Primeira rodada
Elizabeth percorria um dos corredores de Ilvermorny, no que aparentava ser início de tarde, mas apesar do horário, o local estava completamente vazio. Não haviam alunos, professores e/ou qualquer criatura pertencente à escola circulando pelos arredores.
A cada passo que a garota dava, era gerada a impressão óptica de que o corredor se prolongava em extensão, simulando não ter fim, por mais que andasse metros e metros adiante, o término da passagem não se mostrava visível.
Em um determinado momento daquela trajetória, a garota conseguiu visualizar de longe os pais parados a observando e devido aquela visão, Lizzie apressou os passos a fim de chegar logo até eles, mas ao se aproximar, espelhos foram projetados, cada um de um lado do corredor e a cada novo passo, mais dois apareciam adiante dos anteriores.
Ao passar pelos dois primeiros objetos, a aluna se virou para observar o seu reflexo, mas ao invés de ver a sua imagem projetada, visualizou um dos colegas que convivia na antiga escola e ao se virar para o outro espelho, conseguiu ver um outro estudante.
-Você se acha melhor do que nós? – Perguntou o primeiro aluno que havia visualizado.
-Por isso não fala com a gente? – Perguntou o outro, em seguida.
Elizabeth tentava responder aos questionamentos, mas os seus lábios pareciam estar colados, ela não conseguia movimentá-los mesmo que se esforçasse para tal. Em decorrência do desespero que sentiu, ao ser privada da fala, ela encarou os pais e conseguiu perceber sorrisos satisfeitos em seus rostos.
Na tentativa de cessar os questionamentos antes feitos por aqueles alunos, ela insistiu em percorrer por mais alguns metros daquele corredor, chegando assim no próximo par de espelhos anexos às paredes.
Seu corpo, sem respeitar a sua vontade, se virou para olhar um dos espelhos que estava ao seu lado direito.
-Sua mãe foi até a minha casa para me chamar de suja. – Disse a única garota que Lizzie havia conversado em Ilvermorny, em seu primeiro ano, Marlene Mckinnon.
- Você é igual a eles. – Gritou uma segunda aluna, atrás dela.
Ainda sem conseguir pronunciar qualquer palavra e agora podendo se movimentar, Lizzie começou a apressar os passos, a fim de parar de ouvir aquelas acusações que não merecia ouvir. Nunca mereceu.
Ao correr, as ofensas direcionadas a ela só aumentavam de intensidade, pois quanto mais percorria o corredor, mais espelhos eram projetados nas paredes e mais alunos proferiam frases de ódio contra ela.
-Preconceituosa de merda!
-Ninguém te quer aqui!
-Por que você não morre?!
Quando finalmente conseguiu se afastar dos espelhos e se aproximar completamente dos pais, as falas contra ela desapareceram e a mãe Katherine lhe entregou uma carta, que continha um selo em formato de caveira. Assim que o material tocou uma de suas mãos, o sorriso dos pais desapareceu juntamente aos corpos físicos que evaporaram diante da filha.
Ao olhar para a carta novamente, Elizabeth percebeu que o selo mudara de personagem, ao invés de visualizar uma caveira, agora a garota via uma fênix.
Lizzie desgrudou o selo e retirou a folha inclusa àquele envelope.
Na carta as palavras imperium, planus, malus podiam ser lidas em gramatura alta, no entanto aquelas palavras começaram a desaparecer, dando lugar a aparição de três novas palavras: libertas, aenigmata, bonum.
Assim que terminou de ler, uma voz masculina que aparentava ser conhecida, ecoou pelo corredor:
-Nós sabemos que podemos confiar em você.
A garota tentou encontrar o responsável por aquela voz, mas não conseguiu localizar qualquer pessoa por perto, então ao olhar para a carta novamente, a palavra ordo apareceu na coloração laranja, no lugar das três palavras anteriores.
No instante em que leu a nova palavra, a carta começou a pegar fogo, acarretando em um ardor sentido em sua mão esquerda, a obrigando a largar a folha, que ao cair no chão formou, com suas cinzas, listras horizontais no chão.
Logo uma voz masculina bradou com todas as forças:
-Não fui eu!
No instante em que ouviu aquelas palavras, uma sensação de pânico tomou conta de seu corpo, que imobilizado não conseguia mexer qualquer músculo, até que o toque de uma mão pôde ser sentido em seu ombro.
Aquele toque repentino fez com que a garota despertasse assustada.
