Decepções
2. Decepções
Eu tive uma noite um pouco conturbada. Em meu sonho, estava voltando das férias para Hogwarts e, quando falava com Harry, ele me olhava esquisito e perguntava se me conhecia. Eu fiquei estática e não falei nada, enquanto Harry pareceu ter ouvido uma voz familiar a chamá-lo e foi embora deixando-me só.
De repente, tudo escureceu e eu só conseguia assistir Harry caminhando ao longe. “ Ele nunca vai gostar de você como outra coisa além de sua amiga”. - ouvi uma voz suave e ao mesmo tempo aterrorizante falar – “ Ele ama outra e você só está servindo de impecilho na vida dele. Esqueça-o.”
Senti um peso sobre meu ventre e abri meus olhos para ver o que era.
- Oi Bichento! – ele me olhava como se estivesse preocupado comigo, como se entendesse a minha dor.
- Não se preocupe, eu estou bem. – sorri calmamente para despreocupá-lo. Meu gato, já tranqüilizado, saltou de cima de mim e correu até algum lugar onde eu não estava interessada em saber.
“ Será que eu estou mesmo bem?” Lembrei-me então das palavras de Gina e as de meu sonho. Em partes ele estava correto. Eu seria somente um peso na vida de Harry se continuasse a preocupá-lo com o que sentia.
Fui até o espelho onde vi minha própria face e sorri.
- Eu estou bem – disse quase como se tivesse decidido isso.
- Harry, Harry! O que você tem cara? – perguntou Rony pela terceira vez.
- Nada.
- Como nada?! Tô tentando conversar com você há um tempão e você não ouve! Que foi, teve algum sonho estranho de novo?
- Não só tô pensando que vou ter que passar as férias com meus tios – mentiu Harry.
É claro que ele pensava nisso, mas não era o que lhe afligia. Ele nunca pensou que amor fosse uma coisa tão complicada.
De um lado, ele que amava Parvati e, que segundo o que Rony disse, o amava também, e do outro, eu, sua melhor amiga que sempre se arriscou por ele sem se importar com o que aconteceria . Ele sabia que eu deveria estar arrasada com o que aconteceu há três dias. Não falava com quase ninguém, e quando eu o fazia, eram poucas as palavras. Ele até tentou falar comigo, mas Gina o impediu dizendo que eu precisava de um tempo sozinha e que quando estivesse pronta, falaria com ele.
- E aí Harry, já falou com a Parvati?
- Não.
- Não? E por quê?
- Por que eu não tenho coragem e não faço idéia do que falar pra ela.
- Oras, fale que você tá gostando dela ué!
- Não é tão simples assim sabia?
- É sim. Você é que tá fazendo tempestade num copo d’água.
- Você fala isso porque não é com você...
- Humpf. Já sei! Por que você não pede pra Mione te ajudar?
Ao ouvir isso, Harry se concentrou em seu suco de abóbora para não ter que encarar o amigo.
- Acho que ela não vai poder Rony.
- E por que ela não pode? Ela sempre te ajuda!
- Ela tá resolvendo alguns problemas.
- Será que é por isso que ela não tá falando com ninguém?
- Deve ser.
- Ai! Que susto Gina! – exclamou Hermione
- Desculpa! Não sabia que você também ia abrir a porta.
- Tudo bem! Não foi nada.
- Eu vim aqui perguntar como é que você tá.
- Tô bem, a medida do possível. Sabe, cansei de chorar. Isso não vai fazer com que ele seja meu. E eu tenho que continuar a viver. Não é por causa de uma tolice que eu vou deixar de ser eu mesma.
- Falou bonito amiga! E outra, quem sabe você não encontra o “amor da sua vida” no ano que vem não é?
- Duvido muito Gina – disse eu entre risos
- Duvida por quê?
- Quem é que vai olhar pra uma mandona CDF de cabelos lanzudos?
- Credo Mione, quem ouve isso até pensa que é verdade.
- E não é? Pelo menos é o que todo mundo diz.
- Olha, se você tá tão preocupada assim, por que você não muda?
- Como assim?
- É! Você pode tentar se controlar mais na hora de pedir alguma coisa. E, quanto a ser CDF, você poderia se dar uma folga! Eu sei que você gosta de estudar, mas mude um pouco esse seu hábito. Passeie mais, se divirta!
- Mas eu me divirto lendo!
- Então vá para o quarto uma meia hora antes de dormir e leia.
- É, pode até ser... Mas, e quanto ao cabelo?
- Façamos o seguinte: vamos descer pra tomar café e decidiremos isso depois. Ah, fale com o Harry ele tá desesperado pra saber com você tá.
- Tá bom. Já que ele não pode me amar como eu quero, então que me ame pelo menos como amiga.
- Finalmente! Pensei que não desceriam nunca!
- Deixa de ser exagerado Rony! – ralhou a irmã
- E aí Mione já resolveu o seu problema?
- Hã, problema?
- É, o Harry disse que você tinha uns problemas pra resolver.
