C A P. 5 – D E S C U L P A S

C A P. 5 – D E S C U L P A S



O reflexo do céu enfeitiçado sobre o teto do salão principal mostrava nuvens negras e carregadas. Com certeza muito em breve o terreno montanhoso de Hogwarts seria inundado por uma tempestade.



Harry estava cansado; entrou no castelo, ignorou todos que estavam jantando e foi para sua sala comunal. Na verdade o grifinório ainda exalava um ar de susto do acontecido a pouco.



Somente ele na Grifinória. Todos os outros alunos estavam jantando. Harry se virou para a lareira que bradava em chamas: como queria que o rosto de Sirius aparecesse ali como muitas vezes antes, para poder pedir conselhos ao padrinho.



Aos poucos todo aquele silêncio foi tomado pelo barulho dos alunos que chegavam do jantar. No meio de vários rostos estavam o de Mione e Rony.



Mione sentou-se ao lado de Harry que parecia imóvel, enquanto Rony, em tom constrangedor, preferiu continuar em pé tentando não se fazer notável.



- Eu o perdoei, Harry. – Cochichou Mione de modo que só os dois poderiam ouvir. – E quero que você faça o mesmo.



Harry não respondeu, nem ao menos esboçou reação. Continuava a admirar as chamas da lareira.



- Não podemos desrespeitar a forma – e essa palavra soou incerta - de amor de Rony. Mesmo que seja diferente da nossa.



- Eu não estou assim por Rony.- Harry preferiu não encarar o olhar de sua amiga. - É por Malfoy.



- Ele também pode ter mudado. – E ao ver a contínua incerteza de Harry, continuou: - Acredite, o amor pode mudar as pessoas!



- Não o Malfoy. – Respondeu Harry rapidamente. – Ele não mudou.



- Como você pode ter tanta certeza?



- Eu... Eu... Eu não tenho.



- Então por favor, amigo. – A voz de Mione soava como pedido. – Vamos dar ao menos uma chance para que Rony e Draco mostrem se o amor de ambos merecem nosso consentimento.



Harry fitou pela primeira vez Mione e logo em seguida mirou o semblante pálido do ruivo.



- Rony, venha cá? – Disse Harry.



Um segundo depois Rony, com aparência tímida e dominada* por uma vergonha facilmente percebível encarou seus dois amigos.



- Você ama aquele menino? – Perguntou Harry de supetão.



O ruivo parecia assustado com a pergunta e sua timidez impediu uma resposta rápida.



- Sim... – Respondeu incerto.



- Então acho que podemos dar uma chance a ele. – E completou: – E a você também.



Rony não pôde deixar de esboçar um sorriso.











***















O dia amanheceu e enfim as coisas começaram a voltar ao normal: Harry, Rony e Hermione enfim voltaram a descer para o café juntos e enfim Harry e Rony voltaram a trocar palavras. Só não falavam do motivo da briga. Era como se nada daquilo tivesse, um dia, acontecido.



Os garotos tomaram rapidamente o café e pouco tempo depois mergulharam em suas aulas matinais. O dia amanhecera feliz, mas nem por isso deixara de parecer cansativo.











O pôr do sol parecia a mais bela peça de Shakespeare para quem o assistia da orla da lagoa. Harry recarregava suas energias observando-o no final da tarde.



Muito ao longe, Mione vinha correndo ao seu encontro. Seu cabelo balançava com o vento, mas Harry nem prestava atenção. O crepúsculo era demais belo para reparar em alguma coisa.



- Olá. – Disse Mione ao mesmo tempo em que se acomodava. – Posso sentar com você?



- Claro! – Disse Harry sem tirar o olhar do horizonte.



- Harry. – Disse Mione. – O Rony está vindo aqui.



- Ok.



- Ele... e o Malfoy.



Harry fitou sua amiga sem saber o que dizer. Parecia assustado.



- Você falou que iria dar uma chance aos dois! – Lembrou Mione.



O grifinório não respondeu: voltou a mergulhar em pensamentos.



Surgindo, de mãos dadas, andando pelo gramado da escola, vinham Malfoy e Rony em passos lentos. O loiro parecia sorrir enquanto o grifinório, ao seu oposto, mostrava uma tensão visível em sua face.



Sentaram junto à lagoa e continuaram em silêncio; Harry não deixou de notar que os dois se abraçavam como namorados – o que realmente eram. Isso incomodava e constrangia o grifinório que fingia nem notar.



O pôr do Sol era mágico. Por alguns instantes todos ali presentes admiraram os últimos raios solares se porem por entre as montanhas. Rony e Malfoy se abraçaram com ainda mais intensidade: Harry teve a certeza de que o sonserino fazia aquilo para encabulá-lo.



- É realmente muito lindo o crepúsculo nesta época do ano. – Comentou Mione demonstrando um sorriso.



- E romântico. – Completou Rony agora mais à vontade, protegido pelo seu amado.



- Parece recarregar todas as nossas energias. – Mione insistia no assunto.



- Nunca tinha olhado por esse lado. – Comentou Malfoy pela primeira vez, em seco.



- Agora você terá a possibilidade de ver tudo por um ponto que nunca tinha olhado antes, Malfoy. – Mione sorriu.



- Alguns pontos mudam. – Disse Malfoy. – Outros nunca irão mudar.



Harry teve a estranha certeza que aquela resposta era uma indireta para ele. Podia ser apenas impressão, mas Malfoy olhava-o de uma forma diferente.



Pouco mais foi dito naquele final de tarde, Harry apenas presenciou, constrangido, mais algumas cenas de carinho entre seu amigo e seu ex-inimigo.



















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