Tal perturbação fora tão intensa, que o seu corpo se manteve imóvel em sua cama por minutos intermináveis e mesmo após retomar os movimentos, Elizabeth não conseguiu adormecer novamente por completo, pois a cada cochilo que dava as imagens do pesadelo vinham à tona, a fazendo acordar novamente.
A voz masculina, ouvida por último, ficou rondando os seus pensamentos de forma irracional, ela não fazia ideia de quem seria o autor por aquela fala e o que ela significava.
Então quando percebeu que já chegara o horário de se levantar, se arrumou para tomar o seu café da manhã. Uma boa e grande xícara de café daria um jeito naquelas olheiras profundas, que agora a estudante encarava no espelho do dormitório.
(...)
Poções seria a primeira aula de Elizabeth daquele dia e diferentemente do dia anterior, ao invés de ter Ethan a esperando, Raven e Henry a aguardavam na entrada do Salão Comunal da Sonserina.
-Viemos te buscar, garota. – Disse Raven animada, antes de perceber a feição cansada da amiga – Que olheiras são essas? Não conseguiu dormiu bem?
-Eu tive um pesadelo e acordei de madrugada, mas já tomei uma boa xícara de café, daqui a pouco eu fico bem. – Disse se aproximando da dupla – E muito obrigada por virem me buscar.
-Não queremos que você se perca por aí e se torne um alvo fácil daqueles caras. – Afirmou Henry, se referindo aos alunos da Grifinória.
-A fama desses caras é tão grande assim? – Perguntou Lizzie.
-Está vendo esse aluno que acabou de passar. – Henry apontou para um dos alunos da Sonserina, que acabara de sair do Salão Comunal – O nome dele é Severus Snape, eles pregam pegadinha com ele quase todas as semanas e ninguém sabe exatamente o porquê.
-Então, se com o Severus eles fazem essa baderna, imagina com você que está batendo de frente. – Completou Raven.
-Eles se sentem à vontade para aprontar com todo mundo, porque ninguém reage às coisas que eles fazem. – Argumentou Elizabeth.
-Mas como reagir? – Perguntou Raven – Esses caras são bons no que fazem.
-Infelizmente eu vou ter que concordar. – Afirmou Henry.
-Bom, melhor nós mudarmos de assunto. – Sugeriu Lizzie – A minha primeira aula é Poções e a de vocês?
-A minha também é Poções, vamos juntas e deixamos o Henry no caminho, ele tem aula de Transfiguração. – Afirmou a corvina.
-Vamos. – Disse Elizabeth.
Como acordado, os três amigos caminharam para as suas respectivas salas, Henry chegou ao seu destino primeiro e Lizzie e Raven continuaram a trajetória até a sala de aula.
-Vamos logo, porque essa é a melhor aula de todas e com o melhor professor de todos. – Declarou Raven, empolgada.
-E quem é esse melhor professor de todos? – Perguntou Lizzie, interessada.
-Thomas Borage. – Respondeu Raven, sorridente.
-Borage? – Perguntou Lizzie, achando familiar aquele sobrenome.
-Ele é descendente de Libatius Borage, autor do livro “Estudos Avançados no Preparo de Poções”. – Respondeu a amiga.
-Nossa, é verdade. – Disse Elizabeth – Ele foi aluno de Castelobruxo, meu tio já falou dele.
-Ah não, olha quem está vindo em nossa direção. – Disse Raven, encarando a amiga – Eles devem estar indo para a sala que o Henry ficou, a organização junta Lufa-Lufa e Grifinória para a aula de Transfiguração com a McGonagall, e a Sonserina e a Corvinal para a aula de Poções.
-Se eles falarem qualquer coisa, ignora. – Informou Lizzie.
-Combinado. – Consentiu Raven.
-Melhor, vamos falar de um assunto com muito entusiasmo para eles não encontrarem brechas para nos interromper. – Combinou Elizabeth.
-Mas eu tenho que dar bom dia para o Remus. – Declarou Raven.
-Na sala de estudos você fala com ele. – Disse Lizzie percebendo que os quatro estavam há poucos metros delas – E por qual motivo você gosta tanto do professor Borage?
-Bom, ele tem uma didática perfeita, é bem-humorado, carismático e muito charmoso. – Respondeu Raven entusiasmada, seguindo o plano da amiga.
-Nossa, então eu quero conhecer esse professor logo. – Elizabeth disse animada, tentando não olhar no sentido de nenhum dos quatro encrenqueiros.
