SAUDADES, DOBBY E CASTIGO.
CAPÍTULO 5:
SAUDADES, DOBBY E CASTIGO.
Bull insistiu para que os garotos ficassem hospedados com ele. Rony aceitou imediatamente, mas Hermione hesitou.
- Vamos menina! Eu tenho quartos sobrando lá em cima! E contra essas varinhas eu não posso fazer nada, posso? – Brincou, piscando para a garota.
Mione aceitou, rindo. Harry estava alheio à conversa, a mente trabalhando ainda com o fato de que alguém rondava os escombros de sua antiga casa. Alguém que sabia poder ser descoberto e reconhecido por Bull, e então o evitara. Tinha quase certeza que os vultos sussurrantes vistos pelos trouxas eram comensais da morte a mando de seu mestre. Mas por que? O que queriam ali?
Depois de ajeitar os três em dois quartos de frente para a rua, Bull virou-se para Harry, o olhar novamente entristecido.
- Aonde quer ir primeiro?
- Ao cemitério. – Queria ver seus pais.
- Por que não leva a capa de invisibilidade? Depois vamos à sua antiga casa e... - O olhar de Rony encontrou o de Harry, e os dois souberam que suas suspeitas coincidiam.
Harry tirou a capa da mochila e ajeitou-a no bolso da jaqueta, colocou a varinha escondida às costas. Saíram com Bull para a rua ensolarada, andando calados. O cemitério ficava um pouco afastado da vila, era uma grande área plana, com muitas árvores e um belo gramado, aonde sobressaíam lápides brancas e iguais, todas bem cuidadas. Bull andou a frente enquanto Rony e Mione ladeavam Harry, agora absolutamente silencioso.
Há alguns metros de uma grande árvore, sob a qual se encontravam duas lápides, ele parou, e sinalizou para que Harry continuasse. O rapaz caminhou a passos lentos mas firmes, e parou em frente às pedras. O que leu em ambas dilacerou-lhe o peito. Sentou-se devagar aos pés dos túmulos, a tristeza e a dor formigando no corpo. Sob os nomes do pai e da mãe não havia datas ou frases de consolo e luto, mas sim uma única e simples frase, que lhe encheu o peito de saudades.
NÓS TE AMAMOS, FILHO.
Rony e Hermione aproximaram-se, preocupados com Harry. Enquanto Mione levava as mãos à boca, os olhos cheios d’água, Rony agachou-se ao lado do amigo, em silenciosa oferta de ajuda. Bull chegou até Harry, colocou bondosamente a mão sobre sua cabeça e disse, com voz triste:
- Em uma de nossas conversas... Eles me falaram que... que gostariam...- Sem conseguir falar mais, apontou para a frase nas lápides.
Harry ficou longos minutos muito quieto, a cabeça escondida nas mãos, a respiração entrecortada. Então levantou-se e foi até o espaço entre as duas pedras, colocando uma mão sobre cada uma. Ainda de cabeça baixa, falou com voz emocionada mas assombrosamente firme:
- Tenho que impedi-lo. Não pode mais haver mortes injustas por conta de sua maldade.
Ergueu o rosto, encarando os amigos com o olhar de fria determinação que muitas vezes exibira desde a morte de Dumbledore.
- Escolhido ou não, com ou sem profecia, vou matá-lo. E a quem o segue. É o único jeito.
Hermione engoliu o choro para dizer:
- Vamos, Harry. Vamos matá-lo.
Rony completou, assentindo.
- É irmão, nós vamos!
Ficaram algum tempo em silêncio, até que Bull disse, firme:
- Agora vamos embora. Já foi demais para você hoje, Harry. Amanhã veremos sua casa...
Ele foi com os amigos, relutante. Antes de sair do campo gramado, olhou para trás mais uma vez. As pedras brancas, que guardavam seus pais, brilharam para ele no crepúsculo.
