De volta a escola de Hogwarts
Todos presentes que estavam na Toca pareciam que estavam esperando a chegada de Harry. O Sr. Weasley conseguiu um carro emprestado; outro Ford Anglia (Harry pensou que todos do Ministério apreciavam esse carro, já que havia milhares deles estacionados no subsolo do prédio). O trânsito estava tranqüilo, e Harry notava nitidamente a preocupação do Sr. Weasley em ficar atento ao longo da estrada; ele estava ciente que, ao lado dele, estaria correndo perigo. Era como se, a qualquer momento, pudesse aparecer de repente, um Comensal da Morte.
Os dois conversaram pouco; às vezes, o Sr. Weasley perguntava de alguns objetos que os trouxas usavam, embora sua voz saísse desanimada. Quando finalmente estava em frente da Toca, a Sra. Weasley vinha correndo em direção deles; logo atrás, vinha Rony, Hermione, os gêmeos Fred e Jorge, e Gina.
A notícia de que Harry e Rony iriam voltar para Hogwarts um pouco mais cedo do que todos, não só abalou a Sra. Weasley, como os gêmeos também.
- Por que eles podem voltar e nós não? - reclamava Jorge.
- Sinto muito meus filhos, mas o ministro não deu ordem nem para Mione regressar mais cedo, e além do mais vocês abandonaram os estudos. Falou a Sra. Weasley.
- Mas naquele ano nada valia a pena em Hogwarts, e esse ano Lupin vai voltar!
- Não, é minha palavra final.
O Sr. Weasley fechava o carro cautelosamente, enquanto a sua mulher lhe ajudava a carregar suas coisas.
Hermione acompanhou os dois garotos até o quarto de Rony; eles haviam recebido todas as informações e explicações. Por ora, Hermione fazia cara de indignação; no fundo, ela queria muito ir e aproveitar esse tempo antes do início das aulas para ler alguns livros na biblioteca. Mas concordou em não poder, já que os alunos, no período das férias de verão não eram permitidos permanecer em Hogwarts.
- Imagine só, Harry! - Rony falava, enquanto jogava suas vestes para dentro de sua mala. Harry estava sentado, esperando o amigo; pois sua mala já estava feita. - Hogwarts inteira, vazia! Somente para nós!
- Vocês e os professores! - corrigiu Mione. - Creio que vocês estarão sobre vigilância constante. Ainda mais Harry, que corre perigo. Você-Sabe-Quem o persegue.
- Puxa, Mione, como você é estraga-prazeres! - Rony retrucou. - Daqui a pouco você vai me dizer que teremos como guarda-costas o Snape e o Filch !
- Bem que podia. Assim vocês não aprontavam nada que arriscassem as suas vidas!
- Deixem as malas aqui embaixo! - o Sr. Weasley pediu, lá do último degrau da escada embaixo. - Levarei vocês até a estação amanhã cedinho. Descansem um pouco, o trem de vocês irá partir às oito em ponto.
Harry e Rony largaram suas malas na sala, para depois se jogarem no sofá, cansados. A Sra. Weasley trouxe um pratinho cheio de salgadinhos e petiscos e depositou em cima da mesinha ao lado do sofá.
- Acho que você ainda não jantou, Harry! - a Sra. Weasley sorriu para ele. - Trouxe esses salgadinhos para você. Preparei alguns lanches também para você e Rony levarem e comerem durante a viagem.
- Obrigado. - Harry agradeceu. - Mas não precisava.
- Você precisa se alimentar bem, querido! - ela dizia. - Vou ao Beco Diagonal semana que vem com as meninas e compraremos o material de vocês. Gina e Mione estão encarregados de levarem e entregarem aos dois no primeiro dia de aula.
Ela saiu em direção à cozinha, deixando os três sozinhos na sala. Os petiscos da Sra. Weasley nem foram tocados; nenhum deles estavam com fome, e Harry, menos ainda. Fred e Jorge chegaram alguns instantes depois, e eles acabaram com todos os salgadinhos. Sentaram-se com os três e jogaram Snap Explosivos, enquanto conversavam bastante.
- Eu queria estar no seu lugar, Harry! - Fred comentou. - Imagine, uma semana inteira para poder vasculhar a escola, sem ninguém para atrapalhar!
