era inocente de todos os crimes que cometera. Em seu quarto ano, entrou por acaso no Torneio Tribruxo e fora obrigado a competir em três tarifas em que lhe arriscava a vida; na última delas, num labirinto, ele alcançara a Taça do Torneio junto com seu colega Cedrico Diggory e os dois foram levados para um longínquo cemitério; Cedrico fora morto e Harry enfrentara uma batalha com Voldemort após seu retorno. Depois de tantas aventuras o garoto ainda descobriu no ano seguinte algo que provocou uma grande reviravolta em seu mundo, a descoberta de uma profecia, a qual falava o motivo pelo qual o Lord das Trevas tentou o matar quando bebê, fez com que seus maiores medos se acentuassem em relação à própria sobrevivência quando chegasse a hora do verdadeiro e último confronto. Porém quando passou a freqüentar o sexto ano em Hogwarts, ele descobriu tudo o que precisava saber sobre Voldemort, enfrentou os maiores desafios de um adolescente, como o amor; e ainda sofreu internamente com a morte do diretor da escola, Dumbledore. Agora que o diretor já não se encontrava mais, ele estava disposto a não voltar para a escola e ir atrás das Horcruxes para matar Voldemort.

Dumbledore havia lhe dito sobre eles. São seres ou objetos onde um bruxo das trevas aprisiona a sua alma, impedindo que assim se torne um mero mortal, tendo a possibilidade de sobreviver enquanto as almas estiverem aprisionadas. Harry destruíra em seu segundo ano um horcruxe sem saber; o Lord havia aprisionado um pedaço de sua alma nas páginas de seu antigo diário. Dumbledore acabara com outro, o qual era um anel e o irmão de seu falecido padrinho destruíra um outro. De acordo com o diretor restavam apenas mais três, pois o sétimo seria o próprio Voldemort. Harry precisava descobrir o paradeiro dos horcruxes para destruir Voldemort e para isso contaria com a ajuda de seus dois melhores amigos Rony Weasley e Hermione Granger, muito embora não concordasse com a idéia deles arriscarem a vida.

Havia algumas semanas que estava hospedado na casa de seus tios, nunca desejara tanto o dia de seu décimo sétimo aniversário quanto nesses últimos dias. Assim que desse meia-noite ele estaria com as malas prontas para sair da casa dos Dursley. Para onde ia, nem ele mesmo sabia dizer, porém estava decidido de que não pensaria duas vezes antes de sair dessa casa que tanto lhe fez sofrer.

Na noite em que antecedia seu aniversário, Harry foi chamado até o hall pelo seu Tio Valter. O garoto desceu a escada, passou por um Duda esverdeado e seguiu até onde seu corpulento tio tampava a passagem para o ambiente. Assim que conseguiu passar pelas gorduras do Tio Valter, Harry descobriu o motivo pela reação de Duda: acomodados em cima do bonito tapete persa de Tia Petúnia, estavam Lupin, Tonks e, para a surpresa de Harry, a Sra. Weasley, todos os três pareciam pálidos e tinham as expressões sérias.

“O que vocês estão fazendo aqui?” indagou o garoto.

“Harry, querido, viemos pegar você” respondeu a Sra. Weasley abraçando o garoto.

“Como assim me pegar?” o garoto achou ser uma espécie de piada.

“Bom, recebemos instruções de Dumbledore antes que ele falecesse...” ia dizendo Tonks dando-lhe um sorriso amplo antes de ser interrompida pela voz distante do Tio Valter.

“O velho morreu?” quis saber.

Harry o encarou com raiva.

“...ele queria que o levássemos para a casa de Molly quando chegasse a hora” continuou Tonks sem dar atenção ao muxoxo de alegria que o tio de Harry dava.

“Nós vamos agora?” perguntou o garoto já saindo do hall para pegar a mala pronta.

“Vamos em alguns instantes” disse Lupin com os olhos penetrantes “mas antes temos que falar com seus tios, Harry”.

“Aquele velho já nos disse tudo sobre a bobagem de proteção que esse garoto tem nessa casa e que ela acabaria esse ano” respondeu Tio Valter de maus modos “E não queremos mais esse garoto aqui, nunca o queremos...”.

