A visita à TOCA



Harry estava no Noitibus Andante aproximadamente trinta minutos. Era quase impossível ver com clareza o lado de fora. Harry olhava pelas janelas, mas não conseguia identificar nada. O Noitibus movimentava-se tão rapidamente que os olhos ficavam cansados, chegava a ter uma leve tontura.
No final do Noitibus vinha um rapaz jovem, de uniforme, trazendo um carrinho cheio de comida. Harry tinha saído da casa de seus tios sem tomar café da manhã e agora estava faminto.

- Bom dia! Sou Hubert, o novo funcionário do Noitibus. – Hubert era bem alto, moreno, usava um uniforme cinza com um brasão preso na camisa, indicando seu nome. – Desejam alguma coisa?

- Eu quero sim – falou Harry escolhendo o que queria. – Srtª Figg, deseja alguma coisa? Tem vários doces aqui. – perguntou Harry.

- Não querido, muito obrigada, já tomei café antes de sair de casa. – Harry se ajeitava para começar a tomar seu café e resolveu puxar assunto com a Srtª Figg.

- Porque a senhora decidiu sair da Rua dos Alfeneiros? É por minha causa?

- Sim Potter. Tinha como missão te vigiar, você já sabia disso. – Harry concordava com a cabeça – Agora que será maior de idade não será preciso morar mais na casa de seu tio. E eu também posso voltar para meu antigo lar.

- Onde a senhora morava?

- No Beco Diagonal. Bem próximo a Floreios e Borrões. É um antigo Duplex, moro no andar de cima. Fique a vontade quando quiser me visitar. – Harry sorria para ela. – E a respeito de Hogwarts, já se decidiu querido? Irá estudar em Beauxbatons como o Ministério está impondo?

- Ainda não sei – mentiu Harry – Provavelmente irei para Beauxbatons, concluir meu último ano.

- Sou contra a atitude de Scrimgeour fechar Hogwarts. Nunca aconteceu isso antes. Aquela escola está aberta a anos. Muito estranho saber, que passará uns tempos sem funcionar. – Figg lia o exemplar do Profeta Diário procurando alguma notícia a respeito.

- Srtª Figg – chamou Harry – a senhora estudou em Hogwarts?

– Não Potter – falou Figg – sou um aborto, não podia estudar em Hogwarts.

- Como é ser um aborto? – perguntou Harry de imediato

- Uma pessoa que nasce abortada não é capaz de realizar magias. Vários motivos podem ocasionar o nascimento de um aborto – falava Figg calmamente – No meu caso foi à união de parentescos. Minha mãe casou com um primo.

- Mas seus pais são bruxos?

- Sim. A junção de parentes bem próximos pode ocasionar a abortagem ou não. Eu nasci assim, já minha irmã Dorella Figg, não é um aborto. Ela nasceu bruxa como meus pais.

- Argus Filch também é um aborto. E um dia vi em sua sala um exemplar de como aprender simples magias. Isso é possível para um aborto?

- Normalmente sim Potter. Eu sou capaz de realizar simples feitiços, como Alorromora e Wingardiun Leviosa. Mesmo assim com certa dificuldade – ria Figg.

- Muito complicado de entender sobre abortagem. – falava Harry confuso.

Srª Figg começando achar graça de Harry falou: - Não é nada complicado. Convivi no meio dos trouxas durante muitos anos. E percebi que eles possuem muitas doenças que nós bruxos não temos. E possuímos muitas que eles não tem. O aborto é um exemplo disso. Porém não podemos tratar a abortagem como uma doença. E sim uma deficiência talvez. – Harry concordava com a cabeça. – Você diria que uma pessoa cega é uma pessoa doente?

- Não – disse Harry.

- A mesma coisa acontece com nós abortos. A incapacidade de realizar magia no mundo bruxo e praticamente a mesma incapacidade de um trouxa não enxergar em seu mundo. Claro que tudo é muito relativo. Tem abortos e “abortos”. Eu sou capaz de realizar simples magias. Mas tem aqueles que não conseguem realizar nada. Nenhum feitiço.

Harry passou o resto do tempo conversando com a Strª Figg a respeito dos “abortos “ e outras doenças do mundo mágico. Como ambos tinham uma grande convivência com os trouxas, fizeram engraçadas comparações dos dois lados. O tempo ia passando e novos passageiros entravam no Noitibus e muitos deles aos poucos iam saindo. Harry esperava chegar à casa de Rony até o almoço. Mas para sua surpresa ao olhar pela janela, já podia avistar de longe o caminho à casa dos Weasleys.

- Chegamos Harry. – dizia feliz Arabella Figg. – Mas sinto muito não poder acompanhá-lo até a TOCA. Tenho compromissos no Beco Diagonal. Mande lembranças a Molly e a Artur. E boa sorte em sua nova escola.