- É, daria para preparar algumas coisinhas de boas-vindas para todos os alunos... - Jorge sugeria. - Principalmente para os alunos da Sonserina.
Houve uma explosão de risos. Isso animou um pouco Harry, que esteve pensativo durante o dia todos.
- Onde está Percy? - ele perguntou, de repente.
- Ele está no quarto dele. - Fred respondeu. - Voltou um pouco mais cedo que vocês, mas estava acabado. Chegou quase capotando de sono e cansaço.
- Eu ainda preferia quando ele trabalhava pro Sr. Crouch. - Jorge completou. - Pelo menos naquela época, ele ainda falava com a gente. Agora, ele mal olha para a nossa cara. Se falar um "oi" já é muito.
- Meninos! - a Sra. Weasley aparecia de novo na sala. - E Hermione. - ela completou, quando viu a garota, que sorriu. - Já passa da meia-noite, e vocês tem que dormir! Gina e Percy já está na cama há muito tempo, vocês também deviam estar!
- Gina sempre dorme cedo! - reclamou Rony. - E Percy estava cansado demais, e por isso foi dormir também.
- E você, Rony, - ela lançou um olhar de raiva para o filho, - deve acordar cedo amanhã, junto com Harry! Por isso, os dois tem que ir dormir.
Todos subiram em direção aos seus quartos; Hermione já bocejava e Fred e Jorge ainda pareciam acesos demais para dormir. Rony estava cansado também e algumas vezes, ele disfarçava para bocejar. Harry não estava com sono; ele voltou aos seus pensamentos de tudo o que aconteceu naquele dia: o ataque dos Comensais, a reunião, e a decisão de que ele iria voltar para a escola antes que as férias terminassem. E ele quase fugira da Toca também. Quem iria imaginar que estaria mesmo arrumando as malas para realmente sair dali?
A noite passou muito rápido. Rony dormiu profundamente; logo que deitou em sua cama, já podia-se ouvir seu ronco. Em compensação. Harry nem fechou os olhos. O sono não lhe veio; ele esteve pensando muito no dia anterior. Como tanta coisa pôde ter acontecido naquele dia? Mal chegara na casa dos Weasley, e já estava partindo.
Somente quando a Sra. Weasley bateu na porta do quarto que Harry voltou à realidade. Já era mais de seis horas, e Rony se mexia na cama e murmurava algo como "mais cinco minutos".
- Rony, acorda! - a Sra. Weasley entrou no quarto e agora cutucava o filho. Harry já estava de pé, e não estava com marcas de uma noite não dormida. Ainda estava aceso e sem sono.
- Harry! - a Sra. Weasley olhou para ele. - Tenho que preparar o café da manhã para vocês. Se Rony não levantar, você pode acordar ele pra mim?
- Claro! - respondeu. - Pode ir tranqüila.
Depois de ter sacudido o amigo milhares de vezes para acordá-lo, Harry foi tomar um banho, enquanto Rony arrumava seu quarto. Voltou ao quarto já trocado e notou que Hermione, com cara de muito sono e vestida com seu robe rosa, estava sentada ao lado da cama, mais bocejando do que conversando com o amigo.
- Bom dia, Harry! - disse Hermione, em meio aos seus bocejos de sono. - Vou indo me trocar, pois eu irei com vocês até a estação.
- Sacrificar preciosas horas de sono pela gente? - Rony ironizava. - Estou até emocionado.
Recebendo cara de desaprovação da amiga, Rony se hesitou em rir. Harry apenas sorriu e acenou com a cabeça. Rony se dirigiu ao banheiro, e Harry guardava seu pijama em uma sacola que levaria até a sala, aonde colocaria na sua mala.
Na sala, Harry pode ouvir as vozes do Sr. e da Sra. Weasley, que conversavam em um tom de voz bastante diminuído. Ele teve a impressão de que eles quase cochichavam um no ouvido do outro. Harry deu um passo à frente, ficando um pouco afastado da porta e se escondendo, encostando-se na parede.
- Mas Arthur, acha que isso vai adiantar? - a Sra Weasley falava, bastante preocupada e desconfiada. - E Harry sabe disso?
- Creio que não, Molly. - a voz do Sr. Weasley ressoou bastante baixa; fazendo Harry apurar os ouvidos para tentar escutar melhor. - Todos sabem quem é ela. Ou quem ela foi. Seja como for, tem a confiança de Dumbledore.
