O DESTINO DE HORÁCIO
CAPÍTULO 4:
O DESTINO DE HORÁCIO
Gina esperou o pai e a mãe aparatarem para A Toca, da onde só voltariam no dia seguinte, e o resto dos membros da Ordem presentes distraírem-se com seus planos e trabalhos, e saiu silenciosamente para a rua. Dobby, que agora trabalhava para Harry, flagrou-a antes de chegar a calçada e a moça levou o dedo aos lábios, pedindo silêncio. As orelhas de Dobby caíram, mas ele nada falou. A ruiva sussurrou um “Não se preocupe!” para o elfo e desapareceu rapidamente pela rua. Dobby observou-a, com seus grandes olhos ansiosos, e sumiu com um estalo.
Gina andou por alguns quarteirões e, aproveitando uma rua deserta, tirou sua varinha da mochila, apontando-a para o alto. Um grande ônibus roxo, de três andares, parou bruscamente a seu lado, e dele desceu um garoto pouco mais velho que ela própria, parecendo muito inseguro quando disse:
- Bom dia! Sou Dário Sollis e serei seu condutor nesta viagem. Suba, por favor! São cinco nuques...
Gina pagou e acomodou-se em uma das poltronas, colocadas em volta de pequenas mesas, enquanto se lembrava com tristeza do antigo condutor, preso como comensal da morte. Aquela era uma das principais discordâncias entre Harry e o atual ministro da magia, Rufus Scrimgeour. Segundo Harry, Stan Shunpike era tão comensal quanto Dobby.
- Para onde vai, senhorita?- Perguntou Dario.
- O Beco Diagonal, por favor!
Alguns minutos e muitos solavancos depois, Gina descia em frente ao Caldeirão Furado, agora quase deserto devido as circunstâncias. Passou pelo salão principal e saiu para a passagem ao Beco, nos fundos, desejando não ser vista por alguém da Ordem ou por seus irmãos, que trabalhavam próximos. O Beco Diagonal também estava quase vazio, os poucos bruxos por ali caminhando rápidos e cabisbaixos. A garota andou próxima as paredes das lojas, atenta ao redor, até uma sala já no final da longa rua, onde se lia “Flu Turismo – Conheça todo o mundo bruxo! Hospedagens a preços acessíveis!”. Entrou na lojinha, enfeitada por cartazes de vários países diferentes, e foi até o balcão, aonde um bruxo muito baixo e de nariz grande cochilava. Quando Gina tocou a sineta, ele deu um salto, caindo do banco onde estava empoleirado.
- O que!!! Ah, sim... Pois não, senhorita?
Gina leu no crachá o nome do baixinho dorminhoco e armou seu melhor sorriso.
- Boa tarde Sr. Armando! É Armando, certo?
O baixinho sorriu, corando um pouco.
- Meu nome é Virgínia Lovedood e estou precisando de uma informação. Me disseram, aqui no Beco, que o senhor é o único que pode me ajudar...
Armando estufou o peito e fez cara de muito eficiente.
- Se a bonita mocinha está querendo viajar, sou com certeza a pessoa certa para ajudá-la...
- Na verdade, eu preciso saber para onde outra pessoa viajou.
O vendedor fechou a cara, desconfiado.
- E quem seria? Veja bem, não posso prometer ajudar...
- Ah, é meu professor em Hogwarts, Horácio Slughorn. Como a escola está fechada, preciso saber onde está. – O bruxo balançou a cabeça negativamente, mas antes que falasse, Gina agiu. Curvou-se para a frente e baixou a voz, confidencialmente. – Eu e um outro aluno muito bem quisto e famoso dele precisamos entrar em contato...É muito, muito importante! Tenho certeza que ele ficará muito grato ao senhor! – E piscou os olhos, candidamente.
O baixinho estudou Gina cuidadosamente e pareceu decidir que ela não ofereceria perigo ao seu conhecido cliente. Com os olhos brilhando na expectativa dos agrados que receberia de Slughorn, rabiscou o endereço em um pedaço de pergaminho e entregou-o à garota, que agradeceu sorrindo.
- Muito obrigada, senhor Armando! O Professor Slughorn ficará encantado!
O bruxo riu, corando novamente, e levou-a até a porta, piscando para ela em despedida
Gina conteve os saltos de alegria que queria dar. Jogara verde e conseguira o que queria na primeira tacada! E o melhor era que sabia de alguém que já passara férias aonde Slughorn se encontrava.
Meia hora depois, entrava sorrateira na Ordem da Fênix, indo imediatamente a procura de quem precisava.. Encontrou-a lidando com um bicho papão teimoso, no sótão.