- Muito obrigado por ter me buscado, Srtª Figg – Agradecia Harry – Pode deixar que mando lembranças aos pais de Rony.

Harry descendo do Noitibus, e com ajuda de Hubert pegava seus pertences. Delicadamente acenava, despedindo-se da Srtª Figg. Ao pegar tudo, podia avistar o Noitibus partindo. Agora seguia a caminho da TOCA.
Vista de longe lembrava um moinho abandonado. Sua enorme altura despertava atenção de todos que próximo passavam. O jardim foi tomado pelos pequenos gnomos. Podia notar famílias deles tendo como casa, os buracos próximos às árvores. Ao aproximar-se da casa Harry começava rir sozinho com a cena que via. Molly correndo atrás dos gnomos com uma vassoura na mão, e do outro lado do jardim Fleur Delacour dava grandes berros, pois um gnomo adulto corria atrás dela. Fred, Jorge e Rony lançavam feitiços em alguns deles. Uma verdadeira baderna acontecia no jardim dos Weasleys. Harry chegou mais perto e Rony surpreso notou sua presença.

- Harry! – gritava Rony – Com seu grito despertou a atenção de todos, e tentaram esquecer os gnomos para receber Harry. Mas não foi possível. Fleur gritava histericamente por causa do gnomo que agora estava agarrado em seus longos cabelos dourados.

- Viu Fleur, eu te disse para não mexer nos filhotes. – brigava Molly – Temos que tirar primeiros os pais para depois os filhotes. – E com algumas palavras, murmurou um feitiço que atirou o gnomo para longe.

- Bom dia Harry – dizia Molly – Arabella Figg que te trouxe?

- Sim. Viemos pelo Noitibus. Ela mandou lembranças pra vocês. Não pode passar aqui, pois tinha compromissos no Beco Diagonal. - Harry muito envergonhado, olhava para Gina, que estava atrás de sua mãe. Fred e Geoge percebendo os olhares começaram a rir.

- Vamos entrar Harry – falou Rony – Depois continuamos a caça aos gnomos. – George ajudava Harry com seu malão, enquanto Fleur carregava alegremente a gaiola de Edwiges. – Há anos não vemos tantos gnomos. Essa temporada está demais – dizia Molly. – E Gina caminhava próximo a Harry sem falar nada. Não se viam desde o último dia em Hogwarts, no funeral de Dumbledore. Ele disse a ela, que não poderiam mais ficar juntos, pois estaria muito ocupado a procura dos Horcruxes. Não haveria tempo para continuarem juntos. Ao entrarem na cozinha uma pequena coruja entrava pela janela. Aterrissando em cima da mesa. Ela trazia uma carta presa no bico. Rony tirando a carta da coruja logo viu que era de Hermione. Reconheceu pela letra.

- A carta é de Hermione. – Rony abrindo o envelope leu o que continha e depois disse: - Ela está dizendo que chegará daqui a dois dias e.... Espera, hã! – disse Rony lendo novamente. – Aqui diz que tem uma notícia terrível para nós.

- Que notícia? – falaram Harry e Gina juntos.

- Hum.... – continuava Rony – ela não fala o que é. Leiam vocês mesmo. – Harry pegou a carta da mão de Rony e leu apenas o final.

....Não tenho muito que dizer. Apenas uma terrível notícia que me deixou muito triste. Quando eu chegar na TOCA falo com vocês.

Hermione
- Que estranho – falava Harry. Que coisa terrível é essa?

- Talvez não seja nada de mais. Hermione tem mania de exagerar tudo. - dizia Rony – Harry, tem lido o Profeta Diário nos últimos dias?

- Claro que sim. E já me resolvi. Não irei para Beuxbatons. E vocês?

- Não resolvia ainda - falava Srª Weasley – Daqui uns dias iremos para o Beco Diagonal e me informarei melhor sobre o assunto.

- Mamãe ta pensando em mandar – resmungava Rony – Mas eu não quero ir.

- Rony! Enquanto você estiver morando debaixo do meu teto, terá que me respeitar. Ainda vou decidir. Você não pode perder seu último ano assim.

– Fico um tempo sem estudar, quando Hogwarts reabrir eu volto. – retrucava Rony

– O problema querido, é que não sabemos por quanto tempo a escola ficará fechada.

– Mas Harry disse que não vai. – continuava Rony

– Harry é outro caso. Daqui uns dias será maior de idade e provavelmente não precisará de seus tios para decidir isso.

- Mas eu já tenho dezessete. Isso não é justo.

- Ronald Weasley, abaixe o tom quando falar comigo. Enquanto morar aqui, tende a me respeitar. – brigava Molly no momento que servia o almoço - E já te disse que ainda não resolvi nada. Quando formos para o Beco Diagonal me decidirei.