- Isso é muito arriscado. Eu não aprovo isso. Se dependesse de mim, Harry e Rony não iriam agora para Hogwarts.
- Não se preocupe, querida. Harry e Rony estarão sob os olhos de todos os professores, sem contar Dumbledore.
- Dumbledore tem pessoas muito estranhas para confiar... Ele confia em Mundunguse todos os outros membros da Ordem...
- Falando em Ordem , vocês ainda se reúnem na casa de Sirius? Perguntou Harry.
- Claro Filho, não com tanta frequencia mas sempre estamos lá...com a sua morte e a rotina de seu Arthur é muito difícil nós nos reunirmos com o resto do grupo.
- Tem certeza que quer ir, Mione? - Harry perguntou, ao ver a amiga mastigar a torrada de olhos fechados. - Você parece que está... com sono!
- Vou sim, Harry! - ela abriu os olhos vermelhos e forçava para mantê-los assim.
- Isso que é amizade! - exclamou o Sr. Weasley. - Não precisa se preocupar com eles, eu os levo são e salvos até a estação.
- Eu sei, Sr. Weasley. - ela pôs mais geléia em sua torrada. - Mas eu quero ir mesmo, não se preocupe com o meu sono.
Todos terminaram o café da manhã reforçado; Jorge, Fred e Gina apareceram de pijamas, com a mesma cara de sono que Hermione estava e se despediram de Harry e Rony. Harry sentiu a falta de Percy, e o Sr. Weasley disse que ele saiu de casa mais cedo para trabalhar.
- Imagine a disposição dele para ir para o Ministério logo de manhã cedo... - Rony comentou.
Harry recebeu um forte abraço da Sra. Weasley, e muitos conselhos que diziam para se cuidar, estar sempre atento e tomar muito cuidado com os outros ataques que poderiam acontecer.
- Meu coração ficou na mão quando soube do ataque na estrada, Harry! - ela disse. - Por que não contou antes para a gente? Fiquei tão apavorada e com tanto medo de que Você-Sabe-Quem quisesse atacá-lo de novo.
- Em Hogwarts estarei seguro, Sra. Weasley! - ele a abraçou. - E obrigado por tudo.
Hermione já estava no banco de trás do Ford Anglia e "pescava" inúmeras vezes. As bagagens estavam dentro do porta-malas, e Harry havia colocado a gaiola de Edwiges na frente. Ela estava dormindo e, em algumas vezes ela acordava por causa do barulho ou do movimento. O carro já estava sendo ligado e logo, eles estariam na Estação King Cross.
A estação não estava muito movimentada naquele dia; talvez porque era um horário muito cedo para a partida de trens. Por isso, eles tiveram que ter bastante cautela ao se dirigirem à plataforma nove e meia.
Já na plataforma, Harry olhou o relógio e viu que ainda faltava dez minutos para as oito horas. Ele e Rony correram para guardar as bagagens em uma cabine do expresso de Hogwarts e voltaram rapidamente para a plataforma, para poderem se despedir do Sr. Weasley e de Hermione, agora, mais acordada do que antes.
- O trem está vazio! Acho que só tem nós nesse vagão... - Rony comentou.
- Eu me arrisco a dizer que o trem inteiro é apenas para vocês, meus jovens! - o Sr. Weasley falava, ao mesmo tempo em que examinava minuciosamente o grande trem vermelho que estava parado na plataforma nove e meia.
- O trem inteiro? - Harry espantou-se
- Ora, acho que ninguém vai a Hogwarts quase duas semanas antes das aulas começarem. - Mione antecipou-se. - Pode ser que ele esteja partindo agora apenas para vocês, a pedido de Dumbledore.
- A gente podia pegar um trem que vá até Hogsmeade, não? - Rony sugeriu. - Assim, a gente podia dar umas voltas por lá, antes de seguir para Hogwarts!
- Nem pensar! - o pai dele retrucou. - Dumbledore foi bem claro: os dois devem ir diretamente para Hogwarts. E eu concordo com ele, devo dizer. Há mais chances de Você-Sabe-Quem atacá-los em Hogsmeade do que na escola de vocês.