“Você não entende o que isso significa, não é Valter?” disse Tia Petúnia saindo da cozinha com seu avental florido.

“Claro que sei, Petúnia!” retrucou ele sem paciência “Nós vamos finalmente se livrar desse garoto”.

“Eu que deveria estar agradecido por isso” disse Harry “Vocês nunca cuidaram de mim como Dumbledore pediu”.

“Dumbledore sempre achou que vocês não eram dignos de cuidar do Harry, mas concordou que para o bem dele essa seria a melhor opção” contou Lupin se aproximando do garoto e lhe apoiando nos ombros ossudos “Ele foi o maior mago que existiu em toda a face da Terra, tinha um coração divino, o Dumbledore, e sempre olhava o lado bom das pessoas muito embora elas não o tivessem”.

“Dumbledore soube imediatamente, antes de morrer, que Harry, quando completasse a maior idade, iria querer sair o mais depressa possível da casa dos tios, e nos alertou dizendo que ele não teria um lugar para ir” disse a Sra. Weasley.

“Por mim ele pode ficar na rua!” rosnou Tio Valter.

“Não Valter, ele não poderia” disse Tia Petúnia de cabeça baixa.

“Mas o quê que está acontecendo com você, Petúnia?” irritou-se Tio Valter.

“Assim que ele completar os dezessete anos, a nossa casa irá ficar desprotegida...”.

“Isso não interessa mais, ele irá embora” interrompeu-a o Tio Valter com a cara púrpura.

“Mas nós ficaremos!” gritou Tia Petúnia “O que nos deixa desprotegidos também. Se o Lord das Trevas vier atrás da gente?”.

“E por que ele viria?” perguntou Tio Valter com os olhinhos miúdos.

“Por causa de seu filho” respondeu Tonks.

Tio Valter parecia ter acabado de levar uma bofetada na cara.

“Mas... mas o que tem... o meu filho?” perguntou o tio sem fôlego.

“Ele é um bruxo, Valter” disse Tia Petúnia com os cantos da boca trêmulos.

“Que brincadeira mais sem graça, Petúnia. Nosso filho? Nosso filho da mesma laia do que esses imundos...?”.

“Isso mesmo” respondeu Tonks.

“Ele apresentou o primeiro índice de magia há dois anos atrás, quando foi atacado por Dementadores” contou Lupin “Há pessoas que demoram a desenvolver a magia e seu filho é uma delas”.

“O Ministério da Magia lhes mandou uma carta, pedindo a presença do garoto em uma audiência no dia 15 de Agosto para decidir se ele receberia o direito de usar o vira-tempo para recuperar os anos em que esteve ausente” disse Tonks “Mas o garoto não compareceu e a carta só foi respondida no final do ano passado, o que o Ministério se prontificou a atender, embora todo o estoque do vira-tempo tivesse quebrado na noite em que Harry e seus amigos invadiram o Departamento do Ministério”.

“Você se correspondeu com essa gente?” perguntou Tio Valter.

“Não só com o Ministério, Valter, mas também com Dumbledore que me deu apoio e me explicou que essa seria a atitude mais correta que eu poderia seguir” contou tia Petúnia “Dumbledore achou que deveríamos nos integrar ao mundo da magia e concordo com ele, Valter, temos que entrar para o mundo deles...”.

“Você ficou doida!” berrou Tio Valter “Não vamos entrar para o mundo dessa gente!”.

“Mas Valter, lá iremos estar protegidos e o nosso filho...”.

“Não quero ouvir mais nenhuma palavra sua” disse Tio Valter com rispidez.

“Você não pode me impedir de falar” retrucou Tia Petúnia “Se você pretende ficar nessa casa, acho que teremos que nos separar, Valter”.

Harry estava muito espantado com tudo que estava ouvindo. Não acreditava na terça parte que seus ouvidos lhe contavam. Seu primo que morria de medo da pronunciar a palavra magia e que se espreitava nas paredes todas as vezes que via um mago, era um bruxo? Isso era decididamente impossível. E ainda por cima sua tia, a qual tentou durante dez anos expurgar a magia que existia dentro dele, estava se separando do seu tio para viver no mundo dos bruxos. O que estava acontecendo?