Nesse momento o olhar de Harry cruzou com o meu. Sorri para eles e disse:
- Já resolvi sim. Tá tudo bem comigo.
Notei que Harry relaxou ao ouvir isso. Não queria deixá-lo preocupado.
- E então onde vão passar as férias? – perguntei para descontrair.
- Nós vamos ter que passar na Toca, já que não temos dinheiro pra viajar. – respondeu Gina.
- Pra variar, eu vou passar o meu martírio, digo, férias com meus tios.
- Eu vou viajar pra França. Meus pais vão participar de uma conferência de dentistas lá, então decidiram que ficaremos por mais alguns dias. Vou aproveitar para conhecer uma comunidade bruxa que existe nos arredores de Lyon.
Nós estávamos conversando animadamente até que...
- Ora vejam só se não são os pobretões, o testa de cicatriz e a sangue-ruim...
- O que você quer Malfoy? – disse Rony entre dentes.
- Nossa , quanta hostilidade! Só vim aqui cumprimentá-los e desejar a vocês férias terríveis.
- Se já falou o que queria, vá embora Malfoy!
- Ah , a sangue-ruim rejeitada acha que pode me mandar sair! Fiquei sabendo por algumas fontes que você levou um fora! – disse Malfoy com um sorriso perverso.
- Quem disse uma idiotice dessas? – Falou Rony indignado.
- Quem disse não importa e sim o que disse – disse Malfoy ainda sorrindo.
- A pessoa que te falou isso estava equivocada... – falei fingindo um descaso.
- Concordo com você Granger, afinal você não seria tão estúpida a ponto de se interessar por alguém. Acho que até você sabe que causa repulsa aos garotos desta escola...
- Some daqui sua doninha maldita ! – sibilou Harry
- O testa de cicatriz deixou de ser mocinha e resolveu falar alguma coisa!
Harry ameaçou dar um soco em Malfoy, mas nesta hora a professora McGonagall os olhou ameaçadoramente.
- Amarelou é Potter?
- Harry pára! Não vê que isso é exatamente o que ele quer? Fazer você bater nele pra levar detenção?!
- Vamo embora Harry. Deixa esse babaca falando sozinho. – falou Rony apontando Malfoy com a cabeça.
- Podem ir embora! Mas vocês sabem que tudo o que eu falei da Granger é verdade.
Nós então saímos de lá e fomos se sentar no salão comunal, longe de qualquer zombaria.
- Não liga não Mione, você sabe que o Malfoy só falou aquilo pra te irritar... – falou Rony tentando me passar conforto .
- Eu sei, até parece que eu não conheço o Malfoy. Dá pra gente mudar de assunto por favor? – pedi tentando fugir dessa conversa desagradável.
- É melhor mesmo... Ah é verdade! Vocês já ouviram a nova música das Esquisitonas? É demais! – comentou Gina .
- Não ouvi não. Mas as meninas só falam disso no dormitório. – falou Hermione com pouco interesse
- Ah é verdade! Tá muito legal. Me falaram esses dias que elas tão fazendo shows pra divulgar essa música nova. – falou Rony que definitivamente entrou no assunto.
- Gente, eu acho que já vou indo – disse eu
- Mas já! – exclamou Gina
- Sim. É que eu estou cansada.
- Então tá. Boa noite.
Despedi-me de todos e subi para o dormitório. Estava realmente exausta, e aquilo que o Malfoy falou ainda martelava em minha cabeça. Achei que nada melhor que uma noite bem dormida para resolver este problema.
E eles continuaram conversando sobre música, quadribol (ainda bem que eu não estava lá...) e mais outros assuntos sem maior importância, até que Harry começou a se contorcer de dor.
- Harry! – gritou Gina
- Precisamos fazer alguma coisa! Não podemos ficar aqui parados. – disse Rony já se desesperando.
- Vou chamar a McGonagall. – disse Gina já de partida.
Harry se viu em lugar iluminado com pouquíssimas tochas. Pôde notar que era um salão muito amplo e ao fundo, estavam os comensais cercando Voldemort que parecia estar sentado em uma espécie de trono. Atrás do trono, cortinas vermelhas tremulavam dando um ar imponente ao local.
Mestre está tudo correndo conforme suas ordens”. – ouviu uma voz que não lhe era estranha falar .
“Já não era sem tempo! Você já está lá há seis anos e nunca tinha me apresentado resultados”.
“Perdão Mestre, mas eu precisava obter por completo a confiança de Potter. E, agora que já a tenho, podemos agir”.
Voldemort tinha um brilho estranho nos olhos. Ele conhecia muito bem esse brilho, era idêntico ao do dia em que ele o enfrentou no cemitério. Esse brilho só surgia quando Voldemort tinha certeza que Harry estava em suas mãos. Quando esse brilho surgia naqueles olhos vermelhos, era porque problemas estavam por vir.
“Não vamos fazer nada agora, vamos esperar as férias acabarem. Vai ser mais fácil agir quando ele estiver na escola, pode parecer que não, mas ele estará mais vulnerável lá. Enquanto isso, quero que você se prepare. Lembre-se: você não pode falhar”.