Rony abaixou a cabeça, desapontado. Harry sabia que o Sr. Weasley tinha razão. Era melhor fazer assim mesmo; pois assim, o único momento que ele se sentiria desprotegido é durante o caminho da escola.
Quando o relógio apontou que faltava apenas dois minutos para a partida, eles começaram a se despedir. Hermione deu um forte abraço em Harry e, do mesmo jeito que a Sra. Weasley fez, ela deu os mesmos conselhos. Depois, abraçou o Rony e falou também a mesma coisa.
Harry recebeu cumprimentos do pai de Rony e este, também despediu-se do filho. Entrando no trem, eles ainda acenavam um "tchau". O trem soltou uma fumaça e um barulho que podia ser ouvido de longe. Ele já estava começando a andar, quando Harry percebeu Hermione e o Sr. Weasley caminhando até a passagem, que os fariam voltar para a estação King Cross e as plataformas nove e dez.
A viagem também transcorreu tranqüila; a cicatriz de Harry estava bem longe de chegar a doer e, tanto ele como Rony estavam se divertindo muito, tendo o vagão inteiro somente para eles. Harry comprou todos os docinhos mágicos e dividiu com o amigo; ambos estavam se sentindo agora muito alegres e despreocupados com tudo.
- Harry, Hogwarts inteira somente para a gente! - Rony dizia, enquanto mastigava inúmeras balinhas coloridas e desembrulhava um dos sapos de chocolates. - Podemos fazer várias coisas, e os professores não podem descontar pontos da nossa casa; as aulas ainda nem começaram.
- Pois é! - Harry abria a embalagem dos feijõezinhos de todos os sabores. - Embora eu ainda tenha que terminar a redação do Snape!
- Putz! - Rony bateu a palma da mão em sua testa. - Eu também não terminei.
- Mas vai ser mais fácil terminarmos lá; temos a biblioteca apenas para a gente e podemos pesquisar tranqüilamente.
- Isso é verdade! Eu só espero que o Snape não resolva ficar nos vigiando para ver se escrevermos a redação direitinho como ele quer.
Estavam discutindo tão distraidamente que nem perceberam que, quando o trem parou; sentiram que a viagem foi muito curta.
Os dois pegaram as suas malas e desceram do expresso. Do lado de fora, Hagrid estava os aguardando.
- Hagrid! - Harry e Rony exclamaram, ao mesmo em tempo que eles largava as suas malas no chão e abraçavam o gigante.
- Tudo bem com vocês?
- Acho que sim! - respondeu Rony.
- É meio estranho vir aqui em Hogwarts quando não há ninguém... - comentou Harry, olhando à sua volta. - Está tão... vazio!
- Sim, mas lembre-se que o castelo ainda está habitado pelos professores e fantasmas! - riu Hagrid. - Não está tão vazio assim. Bem, - ele pegava as malas dos garotos, sem nenhuma dificuldade. - Vamos andando. Dumbledore espera por vocês dois.
Os dois seguiram o guarda-caça sem pestanejar. Eles olhavam ao redor, examinando o ambiente silencioso e o sol que refletia fortemente; estava fazendo muito calor e ambos, transpiraram tanto no caminho que, quando ainda estavam na metade, sentiam as blusas molhadas.
Depois de algum tempo, finalmente eles chegaram à entrada do castelo. Continuava a mesma coisa, com uma única diferença: ela estava vazia. Quando a porta se abriu, um rugido horrível fez com que Harry e Rony fechassem os olhos e tapassem os ouvidos; com o salão vazio, completamente deserto, a porta produzia aquele ruído arrepiante.
- Certo, garotos! - exclamou Hagrid, que se dirigia para a torre do Norte, em direção a Grifinória. - Acho que vocês sabem o caminho até a sala de Dumbledore, não? - ele deu uma piscadela. - Tenho que levar as suas bagagens até seus dormitórios. Ah, a senha para a sala do diretor é "Abóbora Caramelizada". Até!
Hagrid foi subindo as escadas, seguindo em direção oposta aos garotos. Eles caminhavam pelos corredores isolados de Hogwarts e, por sorte, não encontrar ninguém no caminho; nenhum professor e nenhum fantasma. E, para melhorar ainda mais a situação, não se depararam com Pirraça, o poltergeist da escola.