“Por que esse bruxo do mal iria vir atrás do nosso filho?” perguntou Tio Valter mais simples.

“Ele está recrutando jovens para se tornar Comensais da Morte, seu filho maltratou Harry durante todos esses anos e Você-Sabe-Quem está atrás de gente que odeie o Harry” explicou Tonks “Seu filho se tornaria um grande partidário de Você-Sabe-Quem e ainda seria muito bem tratado pelo Lord depois de ter passados longos anos infernizando a vida do Harry”.

“Viemos aqui porque Dumbledore pediu para não só levarmos Harry como vocês três também” disse Lupin finalmente soltando os ombros de Harry, estava começando a doer.

“Nós não iremos” disse Tio Valter, porém sem elevar a voz como normalmente fazia com todos aqueles que lhe parecesse uma grande ameaça.

“Você não irá, Valter, mas eu e o Duda vamos com eles” disse Tia Petúnia.

Harry olhou para o tio, sentia pela primeira vez pena dele, sabia que estava enfrentando um grande dilema em seu interior: se fosse com a família, para o mundo de Harry, estaria quebrando as palavras que viera pregando nesses últimos dezesseis anos, mas se resolvesse ficar na Rua dos Alfeneiros ele perderia a esposa e o filho.

“Eu não vou” disse o tio e pela primeira vez Harry via lágrimas em seus olhos.

“Mas Valter...” tentou Tia Petúnia, embora sua boca tremesse tanto que estava sentindo grande dificuldade de falar.

“Não posso impedir você de ir” disse Tio Valter sem encarar a mulher.

“Se a senhora se apressar, Sra. Dursley, podemos ir todos juntos” informou Tonks “Os Comensais devem invadir aqui assim que der meia-noite e faltam apenas vinte minutos”.

“Harry, querido, vá pegar sua mala para podermos ir” pediu a Sra. Weasley delicadamente.

Harry concordou com a cabeça e saiu correndo para seu quarto, pegou a mala e desceu correndo mais uma vez, tropeçando em um molho jogado no último degrau. Era seu primo, Duda.

“O que você está fazendo aqui?” irritou-se Harry.

“Ah, é você, Harry” disse Duda com os olhos fora de foco.

“Nós vamos embora daqui a pouco, vá pegar as suas coisas” mandou Harry, mas Duda parecia incapaz de mexer um músculo.

“Harry... me desculpe” pediu o primo.

“Do que você está falando?”.

“Eu... esses anos todos...”.

“Ah, tá tudo bem”.

“Não, não está” retrucou o primo “Eu te maltratei por ser um bruxo e, no entanto, eu sou... um”.

“Tá tudo bem, Duda, mas anda se não você vai ficar aqui com o seu pai”.

“Minha mãe tá fazendo isso por mim... Vai se separar do meu pai para me... proteger”.

“Eu sei que é comovente, mas temos que ir Duda” disse Harry com pressa.

“Eu... Eu preciso de suas desculpas, Harry. Eu não posso sair daqui sem você me perdoar”.

Harry encarou o primo com raiva, isso não era hora para brincadeiras. Ele nunca pedira desculpas a Harry e não seria agora, nesse momento, que ele iria o fazer.

“Tudo bem Duda, eu te perdôo, mas levanta logo daqui pra gente poder ir embora” disse Harry o ajudando a se levantar pelos cotovelos maciços “Não demora”.

Duda subiu a escada se apoiando na parede e entrou em seu quarto. Harry continuou sua trajetória até o hall, onde seus tios estavam abraçados, chorando. Era a primeira vez que eles derramavam uma lágrima sentimental na frente de Harry.

“Está pronto?” perguntou a Sra. Weasley lhe abraçando.

Harry confirmou com a cabeça.

“Bom, faltam dez minutos” informou Tonks “Acho melhor apressarmos as coisas”, a bruxa ergueu a varinha e com um gesto largo um fino feixe de luz dourada passou pelos tios de Harry e sumiu pela escada, segundos depois ela retornou, trazendo três malas e Duda, pendurado pelo pé.