-Calma que estamos quase chegando na sala. – Disse Raven, percebendo Remus passar ao seu lado – Nossa, ele é tão cheiroso.
-O professor ou o garoto da Grifinória? – Perguntou Lizzie, após se certificar de que havia uma distância considerável entre elas e o quarteto.
-Os dois. – Respondeu gargalhando, na companhia da amiga.
(...)
O professor de Poções, Thomas Borage, entrou em sua sala e como de costume apresentou quais seriam os temas abordados naquele sexto ano, assim como citações de poções que seriam ensinadas e executadas no decorrer das aulas.
Raven tinha razão em enaltecer as qualidades daquele professor, pois em uma simples apresentação de cronograma anual, a paixão por lecionar transbordava por cada palavra dita, era aparente o gosto que tinha pelo ofício.
-Bom, apresentado o cronograma do ano, vamos ao que interessa, à prática. – Mencionou com um largo sorriso em seu rosto, antes de se aproximar do armário de ingredientes.
-Olha esse sorriso. – Disse Raven, admirando o educador.
-Acho que você não é a única que ficou impressionada com o sorriso desse homem. – Afirmou Lizzie, reparando que as outras alunas também suspiravam ao encará-lo.
-Ai garota, eu não posso ficar admirando muito não, porque ele é noivo da professora Pandora Lovegood e você sabe que tudo que vai, volta. – Raven respirou fundo – E eu não quero que, quando eu for noiva do Remus, outra garota fique admirando o sorriso dele.
-Como você tem tanta certeza de que ele vai ser seu noivo? – Perguntou Lizzie, na tentativa de caçoar a amiga.
-Confia, que eu sei do que estou falando. – Respondeu piscando um dos olhos.
-E qual é a matéria que essa professora Lovegood, leciona? – Perguntou Mcguire.
-Trato das criaturas mágicas – Respondeu a aluna.
-Eu faço essa optativa e você? – Perguntou Elizabeth.
-O único de nós que faz é o Henry, é a matéria favorita dele. – Respondeu Raven. – Mas vamos encerrar o papo, porque ele vai começar a falar.
-Hoje eu vou ensinar a vocês a Poção Limpa Feridas, responsável por limpar feridas. – Riu da obviedade – Nome bem sugestivo, não é? – Emitiu um sorriso zombeteiro – Essa poção funciona como um catalisador no processo de cicatrização do ferimento. A poção ao entrar em contato com a lesão cria uma fumigação e ardência que proporciona a aceleração do processo de revitalização cutânea.
Thomas se voltou para o armário de ingredientes novamente e prosseguiu com as explicações:
-Os ingredientes necessários são: 2 Escaravelhos, 5 Tentáculos de Murtisco,4 folhas de Menta, 8 Sanguessugas e 100ml de água. – O Professor fez uma pausa – Eu fiz kits com esses ingredientes para cada um de vocês e vou distribuir para que comecemos o processo de criação da poção. Srta. Taylor, poderia me ajudar com isso?
-Claro professor. – Respondeu Raven de prontidão.
A corvina se levantou e caminhou no sentido do mestre, que foi dando a ela os kits para que distribuísse a seus colegas de classe. Após o término das entregas, todos os estudantes se posicionaram diante de seus caldeirões com os ingredientes necessários, para que o processo de preparo fosse iniciado.
-No caldeirão de vocês coloquem a água e as folhas de menta para ferverem, enquanto esse processo não é finalizado, macerem os escaravelhos até virarem um pó fino e brilhante, e em seguida misturem com as sanguessugas picadas em pedaços até formar uma pasta homogênea.
Os alunos obedeceram às ordens do professor e após perceberem que a mistura de água e folhas de menta havia ficado verde, Thomas pediu que eles misturassem a pasta homogênea até que uma fumaça de cor vinho fosse emitida.
-Agora vocês podem colocar os tentáculos de murtisco, depois apaguem o lume e fechem o caldeirão deixando tudo em infusão por cinco minutos. – Ordenou o professor percorrendo por toda a classe, pronto para sanar a dúvida de qualquer um de seus alunos.
Após o período de cinco minutos, ele prosseguiu com as instruções:
-Verifiquem se a poção de vocês está púrpura, se sim, basta ser coada e está pronta. – Disse Borage, prestando atenção se algum aluno não havia conseguido chegar àquele resultado, mas para a sua satisfação, naquela aula, todos os seus pupilos haviam chegado ao resultado desejável.
