De Volta Á Toca
- Draco, você promete que vai me mandar corujas durante todo o verão?
- Vou te mandar mil corujas por dia, Gina – Disse Draco – É a única maneira de impedir que eu morra de saudade de você.
- Ah, Draco – Disse Gina, abraçando-o. Ela olhou por cima do ombro dele e viu Rony acenando próximo á um dos pilares da estação. – Preciso ir agora...
E dando um último beijo em Draco, foi ao encontro de Rony e dos outros na saída da estação King’s Cross, torcendo para que seus pais não a tivessem visto com Draco.
***
Gina entrou em seu quarto, largou o malão próximo à porta e jogou-se na cama. Dentro do bolso de sua jaqueta, havia uma foto que ela tirara com Draco. Ambos sorriam levemente para Gina. Uma hora ela teria que contar.
De repente, um coruja-das-igrejas, entrou estupefata pela janela. Gina pegou a carta presa á patinha da coruja e a abriu. Era de Draco.
”Estou em casa. Como você está?
Com amor,
Draco.”
A menina sorriu. Pegou uma pena e escreveu em um pequeno pedaço de pergaminho:
“Também estou em casa e sentindo sua falta. Sim, eu sei que não faz mais que algumas horas que nos despedimos, mas eu não estava acostumada a ficar tanto tempo assim sem você.
Mil beijos,
Gina.”
E então prendeu o pequeno bilhete na patinha da coruja, que saiu voando ao longo do horizonte.
- Gina? Posso entrar? – Perguntou Rony, parado à porta.
- Claro Rony – Respondeu Gina, sentando-se na cama – O que você quer?
- Queria te perguntar uma coisa...
- Pois então pergunte. – Disse Gina, com um sorrisinho leve.
- Hum... Já pensou em contar ao papai e a mamãe sobre o seu namoro com o Malfoy?
- Andei pensando nisso... Talvez eu devesse esperar mais um tempo. Preciso falar com Draco, os pais dele também não sabem.
- Não quero nem pensar no que poderia acontecer se os pais dele soubessem – Argumentou Rony – Mas se isso acontecer, saiba que eu vou sempre te apoiar e te ajudar em tudo.
- Obrigada, Ron – Agradeceu Gina, dando um caloroso abraço no irmão – Obrigada mesmo.
- Não é nada - Disse Rony – Bom, acho que eu vou escrever uma carta para Harry e Mione... Saber quando eles vêm...
- Ok, diga que eu mandei um beijo para cada um.
- Sim, e pense no que você vai dizer... Se você for dizer, não é?
- Pode deixar –Respondeu Gina sorrindo.
O mês transcorreu rapidamente. Agosto chegou com um tempo seco e de muito sol. A Sra. Weasley fabricava sorvete caseiro aos montes na tentativa de refrescar a família Weasley. Gina era a única pessoa da casa que quase nunca descia à cozinha para tomar um pouco de sorvete. Na verdade, ela passava os dias trancada no quarto; nos pensamentos da Sra. Weasley, “sabe-lá-fazendo-o-quê”, já que corujas entravam e saíam da janela de Gina. Hermione havia chegado em um domingo á noite, pouco antes da Sra. Weasley preparar o jantar. Com tamanho calor, o Sr. Weasley havia transferido a mesa para o jardim. A Sra. Weasley havia preparado frango assado, batatas assadas com queijo e presunto, tomates picados e temperados e de sobremesa tortinhas geladas de limão e doce de morango. Logo, a mesa que fora transferida ao jardim, estava repleta de pratos deliciosos que deixavam qualquer um de boca aberta.
- Ah, esqueci de contar a vocês – Disse o Sr. Weasley – Luna Lovegood também vem para passar uns dias conosco.
Rony se engasgou com o suco da abóbora que bebia.
- A Luna vem? – Perguntou Gina.
- Sim – Respondeu o Sr. Weasley – O pai dela vai passar o resto do mês com trabalho extra no’Pasquim. Ele foi promovido, acho. Então resolvi chamá-la para passar algumas semanas conosco, já que vocês são amigas.
- Adorei a idéia, e você Rony? – Perguntou Gina, mas Rony não respondeu. Suas orelhas apenas mantinham um rubro-vivo – Quando será que ela chega papai?