Harry não quis jantar. Subiu para o quarto, planejando mais uma sessão de atualizações. Sentando na cama, concentrou-se e chamou:
- Dobby!
Cinco segundos depois, o elfo aparecia num estalo, os olhos brilhando felizes, e se atirava para Harry, quase esmagando seu diafragma em um de seus abraços.
- Meu senhor Harry Potter finalmente chamou Dobby! Dobby estava muito preocupado, meu senhor, com sua demora! – Sua orelhas de morcego murcharam um pouco – Não que Dobby esteja criticando, meu senhor. Harry Potter sabe quando deve chamar Dobby!
Harry ergueu a mão, impedindo a avalanche.
- Eu também senti sua falta Dobby. Agora vamos sentar para você me contar as novidades...
Como no segundo ano de Harry em Hogwarts, o convite para sentar-se trouxe lágrimas aos olhos enormes de Dobby. Sentado, com as curtas pernas esticadas para fora da cama, ele começou o relatório:
- Na antiga casa que agora é de meu senhor Harry Potter, os pais do Senhor Weasley e também seus irmãos estão bem, apesar de muito preocupados e atarefados. O Senhor Lupin e a Srta. Tonks também. Todos os integrantes da Ordem continuam a batalha, meu senhor. O senhor Kingsley Shackebolt está no Saint Mungus, porque se machucou bastante defendendo o primeiro ministro trouxa dos comensais Nott e Rookwood. Ainda não acharam o fazedor de varinhas e nem o senhor Fortescue..
As orelhas de Dobby murcharam novamente e ele ficou em silêncio tempo suficiente para Harry se preocupar.
- O que houve que não está contando, Dobby?
- É a jovem Weasley, meu senhor Harry Potter...
O coração de Harry gelou.
- Ela sai escondida. Os pais não sabem. Pede a Dobby segredo, mas Dobby prometeu ao senhor Harry Potter cuidar dela, então Dobby conta.
Harry dividiu-se entre o medo e a fúria. O que Gina achava que estava fazendo, saindo sozinha às escondidas? Nem a imensa saudade que sentia dela a livraria de uma boa bronca...
- Dobby, preste bem atenção, se ela fizer isso de novo arme o maior escândalo até alguém perceber o que está acontecendo. Faça o que for preciso para impedi-la. E depois venha imediatamente me contar, certo?
- Certo senhor. Mestre Potter fala e Dobby faz.
- Também preciso que tire dinheiro do meu cofre em Gringotes e troque em dinheiro trouxa. Guarde-o, até eu chamá-lo novamente. A quantia de sempre basta. E não esqueça de pegar seu salário, senão Hermione me mata...
- Dobby não deixa isso acontecer não, meu senhor!
Harry sorriu para o elfo e fez a última pergunta, a que mais lhe enroscava na garganta.
- Algum sinal de Snape e Malfoy?
A expressão de Dobby alterou-se para algo próximo a desprezo absoluto ao ouvir os nomes.
- Não, meu Senhor Harry Potter. Nada sabem sobre onde andam os dois bruxos maus.
Nesse instante Rony e Hermione entraram no quarto, e ao avistarem Dobby, correram a lhe afagar as orelhas, o que deixou o elfo em estado de euforia. Enquanto ele repetia as notícias para os dois, Bull veio ver o que acontecia e então todos se divertiram com a conversa cômica que aconteceu entre eles. Cada um elogiando o outro enfaticamente por serem amigos de mestre Harry Potter.
Mais tarde, já deitado, os pensamentos de Harry voltaram às pedras brancas no cemitério e a sua antiga casa. O dia seguinte seria cheio, então, fechou os olhos tentando relaxar para dormir. Sua cicatriz ardeu tão forte e tão repentinamente, que não conseguiu evitar um grito.
Imediatamente os três amigos estavam a seu redor, assustados. O rapaz olhou para eles e disse, convicto do que vira de relance:
- Voldemort está castigando Draco.
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