Mas mesmo não tendo percebido o levante de braços, ele se prontificou em passar por todas as bancadas para verificar se de fato, todos haviam conseguido, visto que alguns alunos mais tímidos poderiam ter ficado com vergonha de se pronunciar.
Mas como constatado anteriormente, todos os seus estudantes haviam finalizado o trabalho em êxito.
-Vocês são os meus orgulhos, todos conseguiram finalizar a poção. – Disse o professor satisfeito – Eu realmente espero que nenhum de vocês precise utilizar essa poção, não quero aluno meu ferido por aí. – Riu com a classe – Mas se em alguma circunstância precisarem, todos estarão aptos para a produção do Limpa Feridas.
–Professor, qual vai ser a poção que o sr. vai nos ensinar na próxima aula? – Perguntou uma aluna corvina.
-Na próxima aula ensinarei a vocês o preparo de duas poções, a Poção da Incoerência e a Poção Wiggenweld, preparem-se para rir muito. – Respondeu Thomas, procurando entre os alunos mais alguma mão levantada. – Então, já que não temos mais dúvidas, eu vou liberar vocês alguns minutos antes do horário, eu sei que vocês amam isso, não é? – Perguntou olhando os jovens acenarem afirmativo com a cabeça. – Tenham um ótimo dia e até a próxima.
Enquanto saiam em ordem da sala, o professor dirigiu-se até a bancada de Raven e agradeceu ao auxílio da corvina.
-Muito obrigada pelo auxílio, srta. Taylor, eu tenho muita sorte de ter alunos tão aplicados comigo. – Declarou Borage.
-Imagina, sempre que precisar estarei à disposição. – Declarou Raven.
-Na próxima aula eu vou precisar da sua ajuda e da ajuda da srta. Mcguire, vamos testar uma das poções, a Poção da Incoerência. – Avisou Thomas.
-É a poção que faz a pessoa falar um monte de besteira sem sentido, não é? – Perguntou Mcguire.
-Essa mesma. – Respondeu satisfeito. – Só tenho que pensar, quem vai me ajudar na outra turma, talvez Lupin e Black, mas não tenho certeza.
-O Black? Ele já fala besteira sem efeito de poção. – Lizzie percebeu a cara de confuso do mestre e tentou se desculpar pelo comentário – Perdão professor, saiu sem querer.
-Tudo bem. – Disse o mestre se divertindo – Tenham uma ótima aula de Transfiguração e bons estudos.
-Obrigada. – Responderam as duas alunas já caminhando para a saída da sala.
(...)
Após o almoço, o quarteto se dirigiu à sala de estudos, a fim de revisarem as matérias dadas naquele dia.
Depois de encontrarem uma mesa para se sentarem juntos, Raven decidiu apresentar a nova amiga a três alunos que, assim como ela, se dedicavam muito para obterem excelentes desempenhos: Lilian Evans, Alice Fortescue e Remus Lupin.
-Vou te apresentar a três alunos excepcionais da Grifinória, eles são muito dedicados e inteligentes e é sempre bom ter gente assim por perto. – Explicou Raven, se levantando da mesa. – Eu não consegui fazer isso ontem, mas hoje não escapa.
-Ela quer ir lá para falar com o Remus e arrumou essa desculpa. – Alegou Frank.
-Fica quieto, Longbottom. – Repreendeu a corvina.
-Por que você não vai, também? – Perguntou Henry – Aproveita e fala com a Alice.
-É verdade Frank, vamos. – Concordou Raven.
-Mas vai ficar muito na cara que eu estou indo para ficar perto dela. – Explicou Longbottom.
-É por isso mesmo que você tem que ir, bobão. – Afirmou Raven.
-Tudo bem, eu vou. – Disse Frank se levantando, assim como Elizabeth.
Assim que chegaram à mesa dos colegas de estudo, Raven iniciou a conversa com eles:
-Pessoal, boa tarde, eu quero apresentar a vocês a nossa nova colega de estudos, Elizabeth Mcguire. – Disse Raven, à frente do trio.
-Então esse é o nome da garota que deixou Sirius Black sem palavras? Saiba que eu já gosto de você. – Disse Alice. – Desculpa Remus, saiu sem querer.
-Eu já estou acostumado. – Disse Remus rindo – E prazer em conhecê-la, Elizabeth – Disse estendendo a mão para cumprimentá-la.
-É um prazer conhecê-la também. – Disse Lilian imitando o gesto do amigo.
-O prazer é todo meu. – Declarou Mcguire, retribuindo o cumprimento dos colegas.