- Talvez amanhã – Disse o Sr. Weasley – Molly, essas batatas ficaram ótimas!
- Ficaram mesmo Sra. Weasley! – Disse Hermione enquanto a Sra. Weasley abria um largo sorriso – A Luna nunca veio para cá, não?
- Não. Eu só a convidei uma vez, mas ela ía para uma expedição com o pai para ver Chifradores de Bufo Enrugado... – Disse Gina
- Bufadores de Chifre Enrugado – Corrigiu Hermione.
- É... Isso mesmo – Continuou Gina – E então ela não pôde vir... Rony o que você tem? Suas orelhas estão vermelhas.
- Nada não Gina – Disse Rony – Á propósito, quando o Harry disse que chegaria mesmo?
- Não me lembro, quem mandou a carta foi você, não foi?
- Ah sim, ele disse que viria amanhã, talvez de tarde. – Lembrou-se.
- Rony, você está bem? – Perguntou Hermione
- Claro!
Nesse momento, uma coruja invadiu a cozinha, trazendo uma carta ao bico.
- Edwiges? – Observou Hermione – Será que aconteceu alguma coisa com o Harry?
- Isso é o que vamos saber agora – Disse Gina pegando a carta que estava presa ao bico de Edwiges, a desdobrou e leu em voz alta:
“Não me esperem. Estou de castigo.
Harry”
- Ai, ai... O Harry não tem jeito mesmo. – Disse a Sra. Weasley.
- Quem não tem jeito são aqueles tios lesados dele! – Retrucou Rony emburrado – Não podemos deixa-lo lá!
- Calma, para tudo dá-se um jeito – Disse Gina – Você e Hermione já sabem aparatar, Rony. Por que vocês não vão até o Surrey com o papai e buscam-no?
- Boa idéia! – Disse Rony que, no mesmo instante, aparatou para a cadeira vazia à sua frente.
- Esquece Rony – Disse Hermione com pesar – Somos iniciantes... É muito longe para nós.
- O que faremos então? – Perguntou Rony.
- Bom, se vocês quiserem podemos ir de carro até lá. – Ofereceu o Sr. Weasley.
- Você faria isso papai? – Perguntou Gina sorridente.
- Claro, só preciso achar a chave... Acho que a perdi... – Disse o Sr. Weasley.
- Ahh... – Suspiraram os três em uníssono.
- Sabem, eu não ía me importar se vocês me ajudassem a procurar – Disse o Sr. Weasley – É melhor do que ficar reclamando...
- Ótimo! Vou aproveitar e enviar uma resposta para o Harry. – Disse Hermione – Onde posso procurar a chave depois que eu acabar, Sr. Weasley?
- Hum... Vá com a Gina e procurem no meu armário, nos bolsos de casacos, talvez a chave esteja lá. – Respondeu o Sr. Weasley.
- Papai, só uma pergunta... Com magia o carro não voa? – Perguntou Gina.
- Voa, mas eu preciso da chave – Respondeu o Sr. Weasley.
- Hum... Entendi – Disse Gina – Mione, quando você acabar a carta, suba dois lances de escada, segunda porta à direita.
- Pode deixar – Respondeu Hermione já escrevendo a carta para Harry – Edwiges, termine logo esse bife preciso que você entregue uma carta para o Harry.
Edwiges deu uma última beliscada no bife e deu umas bicadinhas de agradecimento nas costas da mão da Sra. Weasley.
- Obrigada, Edwiges – Continuou Hermione – Agora venha aqui para que eu possa prender esse bilhete em você... Pronto! – Edwiges piou para a menina e saiu voando pela janela.
- Achei! – Hermione ouviu o Sr. Weasley gritar e foi até a garagem – Estava no meu bolso esse tempo todo!
- Ufa! Agora podemos ir! – Disse Rony – Gina! Achamos!
Gina desceu correndo as escadas e foi até a garagem.
- Todos prontos? – Perguntou o Sr. Weasley, quando os três garotos entraram no carro – Então lá vamos nós!
O carro do Sr. Weasley deu um estampido oco, quando girou a chave. Logo, ele sacou a varinha e com uma sacudidela rápida e uma pequena batida sobre a chave do carro, eles já estavam levantando vôo em direção ao Surrey.