A discussão parou. Molly com a varinha trazia o almoço na mesa. Uma enorme panela no centro, que continha batatas ensopadas fora devorada por todos em apenas alguns minutos.
A tarde ia acabando. O crepúsculo ia nascendo. Harry imaginava que seu primeiro dia na TOCA seria de mais empolgante. Mas seu enrolo com Gina o incomodava. Já estava na casa dos Weasleys a horas, e não tivera coragem de puxar nenhum assunto com ela. E nem ela com ele. Harry passou horas conversando com os gêmeos sobre o sucesso das Gemialidades Wesleys. Sobre os novos projetos de vendas que estavam por vir. Com o lançamento exclusivo dos Óculos Raxintes, aproximando a vista até cinqüenta metros de distância. Podendo ver tudo bem mais perto. Harry imaginava que eles colaram a idéia do mundo Trouxa. Pois a nova invenção funcionava igualmente a um binóculos. A hora passava rapidamente. E Molly já cansada de mandar todos para cama. Artur já havia chegado do Ministério e dizia que havia muita confusão nesses dias, por causa do Fechamento de Hogwarts. Pediu desculpas novamente a Harry por não ter ido buscá-lo. O que Harry já tinha entendido há muito tempo.
Todos já haviam ido se deitar. Harry não conseguia pegar no sono. E para atrapalhar ainda mais, Rony que dormia na cama ao lado roncava suavemente. Retirou de sua bolsa a caixa vermelha que sua Tia tinha lhe dado. Preferindo esperar Hermione chegar para contar a ela e Rony sobre tudo que sua tia tinha lhe contado. Segurando a pequena caixa na mão, saiu do quarto e foi até a cozinha dos Weasleys tomar um copo d’agua.

- Percebo que não é o único que não consegue dormir. – falava uma voz fina e suave atrás dele.

- Er... – rangia Harry – Olá Gina. – falava pela primeira vez com ela. – Queria te pedir desculpas por não ter falado com você. Er… que… você…

- Não precisa desculpar-se – ria Gina achando graça do nervosismo de Harry. – Eu também me senti envergonhada depois de tudo que aconteceu.

- É, eu sei. – Harry sentava-se na cadeira colocando a caixa vermelha em cima da mesa.

- Que caixa é essa? – perguntava Gina. – Harry não podendo negar sua explicação resolveu esclarecer tudo para Gina.

- Recebi esta caixa de minha Tia Petúnia antes de sair casa. Era de minha mãe.

- E o que tem aí?

- Nem imagino. Minha tia disse que minha mãe pediu para que ela me entregasse essa caixa quando eu completasse dezessete anos. Estou ansioso para saber o que tem aí dentro. Mas prometi que só abriria no meu aniversário, faltam apenas alguns dias.

- Hum… - admirava Gina. – É muito nobre da sua parte respeitar um pedido de sua mãe Harry.
- É o mínimo que posso fazer. Ela junto de meu pai sacrificou sua vida por me salvar. E ainda teve a ilustre coragem que realizar um feitiço antes de morrer. – dizia Harry se aproximando mais de Gina. – Hoje estou vivo, foi por causa dela. Conseguiu conjurar uma avançada magia capaz de me proteger dos ataques de Voldemort. – Harry após terminar de falar o nome de VOCÊ – SABE – QUEM, percebeu um certo incômodo por Gina.

- A história de sua vida é deslumbrante Harry. Não é comum encontrar por aí um jovem que sobreviveu ao ataque do bruxo mais perverso que existe. Você é o ”Escolhido”. Você é Harry Potter, o menino que sobreviveu. – falava Gina emocionada.

- Gina...

- É a pura verdade. – interrompia Gina, que pegava nas mãos de Harry – Não adianta esconder o que está tão claro. Mesmo que seja contra sua vontade. Quando tudo isso realmente chegar ao fim...

- Se chegar – falava Harry calmamente.

- ...você será lembrado por todos. Não seja pessimista. O bem sempre vence o mal. Não vamos mudar as regras.

Harry ficou abismado com a maturidade que Gina tinha alcançado. Nunca tinha percebido realmente como era seu interior. A via apenas como a irmã de seu melhor amigo. Como a jovenzinha do grupo, a garotinha que todos tinham que cuidar. Há poucos meses fora capaz de descobrir que convivia com uma pessoa muito especial, muito diferente do que imaginava. Essa engenhosidade que despertava um sentimento por ela. Era capaz de agir freneticamente em diversas situações. Era uma pessoa de alma viva, era um ser raro, era seu amor que estava em sua frente. E sem falarem nada, se aproximaram. Harry não podia evitar, muito menos ela. Um suave beijo unia um lábio ao outro.
Alguns segundos depois, Gina encabulada falou com Harry:

- Melhor eu ir deitar. Papai não ficará satisfeito em saber que estou acordada até esta hora. – E despedindo-se de Harry, voltou para seu quarto. Harry terminando de beber seu copo d’água, pegou a caixa e foi para o quarto de Rony pensando consigo mesmo: “O que será que tem nesta caixa”?

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