-Agora vamos voltar para a nossa mesa e como sempre, precisando de alguma coisa, pode chamar. – Declarou Raven.
-Vocês também, qualquer coisa, venham aqui. – Disse Lilian, gentilmente.
Então o trio caminhou de volta para a mesa de estudos que estavam alocados.
-E aí, ele falou com a Alice? – Perguntou Henry.
-Nada. – Respondeu Lizzie.
-Eu sempre fico sem palavras quando chego perto dela, eu não consigo evitar. – Respondeu Frank se sentando, inconformado por nunca conseguir se quer, trocar uma palavra com Alice.
-E se nós bolarmos um grande plano para vocês começarem a conversar. – Declarou Elizabeth.
-Como assim? – Perguntou Longbottom
-Garota, fala mais. – Disse Raven empolgada.
-Vocês já ouviram falar da Poção Polissuco? – Perguntou Mcguire.
-Sim, é a poção que permite assumir a forma de outra pessoa. – Respondeu a corvina de prontidão.
-Então, o plano é o seguinte...
(...)
Após a tarde de estudos, os quatro amigos retornaram aos seus respectivos dormitórios para que pudessem guardar o seu material e posteriormente fossem ao Salão Principal para jantarem.
Saindo das masmorras e caminhando no sentido do salão, Elizabeth apesar de estar sozinha, sentiu que alguém se aproximava dela, chegando até a ouvir um sussurro bem perto de seu ouvido, mas ao olhar para trás não conseguiu enxergar ninguém.
Pensou que poderia ser um dos fantasmas do castelo, mas não chegou a identificar qualquer um deles por perto.
No momento em que entrou no local, percebeu que alguns alunos já sentados a encaravam fixamente, alguns riam, alguns a olhavam com curiosidade. Apesar da comoção, aquela percepção não perturbou a aluna, pois já estava tão acostumava a ser encarada na escola anterior, que nem se importou com aquele acontecimento.
Foi no momento em que chegou em sua mesa, que descobriu o motivo pelo qual havia se tornado o centro das atenções.
-Nossa, você faz jus às cores da nossa casa. – Disse Ethan olhando para o cabelo de Elizabeth, que ao puxar uma das mechas, percebeu a coloração verde.
No instante em que identificou a mudança capilar, a garota conseguiu ouvir gargalhadas vindas da mesa da Grifinória, estavam Sirius, Tiago e Pedro a encarando, sem qualquer pretensão de esconderem que eram os responsáveis por aquela brincadeira.
-Foram aqueles caras da Grifinória, não foram? – Perguntou Ethan um pouco alterado – Eu posso usar o "Finite Incantatem" e deixar o seu cabelo na cor original, para acabar com essa palhaça de uma vez.
-Não precisa não. – Disse a aluna, fazendo pouco caso da situação. – Agora o que eu quero é comer, depois eu resolvo isso.
-Tem certeza? – Perguntou o sonserino.
-Tenho sim, fica em paz. – Afirmou Elizabeth, se voltando para o seu jantar.
Enquanto isso na mesa da Grifinória, o trio observava a reação da garota, que não havia sido o que esperavam.
-Por que ela está tão calma? – Perguntou Pedro confuso.
-Parece que ela nem se importou – Declarou Tiago.
-Vamos ver se ela não se importou mesmo. – Disse Black se levantando da mesa – Vou falar com o meu irmão, eles estão sentados bem perto e eu aproveito para dar uma cutucada nela.
-Eu vou com você. – Disse Tiago animado, se levantando também.
-Eu também. – Disse Pedro rindo.
-Lupin? – Perguntou Sirius, olhando para o amigo.
-Estou bem aqui, obrigada. – Respondeu Remus, fazendo pouco caso da situação.
O trio, ao chegar na mesa da Sonserina, se aproximou de Regulus Black, irmão de Sirius.
-E aí Reg, como vai? – Perguntou Sirius.
-O que você quer? – Perguntou o estudante, encarando o irmão mais velho.
-Vim saber como você está. – Respondeu Sirius.
-Ótimo. – Respondeu retomando o olhar para o jantar, sem abrir qualquer brecha para que o familiar continuasse a conversa.
-Ei Mcguire, ficou bonita essa cor no seu cabelo. – Provocou Sirius, se aproximando da garota, que se virou para responder a afronta.
-Na minha antiga escola chegaram a colorir o meu cabelo com todas as cores do arco íris, e você me vem com um verdinho básico. – Lizzie o fitou com desdém – Quando me disseram da fama de vocês, eu pensei que vocês fossem profissionais e não amadores.