“Acho que agora já podemos ir” disse Lupin.

“Tem certeza que você não quer ir, Valter?” insistiu Tia Petúnia.

“Tenho, querida” respondeu o tio lhe dando um grande abraço.

“Hum, temos que ir lá para fora... Sabe, pra podermos aparatar” disse Tonks.

“Não podemos fazer isso aqui?” perguntou Harry.

“Essa casa tem tantas proteções quanto Hogwarts” contou a Sra. Weasley “Ninguém pode aparatar aqui dentro”.

Lupin avançou pelo hall e abriu a porta, uma névoa pálida invadiu a casa e pairou sobre eles. Harry foi empurrado pela Sra. Weasley até o portal, o garoto deu uma última olhada para a casa, finalmente estava a deixando para sempre.

“Varinha erguida, Harry” mandou Tonks colocando a sua a frente do rosto.

A Rua dos Alfeneiros estava irreconhecível e se fosse em outros tempos, Harry tinha certeza de que seus tios teriam um ataque. Havia uma dúzia de Dementadores do outro lado da calçada circulando um grupo de Comensais da Morte, que por vez circulavam o maior bruxo das trevas de todos os tempos, o responsável pela morte dos pais de Harry e pela cicatriz em forma de raio que jazia em sua testa, era ele, o de quem todos temiam dizer seu nome: Lord Voldemort.

“Não ataquem ainda” falou uma voz conhecida vinda de uns dos muitos Comensais da Morte “A casa estará protegida até a meia-noite”.

“Então, você se juntou mesmo a eles, não é Severo?” perguntou Lupin “Traidor, é o que você é. Dumbledore confiou tanto em você”.

“Tolo Dumbledore, sempre com sua mania de acreditar que as pessoas são boas. Mereceu o destino que teve” disse Snape.

“Faltam dois minutos para podermos atacar, Milorde” informou Belatriz Lestrange.

“Harry, quero que você, sua tia e seu primo vão para seu quarto e se tranquem lá dentro” murmurou Lupin para os três.

“Mas vocês estão em desvantagem” disse Harry que tinha pensado que iria lutar junto com Lupin, Tonks e a Sra. Weasley, que erguia a varinha trêmulamente.

“Não estamos, Harry” cochichou Tonks.

Harry ergueu a varinha e se posicionou na frente da tia e do primo. Faltavam apenas alguns segundos para que acabasse a proteção em torno da casa. Os Comensais da Morte já se posicionavam para atacarem. Voldemort apenas guardou a varinha no bolso interno das vestes.

“Dez segundos” murmurou Tonks respirando fundo.

Os Dementadores flutuaram mais alguns centímetros acima do chão e passaram para frente dos Comensais, em forma de proteção, como se fossem um escudo.

“Quatro...” disse Tonks olhando o relógio “três... dois... um”.

Uma grande luz envolveu a casa e depois explodiu, iluminando cada ser presente naquela rua. Os vizinhos correram para a janela para ver o que estava acontecendo ao mesmo tempo em que várias pessoas apareciam do lado da casa dos Dursley’s e vários feixes de luz verde passavam por eles.

Harry saíra correndo com sua tia e primo de volta para a casa, os dois pareciam muito pálidos. Logo à frente da porta, um Comensal da Morte aparatou e ergueu a varinha.

“EXPELLIARMUS!” berrou uma mulher ao lado de Harry e a varinha do Comensal foi arremessada para longe. “Ande Harry, para o quarto!” ordenou a Profª McGonagall empurrando Harry para o portal.

Harry entrou na casa e a viu rodeado por Comensais e sobre o tapete persa de Tia Petúnia jazia...

“Valter!” berrou Tia Petúnia levando as mãos até a boca.

Harry acompanhou a trajetória de um Comensal que erguera a varinha em direção dele. E mal o homem abrira a boca para anunciar o feitiço, Harry gritou “RICTUSEMPRA!”. Um jorro de luz prateada atingiu o Comensal no estômago e este se dobrou, com dificuldade para respirar.

“Vamos” disse Harry puxando a tia pelos punhos.