- Não acha estranho, Harry? - Rony indagou, ainda andando em direção à sala de Dumbledore. - Ninguém por perto, nenhuma movimentação... nenhum professor andando por aqui... e nem mesmo Filch e aquela gata nojenta!
- O que você quer dizer com isso?
- Será que ninguém sabe da nossa vinda? Pois eu acho que, se soubessem, na certa eles iriam nos receber ou algo assim..
- Vai ver eles estão viajando...
- Pode ser. - Rony coçou a cabeça. - Eu sempre me perguntei aonde os professores costumam passar as férias... Imagine só, eles na praia e tudo mais...
- Não, Rony! - Harry ria. - Imagine a Profa. McGonagall com trajes de banho!
- Essa é boa! - Rony caiu na risada, chegando até a parar de andar. - Se bem que, eu também não iria achar legal ver o Snape surfando!
Os dois aumentaram mais ainda as suas risadas. Elas ecoaram forte pelos corredores desertos e, quando estava retomando o seu fôlego, ouviram uma voz fria e letal atrás deles:
- Muito interessante... Quer dizer que o Sr. Potter e o Sr. Weasley agora estão passando as férias de verão aqui em Hogwarts!
Os garotos viraram-se para trás e encontraram o Prof. Snape os encarando com a sua habitual expressão cínica e um sorriso malicioso formado em seus lábios. Vestia com as mesma vestes negras e estava com o mesmo cabelo oleoso de sempre.
- Então, não se satisfazendo em aprontar durante o ano todo aqui na escola, resolvem apossar-se dela quase duas semanas antes do início de um novo ano letivo.
- Estamos aqui por intermédio de Dumbledore! - resmungou Rony.
- Não diga coisas de que eu já sei, Weasley! - rosnou Snape. - Eu sei muito bem o porquê estão aqui. Aliás, o porquê dizem que vocês estão aqui...
- Olhe, professor! - Harry o encarou. - Temos que ir à sala do Prof. Dumbledore imediatamente, ele está nos aguardando e...
- Vocês não pareciam estar com pressa há um segundo atrás. - interrompeu Snape, contorcendo seu rosto e olhando fixamente para os olhos de Harry - Pareciam estarem bastante animados comentando sobre a ausência dos professores... Já estavam achando que poderiam sair por aí fazendo o que quiserem no castelo, não é mesmo, Weasley? - e olhou para Rony. - Creio que vocês não estão muito interessados em saber o que o diretor pensa... Estão aqui apenas por diversão.
Os dois ficaram calados. Apenas encaravam o professor de poções com olhares de fúria e ódio. Certamente, ele estava esperando que algum deles explodisse de raiva, e tivesse motivo para lhes aplicar detenção mesmo fora do período de aulas.
- E então... - Snape cruzou os braços, sério. - Eu acho que fiz uma pergunta aos senhores e seria muita falta de educação senão me responderem.
- Hã...estamos de férias e o senhor ainda não tem poder sobre a gente... disse Harry.
- É Harry tem razão..então...então...tchau!
Os garotos sairam correndo corredor a fora deixando Snape com uma profunda cara de ódio.
Harry e Rony foram conversando indo em direção a sala comunal da Grifinória... eles acordaram a mulher gorda , ela olhou silenciosamente para eles e disse:
- Estão mais cedo aqui do que de costume hã? Como o ano letivo ainda não começou podem ir logo entrando...sem senhas ainda!
Os garotos entraram na sala oval da Grifinória, as lareiras não estavam acesas e as cortinas fechadas tampando as janelas...
- Que sombrio, comentou Rony... – Quem passa as férias aqui? Jack Estripador?
- Ei eu passo as férias aqui cavalheiros....disse uma voz...
E ao se virar Harry viu sr. Nick sem cabeça...
- Olá nick? Como tem ido?
- Bem Harry, bem...estamos sem tempo para conversas...o diretor disse que assim que vocês chegarem era pra vocês visitarem a sala dele...recado dado...agora podem ir.
Harry e Rony foram descendo escada por escada...Harry estava muito cansado com esse movimento continuo por Hogwarts , não havia recuperado o fôlego perdido nas férias:
- Porque Hogwarts não inverte em elevadores? Perguntou Harry.
- O que? Elefatores?