Os alunos da Sonserina ao ouvirem a resposta da colega começaram a zombar dos alunos parados perto de Mcguire.
-Acho melhor você ir embora, antes que ela te dê outra resposta bem afiada. – Provocou Regulus, olhando para o irmão.
-Vocês não veem que não são bem-vindos aqui. – Disse Ethan, fazendo com que os outros alunos da mesa se calassem.
Sirius já se preparava para responder White, quando Tiago o interrompeu.
-Vamos, cara. – Disse Potter, segurando no braço de Sirius, que caminhou para longe da mesa com os dois amigos.
-Você está bem? – Perguntou Ethan.
-Melhor impossível. – Respondeu Elizabeth.
-Mcguire. – Chamou o garoto que antes falava com Sirius – É tão difícil fazer o meu irmão ficar quieto, muito obrigada por isso. – O garoto estendeu a mão – Prazer, meu nome é Regulus Black.
-O prazer é meu. – Lizzie retribuiu o aperto do colega – Sinto muito por ele ser o seu irmão, quero dizer... – A garota tentou reformular a frase, mas sem sucesso.
-Eu já estou acostumado a ouvir isso, eles não param de aprontar com a escola toda. – Explicou Regulus.
-Eles só fazem isso porque ninguém bate de frente. – Afirmou Elizabeth.
-Bom, se você estiver pensando em fazer isso e precisar de alguma informação extra do Sirius, pode me chamar. – Declarou Regulus.
-Combinado, parceiro. – Disse Mcguire, apertando a mão do colega novamente.
(...)
Após conversar com os amigos depois do jantar, Elizabeth retornou para o seu dormitório e no caminho foi chamada por um aluno, que a seguia pelo percurso.
-Elizabeth, posso falar com você? – Perguntou Remus, ao alcançar a garota.
-Lupin, né? – Perguntou ela.
-Sim, eu queria pedir desculpas pelos meus amigos, às vezes eles agem por impulso, mas eles não são pessoas ruins, eu posso te assegurar. – Defendeu.
-Você não precisa se desculpar, só me faz um favor, fala para o seu amigo Black aproveitar que tivemos aula a respeito dos cientistas trouxas, e diz para ele aprender a respeito da terceira lei de Newton. – Pediu Lizzie.
-Tudo bem. – Disse confuso – Eu falo sim.
-Não esquece, terceira lei de Newton. – Repetiu o termo.
-Pode deixar. – Afirmou o garoto, que iniciou o caminho até o seu dormitório, após se despedir da colega.
Ao chegar no local, viu que os três amigos já deitados, conversavam a respeito do ocorrido no Salão Principal.
-Eu sabia que você ia para cima do White, por isso te tirei de lá. – Explicou Tiago.
-Eu não suporto ver a cara daquele babaca preconceituoso. – Disse Black, agora olhando para Lupin, que o encarava – Por que você está me olhando assim?
-A Elizabeth pediu para te dar um recado. – Respondeu Remus, sentando em sua cama.
-Ah é, e qual? – Perguntou surpreso, se sentando na cama.
-Ela pediu para você aproveitar a última aula de Estudo dos Trouxas e aprender a terceira lei de Newton. – Respondeu, feliz por ter se lembrado do termo.
-Terceira Lei de Newton? – Perguntou Pedro, confuso.
-Esse cara foi um cientista trouxa – Respondeu Tiago.
-Amanhã você vai na sala de estudos e descobre o que isso significa, eu te ajudo a procurar. – Se prontificou Lupin.
-Eu quero descobrir agora. – Disse Black que se levantou e caminhou no sentido da cama de Potter – Me dá a sua capa e vem comigo Remus, hoje não é o seu dia de ronda, você pode me ajudar. – Afirmou o aluno pegando a vestimenta mágica de Potter.
-Não acredito que você vai sair essa hora para abrir um livro. – Disse Pedro, inconformado.
-Quem diria, Sirius Black saindo a noite para estudar, o que está acontecendo com o mundo? – Caçoou Tiago.
-Essa garota vai se vingar do que eu fiz e eu preciso estar preparado. – Explicou Black colocando a capa da invisibilidade sobre ele e Remus.
“A terceira lei de Newton afirma que para toda ação há uma reação de igual intensidade, mas que atua no sentido oposto. A força é resultado da interação entre os corpos, ou seja, um corpo produz a força e o outro corpo a recebe. ”
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