- Tonks! Eu preciso muito de sua ajuda! Escute...
Tonks ouviu, e na metade da narrativa, seus cabelos começaram a passar por vários tons de rosa e vermelho, acompanhando sua perplexa incredulidade.
- Você não pode estar falando sério!
- Tonks, por favor!
- Não. De jeito nenhum! Seus pais me matam! Eu me mato!!!! E Remo me esquarteja e pendura meus pedaços no Big Ben!!!!
Gina esticou o pergaminho para Tonks, e argumentou, persuasiva.
- Veja onde ele está! Não há registros de atividades das forças das trevas lá! Você sabe! Nós voltamos logo... Tonks, me ajude!
A moça bufou, exasperada, mas seus cabelos voltaram à cor de chiclete.
- Eu prometo obedecê-la em tudo que quiser até voltarmos. E se houver qualquer sinal de perigo, aparatamos para cá imediatamente... Tonks?...
A auror suspirou, rendendo-se. Gina era como sua irmãzinha e além disso, achava que realmente a aventura poderia ser útil para Harry, Mione e Ron.
- O.k.! Mas vamos logo e assim que eu disser, voltamos. De acordo?
- Prometo! – Gina sorriu, satisfeita.
- Muito bem, então. Prepare-se! A sensação não é nada boa. E não solte do meu braço! Deixe a varinha pronta...
Com a amiga segurando-a firme, Tonks aparatou. As duas aterrizaram na cinza e áspera areia de uma praia no litoral inglês. A sua frente, o que parecia ser uma vila de pescadores, a única construção grande estava localizada bem na ponta da praia e aparentava ser um hotel.
- Vale mais pela tranqüilidade e isolamento que pelo visual. - Comentou Tonks, diante das sobrancelhas erguidas de Gina. – Vamos perguntar no hotel, ele deve estar lá...
- Não será preciso. Dê uma olhada!
A poucos metros das duas, cochilando com o rosto semi escondido pelo chamativo chapéu florido, estava Horácio Slughorn. A cadeira de praia onde estava quase quebrando, devido ao peso de sua grande barriga.
- Você fica de olho para que não escape enquanto falo com ele?
- Certo. – Disse Tonks. – Vá em frente! É melhor pega-lo no susto...
Gina aproximou-se do ex professor silenciosamente, e num movimento rápido, tirou-lhe o chapéu. Slughorn pulou, assustado, a mão na varinha, mas paralisou ao reconhecer as duas.
- Boa tarde professor! Está na hora de sair do sol, precisamos conversar!
- O que estão fazendo aqui? Como me acharam?
- Bajulando e manipulando a pessoa certa, professor. Exatamente como ensinou. E antes que obrigue minha amiga a erguer a varinha para o senhor, aconselho a pensar na confusão que vou fazer, se fugir ou não conversar conosco.
Slughorn corou, furioso, mas permaneceu em silêncio. O que Gina tomou por consentimento.
- Quero que nos conte tudo que sabe sobre os Horcruxes. Tudo.
- Para que? Tudo que eu sei, mostrei a Harry Potter naquela maldita lembrança...
- Não concordo. Deve haver mais. Estou falando de detalhes, professor. Harry precisa de mais informações.
- Eu não quis contar a Dumbledore e a Potter, e se eu não quiser contar a você também? - Slughorn parecia muito contrafeito.
- Então vou ter que contar à Rufus Scrimgeour quem foi que ensinou à Voldemort como se tornar imortal. Ele já prendeu bruxos por muito menos que isso. Eu não quero chegar a tanto, mas se não colaborar...
- E por que ele acreditaria em você?
- Eu não preciso que ele acredite. Só o escândalo já mancharia, em definitivo, sua imaculada imagem, professor.
Slughorn pareceu querer bater em Gina por alguns momentos, mas então sorriu e apontou o hotel, dizendo:
- Ora o que é isso? Só estava averiguando suas intenções... Claro que vou ajudar no que puder. Vamos entrar e sentar em um lugar mais confortável, e então, vou contar a você o que sei. Mas aviso, eu não sei tudo sobre o assunto...
Ele andou na frente, e Tonks cutucou a amiga.
- Você pega pesado!
Gina respondeu, séria.
- A situação pede atitudes drásticas.
Duas horas depois estavam de volta ao sótão da sede, com informações muito interessantes. Tonks, naquela noite, adormeceu desejando que Harry entrasse em contato logo, para que pudessem contar a ele o que Slughorn falara. Gina dormiu muito mais tarde, imaginando como faria para chegar até Harry.
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