Hermione via os pequenos pontinhos de luz lá embaixo. Quanto mais o carro do Sr. Weasley voava, mais vontade de ver Harry ela tinha. Por que será que ele havia sido castigado? Ela sabia que os Dursley não eram boas pessoas, mas essa pergunta não saía de sua cabeça.
- Segurem-se. Vamos subir um pouco mais. Parece que tem um avião na rota. Rony, o botão de invisibilidade está ativado? – Perguntou o Sr. Weasley olhando para fora da janela.
- Sim, papai – Respondeu Rony – Falta muito tempo para chegarmos?
- Ah sim, talvez umas duas horas – Disse o Sr. Weasley – Vou tentar ir mais rápido.
O carro deu um impulso rápido e subiu mais alguns metros. O frio congelou a espinha de Hermione, que não hesitava em conter a ansiedade de chegar na casa dos Dursley, o que a deixava plenamente em dúvida. O carro voava cada vez mais rápido, e ela não parava de contar os minutos.
- Segurem-se novamente – Disse o Sr. Weasley – Vamos descer naquele descampado agora e completar o trajeto como trouxas. O botão de invisibilidade falhou de vez, e não quero nem pensar no que o ministério me faria se algum trouxa nos visse. Já foi um sacrifício me emprestarem essa lata-velha...
- Ouch! - Exclamou Rony, quando bateu a cabeça no teto do carro após o mesmo ter colidido com o chão.
- Pronto – Disse o Sr. Weasley – Agora completamos o trajeto no chão, o que tenho certeza de que não vai levar mais que dez minutos...
*****
- Papai quanto o senhor disse que levaríamos para chegarmos mesmo? – Perguntou Gina.
- Dez minutos – Respondeu o Sr. Weasley – Por quê?
- Bom, é que eu tenho a impressão que já estamos rodando há uma hora... E eu tenho certeza de que já passamos por esse mesmo descampado antes...
- Eu não estou perdido, Gina! – Disse o Sr. Weasley.
- Mas ninguém disse que está papai!
- É, papai – Disse Rony – Você não está perdido. Só não sabe onde está, e nem para onde ir!
- Muito engraçado – Disse o Sr. Weasley – Está bem, eu admito: Estou perdido!
Gina e Rony bateram palmas.
- Um homem que admite estar perdido não é coisa que se vê todo dia! – Disse Gina, rindo. – Mione, o que você tem? Está tão quieta...
- Não é nada, Gina. Só estou pensativa, só isso – Disse Hermione – Sr. Weasley acho que se virar á direita nesta rua , talvez acharemos uma praça que fica perto da rua em que o Harry mora...
O Sr. Weasley fez a curva a qual Hermione citara, e realmente era aquela praça próxima a Rua dos Alfeneiros, onde Harry vira seu padrinho Sirius Black pela primeira vez.
- Agora vire à direita – Continuou Hermione – Isso... Agora é só seguir reto. O senhor já sabe o número, não?
- Quatro – Disse o Sr. Weasley – Obrigado, Hermione.
- De nada – Disse Hermione com um sorriso leve.
- E aqui estamos! – Disse Gina, mirando a porta cujo em cima havia o número quatro.
- Gina, vá apenas você e a Mione. Vou deixar tudo pronto para o caso de uma fuga rápida ser necessária.
- Ai, Rony como você é besta! – Disse Gina, rindo.
- Qual é, Gina? – Disse Rony – Da última vez que eu, Jorge e Fred viemos buscar Harry, o tio dele segurou-o pelo pé, e ele quase despencou da janela, sorte que foi o tio dele quem caiu...
- Mas você viu onde está o problema? – Perguntou Gina – Você, Fred e Jorge! Comigo, com a Mione e com o papai não há como dar errado.
- Ha ha... Claro! –Disse Rony, olhando para frente, enquanto Gina e Hermione desciam do carro.
As duas foram de encontro à porta da casa número quatro. Gina tocou a campainha. Elas puderam ouvir uma voz grossa gritar “Petúnia!” umas cinco vezes. Logo depois, viram através da janela acortinada, a silhueta corpulenta de Tio Valter, reclamando e indo em direção à entrada da casa. A chave virou duas vezes e a porta se abriu. As duas miraram o rosto contraído de Tio Valter e não sabiam o que falar.
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