“Não vou falhar Mestre, não vou!”.
- Ai!
- Até que enfim você acordou! Já estávamos achando que você não ia acordar mais.
- Pára com esse exagero Rony! – ralhou Gina
- Está se sentindo bem sr. Potter ?
- Tô sim professora. Só tô com um pouco de dor de cabeça.
- Viu alguma coisa ? – perguntou a profª lembrando do incidente com o sr. Weasley
Harry pensou se deveria contar a profª. Achou melhor não dizer nada.
- Não.
Rony e Gina notaram pelo olhar vago de Harry que ele mentira para a profª. Com certeza iam perguntar a ele depois.
- Sr. Potter, já que está bem acho que já pode ir embora. – disse Madame Pomfrey
- E aí? Vai contar ou não? – perguntou Rony ansioso
Gina tinha saído por ter notado que o assunto era particular.
- Contar o quê? – perguntou Harry já sabendo do que se tratava
- Como o quê? O que você viu! E não adianta tentar mentir porque já te conhecemos demais pra saber quando você tenta esconder alguma coisa, né Mione?
- Sou obrigada a concordar com ele. – Gina me avisou do desmaio de Harry depois dele ter acordado. Estava tão assustada que não tinha se lembrado de me chamar quando tudo aconteceu.
- Tá bom...Vejo que não consigo esconder nada de vocês mesmo...
Harry então nos relatou tudo o que viu e ouviu. Nós dois o olhávamos atentamente procurando absorver todos os fatos.
- Mas o que eu achei mais estranho foi o fato de eu ter achado aquela voz conhecida.
- Você acha que é alguém daqui de Hogwarts? Digo, algum professor? – perguntou Rony sombriamente
- Acho que é mais provável ser algum aluno – disse Harry pensativo
- O que você pensa em fazer agora Harry? – perguntei
- Sinceramente, não sei.
- Creio que seria melhor você tentar descansar o máximo possível nestas férias. Afinal, se Voldemort for tentar atacar com tudo dessa vez, você terá que estar mais forte e mentalmente preparado do que nunca. – disse Hermione sensata.
- Acho que você tem razão...
A viagem foi tranqüila. Seria sem problemas se o Malfoy não tivesse não tivesse vindo em nossa cabine com aqueles dois imbecis do Crabbe e do Goyle cantando :“Potter panaca, não vê que é um babaca”. Harry, é claro, ficou furioso, mas achou uma outra forma de se vingar cantando :“ Malfoy tarado, tem fama de viado”. A musica não era tão engraçada, mas a cara que Malfoy fez... essa sim era muito engraçada. Rony riu tanto que seu rosto vermelho sumiu por entre os cabelos.
Malfoy ficou roxo de ódio, e sumiu das nossas vistas. Creio que para inventar mais uma música de mau-gosto.
- Rony! Não é certo um monitor zombar assim de outro!
- Mione dá uma folga! Vai dizer que não achou engraçado?”
- Você vai ter que concordar com Rony, a cara do Malfoy foi ridícula! – disse Gina entre risos.
Balancei minha cabeça em forma de reprovação. Sem resistir mais, comecei a gargalhar sendo acompanhada por meus três amigos. Mesmo que eu tentasse negar, foi engraçado ver Harry cantarolando aquela musisquinha com uma voz meio afeminada e ver o Malfoy ficando pálido a simples menção das palavras “ Malfoy” e “Viado” na mesma frase.
Ao sairmos do vagão Parvati chamou Harry dizendo que precisava conversar com ele por um instante. Naquele momento meu coração parecia que ia sumir de tão espremido que estava. Mas mesmo assim tentei fingir que nada estava acontecendo. A Sra. Weasley veio ao nosso encontro perguntando como estávamos . Ficamos conversando até minha mãe chegar.
Gina e Rony se despediram de mim desejando-me uma boa viagem. Pouco tempo depois um Harry corado apareceu murmurando “ tchau” para mim e arrastando Rony para conversar com ele. Já estava indo embora, quando vi Rony rindo e dizendo: - Até que enfim! Pensei que vocês dois nunca iriam se acertar!
Então estava feito. Alguma coisa aconteceu entre Harry e Parvati pra minha infelicidade.
N/A: E aqui vai mais um capítulo. Agradeço imensamente às pessoas que leram esse primeiro capítulo mesmo que não tenham deixado recados. Mas peço que por favor você possam deixar comentários sobre esta fic, pois ela é a minha primeira e eu preciso saber se ela está agradando ou está uma porcaria. Mais uma vez eu peço: me mandem comentário nem que seja pra falar que a fic está horrível.
“Este foi mais um ano cheio de aventuras como em todos os outros, mas com uma diferença: me apaixonei por alguém que não devia e fui rejeitada.
É algo que talvez demore para passar, mas fazer o que né? A vida continua e eu estou em Paris! E garanto que vou aproveitar o máximo que puder.”
Abraços carinhosos,
Paty Selenita
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