Os três subiram a escada correndo e do primeiro degrau um Comensal anunciou um feitiço que bateu nas costas de Harry e o fez colidir com a parede no outro extremo. Harry se levantou, correu até a escada e disse claramente “PETRIFICUS TOTALUS!”. O feitiço atingiu o Comensal que juntou braços e pernas e desabou sobre o chão lustroso de Tia Petúnia.

“Você o matou?” guinchou Tia Petúnia.

“Não, é só um feitiço para ele não se mexer” disse Harry apontando a varinha para um homem de cabelos oleosos que vinha em sua direção, era Snape. “PETRIFIC...”, mas Snape fora mais rápido “EXPERLLIARMUS!”.

Harry foi jogado para trás e caiu no chão, sua varinha rolou para onde estavam sua tia e seu primo. Snape aparatara em frente a Harry e o puxara pela gola, apontando sempre a varinha na direção do peito esquerdo do garoto.

“Como desejei esse momento” disse Snape “Como sempre quis poder lhe lançar um feitiço, Potter”.

Duda apanhara a varinha de Harry, do chão, Tia Petúnia tampou a boca e o filho gritou “PETRIFICUS TOTALUS!”. Snape foi arremessado para a parede e bateu de cara nela.

“Obrigado, Duda” agradeceu Harry se levantando com a ajuda da tia e pegando a varinha das mãos do primo. “Vamos para o quarto”.

Os três passaram pela porta de Harry e o garoto ergueu a varinha rapidamente “COLLOPORTUS!” e em seguida lançou o mesmo feitiço a janela, ao lado da cama. “Agora estamos protegidos”.

“Ah, meu deus, Valter” soluçou Tia Petúnia com os olhos marejados. “Por que ele não quis vir com a gente?”.

Harry levantou-se e olhou pela janela, lá embaixo, na rua, estava ocorrendo a maior batalha que já assistira até hoje incluindo a que ocorreu no Departamento do Ministério. Todos os membros da Ordem da Fênix se encontravam lutando e todos os professores de Hogwarts também, inclusive a imprevisível Sibila Trelawney, que ensinava Adivinhação.

Algo pesado caiu sobre a porta do quarto e a atenção de Harry foi levada para sua tia e seu primo, ambos encolhidos na cama desconfortável de Harry.

“O que está havendo?” perguntou Duda.

“BOMBARDA!” a porta do quarto explodiu e pelo buraco passaram Snape e Belatriz Lestrange.

Belatriz ergueu a varinha em direção a Tia Petúnia e Harry gritou “IMPEDIMENTA”, Belatriz fora arremessada para fora do quarto.

“CRUCIO” sibilou Snape em direção a Duda. O garoto caiu no chão gritando e se contorcendo. “Se não quiser que seu primo morra, Harry, se entregue”.

“Nunca! EXPELLIARMUS!” a varinha de Snape fez um gracioso círculo no ar e caiu em cima da inconsciente Belatriz. “TARANTALLEGRA!” pronunciou Harry e Snape passou a sacudir as pernas de forma descontrolada.

Harry sentiu a cicatriz estuporar a sua cabeça. “FINITE INCANTATEM” gritou Voldemort da porta e Snape parou de dançar.

“Agora você não tem mais o estúpido do Dumbledore para te defender” disse Voldemort dando pequenos passos pelo quarto. “Somos só eu e você”. O homem ergueu a varinha em direção ao peito de Harry e disse pausadamente “AVADA KEDAVRA!”.

Em uma pequena fração de segundos Harry vira uma coisa que nunca imaginaria, nem em seu sonho mais absurdo, que pudesse acontecer. Um feixe de luz esmeralda veio em sua direção e atingiu em cheio o peito de sua tia, que se jogara em sua frente para lhe proteger da morte. Tia Petúnia cambaleou e caiu no chão. Duda soltou um guincho.

“Idiota” disse Voldemort para Tia Petúnia “Assim como sua irmã, preferiu morrer para salvar a vida do garoto de quem nem ao menos gostava”.

“Ela gostava de mim” disse Harry olhando para o corpo da tia no chão com um forte aperto no peito “Morreu para me salvar”.