Harry havia esquecido que Rony não sabia quase nada do mundo trouxa...e explicou.
- Elevadores Rony, cabines que te levam de um andar para o outro, parecidos com aqueles do ministério da magia...
Ele olhou para um gárgula de pedra, que se afastou do caminho assim que Harry disse a senha para a sala de Dumbledore
Quando Harry chegou à sala de Dumbledore, ele estava meio cansado e pensativo. O diretor estava os aguardando, sentado em sua cadeira com os cotovelos apoiados na mesa. Ele os encarava seriamente através daqueles óculos meia-lua, com seus olhos azuis penetrantes. Sorriu por um breve momento, e comentou:
Acho que vocês sabem o porquê estão aqui, não é mesmo?
- Sim. - respondeu Harry. - Para nos proteger de Voldemort e seus Comensais.
Rony se encolheu na cadeira ao ouvir o nome do Lord das Trevas, mas mantinha seus olhos fixos em Dumbledore, que logo em seguida, disse olhando para ele:
- Então, quero que vocês saibam que, mesmo que Hogwarts possua todas as proteções possíveis, é necessário que fiquem atentos a qualquer movimento estranho. Esses últimos dias, antes das aulas começarem, vocês estarão sob vigilância constante de todos os professores, a meu pedido. Entretanto, não podemos ficar atrás de vocês a todo instante. Por isso eu lhes peço: tomem muito cuidado.
Harry e Rony balançaram a cabeça, concordando com tudo aquilo. Afinal, eles já deviam saber que não iriam ter as duas semanas seguintes tão tranqüilas e livres, como imaginavam. Teria sido bom demais para ser verdade.
- Bem, estão dispensados! - Dumbledore falou, enrolando um pedaço de pergaminho que estava estendido sobre a mesa que, até então, Harry não havia notado. - Lembrem-se: qualquer coisa, basta chamar qualquer professor. Todos estão avisados de suas presenças.
Os dois caminhavam em direção à saída, em silêncio, do mesmo modo que eles haviam entrado. Tentando ser os mais cautelosos possíveis para não serem notados, eles deram passos largos e silenciosos, olhando sempre para os lados e vendo se não havia nenhum professor por perto. Talvez, pelo menos hoje, eles poderiam ir visitar Hagrid em paz e passar a tarde por lá, sem ter nenhum professor pegando no pé deles.
Dirigiam-se até a orla da floresta proibida, até então, sem nenhum problema. Não se depararam com nenhum professor. Harry respirou aliviado quando ele e Rony haviam chegado sem maiores problemas na porta da cabana de Hagrid.
Rony deu três batidinhas e, alguns segundos depois, a porta foi aberta. Hagrid já estava por lá.
- Entrem! - o gigante pediu.
Canino saltou para cima dos dois, latindo feliz. Hagrid sorriu, e dirigiu-se até a sua mesa, sentando na cadeira e apoiando os braços. Harry e Rony, após terem se livrado de Canino, logo ocuparam as duas cadeiras vazias, fazendo companhia ao guarda-caça.
- Nunca imaginei que algum dia, dois alunos estariam passeando por Hogwarts durante as férias de verão... - Hagrid puxava assunto. - Mas, enfim... Sei que vocês estão aqui sob proteção de Dumbledore... Bem, ainda mais agora, que todo mundo sabe que Você-Sabe-Quem voltou...
Harry, conversando avidamente com Hagrid, aos poucos percebeu que este não estava sabendo do ataque dos Comensais da estrada. Achou melhor; havia pensado mesmo que Dumbledore não sairia espalhando essa notícia. Se por acaso Hagrid soubesse, ele estaria desesperado em protegê-lo, olhando para todos os lados, e nem teria deixado sair do castelo para visitá-lo.
O guarda-caça ofereceu aos garotos chá com biscoitos. Ambos tomaram só o chá e mal tocaram no biscoitos; mesmo porque, além deles conhecerem bem os biscoitos dele, estavam sem fome. Tinham comido muitos doces durante a viagem no trem.
Harry contou a Hagrid a reunião rápida que ele e Rony tiveram com Dumbledore; sempre dando a entender de que nada havia acontecido com ele; não havia sofrido nenhum ataque de Comensais da Morte no meio da estrada. Em certa ocasião, Rony quase deixou escapulir, mas recebeu um chute na canela que a sua dor abafou todas as suas palavras.