Essas últimas palavras pareceram afetar Voldemort, pois ele retrocedeu alguns passos e parou com a varinha erguida para Harry. “Você recebeu mais uma proteção. A mesma que sua idiota mãe lhe deu, antes de morrer” disse apontando para o coração do garoto.

Harry então se lembrara o porquê de não ter morrido na noite em que Voldemort matara seus pais. Sua mãe escolhera morrer por ele e por isso lhe deixara uma marca entranhada em seu sangue, uma magia antiga, mas muito válida e agora, nesse momento, Tia Petúnia involuntariamente, talvez, acabara de reativar a proteção que Harry tinha e dessa vez tão mais forte que Voldemort estava de novo impedido de tocá-lo.

Voldemort apontou a varinha para Duda “Está na hora de você se reencontrar com seus pais trouxas”.

“CRUCIO” berrou Harry e Voldemort soltou a varinha seguida por um grito de fúria.

“Você não está querendo me machucar, Potter, assim o feitiço não faz efeito sobre a pessoa a que se quer enfeitiçar” disse Voldemort maliciosamente, encarando Harry com suas pupilas de gato. “É preciso querer, Potter. Vou te dar mais uma chance, vamos, me enfeitice”.

“CRUCIO” Voldemort deu uma leve contorcida, mas continuou com o sorriso maníaco estendido pelo rosto pálido.

“Mas uma chance” disse Voldemort gozando de tudo como se fosse uma brincadeira.

Harry irritou-se profundamente com tudo aquilo. Estava diante do homem que matara seus pais, seus tios e, de uma certa forma, Dumbledore e não conseguia lhe causar dor, isso o deixava desesperado, mas a imagem de Dumbledore veio a sua mente e uma força inesperada lhe tomou conta. “CRUCIO!”.

Um fino feixe de luz jogou Voldemort contra a parede externa do quarto, o homem caiu sobre Belatriz e se ergueu com um filete de sangue escorrendo por seu nariz. Ele esticou a mão magra e disse: “Accio Varinha!”, sua varinha voou até seus dedos e ficou posicionada em forma de luta. “Minha vez” disse Voldemort “Diffin...”.

“IMPEDIMENTA” protegeu-se Harry e o feitiço voltou-se a Voldemort, lhe atingindo no peito.

Snape fizera igual a Voldemort e convocou sua varinha, a ergueu ao mesmo tempo em que Duda se encolhia atrás de Harry.

“Nunca mais você irá atrapalhar nossos planos, Potter” disse Snape.

“ESTUPEFAÇA!” um jato de luz vermelha atingiu Snape que cambaleou de costas e caiu. Voldemort se ergueu com a varinha em posição.

“Você é o garoto mais intrometido que eu tive o desprazer de conhecer” disse o Lord. “Acho que já está na hora de crescer, Potter. As brincadeiras acabaram”.

“EXPELLIARMUS” Voldemort foi arremessado mais uma vez para trás e caiu entre Snape e Belatriz. Passos firmes encheram o corredor e Tonks aparecera no quarto.

“Você está bem?” perguntou ela olhando para os três corpos inertes no chão.

“Acho que sim” respondeu o garoto.

“Harry, leve seu primo para a Toca, de lá iremos para a cede da Ordem” ordenou Tonks olhando para Voldemort, o qual já estava recuperando os sentidos. Tonks tirou o tênis do pé e entregou-lhe a Harry que prontamente o segurou ao mesmo tempo em que obrigava o primo a tocar uma parte dele. “Pronto? Um... dois... três”.

Harry sentiu um forte puxão no umbigo e cores difusas passar por ele, sentia seu primo bater-lhe com o corpo de lado. Em pouco tempo os borrões de cores foram cessando e ele se viu ajoelhado, com seu primo do lado, na cozinha da Toca.

“Harry, você está bem?” perguntou uma voz feminina, a qual fez o coração de Harry dá um solavanco. Diante dele e de seu primo, parecendo extremamente preocupada, estava Gina Weasley, com seus bonitos cabelos flamejantes presos em uma toca florida de dormir.

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