- Hagrid , quanto a madame Maximine?
- Bom, Olimpa esta muito ocupada cuidando de sua escola...faz um tempinho que a gente não se fala...
O resto das férias em Hogwarts poderiam ter sido melhores. Harry e Rony tiveram o castelo inteiro para se divertirem, enquanto analisavam o mapa do maroto e descobrindo as passagens secretas. Elas com certeza, poderiam ser melhores, se pelo menos Fred e Jorge estivessem ali; eles com certeza eram engraçados, provocando risos e aprontavam muito por onde passavam.
Harry e Rony ficaram uma semana para terminar a redação que Snape pediu. Eram horas e horas na bibliotecas; perdidas, somente se afogando entre os inúmeros livros de poções que se encontravam por ali.
Em certa ocasião, Rony até arriscou em pedir uma autorização para Snape, para poder pesquisar na área reservada. Claro que ele não conseguiu nem uma manchinha de tinta espirrada no papel.
- Você teve tempo suficiente de fazer a sua redação em casa, Sr. Weasley! - respondeu Snape, com seu mal-humor habitual, enquanto os garotos estavam terminando a redação na biblioteca. - Não vai ser aqui que você conseguirá terminá-la decentemente. Portanto, não darei autorização nenhuma para você se safar das notas baixas e conseguir poções que nenhum outro aluno teria em sua redação, por ser livros da área restrita!
- Diabo de Vampiro tosco. Praguejou Rony.
- Bom Rony...continuar...
Harry já estava quase adormecendo em cima do livro “Poções antigas e perigosas” quando ouviu o som abafado de muitos livros sobre a mesa.
Era Lupin , ele estava com uma cara de cansaço mas estava feliz....
- Estive na área restrita procurando alguma leitura interessante...trouxe alguns livros de poções, talvez vocês queiram dar uma olhada.
- Uma vez maroto sempre maroto né professor? Disse Harry se divertindo...
- Bom...alguns costumes nunca se perdem...posso até abafa-los para mostrar respeito com meus alunos...mas como não iniciamos ainda o nosso ano letivo.... E Lupin jogou os livros sobre a mesa para os garotos.
Rony deixou escapar um grito auto de “é isso ai”...
Madame Pince, a bibliotecária, que estava sentada em sua mesa lá na frente, encarou-os com uma expressão séria, e chamou-lhes a atenção:
- Sr. Weasley , quantas vezes vou Ter de lhe dizer que a biblioteca é um local de silêncio e estudo?
Lupin fez uma cara de quem iria dar bronca , mas acabou falando mais alto do que Rony:
- Tem razão, e como há muitos alunos estudando aqui, talvez eu deva ficar quieta. Afinal, essa biblioteca está completamente lotada e está até impossível de eu me movimentar por aqui. Lupin começou a frase sério e a terminou rindo...e em seguida disse:
- Bom garotos, espero que estudem agora.
Os garotos terminaram o dever de poções em três dias...Rony estava surpreso consigo mesmo:
- Que beleza! É um deve que nem a Mione poderia botar defeito não é Harry?
- Hó sim claro, Harry estava observando seu relógio, quando se deu conta, percebeu que faltavam apenas dois dias para o período letivo começar. E também percebeu que não aproveitou nada do que tinha imaginado que poderia; por todos os lados, haviam professores em cima deles, e Filch, estava bem mais atento do que de costume. Esbarravam com sua gata, a Madame Nor-r-ra milhares de vezes, chegando a deixá-los irritados com toda aquela situação.
Visitaram Hagrid inúmeras vezes; já que não possuíam mais opções de diversão. Afanaram também muita comida da cozinha, aonde os elfos domésticos os serviam com vontade e sem cerimônia. Dobby estava por lá, e Harry teve bastante paciência para conversar com ele, pois ele só falava em seu trabalho remunerado e as meias coloridas que ele gostava de comprar.
Apesar de todos esses contratempos, os dois nunca tiveram períodos de paz melhores do que este. Não houve nenhum ataque, e nem mesmo, a Profa. Trewlaney previa mortes horríveis de Harry toda a vez que o encontrava. E nem mesmo o mal-humor de Snape os afetaram; muito menos as ameaças de Filch e sua gata.
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